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Ministra dos Povos Indígenas se reúne com prefeitos para avançar demarcações

Diálogos começaram ontem, durante caravana para eleger representantes do novo Conselho Nacional de Política Indigenista

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A ministra dos Povos Indígenas, Sonia Guajajara, está em Mato Grosso do Sul para a promoção da caravana Participa, Parente, do Ministério dos Povos Indígenas (MPI), que começou ontem em terra indígena de Nioaque, durante a Grande Assembleia do Povo Terena. A ministra aproveitou a vinda a MS para se reunir com prefeitos em busca de avançar conversas sobre a retomada dos processos demarcatórios de terras indígenas.

Em entrevista exclusiva para o Correio do Estado durante a manhã de ontem, a ministra Sonia Guajajara informou que as agendas que o ministério terá em Mato Grosso do Sul, do dia 15 até o dia 18 de novembro, serão oportunas para a realização dessas reuniões, nas quais deve ser tratado o Plano de Gestão Territorial e Ambiental das Terras Indígenas (PGTA).

“Estamos nos propondo a trabalhar junto com prefeitos, parlamentares e com o governador para a gente encontrar alternativas. E uma delas é exatamente o avanço do processo demarcatório”, disse a ministra.

Já durante a tarde de ontem, Sonia Guajajara fez uma reunião com prefeitos de municípios de Mato Grosso do Sul que contam com terras indígenas. Conforme a ministra, foi conversado sobre a implementação de políticas públicas para os povos indígenas.

“Estamos nessa reunião com prefeitos e prefeitas que têm territórios indígenas em seus municípios, a ideia é a gente aproximar essa relação para pensar a implementação de políticas públicas em territórios indígenas”, afirmou a ministra em coletiva de imprensa.

Segundo o prefeito de Nioaque, Valdir Couto de Souza Júnior (PSDB), presidente da Associação dos Municípios de Mato Grosso do Sul (Assomasul), no Estado são aproximadamente 31 municípios com terras indígenas, e a reunião contou com 14 prefeitos.

Entre os pedidos feitos pelos municípios estão a criação de um outro Distrito Sanitário Especial Indígena (Dsei) e a pacificação entre prefeitos e povos indígenas.

“Pedimos também a pacificação, nós prefeitos e prefeitas não temos autonomia para tomar decisão sobre a demarcação de áreas indígenas, mas pedimos a pacificação junto ao ministério. Levantamos algumas informações que são preocupantes para todos e pedimos essa pacificação”, declarou Valdir Couto. 

“Quero parabenizar a sua vinda, para a gente iniciar esse diálogo, e que essas políticas públicas realmente possam chegar e atender a população. São notórias as necessidades de saúde, da agricultura familiar, e o ministério se comprometeu em levar toda essa demanda que aqui ouviu. Pela primeira vez eu participo de uma reunião de debate, de trabalho, e que está levando demandas não só de um município, mas de 16 mil indígenas que residem em MS”, completou o presidente da Assomasul.

CARAVANA

Sobre a caravana que elegerá representantes dos povos indígenas para o Conselho Nacional de Política Indigenista (CNPI), a ministra afirmou que Mato Grosso do Sul será representado no conselho, que estava inativo há seis anos.

“É um conselho que já existiu antes, já relançamos o decreto de instalação e estamos neste processo participativo nos estados para que sejam indicados os representantes estaduais, então Mato Grosso do Sul terá, sim, o seu representante, titular e suplente”, explicou Sonia.

AGENDA

Em Mato Grosso do Sul, durante o Conselho Terena, a ministra também fará alguns anúncios, como a assinatura do termo de convênio com a Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul (UEMS) para lançar o curso de Agroecologia Intercultural Povos do Pantanal, no campus de Aquidauana, com investimento de 
R$ 6 milhões. 

Também em MS, ela dará início à construção do Plano de Gestão Territorial e Ambiental (PGTA) para dois territórios terena: Cachoeirinha e Taunay Ipegue, que terá investimento inicial de R$ 800 mil no primeiro semestre de 2024. 

A conclusão do estudo da Terra Indígena Kinikinau e a conclusão da demarcação das terras indígenas Cachoeirinha e Taunay Ipegue também estão no cronograma da ministra. 

