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"Braço direito" de ministra condena dragagem do Rio Paraguai

Críticas às propostas que querem melhorar o transporte hidroviário ocorreram durante o lançamento do chamado Pacto Pantanal, no Bioparque

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O secretário-executivo do ministério do Meio Ambiante, ou ministro substituto, João Paulo Ribeiro Capobianco, encerrou seu discurso de quase meia hora durante o anúncio do chamado Pacto Pantanal, que prevê R$ 1,4 bilhão para o bioma pelos próximos cinco anos, fazendo duras críticas às propostas que prevêem, segundo ele, a dragagem e derrocagem do leito do Rio Paraguai.

De acordo com ele, caso sejam autorizadas, as medidas, que consistem na remoção de rochas e terra do fundo do leito, representam risco maior para o bioma do que as queimadas e até as mudanças climáticas. 

Com o discurso, ele deixa claro que existe importante racha no Governo Federal sobre as propostas de tornar o Rio Paraguai, o principal do Pantanal, navegável durante o ano inteiro, inclusive nos períodos de estiagem, o que seria possível com a remoção de quatro grandes bancos de areia e outros 15 menores.

De um lado está a Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq), que conduz os trabalhos para a concessão da hidrovia, inclusive com uma audiência pública final prevista para o próximo dia 10 em Corumbá, e do outro estão os autoridades ambientalistas, como Ibama e Ministério do Meio Ambiente. 

A previsão é de que a concessão seja concluída ainda neste ano. E, com essa concessão seria permitida a dragagem de manutenção do rio, o que permitiria o escoamento de minérios durante o ano inteiro.

Atualmente, esse transporte somente pode ser feito quando o nível fica acima de um metro na régua Ladário. Porém,  somente quando ultrapassa 1,5 metro é que os comboios descem em segurança com carga plena.

Por conta dos bancos de areia, em anos de pouca chuva, o transporte fica suspenso na maior parte dos meses. Em 2024, ano da pior seca da história, quando o nível mínimo chegou a 69 centímetros abaixo de zero em Ladário, somente nos meses de abril, maio e junho o nível ficou acima de um metro. 

Por conta disso, o transporte de minérios despencou de 6 milhões para apenas 3 milhões de toneladas na comparação entre 2023 com o ano seguinte. Em 2023, o nível máximo do rio chegou a 4,24 metros,  ante apenas 1,47 metro no ano passado. Nesta quinta-feira amanheceu em 1,8 metro.

APELO

O ministro substituto, que representou Marina Silva, que está em viagem à Ásia com o presidente Lula, fez as críticas às propostas de dragagem do Rio Paraguai em resposta a um apelo feito minutos antes pelo deputado corumbaense Paulo Duarte, defensor da dragagem do chamado tramo sul, entre Corumbá e Porto Murtinho. O deputado cobrou do ministério a liberação das intervenções no rio.

Em seu discurso no Bioaparque Pantanal, o ministro alegou que esta liberação depende do Ibama, mas mesmo assim  fez um apelo ao governador Eduardo Riedel para que ele não permita que alguém “cometa esse crime” de derrocagem e dragagem do leito do rio. Isso, nas palavras dele, “seria o fim do Pantanal”. 

Porém, o secretário de Estado de Meio Ambiente, Jaime Verruck, garantiu logo após o encerramento do evento que, ao contrário daquilo que o ministro susbstituto falou, não existe nenhuma previsão de derrocagem, que seria a retirada de rochas ou ou de trechos das margens para reduzir as curvas no leito natural. 

RECUO

Em julho do ano passado, no auge das queimadas na região pantaneira, o presidente do Ibama acompanhou o presidente Lula em visita a Corumbá e chegou a anunciar a liberação da dragagem no tramo sul.

O Departamento Nacional de Estradas de Rodagem (Dnit) começou a se mobilizar para começar os trabalhos, que se resumiriam a remover os bancos de areia de uma parte do rio para outra, sem retirada de terra do fundo do leito.

Mas, antes do início efetivo dos trabalhos, o presidente do Ibama foi forçado a recuar e exigiu estudos de impacto ambiental (EIA/Rima) para permitir o remanejamento dos bancos de areia. Estes estudos vão demorar pelo menos dois anos e até agora não tiveram início. 

MINERAÇÃO

Os principais interessados na dragagem do rio é o Grupo J&F, dos irmãos Joesley e Wesley Batista, que explora o minério de ferro e manganês nas morrarias de Corumbá. Se o rio ficasse navegável durante o ano inteiro, conforme o deputado Paulo Duarte, seria possível escoar 13 milhões de toneladas de minérios em 2025. 

