Cidades

VIOLÊNCIA

Mulheres negras são os principais alvos de feminicídio em Mato Grosso do Sul

Desde a criação da lei que instituiu o homicídio contra a mulher, em 2015, Estado registrou recorde de casos em 2022

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As mulheres negras foram as principais vítimas de feminicídio em Mato Grosso do Sul em 2022. Elas representam 46,8% dos casos notificados no ano passado. Das 49 vítimas deste crime de ódio, 20 eram pardas e uma preta, conforme dados da Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública (Sejusp) obtidos pelo Correio do Estado.

As mulheres brancas correspondem a 10 vítimas, o equivalente a 20,4% dos feminicídios registrados no ano passado. A cor/raça de 18 mulheres não foram informadas.

É importante destacar que, de acordo com a Lei nº 12.288, de 20 de julho de 2010, que criou o Estatuto da Igualdade Racial, a população negra é definida como o “conjunto de pessoas que se autodeclaram pretas e pardas, conforme o quesito cor ou raça usado pela Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística [IBGE], ou que adotam autodefinição análoga”.

Segundo a delegada da Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher (Deam), Marianne Cristine de Souza, os dados sobre feminicídio são um reflexo populacional.

“Os casos de violência doméstica que chegam até nós, em sua maioria, têm vítimas mulheres pretas e pardas. Hoje, a maior parte da nossa população estadual e nacional está dentro desse recorte e acredito que seja proporcional à população”, salientou.

A maioria da população do Estado se autodeclara como parda, de acordo com dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio Contínua (Pnad Contínua), divulgada pelo Instituto Nacional de Geografia e Estatística.

Conforme a pesquisa, em 2021, 49,6% da população disse ser parda, enquanto 43% se autodeclaram como brancos e 6,1% como pretos em MS. Desde 2013, o número de pessoas declaradas pardas é superior ao de brancas em Mato Grosso do Sul.

COMBATE

Em entrevista exclusiva ao Correio do Estado, a ministra da Mulher, Cida Gonçalves, explicou que a estratégia de combate ao feminicídio está diretamente ligada ao desarmamento da população.

O número de registros de armas de fogo catalogadas no Sistema Nacional de Armas (Sinarm) cresceu 793% em MS, quando comparados os anos de 2018 e 2021.

“Precisamos criar um elemento que seja de prevenção ao feminicídio, e o primeiro passo é desarmar a população. Não temos como discutir o enfrentamento ao feminicídio se mantermos os homens armados. Se formos analisar os dados dos últimos quatro anos, além de ter aumentado a crueldade, a forma como as mulheres morreram deixou de ser por arma branca e passou a ser por arma de fogo”, destacou a ministra.

Conforme os dados disponibilizados pela Polícia Federal, corporação responsável pelo Sinarm, em 2018, o Estado teve 618 novas aquisições de armamentos, contra o número expressivo de 5.524 em 2021. Os dados são referentes à posse de armas tanto de cidadãos comuns quanto de policiais e guardas.

TIPIFICAÇÃO

Em vigor desde 2015, a Lei do Feminicídio nº 13.104 não impede que mulheres de Mato Grosso do Sul continuem sendo mortas por razões da condição de sexo feminino.

Em 2021, o Estado foi o terceiro do Brasil com a maior porcentagem de vítimas, foram 35 feminicídios registrados, segundo o levantamento do Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP).

De acordo com os dados da Sejusp, 13 vítimas eram pardas, 13 brancas e em nove casos a cor/raça não foi informada.

A ministra Cida Gonçalves, no entanto, destaca que Mato Grosso do Sul aparece no topo do ranking de feminicídio por tipificar de forma correta os crimes.

“Conforme o FBSP, MS está em terceiro lugar no crime de feminicídio. Mas precisamos que haja uma classificação nesses dados que apontam em quais estados os dados contam com a tipificação”, disse Gonçalves.