“Vamos visitar os estados para estabelecer parcerias com universidades, fortalecendo esta presença indígena, desde a entrada até a conclusão dos cursos. Então, essa parceria com a Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul vem para fomentar o apoio a atividades produtivas”, acrescentou a ministra, sobre o convênio com a UEMS. 

CONSELHO INDIGENISTA

Em abril deste ano, o CNPI foi restituído no Acampamento Terra Livre (ATL), no âmbito do Ministério dos Povos Indígenas, em decreto assinado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, e trata-se de um colegiado de caráter consultivo e paritário, responsável pela elaboração e pelo acompanhamento da implementação de políticas públicas destinadas aos povos indígenas.

Os encontros da caravana Participa, Parente vão eleger 30 representantes dos povos e das organizações indígenas para o conselho, que é composto ainda por 30 representantes do Poder Executivo federal e por quatro representantes de entidades indigenistas sem fins lucrativos, que atuarão como conselheiras, sem direito a voto, totalizando 64 membros. 

Entre as competências do CNPI, segundo o Ministério dos Povos Indígenas, estão: propor objetivos e princípios para políticas públicas destinadas aos povos indígenas; acompanhar a elaboração e a execução do Orçamento Geral da União, no âmbito das políticas públicas destinadas aos povos indígenas; apoiar e incentivar a realização de eventos organizados pelos povos indígenas, especialmente para o debate e o aprimoramento das propostas de políticas públicas a eles destinadas; monitorar, receber e encaminhar denúncias de ameaça ou violação dos direitos de comunidade ou povo indígena aos órgãos competentes; além de recomendar as medidas a serem adotadas; entre outras. 

A diversidade étnica e cultural dos povos indígenas no CNPI é assegurada pela representação obrigatória de nove representantes de povos da Região Amazônica, que inclui o estado de Mato Grosso; 10 das Regiões Nordeste e Leste, que inclui Minas Gerais; três da Região Sudeste; três da Região Sul; e três da Região Centro-Oeste. 

A organização da Caravana Participa, Parente está sendo feita junto à Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib) e à Articulação Nacional das Mulheres Indígenas Guerreiras da Ancestralidade (Anmiga), com o apoio de associações e conselhos indígenas de diferentes regiões. (Colaborou Valesca Consolaro)

SAIBA

A agenda da caravana do Ministério dos Povos Indígenas começou ontem e vai até segunda-feira (20).Além da ida à Aldeia Cabeceira, em Nioaque (MS), a caravana passará por Florianópolis (SC), pela Terra Indígena Kunumi, em Caarapó (MS), por Ubatuba (SP), Recife (PE) e Brasília (DF), finalizando em Tekoha Djey, Rio Pequeno, Paraty (RJ).

INCERTEZAS

Gigante da celulose recua e engaveta projeto de R$ 15 bilhões em MS

No fim de novembro a Eldorado informou que ampliaria o plantio de eucaliptos em 2026 de olho da duplicação da fábrica. Agora, porém, diz que esse aumento não sairá do papel

20/12/2025 16h50

A Eldorado, dos irmãos Batista, funciona em Três Lagoas desde 2012 e existe a previsão de que sua capacidade aumente em 100%

A Eldorado, dos irmãos Batista, funciona em Três Lagoas desde 2012 e existe a previsão de que sua capacidade aumente em 100%

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Depois de anunciar, no final de novembro, que a partir do próximo ano pretendia ampliar de 25 mil para até 50 mil hectares o plantio anual de eculiptos na região de leste de Mato Grosso do Sul, a indústria de celulose Eldorado deixou claro nesta semana que engavetou, pelo menos por enquanto, o projeto de expansão. 

Com o recuou, a empresa, que produz em torno de 1,8 milhão de toneladas de celulose por ano, deixa claro que está adiando a prometida duplicação de capacidade de produção da Eldorado, o que demandaria investimentos da ordem de R$ 15 bilhões US$ 3 bilhões), conforme anunciado em abril do ano passado pelos irmãos Joesley e Wessley Batista, donos da empresa. 

Em entrevista ao site AGFeed, especiliazado em agronegócio, o diretor florestal da Eldorado, Germano Vieira, afirmou que a empresa tem atualmente 305 mil hectares de pantações de eucaliptos na região, mas precisa de apenas dois terços disso para abastecer a fábrica. 

