Cidades

NOVO PLANO

Mobilidade urbana em Campo Grande passará por revisão

Prefeitura já procura empresa para estudar os fluxos de deslocamento na cidade; especialista sugere retirada de ônibus da Avenida Afonso Pena

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A Prefeitura de Campo Grande vai rever, a partir do ano que vem, o Plano de Mobilidade Urbana da cidade. Entender a forma como o morador da capital de Mato Grosso do Sul se desloca e harmonizar os fluxos é uma demanda do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e integra o programa Reviva Centro. O município pretende investir em torno de R$ 1,5 milhão no novo plano. A licitação, que será concluída até o fim deste ano, já está aberta. 

Depois de contratada, a empresa que for escolhida terá até 15 meses para a execução do plano. O objetivo da prefeitura e do BID é adaptar os deslocamentos dos carros, motos e também do transporte coletivo, conforme as transformações que estão sendo feitas por meio do Reviva. Assim como a Rua 14 de Julho – a primeira a ser revitalizada pelo programa –,
outra via poderia deixar de receber os ônibus: a Avenida Afonso Pena. A medida é defendida por especialista em transporte ouvido pelo Correio do Estado. 

Por enquanto, na Prefeitura de Campo Grande, a retirada dos ônibus da principal via da cidade, bem como a transferência dos veículos para ruas como 15 de Novembro, 7 de Setembro, Maracaju e Antônio Maria Coelho, ainda não é cogitada. A hipótese, porém, não é descartada e não será desprezada caso o novo plano aponte esta solução. 

“Já estudamos muito o fluxo da Avenida Afonso Pena e hoje podemos garantir que ela é somente uma passagem de um Ponto A para um Ponto B. Não é um ponto de convergência do transporte coletivo”, afirmou o especialista, que pediu para manter sua identidade em sigilo, alegando motivos éticos e de confidencialidade em sua profissão. Segundo ele, o ponto de convergência da mobilidade na Capital é o centro da cidade, mas não necessariamente uma rua específica. 

A Prefeitura de Campo Grande já fez um estudo prévio sobre o deslocamento de pessoas, também bancado pelo Reviva Centro. “Já foi feita uma pesquisa origem-destino, para entender o deslocamento das pessoas. E foi a partir dela que demos início à contratação da revisão do Plano de Mobilidade”, revela Catiana Sabadin, coordenadora especial da Central de Projetos do município.

A gestora da Central de Projetos – setor que comanda o programa Reviva Centro na prefeitura – adiantou que a região central, apesar das transformações dos últimos anos, em que houve aumento de demanda para outros bairros, ainda é o principal destino das pessoas em Campo Grande. 

O especialista diz que algumas soluções pregadas, como “salvação” para dar mais eficiência ao transporte coletivo, podem ter efeito mínimo se aplicadas e decepcionar usuários e as autoridades municipais. “Vias exclusivas para ônibus? Melhora o tempo da viagem um pouco, mas não atende à demanda do passageiro, porque as rotas como existem hoje foram pensadas há décadas e não foram atualizadas”, argumenta. 

“É importante destacar que vias importantes, como a Afonso Pena, tem, naturalmente, seu fluxo de pessoas e carros. A transferência das linhas de ônibus para vias transversais também poderia melhorar o movimento do comércio nelas”, acrescenta. 

BARATO E EFICIENTE

O especialista em transporte vê a desregulamentação dos horários como a solução mais barata e eficiente para melhorar não somente o transporte coletivo em Campo Grande, mas toda a mobilidade urbana da cidade, proporcionando redução no tempo das viagens em qualquer veículo. 

“Por exemplo, podemos estabelecer horários diferentes para início das atividades nas escolas particulares, municipais, estaduais, no comércio e no poder público. A partir das 6h45min, cada uma começaria em um horário diferente”, analisa. 
Além de pulverizar os horários de pico no início e no fim do dia, a desregulamentação poderia reduzir os custos do Consórcio Guaicurus, que concentra a atuação de sua frota no início e no fim do dia e tem de arcar com o custo da ociosidade de veículos e de motoristas nos contraturnos. 