Pela cotação média do ano passado, isso significaria faturamento da ordem de R$ 5,1 bilhões, uma vez que quase tudo é destinado à exportação. 

Somente com a chamada CFEM (Compensação Financeira pela Exploração Mineral), a prefeitura de Corumbá teria condições arrecadar R$ 120 milhões por ano, o que corresponde a 12% do orçamento anual do município, de acordo com o deputado. 
 

Cidades

Em menos de 24h, Campo Grande registra quase 100 mm de chuva

Bandeirantes, Rio Brilhante, Sidrolândia e Dourados também registraram até 19,6 mm ficando abaixo do acumulado na capital campo-grandense

31/03/2025 09h15

Em menos de 24h, Campo Grande registra quase 100 mm de chuva

Em menos de 24h, Campo Grande registra quase 100 mm de chuva Gerson Oliveira

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Após um longo período de baixa precipitação, Campo Grande encerrou março com precipitação de 238,8 mm de chuva, cerca de 85 mm a mais do que a média histórica. Somente neste domingo (30), a capital registrou 83 mm de chuva na região do Carandá Bosque e Parque dos Poderes.  

Dados do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) apontaram que na estação meteorológica da UPA Universitário, choveu um total de 69,6 mm. Já o meteorologista Natálio Abraão informou que na região da Vila Santa Luzia acumulou 59 mm de chuva, número semelhante ao da Vila Progresso, que registrou 58,6 mm. No Jardim Panamá, o volume foi menor, com 45 mm.  

No interior do estado, os índices foram bem diferentes, em Bandeirantes, a 81 km da capital, o acumulado foi de 19,6 mm, o maior entre as cidades citadas. Em seguida, Rio Brilhante teve 13,8 mm, enquanto Sidrolândia registrou apenas 4,6 mm. Dourados, o maior município de Mato Grosso do Sul, registrou apenas 4 mm de chuva.

O Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) tem alerta vigente de perigo potencial de chuvas intensas, onde há previsão de chuvas para todos os dias, podendo ser ocasionalmente de forte intensidade entre segunda e quarta, passando a céu encoberto com chuviscos entre quinta e sexta-feira.

Além disso, os campo-grandenses podem se preparar, pois conforme previsão do Centro de Monitoramento do Tempo e do Clima (Cemtec), o avanço da frente fria já muda o tempo entre segunda-feira (31) e terça-feira (1º) que poderá ter uma ligeira queda nas temperaturas, a mínima prevista na semana é de 20°C, mas a máxima permanece elevada, podendo chegar a 33°C.

Ainda de acordo com os dados, a menor temperatura registrada na capital até agora, foi de 18,4°C, no dia 1º de fevereiro.

Abril

Conforme a tendência meteorológica divulgada pelos técnicos do Centro de Monitoramento do Tempo e do Clima (Cemtec), órgão do Governo de Mato Grosso do Sul vinculado à Secretaria de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação (Semadesc), as chuvas em abril devem ficar abaixo da média histórica em Mato Grosso do Sul, enquanto as temperaturas devem alcançar marcas acima da média.

O estudo aponta para um cenário de mudanças climáticas seguindo o que se observa nos últimos anos, com períodos mais longos de estiagem e ondas de calor intenso. As chuvas devem variar entre 400 a 500 mm em grande parte do estado, com exceção das regiões leste/nordeste e oeste, onde a média deve ser entre 300 a 400 mm.

Já as temperaturas médias devem variar entre 24°C a 26°C, com ligeira elevação na região noroeste (26°C a 28°C), enquanto nas regiões sul e sudeste devem ficar entre 22°C a 24°C.

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SEGURANÇA PÚBLICA

Queda na apreensão de cigarros pode ter ligação com fábricas clandestinas no País

Em MS, número de maços apreendidos caiu 26% no ano passado, em relação a 2023, segundo a Receita

31/03/2025 09h00

Queda na apreensão de cigarros está ligada a fábricas clandestinas

Queda na apreensão de cigarros está ligada a fábricas clandestinas Foto: Gerson Oliveira/Correio do Estado

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A diminuição de apreensões de cigarros contrabandeados em Mato Grosso do Sul pode estar atrelada à transferência de fábricas clandestinas do produto para o Brasil.

Em entrevista ao Correio do Estado, o superintendente da Polícia Rodoviária Federal (PRF) em Mato Grosso do Sul, João Paulo Pinheiro Bueno, declarou que o crime de contrabando pode ter mudado sua atuação no País, o que possivelmente fez diminuir o número de apreensões anuais de cigarros nas rodovias.