Ou seja, a empresa tem em torno de 100 mil hectares de eucaliptos sobrando e este excedente está sendo vendido ou permutado com a Bracell e a Suzano, que opera duas fábricas do setor na região, em Três Lagoas e Ribas do Rio Pardo. 

Então, caso o comando da Eldorado decida desengavetar repentinamente o projeto da duplicação,  já existe um excedente que seria capaz de abastecer a segunda unidade no período inicial, mesmo que não ocorra o início do plantio extra a partir de 2026, explicou Germano Vieira.

Atualmente são colhidos em torno de 25 mil hectares por ano para abastecer a indústria e o mesmo tanto é replantado, fazendo um giro para que sempre haja florestas "maduras".

São necessários, em média, sete anos para que a planta chegue ao estágio de corte e por conta disso havia a programação de começar o plantio agora (2026) para que houvesse matéria-prima suficiente quando a ampliação da fábrica estivesse concluída. Em três anos é possível fazer a ampliação da indústria, acredita Germando Vieira.  

Uma das explicações para o recuo, segundo a reportagem do AGFeed, é que a Eldorado ainda têm uma série de ajustes financeiros a serem feitos depois que os irmãos Batista conseguiram, em maio deste ano, fechar um acordo e colocar fim a batalha judicial com a Paper Excellence.

Para retomarem o controle total da Eldorado, que funciona em Três Lagoas desde 2012 e havia sido vendida parcialmente em 2017, eles se comprometeram a pagar US$ 2,640 bilhões à canadense Paper, que detinha pouco mais de 49% das ações do complexo industrial.  

Para duplicar a produção, segundo Germando Vieira, serão necessários 450 mil hecteres de florestas. Para chegar a esse montante, a empresa teria que arrendar mais 150 mil hecteres, o que demandaria um investimento da ordem de R$ 180 milhões anuais, já que o arrendamento custa em torno de R$ 1,2 mil por ano por hectare. 

Além disso, somente para o plantio de 25 mil hectares anuais a mais, conforme chegou a ser anunciado, seriam necessários em torno de R$ 220 milhões extras no setor florestal por ano, uma vez que o custo do plantio está na casa dos R$ 8,7 mil por hectare. E isso sem contabilizar os custos com o combate a pragas e combate a incêndios, entre outros. 

No final de novembro, Carlos Justo, gerente-geral florestal da Eldorado, chegou a informar ao site The AgriBiz que 15 mil hectares já haviam sido arrendados para dar início à ampliação do plantiu a partir do próximo ano. 

Preços da celulose

Embora Germano Vieira diga que a demanda mundial por celulose cresça em torno de um milhão de toneladas por ano e por conta disso a Eldorado mantem viva a promessa da duplicação, a empresa pisou no freio em meio à queda nos preços mundiais e ao aumento da oferta. 

Neste ano, o faturamento das três fábricas de Mato Grosso do Sul literalmente despencou. Por conta da ativação da unidade de Ribas do Rio Pardo, que tem capacidade de até 2,55 milhões de toneladas por ano, as exportações de Mato Grosso do Sul aumentaram em 57% nos dez primeiros meses de 2025, passando de 3,71 milhões de toneladas para 5,84 milhões de toneladas. 

Porém, o faturamento cresceu apenas 25,6%, subindo de U$ 2,121 bilhões para U$ 2,665 bilhões. No ano passado, quando a cotação da celulose já não estava nos melhores patamares, o valor médio da tonelada rendeu 570 dólares aos cofres das três indústrias. Neste ano, porém, elas tiveram rendimento médio de apenas 456 dólares, o que representa queda de 20%. 

Em decorrência desta queda nos preços, as indústrias deixaram de faturar em torno de 666 milhões de dólares, ou algo em torno de R$ 3,6 bilhões na moeda local, nos dez primeiros meses deste ano. 

Por conta disso, a Suzano, concorrente da Eldorado, chegou a emitir um alerta no começo de novembro dizendo que os preços internacionais estavam "completamete insustentáveis" e por isso estava reduzindo sua produção em cerca de 3,5%. 

O alerta da Suzano foi feito durante a prestação de contas relativa aos resultados do terceiro trimestre da empresa. E, segundo Leonardo Grimaldi, diretor do negócio de celulose da Suzano, a situação é crítica e “o setor está sangrando há meses”. 