Grupo de passageiros e consórcio resistem a mudanças

Enquanto o novo Plano de Mobilidade Urbana de Campo Grande não é contratado, autoridades e executivos ligados ao setor do transporte são contra a retirada dos ônibus da Avenida Afonso Pena. Pudera. A via está prevista no projeto de Corredores de Ônibus de 2012, que começou a ser implantado em 2017, financiado pelo antigo Programa de Aceleração do Crescimento. 

É este mesmo projeto que financia os corredores cujas obras estão em andamento, nas ruas Brilhante, Guia Lopes (construída pelo Exército) e na Avenida Bandeirantes (executada pela Engepar). 

O representante da União Sul-Mato-Grossense dos Usuários do Sistema Integrado deTransporte Urbano e Estadual Rodoviário (Ussiter), Antônio Duarte, que trabalhou como motorista de ônibus entre os anos de 1989 e 2000, diz que a retirada dos ônibus da Afonso Pena é inviável. “Na verdade, é preciso modificar a via para comportar o ônibus. O canteiro precisa ser diminuído entre 1 metro e 1,5 metro. Mesmo que sejam feitas obras em outros corredores, da Brilhante e Bandeirantes, por exemplo, se não arrumarem a Afonso Pena, não terá resolutividade”, alega.

João Resende, diretor do Consórcio Guaicurus, também é contra a retirada dos ônibus da Afonso Pena. “Acredito que deve ser revisto inclusive o tombamento do canteiro central, pois há um projeto para aumentar o corredor”, afirma.
(Natalia Yahn)
 

INCERTEZAS

Gigante da celulose recua e engaveta projeto de R$ 15 bilhões em MS

No fim de novembro a Eldorado informou que ampliaria o plantio de eucaliptos em 2026 de olho da duplicação da fábrica. Agora, porém, diz que esse aumento não sairá do papel

20/12/2025 16h50

A Eldorado, dos irmãos Batista, funciona em Três Lagoas desde 2012 e existe a previsão de que sua capacidade aumente em 100%

A Eldorado, dos irmãos Batista, funciona em Três Lagoas desde 2012 e existe a previsão de que sua capacidade aumente em 100%

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Depois de anunciar, no final de novembro, que a partir do próximo ano pretendia ampliar de 25 mil para até 50 mil hectares o plantio anual de eculiptos na região de leste de Mato Grosso do Sul, a indústria de celulose Eldorado deixou claro nesta semana que engavetou, pelo menos por enquanto, o projeto de expansão. 

Com o recuou, a empresa, que produz em torno de 1,8 milhão de toneladas de celulose por ano, deixa claro que está adiando a prometida duplicação de capacidade de produção da Eldorado, o que demandaria investimentos da ordem de R$ 15 bilhões US$ 3 bilhões), conforme anunciado em abril do ano passado pelos irmãos Joesley e Wessley Batista, donos da empresa. 

Em entrevista ao site AGFeed, especiliazado em agronegócio, o diretor florestal da Eldorado, Germano Vieira, afirmou que a empresa tem atualmente 305 mil hectares de pantações de eucaliptos na região, mas precisa de apenas dois terços disso para abastecer a fábrica. 

Ou seja, a empresa tem em torno de 100 mil hectares de eucaliptos sobrando e este excedente está sendo vendido ou permutado com a Bracell e a Suzano, que opera duas fábricas do setor na região, em Três Lagoas e Ribas do Rio Pardo. 

Então, caso o comando da Eldorado decida desengavetar repentinamente o projeto da duplicação,  já existe um excedente que seria capaz de abastecer a segunda unidade no período inicial, mesmo que não ocorra o início do plantio extra a partir de 2026, explicou Germano Vieira.

Atualmente são colhidos em torno de 25 mil hectares por ano para abastecer a indústria e o mesmo tanto é replantado, fazendo um giro para que sempre haja florestas "maduras".

