Hospital Regional de Mato Grosso do Sul (HRMS) conseguiu reduzir em 43% os custos do serviço que mantém alimentação por Nutrição Parenteral Total (NPT) – terapia nutritiva e essencial para pacientes que estão internados, e não conseguem se alimentar via oral.
O projeto busca otimizar o serviço da unidade, alinhando inovação tecnológica, gestão de dados e governança clínica. Reconhecido pelo XX Prêmio Sul-Mato-Grossense de Inovação na Gestão Pública, na categoria Prática Inovadora, o desafio financeiro tornou-se inovador e eficiente.
Projeto sendo reconhecido no XX Prêmio Sul-Mato-Grossense de Inovação na Gestão Pública - Foto: Saul Schramm / Secom / ArquivoIdealizado pela farmacêutica Kelly Pilon e pelo analista de sistemas Mário Masahide, a iniciativa surgiu da necessidade de conter o alto custo da NPT. Antes a economia anual de manutenção da NPT consumia R$ 3,6 milhões, que representava 6% do orçamento hospitalar. Agora, esse valor diminui para R$ 1,6 milhão.
Segundo Kelly, a solução para a redução foi estruturada a partir da reengenharia clínica, informatização do processo e negociação baseada em dados. Ela ainda recorda que o trabalho iniciou com uma revisão do processo de prescrição.
Anteriormente, pacientes que recebiam mais de uma bolsa por dia, ou até mesmo apenas uma, mas não ingeriam toda a nutrição, geravam desperdício, o que influenciava diretamente nos gastos com a alimentação.
“Padronizamos o protocolo para que cada paciente receba uma única bolsa de NPT a cada 24 horas, o que eliminou pedidos fracionados e desperdícios. Isso, somado à informatização do sistema, trouxe mais segurança e controle para todos os envolvidos”, explica.
Ao integrar a prescrição eletrônica inteligente ao sistema hospitalar, foram incorporadas também regras clínicas e validações automáticas, o que reduz o risco de erros de dosagem e incompatibilidades.
Outro benefício para os pacientes além de mais segurança, foi um processo mais acessível. Com o aumento de eficiência das equipes, a medida eliminou o fluxo manual e envio de informações à farmácia e ao fornecedor.
Além disso, mais um diferencial foi o uso de Big Data utilizado para embasar negociações com fornecedores. “Passamos a ter dados precisos de consumo e custos, o que nos permitiu negociar com base em evidências reais. Conseguimos uma redução média de 25% no valor de compra de cada bolsa de NPT”, destaca Kelly.
Com resultados expressivos, o projeto fez o custo médio por prescrição cair de R$ 1,1 mil para menos de R$ 600. Além disso, o nível de excelência entre prescrições e bolsas atingiu 1:1, nos seis meses de projeto e a mudança teve ganhou em segurança assistencial e produtividade.
A replicabilidade também foi um dos adendos da iniciativa, pois pode ser implementada em qualquer unidade do Sistema Único de Saúde (SUS), utilizando ferramentas e equipes que já existem, sem necessidade de investimento adicional.
Diretora-presidente da Fundação Serviços de Saúde de Mato Grosso do Sul (Funsau), Marielle Alves Corrêa Esgalha afirma que o projeto reflete que é possível inovar dentro do serviço público com inteligência e foco no paciente.
“A economia obtida representa mais recursos disponíveis para aprimorar o atendimento e fortalecer o SUS em nosso Estado”, afirma Marielle.
NPT
De acordo com National Institutes of Health (NIH), a Nutrição Parenteral Total (NPT) é um medicamento utilizado para tratar a desnutrição e pertence à classe de medicamentos nutricionais.
O medicamento é indicado quando há comprometimento da função gastrointestinal e contraindicações à nutrição enteral – ingerir nutrientes ou medicamentos diretamente no trato gastrointestinal (intestino), por via oral ou por meio de uma sonda, como a nasogástrica, em que a alimentação normal não é possível ou suficiente.
Utilizado por via intravenosa, a NPT passa a ser a única fonte de nutrição que o paciente recebe. A atividade descreve indicações, mecanismo de ação e contraindicações da NPT
A NPT é utilizada quando a nutrição administrada por via intravenosa é a única fonte de nutrição que o paciente recebe.


