Cidades

INVESTIGAÇÃO

Médico que ajudou a furar fila de precatório tinha promissória com Name

Promissória de R$ 150 mil encontrada durante Operação Omertà era de João Jazbik Neto

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Jamil Name, que está preso desde o dia 27 de setembro acusado de diversos crimes, entre eles pistolagem, poderá ter de devolver R$ 22.537.781,03 aos cofres da Prefeitura de Campo Grande. Isso porque ele recebeu a quantia a mais, ao longo de vários anos, como parte de pagamentos de uma ação relativa a precatórios. 

Mas o pagamento só ocorreu por intervenção do médico cardiologista João Jazbik Neto – que esteve na casa de Name quando ele foi preso durante a Operação Omertà, deflagrada pelo Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (Gaeco), órgão de investigação ligado ao Ministério Público do Estado (MPMS), e pela Delegacia Especializada de Repressão a Roubos a Banco, Assaltos e Sequestros (Garras).

Jazbik Neto forneceu laudo, em julho de 2009, informando sobre a condição de Name por “graves problemas de saúde” (razão humanitária), o que possibilitou que ele “furasse a fila”. O desembargador Paulo Alfeu Puccinelli, que na época era vice-presidente do Tribunal de Justiça (TJMS), chegou a sequestrar R$ 25 milhões dos  cofres da prefeitura para que a dívida fosse quitada. O magistrado foi alvo de investigação pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ), por conta do caso.
Mas, em 2010, o CNJ suspendeu o pagamento, levando em consideração que houve interrupção no andamento da fila por ordem cronológica. 

LIGAÇÕES

O envolvimento do médico nos negócios de Name continuou nos dias atuais. Na operação que resultou na prisão de pai e filho, além de policiais e guardas-civis, a polícia apreendeu nota promissória emitida por “João J. Neto” no valor de R$ 150 mil. A nota seria justamente de Jazbik Neto.

É do médico também um dos três  laudos que a defesa de Name, considerado chefe de organização criminosa, apresentou para pedir prisão preventiva domiciliar no dia 18 de outubro. Na época, o advogado Renê Siufi informou que seu cliente tem graves problemas de saúde, como diabetes, problemas pulmonares e síndrome do idoso frágil.
Mas as alegações de Jamil Name de que, em razão de sua avançada idade (83 anos), depende de auxílio até para refeição e higiene pessoal foram contrariadas pela direção do Presídio Federal de Campo Grande, onde ele está preso há dez dias.

PRECATÓRIOS

Ontem, o prefeito Marcos Trad (PSD) informou que Name poderá ter de devolver à Capital o valor milionário pago a mais. “Em vez de o município ter que pagar àquela pessoa [Jamil Name] mais R$ 22 milhões, ele que nos deve”, afirmou o chefe do Executivo.

A Procuradoria-Geral do Município (PGM) obteve decisão favorável do CNJ, em maio deste ano, para que o cálculo do valor pago fosse revisto pelo TJMS. A determinação era para que a Corte seguisse os parâmetros do CNJ nos cálculos. 
Na segunda-feira (21), foi anexada ao processo – que em 2009 resultou em acordo entre Jamil Name e a prefeitura – certidão geral de cálculos, da Coordenadoria de Cálculos e Liquidação de Precatórios do TJMS. Outros três requerentes do espólio de Jorge Haddad também aparecem no documento. 

O precatório está em grau de recurso, mas por determinação do CNJ – em correição –, a certidão anexada há dois dias aponta valor global negativo atualizado de R$ 22.537.781,03. Em 2009, a quantia era de R$ 13.620.173,62. 
A irregularidade é antiga. Em dezembro de 2011, reportagem publicada pelo Correio do Estado mostrou que o CNJ determinou abertura de sindicância para apurar “possível infração disciplinar” cometida pelo desembargador, então vice-presidente do TJMS, Paulo Alfeu Puccinelli, no pagamento de um precatório de R$ 18 milhões. A dívida era da prefeitura e havia começado a ser paga em agosto de 2010 a Jamil Name, com base no acordo feito no dia 10 de julho de 2009.