São necessários, em média, sete anos para que a planta chegue ao estágio de corte e por conta disso havia a programação de começar o plantio agora (2026) para que houvesse matéria-prima suficiente quando a ampliação da fábrica estivesse concluída. Em três anos é possível fazer a ampliação da indústria, acredita Germando Vieira.  

Uma das explicações para o recuo, segundo a reportagem do AGFeed, é que a Eldorado ainda têm uma série de ajustes financeiros a serem feitos depois que os irmãos Batista conseguiram, em maio deste ano, fechar um acordo e colocar fim a batalha judicial com a Paper Excellence.

Para retomarem o controle total da Eldorado, que funciona em Três Lagoas desde 2012 e havia sido vendida parcialmente em 2017, eles se comprometeram a pagar US$ 2,640 bilhões à canadense Paper, que detinha pouco mais de 49% das ações do complexo industrial.  

Para duplicar a produção, segundo Germando Vieira, serão necessários 450 mil hecteres de florestas. Para chegar a esse montante, a empresa teria que arrendar mais 150 mil hecteres, o que demandaria um investimento da ordem de R$ 180 milhões anuais, já que o arrendamento custa em torno de R$ 1,2 mil por ano por hectare. 

Além disso, somente para o plantio de 25 mil hectares anuais a mais, conforme chegou a ser anunciado, seriam necessários em torno de R$ 220 milhões extras no setor florestal por ano, uma vez que o custo do plantio está na casa dos R$ 8,7 mil por hectare. E isso sem contabilizar os custos com o combate a pragas e combate a incêndios, entre outros. 

No final de novembro, Carlos Justo, gerente-geral florestal da Eldorado, chegou a informar ao site The AgriBiz que 15 mil hectares já haviam sido arrendados para dar início à ampliação do plantiu a partir do próximo ano. 

Preços da celulose

Embora Germano Vieira diga que a demanda mundial por celulose cresça em torno de um milhão de toneladas por ano e por conta disso a Eldorado mantem viva a promessa da duplicação, a empresa pisou no freio em meio à queda nos preços mundiais e ao aumento da oferta. 

Neste ano, o faturamento das três fábricas de Mato Grosso do Sul literalmente despencou. Por conta da ativação da unidade de Ribas do Rio Pardo, que tem capacidade de até 2,55 milhões de toneladas por ano, as exportações de Mato Grosso do Sul aumentaram em 57% nos dez primeiros meses de 2025, passando de 3,71 milhões de toneladas para 5,84 milhões de toneladas. 

Porém, o faturamento cresceu apenas 25,6%, subindo de U$ 2,121 bilhões para U$ 2,665 bilhões. No ano passado, quando a cotação da celulose já não estava nos melhores patamares, o valor médio da tonelada rendeu 570 dólares aos cofres das três indústrias. Neste ano, porém, elas tiveram rendimento médio de apenas 456 dólares, o que representa queda de 20%. 

Em decorrência desta queda nos preços, as indústrias deixaram de faturar em torno de 666 milhões de dólares, ou algo em torno de R$ 3,6 bilhões na moeda local, nos dez primeiros meses deste ano. 

Por conta disso, a Suzano, concorrente da Eldorado, chegou a emitir um alerta no começo de novembro dizendo que os preços internacionais estavam "completamete insustentáveis" e por isso estava reduzindo sua produção em cerca de 3,5%. 

O alerta da Suzano foi feito durante a prestação de contas relativa aos resultados do terceiro trimestre da empresa. E, segundo Leonardo Grimaldi, diretor do negócio de celulose da Suzano, a situação é crítica e “o setor está sangrando há meses”. 

Mas, apresar deste cenário de apreensão, investimentos da ordem de R$ 25 bilhões estão a todo vapor em Inocência, onde a chilena Arauco está instalando uma fábrica que terá capacidade para colocar 3,5 milhões de toneladas de celulose por ano a partir do final de 2027. 

