Cidades

Violência doméstica

Tornozeleira eletrônica só é usada por 20% dos alvos de medidas protetivas em MS

Assassinato de jornalista que tinha medida contra o noivo, em Campo Grande, coloca a eficácia do sistema de proteção em xeque

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A eficácia do sistema de medidas protetivas às mulheres vítimas de violência doméstica foi colocada à prova nesta semana, com o primeiro feminicídio do ano em Campo Grande.

A vítima foi a jornalista Vanessa Ricarte, 42 anos, morta no fim da tarde de quarta-feira. A medida protetiva deferida em favor de Vanessa contra o seu noivo, o músico Caio Nascimento, 35 anos, foi uma das 1.423 medidas concedidas pelo Poder Judiciário em MS, porém, não foi suficiente para impedir o assassinato da jornalista.

A discrepância entre o total de medidas protetivas ativas e o número de agressores ou potenciais agressores os alvos dessas medidas que são monitorados pelo poder público é grande.

Dos 1.423 homens alvos das medidas protetivas deferidas neste ano, apenas 294 são monitorados por tornozeleiras eletrônicas, o que equivale a 20% de todos os casos que demandam a atenção do sistema de proteção à integridade física das mulheres.

Os números são do Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul (TJMS), órgão que julga as solicitações das medidas, e da Agência Estadual de Administração do Sistema Penitenciário (Agepen).

A titular da Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher (Deam) de Campo Grande, Elaine Benicasa, reconhece a demora do poder público em oferecer a proteção necessária às vítimas. Ela afirma, entretanto, que a Polícia Civil não é a única responsável por essas falhas no sistema.

A delegada afirmou que esse caso específico em que o agressor conseguiu matar a vítima mesmo ela estando protegida por uma medida protetiva será tratado em uma reunião a ser marcada em que participarão o secretário de Estado de Justiça e Segurança Pública, Antônio Carlos Videira, e a desembargadora Jaceguara Dantas, responsável pela Coordenadoria Estadual da Mulher em Situação de Violência Doméstica e Familiar do TJMS.

Na descrição dada por Elaine e sua colega delegada Analu Ferraz, Vanessa ingressou com o pedido de medida protetiva na noite da terça-feira. No dia seguinte, à tarde, quando foi à Deam localizada dentro da Casa da Mulher Brasileira , ela já estava com o pedido deferido pelo Poder Judiciário.

ANATOMIA DO CRIME

Analu informou que todo o procedimento de praxe como imprimir a medida e entregá-la à vítima foi seguido. Para Vanessa também foi ofertado o abrigo da Casa da Mulher Brasileira, que atende vítimas de violência doméstica. O abrigo serviria para que ela se protegesse do agressor até que ele fosse intimado da medida.

Jornalista Vanessa Ricarte, em dezembro, na sua última aparição em redes sociais/Reprodução Instagram

A jornalista optou por ficar junto a um amigo e dormir na casa dele, mas foi surpreendida pelo noivo - que também é intérprete de  músicas de cunho religioso-cristão - ao passar em casa para pegar seus pertences.

Foi nesse momento que o noivo tentou agredir Vanessa pela primeira vez, mas desistiu da ação, em função da presença do amigo dela.

Na sequência, porém, Caio, o agressor, atingiu seu objetivo: aproveitou o momento em que o amigo de Vanessa ligava para pedir ajuda a outra pessoa e a atingiu com três facadas no peito, próximo ao coração.

O amigo de Vanessa a levou para dentro de um quarto e trancou-se lá com ela, à espera de ajuda.

Enquanto Caio esmurrava a porta para entrar no quarto onde Vanessa estava ferida e ensanguentada, o amigo ligava para a polícia. O mesmo fez um vizinho.

As polícias Civil e Militar chegaram rapidamente. Vanessa foi levada para a Santa Casa por volta das 18h. Caio, que havia morado na casa da jornalista nos últimos quatro meses, se trancou em um dos cômodos e foi preso após a chegada da polícia.

Vanessa morreu pouco antes da meia-noite de quarta-feira. A medida protetiva que ela imprimiu na Deam ficou entre seus pertences, na cena do crime. Já o seu ex-noivo agora seu assassino nunca nem sequer soube da existência da medida.

Caio já tinha histórico de agressão. Já foi alvo de medida protetiva em outro relacionamento, com uma ex-namorada. Também tem histórico de agressões com outras mulheres. Até a mãe e a irmã Caio já havia ameaçado.

Muita gente se pergunta porque Vanessa não sabia tudo isso. Nem ela, nem mesmo a sociedade poderiam saber. Apenas policiais, defensores, juízes e promotores sabiam: é que o sistema judicial impõe segredo de Justiça a todos os casos de violência doméstica. 