Até maio de 2010, o município já havia pago oito parcelas no valor total de R$ 11 milhões, restando um saldo de R$ 6,9 milhões referente a cinco parcelas de R$ 1,3 milhão. Jamil transferiu o crédito para o empresário Jorge Haddad, depois de receber a segunda parcela. Esta operação também foi autorizada pelo desembargador Puccinelli.

A reportagem procurou os advogados André Borges, que representa Jamil Name, e Siufi, defensor também de Jazbik, mas eles não atenderam as ligações. O TJMS  informou em nota que “a determinação do vice-presidente do Tribunal de Justiça, atualmente, é de que se cumpram criteriosamente as orientações do CNJ”.

 

DECISÃO

O então desembargador Paulo Alfeu Puccinelli determinou o pagamento do precatório no valor de R$ 25 milhões, numa sexta-feira à noite, dia 10 de julho de 2009. Ele aceitou os argumentos do advogado de Jamil Name, que, com base em laudos médicos, pediu antecipação do pagamento alegando que enfrentava problemas de saúde e precisava de R$ 8 milhões.

Cidades

Conselho de Educação edita diretrizes sobre celular em sala de aula

Medida visa promover a saúde mental dos estudantes

24/03/2025 20h00

Criança brincando com o celular

Criança brincando com o celular Foto: Reprodução/EPTV

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O Conselho Nacional de Educação (CNE) publicou hoje (24) resolução com as diretrizes operacionais nacionais sobre o uso de celulares e outros dispositivos digitais em salas de aula.Criança brincando com o celular Criança brincando com o celular

A medida orienta que escolas e redes de ensino devem organizar capacitações e iniciativas para um ambiente acolhedor e preventivo, identificando sinais de sofrimento emocional e busque promover a saúde mental dos estudantes.

Está autorizado o uso desses aparelhos por parte dos estudantes do ensino fundamental e médio para fins pedagógicos, sempre com mediação dos profissionais de educação. Mas é vedado o uso para outros fins, inclusive nos intervalos e fora das salas de aula. A decisão prevê exceções para estudantes que necessitem de recursos de acessibilidade.

A recomendação é para que sejam respeitadas as competências e habilidades dos estudantes, com progressão gradual de acordo com o desenvolvimento da autonomia.

Cada escola poderá estabelecer os critérios de permissão sobre o porte dos aparelhos, assim como a forma pela qual eles serão guardados durante o período de aulas.

Uso de telas

No caso da educação infantil, o uso de telas e dispositivos digitais não é recomendado, sendo visto como algo razoável apenas em caráter excepcional, com mediação de um professor.

Neste mês, o governo federal lançou a publicação Crianças, Adolescentes e Telas: Guia sobre Uso de Dispositivos Digitais, com o objetivo de construir um ambiente digital mais seguro, equilibrado e saudável.

O novo guia pode ser acessado aqui.

Segundo o CNE, órgão de participação social do Ministério da Educação (MEC), a Resolução CNE/CEB nº 2/2025 inclui ações daEstratégia Nacional Escolas Conectadas(Enec) para “garantir a educação e a cidadania digital nas escolas, promovendo o uso intencional e estratégico da tecnologia para potencializar o ensino e a aprendizagem”. E tem como eixo central a proteção da saúde mental, física e psíquica de crianças e adolescentes.

Outras orientações

A resolução do CNE orienta que escolas e redes de ensino devem organizar capacitações e iniciativas para um ambiente acolhedor e preventivo, identificando sinais de sofrimento emocional e buscando promover a saúde mental dos estudantes.

Existe também a preocupação com a formação continuada dos professores, funcionários e profissionais da educação voltados para a implementação digital e o uso pedagógico dos aparelhos.

