Cidades

PROFISSIONALIZAÇÃO

MS vai abrir oportunidades para milhares de jovens que nem estudam nem trabalham

Governo pretende profissionalizar cerca de 101 mil jovens nem-nem que precisam enfrentar obstáculos para continuar estudos

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O governo de Mato Grosso do Sul está em fase de planejamento de um projeto para profissionalizar jovens que nem estudam nem trabalham no Estado. De acordo com dados da Pesquisa Nacional por Amostragem de Domicílio Contínua (Pnad Contínua) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em MS há cerca de 101 mil jovens nem-nem, assim chamados pois não estudam e não trabalham.

A Secretaria de Estado de Educação (SED) detalha que os cursos de educação técnica serão destinados a pessoas que não puderam continuar os estudos por conta de trabalho, gravidez ou demais impedimentos. 

O secretário de Estado de Educação, Hélio Queiroz Daher, afirma que o projeto será feito em parceria com o Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar) e o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai), da Federação das Indústrias do Estado de Mato Grosso do Sul (Fiems), e com a Secretaria de Estado de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação (Semadesc). 

Para Daher, o estudo profissional é pouco disponibilizado e planejado para jovens que têm dificuldades em continuar com os estudos. 

“Está todo mundo oferecendo educação profissional, e é muito legal, mas quem vai para o Senac, por exemplo, é aquele menino que quer estudar e que tem apoio da família. E aqueles que não têm família? Quem olha por eles? Falei na reunião com a Fiems: ‘Está tudo bem a gente estar conversando aqui sobre jovens que querem estudar, mas e aquele jovem que a vida não deixa estudar e que com 15 anos tem de trabalhar?’”, detalha Daher.

Em entrevista ao Correio do Estado, o secretário se colocou como exemplo, ao relatar que, quando era jovem, teve de trabalhar como garçom para poder terminar os estudos. 

“Eu fui garçom para pagar meus estudos na universidade privada, porque pobre estuda em faculdade privada. Eu tinha de trabalhar. Tem muito jovem que para de trabalhar para estudar”, conta. 

Daher destaca que a idealização do programa também busca auxiliar mulheres negras e de baixa renda, que muitas vezes moram em áreas periféricas e enfrentam obstáculos como a interrupção dos estudos, em razão da falta de suporte na criação dos filhos ou da violência doméstica.

“Ninguém olha por elas. Elas param de estudar porque não têm ninguém para ficar com os filhos ou, se têm, os companheiros batem nas crianças ou nelas”, ressalta.

Para assegurar que essas mulheres possam continuar estudando, a SED promete uma brinquedoteca noturna para proporcionar um ambiente seguro para as crianças enquanto as mães têm a oportunidade de prosseguir com os estudos. 

Outro aspecto abordado pelo programa é a necessidade de capacitação profissional para aqueles que se encontram no sistema prisional.

O secretário destaca que, independentemente dos motivos que levaram alguém à prisão, é essencial oferecer oportunidades de aprendizagem que possam abrir portas para quem cumpriu sua pena. 

“A reabilitação social, por meio do aprendizado de uma profissão, é considerada um dos caminhos mais eficazes para reintegrar os indivíduos na sociedade de forma produtiva e sustentável”.

Ele também aborda a temática dos jovens envolvidos em atividades criminosas desde cedo. Para Daher, a falta de alternativas e oportunidades muitas vezes leva jovens a se envolverem em situações prejudiciais. 

Um dos principais enfoques do programa será fornecer um plano de carreira e uma perspectiva de crescimento profissional para os jovens, de forma que eles possam enxergar um caminho mais positivo e construtivo.

“É igual àquela gurizada na Unei, que tem menino de 15 anos faccionado já. Quer dizer que elas [as facções] chegaram antes da gente, o normal é chegarem mesmo. Se o menino de 15 anos se filia a um troço desse aí, é porque o Estado demorou. Elas convenceram o jovem de que é mais negócio estar com elas do que estar com a gente. Então, tem uma coisa errada”. 

