As mudanças climáticas já estão causando alterações no padrão de crescimento das florestas - tanto das tropicais quanto das temperadas -, mostram dois estudos realizados pelo Smithsonian Institution, dos Estados Unidos. As alterações no clima têm feito com que as florestas tropicais cresçam em um ritmo mais lento do que o habitual, ao passo que o inverso ocorre nas florestas temperadas, onde as árvores se desenvolvem a taxas mais aceleradas. Em ambos os casos, o fenômeno pode ser explicado pelo aumento nas concentrações de CO2 na atmosfera.
"Nos últimos 40 anos verificamos um aumento de 15% nas emissões de CO2 na atmosfera. Era esperado que isso afetasse os padrões de crescimento das florestas, mas só agora estamos tendo as primeiras pistas de como isso está acontecendo na prática", afirma o pesquisador Stuart James Davies, diretor científico do Smithsonian Tropical Research Institute, considerada uma das principais instituições mundiais de estudos na área de ecologia tropical, com atuação em 40 países.
No Brasil, o Experimento de Grande Escala da Interação Biosfera-Atmosfera da Amazônia (LBA), iniciativa que soma mais de 150 projetos de pesquisas, ainda não possibilitou aferir conclusões sobre como o bioma é afetado pelo aquecimento global. "Ainda não temos dados suficientes para afirmar que a floresta tropical brasileira teve seus padrões de crescimento alterados em razão das mudanças climáticas", afirma Luiz Antonio Martinelli, pesquisador da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq-USP). Ele explica que as florestas tropicais têm maior variabilidade genética e possibilidade de adaptação a mudanças do que as florestas de clima temperado. "Mas já temos um banco de dados consistente para investigações futuras."
(Informações do Estadão)