“Antes o contrabando de cigarro era muito maior aqui no estado de Mato Grosso do Sul, hoje em dia reduziu bastante, não tem tanto como tinha antes. O que a gente entende desta mudança é que muitas dessas fábricas de cigarros passaram a atuar dentro do nosso país, e, possivelmente, é isso que está acontecendo [para as apreensões terem diminuído]”, informou.

De acordo com o superintendente da PRF, ainda não há indícios claros da instalação de fábricas clandestinas no Mato Grosso do Sul, mas em grandes centros, como Minas Gerais, São Paulo e Rio de Janeiro, a fiscalização para desmantelar possíveis fábricas é muito difícil de ser feita.

Segundo dados da Receita Federal, de janeiro a dezembro de 2023, a Polícia Federal (PF) e a PRF apreenderam 27.090.650 de maços de cigarro contrabandeado em Mato Grosso do Sul, que gerariam um lucro total de R$ 135,7 milhões para os contrabandistas.

Já em 2024 os números apresentaram uma queda de 26% em relação aos registrados no ano anterior, e as forças policiais aprenderam no período 20.044.645 de maços contrabandeados, avaliados em R$ 102 milhões.

Neste ano, dados de janeiro e fevereiro mostram que já foram apreendidos 4.224.318 de maços no Estado, estimados em R$ 22.429.319,70.

O superintendente da PRF ainda comenta que, além do contrabando de cigarros ser lucrativo para os criminosos, o modo de transporte do produto pela fronteira sul-mato-grossense era feito em grandes quantidades de maços pelas rodovias.

“É um crime que parece de menor potencial, mas o contrabando de cigarro é muito lucrativo, é o que alimenta as organizações criminosas. Antigamente, no Estado, os contrabandistas vinham em bitrens carregados de cigarros. Em algumas ocorrências que participei, chegamos a interceptar cinco carretas cheias de cigarro”, disse.

FÁBRICA CLANDESTINA

Um exemplo disso foi uma operação feita pela PF na quinta-feira, no Rio de Janeiro e no Espírito Santo, para combater uma organização criminosa especializada no comércio ilegal de cigarros.

O grupo comercializava os cigarros que produzia com o emprego de embalagens falsas, além de cometer crimes como trabalho análogo à escravidão, tráfico de pessoas e imposição de violência para que comerciantes fossem obrigados a adquirir o produto para revender apenas o cigarro fornecido pela organização criminosa.

A investigação foi iniciada em fevereiro de 2023, em decorrência da descoberta de três fábricas clandestinas de cigarros e do resgate de trabalhadores paraguaios submetidos a regime análogo à escravidão.

LUCRATIVO

Conforme já informado em reportagens do Correio do Estado, em Mato Grosso do Sul, a comercialização de cigarros contrabandeados do Paraguai é muito mais comum que no restante do Brasil. Essa situação faz com que, de 10 maços vendidos no Estado, 7 sejam de marcas ilegais, o que resulta em uma perda bilionária aos cofres do governo de Mato Grosso do Sul, que não recolhe o Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) incidente sobre esse produto.

Estimativa feita pelo Fórum Nacional Contra a Pirataria e a Ilegalidade (FNCP), com base nos dados do Inteligência em Pesquisa e Consultoria Estratégica (Ipec), mostra que, nos últimos seis anos, R$ 2,7 bilhões deixaram de ser arrecadados em Mato Grosso do Sul em razão da venda ilegal de cigarros
contrabandeados.

Só no ano passado, ainda de acordo com o FNCP, foram R$ 150 milhões perdidos em imposto que poderia ter sido cobrado.

CIGARRO ELETRÔNICO

Além dos cigarros convencionais, os eletrônicos também entraram no radar das quadrilhas de contrabandistas. Só no ano passado, mais de 200 mil unidades foram apreendidas pela Receita Federal em Mato Grosso do Sul.

O cigarro eletrônico não foi legalizado no Brasil, então, todos os produtos vendidos no País são fruto de contrabando.

O aumento de apreensões desse tipo de mercadoria também foi confirmado pelo superintendente da PRF em entrevista.

“Apesar de ter diminuído, o contrabando de cigarro não parou, eles continuam vindo, e esses cigarros eletrônicos estão sendo contrabandeados em maior quantidade nos últimos anos”, afirmou João Paulo Pinheiro Bueno.

SAIBA

O volume de cigarros eletrônicos apreendidos em 2024 representa mais de R$ 12 milhões em produtos.

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