Outra empresa, a Bracell, pretende começar, em fevereiro do próximo ano, em Batagussu, as obras de uma fábrica que terá capacidade para 1,8 milhão de toneladas por ano. Os investimentos previstos são da ordem de R$ 16 bilhões. 


 

MATO GROSSO DO SUL

Em pleno período de chuvas, Hidrelétrica Porto Primavera reduz vazão

Com a barragem mais extensa do País (10,2km), redução segue determinação emitida pelo Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) e havia sido anunciadano último dia 12, como medida para garantir a "segurança energética" brasileira

20/12/2025 14h14

Usina Hidrelétrica Engenheiro Sérgio Motta, também conhecida como Porto Primavera

Usina Hidrelétrica Engenheiro Sérgio Motta, também conhecida como Porto Primavera Reprodução/Cesp

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Usina Hidrelétrica Engenheiro Sérgio Motta, também conhecida como Porto Primavera, a unidade começou nesta sexta-feira (19) através da Companhia Energética de São Paulo (Cesp) a redução da vazão, para preservar os estoques de água dos reservatórios da bacia do Rio Paraná. 

Com a barragem mais extensa do País (10,2 km), essa redução segue determinação emitida pelo Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) e havia sido anunciada pela Cesp no último dia 12, prevista para começar ainda em 15 de dezembro, como medida para garantir a "segurança energética" brasileira. 

"O patamar mínimo defluente será reduzido de forma gradual e controlada, passando dos atuais 4.600 metros cúbicos por segundo para 3.900 m³/s, seguindo diretrizes operacionais do ONS", cita a Cesp em nota. 

Além disso, a Companhia frisa que, durante o processo, será mantido o plano de conservação da biodiversidade que havia sido aprovado pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais (Ibama), e teve início em maio deste ano, para monitoramento do Rio Paraná justamente nos trechos da jusante - parte rio abaixo - da Porto Primavera até a foz do Ivinhema. 

Ou seja, entre outros pontos, equipes embarcadas formadas por biólogos e demais profissionais especializados, devem trabalhar como os responsáveis por acompanhar a qualidade da água, bem como a conservação e comportamento dos peixes locais enquanto durar a flexibilização da vazão. 

Importante frisar a redução adotada também ao final de novembro (24/11) e mantida até 1° de dezembro, a partir de quando houve a retomada gradativa aos patamares originais. 

Problemas com a vazão

Em épocas passadas, como bem acompanha o Correio do Estado, o controle da vazão em Porto Primavera já trouxe prejuízo e revolta de produtores que chegaram a culpar a ONS pelas fazendas alagadas por mais de quatro meses em Batayporã no ano de 2023, por exemplo. 

Nessa ocasião, o problema começou com a abertura das comportas de Porto Primavera no dia 18 de janeiro de 2023, com a usina avisando a Defesa Civil de Batayporã da liberação de até 14,7 mil metros cúbicos de água por segundo. 

Sendo a maior vazão desde o começo do período chuvoso, as águas se somaram ainda à liberação dos cerca de 3 mil metros cúbicos por segundo do Rio Paranapanema, juntando em torno de 18 mil metros cúbicos por segundo. 

Na linha cronológica em 2023, o problema dos alagamentos começou no final de janeiro, indo até o mês de abril diante do fechamento das comportas em 31 de março. 

Quando a água já havia recuado, saindo de boa parte dos nove mil hectares alagados, as comportas foram reabertas na terceira semana de abril, com vazão máxima de dez mil metros cúbicos.

Depois, o aumento da vazão para até 13 mil metros cúbicos chegou a alcançar 14,7 mil m³, sendo que antes disso o volume anterior já havia sido responsável por invadir casas de moradores locais pela terceira vez no ano. 

Estimativas da Defesa Civil de Batayporã à época apontaram que pelo menos sete mil animais tiveram de ser remanejados na região por causa do mesmo problema. E, mesmo depois que a água baixar, são necessários de dois a três meses para que o pasto cresça e esteja em condições para alimentar os rebanhos. 

 

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