Campo Grande

Manifestantes deixam sede do Incra após alinharem encontro com Lula

Integrantes do Movimento Popular de Luta "desmontaram acampamento" por promessa de reunião com o presidente da República

24/03/2025 18h15

Crédito: Marcelo Victor

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Manifestantes do Movimento Popular de Luta (MPL), que ocuparam a sede do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), deixaram o local depois de alinharem uma reunião com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

O protesto ocorreu em trechos rodoviários de Mato Grosso do Sul durante a manhã desta segunda-feira (24). Em Campo Grande, manifestantes seguiram pela Rui Barbosa em uma caminhada até a sede do Incra, o que causou lentidão no trânsito.

Uma das reivindicações é que o Governo Federal realize o assentamento. Conforme adiantou o Correio do Estado, as famílias do movimento estão "cansadas de tantas promessas".

Durante a tarde, as lideranças se reuniram com o superintendente do Incra, Paulo Roberto, a diretora de Desenvolvimento do Incra, Rose Rodrigues e a deputada federal Camila Jara (PT-MS).

A deputada garantiu que o governo Lula está empenhado em ouvir as demandas dos movimentos sociais e entende que a reforma agrária é essencial para que o país enfrente a “crise de alimentos”.

No encontro, foram discutidas alternativas para garantir o direito à terra e fomentar a produção de alimentos.

“Fomos até o Incra para acolher todas as demandas, aperfeiçoar nosso trabalho e, mais do que isso, levar todas as informações para a Presidência da República. Em conjunto com a bancada federal, estamos destinando mais emendas para o Incra, para que possamos avançar na regularização fundiária, pois sabemos o quanto isso é importante para Mato Grosso do Sul. Vamos trabalhar junto ao Ministério do Desenvolvimento Agrário para trazer mais recursos para o Incra daqui”, disse Camila Jara e completou:

“O presidente Lula está empenhado em ouvir os movimentos sociais e em atuar junto a eles, porque sabe que a agricultura familiar e a reforma agrária serão fundamentais para enfrentar a crise dos alimentos”.

Além disso, a deputada pontuou que conversou com o ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência da República, Márcio Macêdo, que informou que uma agenda será organizada com os movimentos sociais de luta pela terra.

A estimativa é que, no dia 10 de abril, conforme informou o ministro, seja confirmada a data da reunião com os representantes dos movimentos em Brasília (DF). Posteriormente, ocorrerá uma audiência com o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva.

Reflexos

As manifestações que reivindicam reforma agrária se intensificaram nas rodovias de Mato Grosso do Sul. Sob a justificativa de uma agenda junto ao presidente Lula, os manifestantes mantêm os bloqueios no km 171 e km 117 da BR-163, respectivamente entre Iguatemi e Mundo Novo, e Naviraí, trecho totalmente interditado. 

Em contrapartida,  a Polícia Rodoviária Federal (PRF) destacou que o km 224 da BR-267, antes interditado, segue com trânsito livre no início desta tarde. 

Com o alinhamento da reunião em Brasília (DF), as rodovias foram liberadas gradualmente. 

MPL


O Movimento Popular de Luta foi inaugurado em 2017, sendo que em junho de 2023 cerca de 400 famílias já se acomodavam à beira da BR-262, no anel viário de Campo Grande, classificado pelos internos como uma "insatisfação dos vários movimentos existentes", surgindo com o papel de denunciar e reivindicar terras improdutivas. 

Aproximadamente seis anos após sua fundação, o MPL já contava com cerca de oito acampamentos e em torno de duas mil famílias acampadas à época, com o acampamento de Campo Grande dividido em seis grupos com coordenadores e sistema de organização próprio, como acompanhado pelo Correio do Estado. 

"Sabemos que o capitalista diz não ser preciso ter reforma agrária, seu projeto traz misericórdia milhões de sem terra jogados na estrada, com medo de ir para cidade enfrentar favela, fome e desemprego sair dessa situação e segurar na de outro companheiro", cita hoje o Movimento em publicação nas redes sociais.

** Colaborou Leo Ribeiro e Alison Silva

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