Neste caso, aparentemente, o sigilo beneficiou mais Caio que as vítimas. 

LENTIDÃO

Mas e se Vanessa optasse pelo abrigo oferecido e pedisse à polícia ajuda para retirar seus pertences? As delegadas Analu Ferraz e Elaine Benicasa explicam que isso seria perfeitamente possível, porém, demorado.

"Temos uma parceria junto à Guarda (Municipal). Ela é encaminhada para a Guarda e lá há um agendamento", explica a titular da Deam.

Na sequência da explicação, porém, ela mesma reconheceu que, por causa da alta demanda de pedidos de proteção para a retirada de pertences do lar, nem sempre isso ocorre rapidamente.

A jornalista sabia dessa demora, precisava trabalhar no dia seguinte. Era servidora do Ministério Público do Trabalho. Optou por buscar seus pertences na companhia do amigo.

JUDICIÁRIO

A desembargadora Jaceguara Dantas, em entrevista exclusiva ao Correio do Estado, reconheceu a necessidade de aprimorar as medidas de proteção às mulheres vítimas de violência.

"É urgente que o Estado invista em recursos humanos e tecnológicos para monitorar e garantir o cumprimento de medidas e fortalecer a rede de apoio especializada, para que as mulheres possam ter condições de romper o ciclo de violência", enfatizou

Jaceguara também afirma que é preciso que a sociedade enfrente as raízes do problema.

"Em uma sociedade marcada pelo machismo, campanhas de conscientização e educação em gênero devem ser priorizadas. Reitero aqui o poder transformador da educação para modificação do cenário atual, de forma a erradicar definitivamente o feminicídio e a violência contra a mulher, construindo um futuro em que estas possam usufruir do direito de viver sem violência", argumenta. 

GOVERNADOR

Por meio de um vídeo publicado em uma rede social, o governador declarou ter ficado profundamente impactado com a notícia do assassinato de Vanessa Ricarte. Riedel estendeu a indignação não apenas à Vanessa, mas também ao sofrimento das famílias envolvidas não só nesse, mas em outros casos de feminicídio, crime que apresenta altos índices no estado.

"Isso não pode de maneira nenhuma passar com impunidade para ninguém envolvido nessa situação. Então, aqui lamento profundamente meu sentimento à família da Vanessa, aos colegas de trabalho, a todos os que estão próximos e a todas as famílias que viveram, vivem esse drama da perda por feminicídio de alguém próximo", disse o governador.

* Atualizado às 10h10min para acréscimo de informações

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Cidades

Presidente do TJMS nega liminar e mantém apreensão de HD de empresa investigada pelo Gecoc

Desembargador Dorival Renato Pavan rejeita Habeas Corpus da defesa de Jorge Lopes Cáceres, afirmando que pedido deveria ter sido feito ao juízo de primeira instância

23/12/2025 17h01

MPMS recolheu malotes com documentos de empresas alvo da operação Apagar das Luzes

MPMS recolheu malotes com documentos de empresas alvo da operação Apagar das Luzes Foto: Marcelo Victor / Correio do Estado

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O presidente do Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul (TJMS), desembargador Dorival Renato Pavan, negou o pedido de liminar em Habeas Corpus impetrado pela defesa do empresário Jorge Lopes Cáceres, um dos sócios da JLC Construtora. A decisão mantém a validade da apreensão de um SSD de 2 terabytes realizada pelo Grupo Especial de Combate à Corrupção (Gecoc) durante a "Operação Apagar das Luzes", na última sexta-feira (19).

A defesa alegava que a apreensão do dispositivo foi ilegal e configurava "pesca probatória", mas o desembargador rechaçou os argumentos, afirmando que a defesa "queimou etapas" ao recorrer diretamente ao Tribunal e que a ordem judicial não continha ilegalidades.

Na manhã de 19 de dezembro, agentes do Gecoc cumpriram um mandado de busca e apreensão na sede da JLC Construtora, empresa responsável por contratos de iluminação pública na capital. Durante a operação, foi apreendido um SSD de 2TB que, segundo a defesa, contém mais de 20 anos de informações fiscais e financeiras da empresa.

No sábado, os advogados de Jorge Lopes Cáceres, do escritório Gustavo Passarelli, impetraram um Habeas Corpus no TJMS, argumentando que o mandado judicial autorizava apenas o "acesso" ao conteúdo do HD, e não sua remoção física. A defesa classificou a ação do promotor Adriano Lobo, que acompanhou a diligência, como um "excesso" e uma fishing expedition (busca exploratória de provas), pedindo a anulação da prova e a devolução imediata do equipamento.