“Isso não significa que os homens daqui são menos violentos. O que podemos dizer é que não temos elementos para afirmar que MS é uma das unidades federativas mais violentas se os outros estados não nos dão elementos para comparação”, complementou Cida.

A ministra acrescentou que o trabalho desenvolvido pelas forças policiais em MS pode contribuir para que os outros estados adotem as mesmas medidas durante o atendimento e a investigação dos casos de feminicídio.

RECORDE

Apesar de por vezes ser deturpado, o feminicídio é um crime de ódio, e não de amor.

Dados da Sejusp apontam que desde que a lei foi instituída em 2015, Mato Grosso do Sul registrou em 2022 o recorde de casos deste tipo de violência contra a mulher, com 49 vítimas. Em 2021, o Estado registrou 35 feminicídios.

No ano de 2020, 40 mulheres foram mortas por serem mulheres. No ano anterior, MS registrou 30 vítimas de feminicídio. Em 2018, 36 mulheres foram vítimas desse tipo de crime de ódio.

Em 2017, o número de vítimas foi de 28 mulheres, apenas em MS. No ano de 2016, o Estado computou 35 feminicídios, 20 a mais que as 15 vítimas registradas em 2015.

COMO DENUNCIAR

A Central de Atendimento à Mulher – pelo número 180 – presta escuta e acolhida qualificada a mulheres em situação de violência. O serviço registra e encaminha denúncias de violência contra a mulher aos órgãos competentes.
A ligação é gratuita e o serviço funciona 24 horas por dia, todos os dias da semana. Em caso de emergência, a mulher ou alguém que esteja presenciando alguma situação de violência podem pedir ajuda por meio do telefone 190, da Polícia Militar. (Colaborou Ana Clara Santos)

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vale da celulose

Licitação fundamental na viabilidade de fábrica da Arauco é prometida ainda para 2024

Previsões apontam que mega fábrica, que já gera empregos, deve começar as atividades em 2028

23/10/2024 10h15

Previsibilidade por parte do Governo de Mato Grosso do Sul é vista com bons olhos pelo lado empresarial

Previsibilidade por parte do Governo de Mato Grosso do Sul é vista com bons olhos pelo lado empresarial Reprodução/GovMS/Bruno Rezende

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Secretário de Infraestrutura e Logística do Governo de Mato Grosso do Sul, Guilherme Alcântara, prometeu em reunião com representantes da gigante chilena, Arauco, que a licitação fundamental para viabilizar a mega fábrica de celulose da empresa na região leste do Estado, sai até o final deste ano. 

Licitação para obras de infraestrutura, a reunião para alinhar cronograma de obras, entre o Governo do Estado e Arauco, deu destaque para dois principais pontos de pavimentação em rodovias de Mato Grosso do Sul: MS-377 e MS-320. 

Justamente essa segunda rodovia tem sua licitação prometida por Guilherme para 2024, na presença de representante da Pasta de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação (Semadesc) e dos seguintes nomes: 

  • Carlos Altimires, presidente da Arauco; 
  • Alberto Pagano, diretor de Logística da Arauco; 
  • Mauro Azambuja, diretor-presidente da Agesul;
  • Rudi Fiorese, diretor de Infraestrutura Rodoviária (DIR) da Seilog, e
  • Lúcio Lagemann, assessor de logística da Semadesc, 

"A MS-320, com 63 km de nova pavimentação, será licitada até o final de 2024, enquanto a MS-377, que passará por uma restauração de 48 km, terá uma licitação iniciada no início de 2025, com a inclusão de uma terceira faixa em pontos estratégicos, facilitando o tráfego e a segurança no trecho que conecta a MS-320 a Inocência", afirma Alcântara. 

Também é citada pelo secretário um novo acesso rodoviário pela MS-377, que busca garantir a segurança do fluxo de veículos da entrada à fábrica da Arauco.

 

Quanto ao início da operação da dita mega fábrica, as previsões apontam para um começo de atividades agendado para o ano de 2028. 