NEM-NEM 

De acordo com a Pnad Contínua, o total de jovens na faixa etária entre 15 anos e 29 anos que nem estudam nem trabalham em Mato Grosso do Sul é de 16,1%. A maioria desse grupo é composta por mulheres de cor preta ou parda, enquanto homens brancos têm a menor representação.

O número de sul-mato-grossenses que não estudava e não trabalhava era de 124 mil pessoas em 2019, montante que diminuiu para 101 mil pessoas em 2022.

Em relação aos indicadores entre os jovens, a Pnad Contínua mostrou que houve um aumento no número de pessoas estudando e trabalhando, apesar da pandemia. Em 2019, havia 105 mil pessoas de 15 anos a 29 anos estudando e trabalhando, montante que subiu para 202 mil em 2022. 

Conforme o IBGE, 17,2% dessa faixa etária em Mato Grosso do Sul estudam e trabalham, posicionando o estado em nono lugar entre as unidades da Federação. Santa Catarina lidera, com 22,5%, enquanto o Acre tem o menor porcentual, 9,4%.

Entre os jovens do Estado que estão empregados, mas não estudam, eram 286 mil em 2019 e 277 mil em 2022. Aqueles que frequentavam a escola, mas não trabalhavam eram 146 mil em 2019 e 143 mil em 2022.

A média de anos de estudo em Mato Grosso do Sul é superior à média nacional, de acordo com a Pnad Contínua. Em 2022, a média nacional de anos de estudo para pessoas com 25 anos ou mais foi de 9,9 anos, enquanto em Mato Grosso do Sul foi de 10,1 anos. Entre as mulheres do Estado, a média foi de 10,4 anos de estudo, enquanto entre os homens foi de 9,8 anos.

No que diz respeito a cor ou raça, há uma diferença considerável, com 11 anos de estudo para pessoas brancas e 9,4 anos para pessoas pretas ou pardas, uma diferença de 1,7 ano entre estes grupos.

Cidades

Primeiro livro sobre regulação de MS tem procuradoras como autoras

O lançamento integrou a programação do seminário "Inovação, Liberdade Econômica e Eficiência Regulatória" e contou com a presença do ex-ministro de Minas e Energia, Adolfo Sachsida

28/11/2024 17h30

Primeiro livro sobre regulação de MS tem procuradoras como autoras

Primeiro livro sobre regulação de MS tem procuradoras como autoras PGE/MS

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O Bioparque Pantanal, em Campo Grande, foi palco, nesta terça-feira (28), do lançamento do primeiro livro científico dedicado à regulação em Mato Grosso do Sul. A obra é fruto da colaboração entre a Agência Estadual de Regulação (AGEMS) e o Instituto de Direito Administrativo de Mato Grosso do Sul (IDAMS) e reúne artigos de 38 autores, entre especialistas acadêmicos e profissionais da área.  

Dentre as articulistas estão a procuradora-geral do Estado, Ana Carolina Ali Garcia; a corregedora-geral da PGE, Fabíola Marquetti; e a chefe da Coordenadoria Jurídica na AGEMS, Priscila de Siqueira Gomes.  

O lançamento integrou a programação do seminário "Inovação, Liberdade Econômica e Eficiência Regulatória" e contou com a presença do ex-ministro de Minas e Energia, Adolfo Sachsida.  

A coletânea traz análises críticas, estudos de caso e propostas inovadoras sobre regulação da atividade econômica e dos serviços públicos concedidos no estado. Para Priscila de Siqueira, a publicação destaca a importância de Mato Grosso do Sul no debate sobre políticas públicas e regulação.  

“A publicação de uma obra científica e prática sobre este tema demonstra que o Estado está atento à evolução das políticas públicas e à necessidade de discutir questões pertinentes à regulação”, afirmou.  

A procuradora-geral Ana Carolina Ali Garcia destacou a relevância da obra para o avanço acadêmico e profissional. “Em nosso artigo, abordamos os contratos administrativos de longo prazo no contexto da reforma tributária. É uma coletânea que contribui para o aprendizado e o compartilhamento de boas práticas.”  