Ao analisar o pedido de liminar durante o plantão judiciário, o desembargador Dorival Renato Pavan negou a urgência da solicitação. O presidente do TJMS apontou um erro processual da defesa. Segundo ele, qualquer questionamento sobre a forma como o mandado foi cumprido deveria ter sido apresentado primeiro ao juiz de primeira instância que autorizou a busca, e não diretamente ao Tribunal.

O desembargador também refutou a tese de que a ordem judicial era genérica ou que o promotor agiu com excesso. Ele argumentou que, em investigações complexas, é impossível detalhar previamente todos os itens a serem apreendidos.

Operação Apagar das Luzes

Ao menos nove contratos relacionados ao serviço receberam reajustes próximos de 25%, percentual máximo permitido pela legislação, mesmo em um período de crise financeira enfrentada pela prefeitura.

Os contratos foram assinados inicialmente entre maio e junho de 2024 e, menos de um ano depois, receberam aditivos em 13 de março, elevando significativamente os valores.

Os reajustes ocorreram menos de uma semana após a prefeita Adriane Lopes publicar decreto determinando a redução de 25% nos gastos com água, luz e combustíveis, além da revisão para menor de todos os contratos com prestadores de serviço.

Ainda assim, no dia 13 de março, seis contratos com empresas do setor foram elevados, garantindo repasse extra de R$ 5,44 milhões apenas com os aditivos.

Os aumentos variaram entre 24,92% e 24,98%, muito acima da inflação oficial acumulada nos 12 meses anteriores, que era de 5%, segundo o IBGE. Quando da assinatura inicial, as empresas B&C e JLC tinham direito a faturar R$ 21,82 milhões. Após os reajustes, o valor saltou para R$ 27,27 milhões.

Dos seis contratos reajustados naquele momento, quatro tratam da manutenção, implantação e ampliação do sistema de iluminação pública nas regiões do Anhanduizinho, Lagoa, Bandeira e região central, áreas que já contavam com luminárias de LED.

Os outros dois contratos referem-se à implantação de luminárias públicas LED Solar, com fornecimento de materiais, nas avenidas José Barbosa Rodrigues e Amaro Castro Lima, além da instalação do mesmo tipo de luminárias nos parques Soter, Ayrton Senna, Jacques da Luz e no poliesportivo da Vila Nasser.

Dias depois, em 19 de março, outros três contratos com a empresa B&C, receberam novos aditivos, novamente com reajustes próximos de 25%. Apenas nesses contratos, a empresa obteve faturamento extra de R$ 2,77 milhões.

GABARITO

Concurso com salário de R$ 7,5 mil para professores temporários da REE tem gabarito divulgado

O processo destina-se exclusivamente à formação de cadastro reserva, de modo que a convocação será realizada conforme a demanda existente nas escolas estaduais

23/12/2025 16h30

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O Governo do Estado de Mato Grosso do Sul publicou, no Diário Oficial Eletrônico n. 12.033 – Edição Extra, dessa segunda-feira (22), o gabarito oficial definitivo da Prova Escrita Objetiva do Processo Seletivo Simplificado SAD/SED/FDT/2025, destinado à formação de banco reserva de profissionais para a função docente temporária na Rede Estadual de Ensino (REE) a ser utilizado para a convocação de professores em regime de suplência.

Com a publicação, os candidatos têm acesso às respostas finais das questões da etapa objetiva, etapa essencial para prosseguimento no certame que visa à contratação temporária de docentes para atuação na REE em 2026. 

Concurso

O professores aprovados no Processo Seletivo Simplificado podem trabalhar em qualquer um dos 79 municípios do Estado. É importante frisar que o concurso destina-se exclusivamente à formação de cadastro reserva, de modo que a convocação será realizada conforme a demanda existente na REE, não garantindo àquele que nele for aprovado, direito subjetivo à convocação.

A remuneração é de R$ 7.512 para graduados com Licenciatura, Especialização, Mestrado, Doutorado e corresponde à jornada de trabalho de 40 horas semanais. Porém, a convocação pode ser realizada em carga horária inferior a este limite e estar distribuída entre os turnos matutino, vespertino e noturno, de acordo com as necessidades da Secretaria de Estado de Educação.

O valor a ser recebido pelo profissional será calculado proporcionalmente à quantidade de horas/aulas efetivamente atribuídas no ato da convocação. As modalidades que os convocados atuarão serão: educação infantil, anos iniciais e finais do ensino fundamental, ensino médio e educação especial.

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