Trocar dobradiças, ajeitar a antena da TV, ou consertar o chuveiro elétrico. A limpeza da caixa-d’água que há mais de um ano está suja, cheia de limo; o aperto dos parafusos de camas e beliches. No século passado, fazer reparos dessa natureza e instalar eletrodomésticos era tarefa costumeira dos maridos. Nos dias de hoje, no entanto, cada vez mais a maioria dos maridos modernos não aprende ou não tem tempo suficiente para executar múltiplas tarefas. Por conta disso, donas de casa não pensam duas vezes para convocar os conhecidos “faz-tudo” - também chamados “maridos de aluguel.”
Essa é a profissão do campo-grandense Edgar Pereira Alves, 47 anos, morador no Bairro Santo Amaro. Ele começou atendendo a família dos pais, conquistou a vizinhança e agora circula por todos os quadrantes da cidade oferecendo pequenos reparos nas partes elétrica, pintura, consertos gerais e hidráulica. “Aprendi por força da necessidade, não fiz cursos – completou o 2º grau –, mas atendo a um grande número de pessoas idosas e algumas que vivem só”, ele conta. “Gente que evita o risco de colocar qualquer pessoa dentro de casa”, explica.
Na tarde de segunda-feira (18), Alves fazia uma série de serviços numa casa da Rua Tóquio, no seu bairro, para onde havia mudado uma senhora. Trabalhava no meio da mudança, a fim de pôr a casa e o quintal em ordem.
Faturamento
Edgar troca e conserta chuveiros, lâmpadas, tomadas, disjuntores, reatores, torneiras, vazamentos e registros; pinta casas e apartamentos, limpa e desentope canalizações de caixas-d’água, pias e esgotos internos. Fatura por mês, em média, cerca de R$ 2 mil, às vezes mais que isso. Sai diariamente para o trabalho no seu Chevete e, auxiliado pela esposa Néia, Alves custeia os estudos da filha Kêmela, 19, que faz Direito. O filho Vinícius, 14, está na 9ª série do Ensino Fundamental.
Quando começou a ficar famoso pela presteza e rapidez com que atende à clientela, procurou o balcão de anúncios classificados do Correio do Estado e publicou o seu, em cinco breves linhas. Deu ótimo resultado, ele diz. Logo apareceram pedidos. Ele e Néia partiram para a panfletagem em pontos de ônibus e outros de grande movimento, entre os quais mercearias, padarias, sacolões e farmácias.
Alves atribui uma parcela do êxito ao fato de os especialistas geralmente rejeitarem pequenos reparos. “São chamados por telefone, mas desistem quando ficam sabendo o que têm para fazer”, comenta.
Na manhã de sábado passado, uma moradora do Jardim Itamaracá convocou-o para consertar um sifão e uma lâmpada. Quando chegou, ela apresentou-lhe mais uma lista de serviços: torneira, chuveiro... Alves terminou tudo por volta de 16h. “É sempre assim: o telefone toca e eu dou conta de pelo menos dois pedidos por dia, geralmente daquelas coisas que avariaram e o conserto foi ficando para depois.”
Esse nicho de mercado começa a ser ocupado em Campo Grande. Uma construtora procurou-o, propondo contrato de exclusividade. Ele preferiu permanecer no ritmo atual, que lhe dá espaço para “socorrer” a imobiliária de um conhecido.
Até pensou em ampliar o atendimento, montando equipe, entretanto, recuou dessa ideia: “Na hora do pega, a mão de obra exige conhecimento, dedicação e qualificação, e é isso o que eu busco, sempre.” Talvez seja a repetição do velho dito popular: “Antes só do que mal acompanhado.”
SERVIÇO: Os serviços de Edgar Pereira Alves podem ser contratados pelos telefones 3027-2661 ou 9271-9914.