Para Fabíola Marquetti, a obra representa um marco histórico para a regulação em Mato Grosso do Sul. “É um exemplo de integração entre instituições, trazendo olhares diversos sobre a regulação dos serviços públicos”, concluiu.

Mato Grosso do Sul

Famosa pela pistolagem, fronteira tem alta incidência de feminicídio

Na última quarta-feira, Vanderli Gonçalves dos Santos tornou-se a 31ª vítima deste tipo de crime em 2024

28/11/2024 17h00

Foto: Arquivo / Correio do Estado

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Conhecida pela “pistolagem” e por ser rota comum ao tráfico de drogas, a faixa de fronteira sul-mato-grossense também é marcada pelo alto índice de violência doméstica. Em 2024, quatro em cada 10 feminicídios ocorreram nesta área do Estado.

Nesta quarta-feira (27), Vanderli Gonçalves dos Santos, de 48 anos, foi morta com um tiro na cabeça, na Aldeia Jaguapiru, território indígena de Dourados, tornando-se a 31ª vítima deste tipo de crime desde janeiro último, 5ª morte apenas neste mês. A principal suspeita é seu próprio marido, Jonemar de Ramos Machado, de 47 anos, preso.

De acordo com um levantamento realizado pelo Correio do Estado com base nos dados disponibilizados pela Secretaria de Justiça e Segurança Pública (Sejusp), este é o segundo feminicídio do ano na cidade douradense, 13º em municípios situados na fronteira. Outros dois feminicídios foram registrados em Ponta Porã, além de mortes confirmadas em Amambai, Antônio João, Fátima do Sul, Iguatemi, Itaporã, Naviraí, Nioaque, Sidrolândia e Tacuru.


Ao longo do ano, também foram registrados crimes de feminicídio em Batayporã, Coxim, Ivinhema, São Gabriel do Oeste (2), Três Lagoas (4) e Campo Grande (9), município que lidera as estatísticas.

A morte de Vanderli Gonçalves dos Santos eleva o índice deste tipo de crime em comparação a 2023, ano com 30 mortes. Entre as características que cercaram as 31 mortes deste ano, (11) foram marcadas por golpes de faca, (10) que envolveram ataque pessoal direto (4 por asfixia, 3 por agressões, 2 por espancamentos, e 1 por estrangulamento), (9) provocadas por arma de fogo, além de uma morte por atropelamento.

Segundo a Sejusp, 19 vítimas foram mulheres adultas, com idade entre 30 e 59 anos; oito mortes foram de mulheres jovens, com idade entre 18 e 29 anos; três vítimas com idade acima de 60 anos, além de uma adolescente.

Psicóloga com atuação em área de análise comportamental, Pietra Garcia Oliveira (28), disse ao Correio do Estado que a ocorrência deste tipo de violência contra a mulher é muito sintomática também em Mato Grosso do Sul, visto que o Estado foi o primeiro do país a instituir a Casa da Mulher Brasileira.

“Fomos o primeiro estado do país a instituir a Casa da Mulher Brasileira, e temos de nos atentar a alguns pontos. Existem casos onde o homem não agride fisicamente, entretanto, há agressões psicológicas, e com isso, temos de lidar com os fatos antes que escalem até o feminicídio em si”, argumentou a psicopedagoga.
De acordo com Pietra Garcia, é importante que o Estado pense políticas públicas que protejam as mulheres e também articulem modos de lidar com os homens envolvidos em casos como esses.

“De algum modo, o homem que realiza esse tipo de crime se sente invalidado pela mulher, e nesse sentido, se sente confortável para praticar o feminicídio. Precisamos pensar nesse fenômeno social, assim como precisamos pensar no modo como eles repercutem, inclusive na própria mídia”, complementou. 
Desde 2015, a Lei 13.104/2015 categoriza o crime de feminicídio. De lá para cá, 336 mulheres foram vitimadas em todo o Estado. 

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