Cidades

PANDEMIA

Internações dobram em uma semana; podem faltar leitos

Aumento de pessoas contaminadas deve levar ao colapso do sistema de saúde

Continue lendo...

Mato Grosso do Sul tem 152 pessoas internadas com Covid-19, segundo dados do boletim epidemiológico divulgado ontem. O número total aumentou 54% em sete dias, e o secretário estadual de Saúde alertou para uma possível falta de leitos.

No dia 14 de junho, 70 pessoas estavam internadas em Mato Grosso do Sul, um paciente residente no Estado ocupava leito de outra unidade da federação. Agora já são 152 internados aqui, a maioria em hospitais públicos (são 54 em leitos clínicos e 40 em unidades de terapia intensiva).  

Para o titular da Secretaria de Estado de Saúde (SES), Geraldo Resende, esse crescimento de casos que necessitam de internação é preocupante e reflete o aumento exponencial da doença que o Estado vem registrando há alguns dias. “Temos uma quantidade de leitos ainda insuficiente, e, se houver a explosão de casos com internação e se não conseguirmos conter o avanço da doença, principalmente em Dourados, podemos ter falta de leitos em breve”, alertou.

O secretário afirmou que, para evitar que isso ocorra, a SES tem tentado ações com a secretaria municipal para fazer o rastreamento de casos e contatos.

“A exemplo do que fizemos nos surtos de Guia Lopes, Brasilândia e Três Lagoas, acreditamos que precisamos fazer a mesma ação em Dourados, que é trabalhar com a vigilância epidemiológica e a atenção primária para monitorar casos e contatos, ver se estão cumprindo quarentena, não estão saindo para contaminar outras pessoas, e verificar se o caso piorou ou não. Se não fizermos isso, os leitos clínicos e de UTI poderão ser insuficientes nos próximos dias”, declarou Resende.

Já o infectologista e pesquisador da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), Julio Croda, afirmou que, com esse aumento no número de internações, devem crescer também os óbitos em função da doença.  

DISSEMINAÇÃO

“Campo Grande e Dourados estão acelerando o número de casos, então esse crescimento era esperado. É natural aumentarem as internações: primeiro aumentam os casos; uma semana depois, crescem as internações; e, na outra semana, tem o aumento importante de mortes”. Esse crescimento pode ser observado atualmente, já que, em uma semana, o Estado passou de 31 para 47 mortes até a manhã de domingo.

De acordo com o médico e professor da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), a pior situação deve acontecer em Dourados, cidade com o maior número de casos (1.807) e mortes (11) e que tem dobrado o número de contaminados a cada semana.

“O Estado viu o que aconteceu em outros estados, mas em algumas localidades não foi feito o que deveria e esse aumento é reflexo. Se nada for feito, vai ser ainda pior. Se Dourados, nas próximas duas semanas, não tomar medidas mais restritivas, vão faltar leitos de UTI e vai morrer gente sem atendimento. Ou abre mais leitos ou fecha Dourados”, avalia o infectologista.

Conforme informações de um médico da região, que preferiu não ser identificado, há uma semana já não há leitos de UTI no Hospital Santa Rita, e, na semana passada, todas as vagas de intensivo do Hospital Universitário da Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD) também estavam ocupadas. Com isso, pelo Sistema Único de Saúde (SUS), restavam apenas o Hospital da Vida e o Hospital Evangélico (que atende por meio de um convênio com o município).

A falta de leitos também já é sentida em Campo Grande, tanto na rede pública quanto na privada. Na semana passada, a Unimed informou que já chegava a 80% a ocupação de leitos de UTI exclusivos para Covid-19 na unidade hospitalar da Capital. Já a Cassems está com 63% de lotação no setor. E o Hospital Regional teve de ativar o hospital de campanha porque a oferta de vagas havia caído para 20% em apenas alguns dias.

LEITOS

Segundo o secretário, apesar de Dourados ter há algum tempo 38 leitos de UTI habilitados para funcionamento no tratamento do novo coronavírus, apenas 21 estavam efetivamente à disposição dos pacientes até este fim de semana.

“Não estão à disposição na sua totalidade. Pedimos para o município fazer a revisão. Apesar de ter habilitado 38 [leitos], na verdade o quantitativo não chega a esse numerário. Pedimos para a prefeitura repassar os recursos que o governo federal mandou, e nós já entregamos para os hospitais”, declarou Resende.

Desses leitos que não estavam funcionando, segundo o titular da Saúde, 10 estão no Hospital da Vida. “Os 10 leitos que haviam sido habilitados, e nenhum deles disponibilizados à população, foram colocados [em funcionamento] imediatamente após a nossa cobrança e a cobrança do Ministério Público Estadual. O município de Dourados já havia sido habilitado para esses leitos, já havia recebido inclusive os recursos do governo federal desde maio, quando havia enviado esses recursos adiantados por três meses seguidos em uma parcela única”.

Ainda conforme o secretário, um dos motivos repassado pela unidade para a não abertura dessas vagas foi a falta de profissionais para atuarem nas unidades de terapia intensiva. Esse problema está sendo enfrentado tanto pelo Hospital da Vida quanto pelo Hospital Universitário da Universidade Federal da Grande Dourados, que precisa de cinco intensivistas, de acordo com Resende, para atuarem em 10 leitos novos de UTI que deverão ser criados na unidade nos próximos dias.

“Há muita dificuldade hoje de encontrar médicos, enfermeiras, fisioterapeutas e técnicos de enfermagem preparados para fazerem o enfrentamento da doença em algumas das nossas regiões”, declarou o titular da SES.

