Passadas as audiências de custódias com os afetados pelo deslizamento, fruto do rompimento da barragem do lago administrado pela A&A Empreendimentos, o Nasa Park ofereceu cerca de R$ 1,3 milhão para apenas sete famílias, das 11 afetadas, sendo que os proprietários da Fazenda Estaca, por exemplo, recusaram o acordo que previa um pagamento parcelado de cerca de R$ 550 mil.
Segundo o Centro de Autocomposição de Conflitos e Segurança Jurídica (Compor), do Ministério Público de Mato Grossod O Sul, a reunião de ontem (11), envolveu as 11 famílias vitimadas e advogadas dos proprietários.
Os investigados concordaram com a indenização integral de sete das 11 famílias, em um valor global de R$ 1.350.000,00, com contraproposta para as demais.
Gabriela do Prado Lopes, após reunião no Ministério Público, diz que a contraproposta recebida por ela e sua famílía, além de aquém do desejado, incomodou pela forma de pagamento sugerida.
Ela conta que lhe foi oferecido pagamento de R$ 150 mil, parcelado em 12 vezes, mesma quantia ofertada para a mãe, que nesse caso apesar de atingir o valor não concordou com o parcelamento.
Diferente delas, o irmão, Thiago, foi quem conseguiu uma quantia um pouco mais elevada devido ao fato de que sua casa foi completamente destruída, sendo oferecido para ele R$ 250 mil na mesma forma de pagamento.
Segundo contato feito com os familiares por um promotor de Ministério Público, os responsáveis pelo Nasa Park "não têm dinheiro".
"A gente tentou bloquear dinheiro e eles não têm, o que têm é patrimônio. Eles vão colocar dois terrenos à disposição para a venda, avaliado em 700 mil cada um. Se conseguirem vender, devem pagar de imediato, se não, vão pagando proporcionalmente", disse.
Nas palavras do promotor, os responsáveis se comprometeram com um pagamento de 30% em quatro meses com o restante pago em um ano, o que a família Prado, nesse caso, acabou não concordando.
Segurando as pontas
Já passaram 114 dias desde o rompimento da barragem do lago do Nasa Park e, morando de aluguel na cidade desde então, Gabriela revela as dificuldades que tem enfrentado enquanto tenta lutar por uma indenização que arque com suas perdas.
Ela cita o aumento das despesas, já que a simples mudança inclui gastos com taxas de condomínio, água, luz, somado às idas e vindas quase que diárias do local afetado.
"Não sei porquê [eles] não pagam o que a gente pediu. Será que os órgãos, tipo o Ibama, vai permitir que encha de novo a barragem do Nasa Park, para acontecer o mesmo sendo que nem nos indenizaram ainda", comenta Gabriela.
Ela lembra que não havia qualquer plano de segurança, nem mesmo a sirene para alerta de rompimento foi tocada caso houvesse uma.
Com a expectativa de que o Ministério Público exigisse ao menos o valor básico de aluguel empenhado pela família no período, mais o gasto mensal com essa taxa, ela conta que nem isso lhes foi proposto e, por isso, organiza uma galinhada para tentar diminuir o prejuízo.
"Mais do que nunca preciso vender o mínimo de 150 convites. Estou em desespero, essa é a palavra que me resume hoje... me sentindo humilhada"
Marcada para o próximo dia 21, a partir das 11h30, ela indica que os pedidos pedidos da galinhada - vendida à R$ 25 - podem ser feitos pelo número (67) 99320.4224.
Importante explicar que essa galinhada, servida em marmitex número nove, terá dois pontos de retirada no dia 21, sendo um no perímetro urbano, na rua albatroz, 453, Morada Verde, com o outro na Fazenda Estaca, que fica na BR-163, km 501, cerca de dez quilômetros depois do shopping Bosque dos Ipês para quem vai sentido a Jaraguari.