A ção milagrosa para solucionar determ i n ados problemas normalmente n ã o e x i s t e , p o i s absolutamente todas as situações ou temas têm mais de um ponto de vista. Porém, a proposta de se instalar uma unidade da Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul (UEMS) no prédio onde até o mês passado funcionava a rodoviária de Campo Grande é certamente uma alternativa que precisa ser analisada com a maior boa vontade por parte do Governo estadual. Primeiro, porque há muito a juventude de Campo Grande clama por uma segunda universidade pública que tenha perspectiva de oferecer cursos nas mais diferentes áreas do conhecimento. Apesar da ampliação da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), nem de longe ela acompanhou o crescimento de Campo Grande, sem contar que boa parcela de suas vagas é ocupada por estudantes de outros estados, o que tende a aumentar por conta do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). E, simplesmente não existe explicação, a não ser a resistência da administração estadual em investir na educação, para que a UEMS até agora fosse praticamente inexistente na Capital. Hoje são oferecidos cinco cursos, quase todos voltados para formar profissionais da área de educação. Porém, está mais do que na hora de o Governo estadual se inspirar, por exemplo, na administração de São Paulo e destinar fatia maior de seus recursos ao ensino superior, o que é fundamental para o desenvolvimento sustentável de qualquer região do planeta. Em mais de três anos de administração, o governador nada fez de significativo em Campo Grande, a não ser repassar "abacaxis" à municipalidade. Por isso, chegou a hora de os impostos recolhidos na cidade serem revertidos parcialmente para os moradores da Capital. A prefeitura assumiu a dianteira e desobrigou o Estado de construir uma nova rodoviária na cidade, projeto ensaiado durante quase duas décadas. E este é um motivo a mais para que agora a administração estadual pelo menos ajude a solucionar um problema com o prédio antigo que precisar ser resolvido com urgência. Em segundo lugar, a utilização da antiga rodoviária para abrigar estudantes e docentes certamente daria um novo rumo àquela região da cidade, que precisa com urgência encontrar nova vocação, novo rumo, pois antes mesmo da desativação do terminal ela já estava em situação nada animadora. E, embora o poder público não tenha obrigação de injetar recursos dos contribuintes para beneficiar proprietários de imóveis ou comerciantes, não se pode negar que ao transferir a rodoviária a municipalidade teve participação direta para piorar ainda mais as perspectivas dos empreendedores das imediações. Por isso, nada mais natural que agora seja feito algum investimento para compensar esta interferência. Então, uma possível desapropriação total ou parcial do imóvel para posterior cedência ou alusguel precisa estar entre os projetos dos administradores, pois hoje o prédio tem quase 200 proprietários e dificilmente se chegará a um consenso em meio a tamanha "salada de frutas".