Outro problema alertado pelo secretário é a falta de contratualização entre a prefeitura de Dourados e alguns hospitais particulares do município, que tiveram leitos destacados para o tratamento da Covid-19, mas esperam os recursos. “O Hospital Santa Rita e o Evangélico não estão recebendo porque não foi feita a contratualização”.

COBRANÇA

 “Se a população não tiver compaixão, não tiver solidariedade com os outros, nós haveremos de ter dias terríveis em Mato Grosso do Sul. Principalmente quando a gente vê a taxa de ocupação de leitos clínicos e de UTI aumentando a cada dia. Em algumas cidades já está chegando no limite prudencial, ou seja, nós não temos como expandir o número de leitos clínicos e, principalmente, de leitos de UTI, porque nós sequer encontramos profissionais habilitados para irem a essas regiões”, afirmou o secretário de Saúde, Geraldo Resende. 

*(Texto alterado às 11h02 para correção de informações)

Cidades

Aneel aprova ajuste no cadastro da Tarifa Social de Energia Elétrica

A resolução aprovada nesta terça-feira (9), visa regularizar o cadastro de consumidores

09/12/2025 19h00

Crédito: Fernando Frazão / Agência Brasil

Continue Lendo...

A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) aprovou nesta terça-feira, 9, uma resolução visando regularizar os cadastros de consumidores elegíveis para a gratuidade no pagamento da tarifa de energia, no âmbito da Tarifa Social de Energia Elétrica (TSEE).

O órgão regulador quer a correspondência entre o CPF do titular do benefício e o dado registrado no Cadastro Único para Programas Sociais (CadÚnico).

A mudança de endereço das famílias também está no radar. Há casos em que a unidade consumidora está fixada em determinado endereço, mas as informações no CadÚnico apontam para outro município.

A norma aprovada nesta terça visa evitar esses casos. Foi decidido que as distribuidoras devem encaminhar relatórios trimestrais da evolução da regularidade cadastral dos consumidores de baixa renda.

Os técnicos da Aneel deverão elaborar e apresentar em 2026 à diretoria uma análise sobre os impactos regulatórios e a diligência das distribuidoras na regularização da titularidade e do endereço das famílias beneficiadas com a TSEE

A Associação Brasileira de Distribuidores de Energia Elétrica (ABRADEE) e algumas distribuidoras pediram a exclusão da correspondência entre endereço da instalação, CadÚnico e Benefício de Prestação Continuada (BPC).

Foi argumentado que haverá eventual exclusão de famílias que não conseguirem regularizar seu cadastro, por exemplo. A associação solicitou a criação de regra de transição de médio prazo.

A diretora e relatora, Agnes da Costa, apontou que está em curso na Controladoria-Geral da União (CGU) uma avaliação sobre a efetividade da política da TSEE nos exercícios de 2022 e 2023.

No relatório de avaliação preliminar, com previsão para conclusão em janeiro de 2026, a CGU já teria sinalizado que a falta de controle na identificação dos beneficiários acaba permitindo a concessão do benefício a pessoas não elegíveis.

Assine o Correio do Estado

Cidades

Juiz nega prisão de suspeito de injúria racial contra delegada de Dourados

Fato ocorreu por meio de uma rede social enquanto Thays Bessa prestava esclarecimentos em uma transmissão ao vivo

09/12/2025 18h45

Foto: Reprodução / Redes Sociais

Continue Lendo...

A Justiça negou o pedido de prisão preventiva de um homem suspeito de cometer injúria racial contra a delegada Thays do Carmo Oliveira de Bessa, adjunta da Depac de Dourados, há dois meses. A decisão, assinada em 6 de dezembro, considerou que não há elementos concretos que justifiquem a medida extrema, nem risco à ordem pública, à instrução criminal ou à aplicação da lei penal.

Embora o Ministério Público tenha se manifestado favoravelmente, o juiz Caio Márcio de Britto entendeu que não havia demonstração concreta de que o investigado que reside em Minas Gerais pudesse interferir nas provas, fugir ou gerar risco processual.

O caso ocorreu em 2 de outubro de 2025, durante uma transmissão ao vivo da página Folha de Dourados no Facebook. Na ocasião, a delegada concedia entrevista sobre investigações em andamento quando um usuário publicou um comentário ofensivo, supostamente em alusão ao fato dela ser negra, conduta que, em tese, configura o crime de injúria racial previsto no artigo 2º-A da Lei 7.716/89.

Conforme a apuração, a Polícia Civil representou pela prisão preventiva e pela expedição de mandados de busca e apreensão em endereços do suspeito, além do afastamento de sigilo telemático.

Segundo a decisão, boletins de ocorrência antigos, não possuem lastro judicial e não são suficientes para justificar a segregação cautelar. O magistrado ressaltou ainda que o fato já estava documentado nos autos e que o comentário publicado e depois retirado da rede social não depende de novas diligências invasivas para comprovação.

O juiz também rejeitou os pedidos de busca e apreensão, afirmando que não havia indícios de que computadores ou celulares armazenassem provas relevantes além das já disponíveis. Para ele, a medida configuraria uma “fishing expedition”, uma investigação especulativa e sem causa provável.

Saiba*

A delegada, que atua em Dourados, a cerca de 231 quilômetros de Campo Grande, foi alvo do comentário preconceituoso aproximadamente oito horas após a veiculação de um vídeo em formato quebra-queixo pelo portal Folha de Dourados. Com a decisão, o investigado permanece em liberdade enquanto o inquérito segue em andamento.

Assine o Correio do Estado

NEWSLETTER

Fique sempre bem informado com as notícias mais importantes do MS, do Brasil e do mundo.

Fique Ligado

Para evitar que a nossa resposta seja recebida como SPAM, adicione endereço de

e-mail [email protected] na lista de remetentes confiáveis do seu e-mail (whitelist).