Mas, apresar deste cenário de apreensão, investimentos da ordem de R$ 25 bilhões estão a todo vapor em Inocência, onde a chilena Arauco está instalando uma fábrica que terá capacidade para colocar 3,5 milhões de toneladas de celulose por ano a partir do final de 2027. 

Outra empresa, a Bracell, pretende começar, em fevereiro do próximo ano, em Batagussu, as obras de uma fábrica que terá capacidade para 1,8 milhão de toneladas por ano. Os investimentos previstos são da ordem de R$ 16 bilhões. 


 

MATO GROSSO DO SUL

Em pleno período de chuvas, Hidrelétrica Porto Primavera reduz vazão

Com a barragem mais extensa do País (10,2km), redução segue determinação emitida pelo Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) e havia sido anunciadano último dia 12, como medida para garantir a "segurança energética" brasileira

20/12/2025 14h14

Usina Hidrelétrica Engenheiro Sérgio Motta, também conhecida como Porto Primavera

Usina Hidrelétrica Engenheiro Sérgio Motta, também conhecida como Porto Primavera Reprodução/Cesp

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Usina Hidrelétrica Engenheiro Sérgio Motta, também conhecida como Porto Primavera, a unidade começou nesta sexta-feira (19) através da Companhia Energética de São Paulo (Cesp) a redução da vazão, para preservar os estoques de água dos reservatórios da bacia do Rio Paraná. 

Com a barragem mais extensa do País (10,2 km), essa redução segue determinação emitida pelo Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) e havia sido anunciada pela Cesp no último dia 12, prevista para começar ainda em 15 de dezembro, como medida para garantir a "segurança energética" brasileira. 

"O patamar mínimo defluente será reduzido de forma gradual e controlada, passando dos atuais 4.600 metros cúbicos por segundo para 3.900 m³/s, seguindo diretrizes operacionais do ONS", cita a Cesp em nota. 

Além disso, a Companhia frisa que, durante o processo, será mantido o plano de conservação da biodiversidade que havia sido aprovado pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais (Ibama), e teve início em maio deste ano, para monitoramento do Rio Paraná justamente nos trechos da jusante - parte rio abaixo - da Porto Primavera até a foz do Ivinhema. 

Ou seja, entre outros pontos, equipes embarcadas formadas por biólogos e demais profissionais especializados, devem trabalhar como os responsáveis por acompanhar a qualidade da água, bem como a conservação e comportamento dos peixes locais enquanto durar a flexibilização da vazão. 

Importante frisar a redução adotada também ao final de novembro (24/11) e mantida até 1° de dezembro, a partir de quando houve a retomada gradativa aos patamares originais. 

Problemas com a vazão

Em épocas passadas, como bem acompanha o Correio do Estado, o controle da vazão em Porto Primavera já trouxe prejuízo e revolta de produtores que chegaram a culpar a ONS pelas fazendas alagadas por mais de quatro meses em Batayporã no ano de 2023, por exemplo. 

Nessa ocasião, o problema começou com a abertura das comportas de Porto Primavera no dia 18 de janeiro de 2023, com a usina avisando a Defesa Civil de Batayporã da liberação de até 14,7 mil metros cúbicos de água por segundo. 

Sendo a maior vazão desde o começo do período chuvoso, as águas se somaram ainda à liberação dos cerca de 3 mil metros cúbicos por segundo do Rio Paranapanema, juntando em torno de 18 mil metros cúbicos por segundo. 

Na linha cronológica em 2023, o problema dos alagamentos começou no final de janeiro, indo até o mês de abril diante do fechamento das comportas em 31 de março. 

Quando a água já havia recuado, saindo de boa parte dos nove mil hectares alagados, as comportas foram reabertas na terceira semana de abril, com vazão máxima de dez mil metros cúbicos.

Depois, o aumento da vazão para até 13 mil metros cúbicos chegou a alcançar 14,7 mil m³, sendo que antes disso o volume anterior já havia sido responsável por invadir casas de moradores locais pela terceira vez no ano. 

Estimativas da Defesa Civil de Batayporã à época apontaram que pelo menos sete mil animais tiveram de ser remanejados na região por causa do mesmo problema. E, mesmo depois que a água baixar, são necessários de dois a três meses para que o pasto cresça e esteja em condições para alimentar os rebanhos. 

 

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