Tecnologia

Esse mesmo trecho da rodovia MS-377, do entrocamento de MS-320 até o município de Inocência, já ganhou destaque por parte do Governo do Estado anteriormente, justamente por ser o primeiro em Mato Grosso do Sul a ter pavimento rígido de concreto. 

Anunciado no fim de maio deste ano, a tecnologia conhecida como "whitetopping" será estendida por 48 km de estrada recuperada, que até então não existia em nenhum trecho de Mato Grosso do Sul, apesar de já ser utilizada nas seguintes Unidades da Federação: 

  • São Paulo,
  • Rio de Janeiro,
  • Minas Gerais,
  • Mato Grosso e
  • Paraná.

Em termos de durabilidade, as promessas em cima da "whitetopping" é que a tecnologia resista por cerca de duas décadas inteiras, com qualidade da superfície, conforto de rolamento e um custo inicial competitivo. 

Com um gasto mínimo de manutenção prevista, a rodovia com essa tecnologia garante segurança ao usuário e uma maior resistência ao tráfego pesado, perfeito para a região que prevê escoar por essas rodovias as plantações da região de Água Clara até a fábrica em Inocência. 

Investimentos

Segundo o Governo do Estado, os investimentos pelo chamado "Plano Aeroviário Estadual" devem beneficiar a região, o que corre com o empenho de R$ 25 bilhões previsto por parte da gigante chilena. 

Aqui cabe explicar que, o investimento inicial era de pouco mais de 16 bilhões de rais, que saltaram para os R$ 25 bi logo na primeira fase, acompanhando o salto de 40% previsto na capacidade de produção, de 2,5 para 3,5 milhões de toneladas por ano

Importante lembrar que a Arauco já deu início às obras, inclusive, nesse primeiro momento, gerando uma série de empregos, como já abordou o Correio do Estado.

Do lado empresarial, essa previsibilidade por parte do Governo de Mato Grosso do Sul é vista com bons olhos, como aponta o diretor de Sustentabilidade e Relações Institucionais da Arauco, Teófilo Militão. 

"O cronograma de trabalho será estruturado para atender a dinâmica do projeto e os times que a obra requer. O Governo tem se mostrado aberto em ouvir, entender as dificuldades e perspectivas do grupo. Esse encontro foi essencial para revisar cronogramas apresentados inicialmente e adequá-los considerando os picos da obra", disse.

 

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JULGAMENTO

Ouvido em Campo Grande, Brazão nega autoria de crime e diz que Marielle era amável

Preso em Mato Grosso do Sul, o deputado federal acusado de ser o mandante da morte de Marielle Franco depôs pela segunda vez, em audiência por videoconferência, ao Supremo Tribunal Federal

23/10/2024 09h30

Chiquinho Brazão depôs por meio de videoconferência na Penitenciária Federal em Campo Grande

Chiquinho Brazão depôs por meio de videoconferência na Penitenciária Federal em Campo Grande Foto: Reprodução

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Durante depoimento, por videoconferência, ao Supremo Tribunal Federal (STF), na Penitenciária Federal em Campo Grande, o deputado federal Chiquinho Brazão negou ser o mandante do assassinato da vereadora carioca Marielle Franco. No segundo dia de oitiva, ele voltou a dizer que a parlamentar era “amável”.

No primeiro dia de audiência, na segunda-feira, ao ser questionado sobre o crime, Brazão afirmou que tinha uma “boa relação” com Marielle, descrevendo a política como uma “amiga” e uma “vereadora muito amável”.

“Fizeram uma maldade muito grande com ela. Marielle sempre foi minha amiga. Era uma vereadora muito amável e com quem a gente tinha uma boa relação. Ela [Marielle] sempre foi muito respeitosa e carinhosa”, disse Chiquinho Brazão na audiência.

