Mato Grosso do Sul deu mais um passo para concluir, uma década depois, a pavimentação da MS-040 e destravar um dos principais corredores logísticos do Estado. Publicada nesta terça-feira (3) no Diário Oficial, a Agência Estadual de Gestão de Empreendimentos (Agesul) lançou licitação de R$ 187,9 milhões para implantação e asfaltamento de mais 48,4 quilômetros da rodovia, no trecho entre Santa Rita do Pardo e Brasilândia, etapa considerada decisiva para fechar o traçado.
Com a obra, o governo deve finalmente concluir a ligação pavimentada entre Campo Grande e Brasilândia, reduzindo em 30 quilômetros a distância entre as duas cidades: hoje são 363 km; com a MS-040 pronta, o trajeto cairá para 334 km. O encurtamento também impacta diretamente o acesso ao Estado de São Paulo, especialmente na direção de Pauliceia, que passará a ficar a cerca de 390 km da Capital.
A obra está dividida em dois lotes e concorrência eletrônica prevê disputa pelo menor preço e abertura marcada para 22 de dezembro de 2025, com edital disponível nos sites da Agesul e do PNCP.
Vale da Celulose
A pavimentação da MS-040 integra o projeto da Rota da Celulose, um corredor de 870,3 km formado por trechos das rodovias estaduais MS-040, MS-338 e MS-395, além das federais BR-262 e BR-267. O objetivo é dar fluidez ao escoamento de madeira e celulose produzidas no leste e sudeste do Estado, regiões que concentram um dos ciclos industriais mais vigorosos de Mato Grosso do Sul.
A região, que já abriga três grandes fábricas de celulose, duas linhas da Eldorado e Suzano em Três Lagoas e outra da Suzano em Ribas do Rio Pardo, se prepara para receber novos investimentos bilionários. Em Bataguassu, a Bracell aguarda a etapa final de licenciamento para instalar uma nova planta industrial. A expectativa é de que as licenças ambientais sejam concluídas até fevereiro, destravando a implantação da fábrica, que se somará à malha já existente.
Paralelamente, a Arauco avança com as obras da megafábrica em Inocência, projetada para ser a maior do mundo, com capacidade de 3,5 milhões de toneladas anuais e investimento de US$ 4,6 bilhões. Já a Eldorado prepara a linha 2 em Três Lagoas, que deve acrescentar mais 2,5 milhões de toneladas por ano à capacidade do Estado, em um pacote de até US$ 5 bilhões.
Atualmente, Mato Grosso do Sul produz cerca de 7,5 milhões de toneladas de celulose por ano, somando Suzano, Eldorado e os novos projetos em implantação. Com a pavimentação final da MS-040, o governo espera criar um eixo logístico direto entre Campo Grande, a região de Três Lagoas e as indústrias que avançam para Bataguassu, reduzindo custos de transporte e ampliando a competitividade do setor.
Histórico
Inaugurada em 2014, a MS-040 já passou a demandar uma revisão completa no trecho de 210 quilômetros entre Campo Grande e Santa Rita do Pardo. Apesar de ser considerada uma estrada relativamente nova, parte do pavimento apresentou desgaste precoce, especialmente na região central, onde foram aplicados milhares de remendos ao longo dos últimos anos.
A rodovia também foi entregue sem acostamento, fator que aumentou a vulnerabilidade do tráfego e contribuiu para a alta incidência de acidentes envolvendo fauna silvestre, somente antas, mais de 200 foram atropeladas desde 2015, segundo dados de pesquisadores.
Com isso, o Estado planejou um conjunto de intervenções que inclui restauração do asfalto, implantação de acostamentos, melhorias de drenagem, ampliação de dispositivos de segurança e novas passagens de fauna.
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