As falhas técnicas que ocorreram durante o depoimento on-line estenderam a audiência para o dia seguinte. Ontem, Brazão reafirmou que tinha uma relação “muito boa” não só com Marielle, mas com todos os vereadores de esquerda. 

Quando questionado sobre sua relação com o ex-policial Ronnie Lessa, autor da delação premiada que levou à sua prisão, o deputado federal negou as acusações baseadas no depoimento do autor dos disparos que mataram a vereadora. 

Foi por meio da delação premiada de Lessa que as autoridades chegaram a Chiquinho Brazão e seu irmão Domingos Brazão, conselheiro do Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro, acusados de serem os mandantes dos assassinatos de Marielle e do motorista Anderson Gomes, ocorridos em 2018.

No depoimento, Brazão negou conhecer o policial, que também esteve detido no Presídio Federal em Campo Grande durante o andamento das investigações do processo criminal, e classificou a morte de Marielle como um “crime bárbaro”.

Nesta terça-feira, o réu contou que, quando atuava como vereador no Rio de Janeiro, mesmo participando da Comissão de Assuntos Urbanos na Câmara Municipal do Rio de Janeiro, nunca se interessou em receber denúncias contra facções criminosas.

“Caso de polícia eu nunca tratei. Eu nunca me interessei. A Marielle também corria desses assuntos. Tenho família que frequenta Jacarepaguá, não quero saber o que é milícia ou o que é tráfico”, afirmou durante a oitiva.

A audiência, que durou dois dias, foi realizada por videoconferência e conduzida pelo desembargador Airton Vieira, juiz auxiliar do gabinete do ministro Alexandre de Moraes, relator da ação no STF. 

Chiquinho Brazão foi o primeiro interrogado a participar de audiência direto do Presídio Federal em Campo Grande, onde está preso desde março deste ano.

JULGAMENTO

Todos os réus serão ouvidos durante esta semana e passarão por julgamento posteriormente, no Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJRJ). 

Além dos irmãos Brazão, o delegado da Polícia Civil do Rio de Janeiro Rivaldo Barbosa e o policial militar Ronald Paulo de Alves Pereira responderão por homicídio. Já Robson Calixto Fonseca, responderá por ter ajudado a sumir com a submetralhadora MP5 usada para matar Marielle.

Os cinco se tornaram réus em junho, por meio de uma decisão unânime da Primeira Turma do STF.  Segundo a Procuradoria-Geral da República (PGR), um dos motivos do assassinato de Marielle foi o fato de que a vereadora teria se tornado “o mais ativo símbolo da resistência” contra os interesses econômicos dos irmãos Brazão.

A fase de interrogatório faz parte da instrução penal. Depois desse processo, tanto a defesa quanto a acusação terão cinco dias para decidir se novas diligências serão solicitadas. 

PRESÍDIO FEDERAL

Brazão está preso desde março deste ano na Penitenciária Federal em Campo Grande, em função das investigações sobre a morte da vereadora. 

Dois meses após sua prisão, em maio deste ano, a defesa do deputado chegou a pedir ao ministro Alexandre de Moraes que o parlamentar fosse transferido para a Penitenciária Federal em Brasília.

Como justificativa, os advogados alegaram cerceamento de defesa, afirmando que a transferência era necessária para que o deputado pudesse se defender no processo de cassação em tramitação na Câmara dos Deputados. A PGR chegou a se manifestar contra o pedido.

No dia 14 deste mês, após outro pedido da defesa, desta vez de transferência do réu para cumprir prisão domiciliar, Moraes determinou que o deputado federal passasse por uma avaliação médica no presídio, em razão da alegação de que Brazão estaria tendo problemas cardíacos sem o tratamento médico adequado.

Saiba

Com 10 minutos de depoimento, no primeiro dia de oitiva, o deputado federal Chiquinho Brazão se emocionou ao falar sobre seus irmãos, sua história de vida e os passeios que fazia com seus netos. Domingos Brazão também depôs ontem.

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