O vocalista da banda Gurizada Fandangueira, Marcelo de Jesus dos Santos, que segue detido no Presídio Estadual de Santa Maria, é um dos suspeitos pelo incêndio que deixou 242 mortos na boate Kiss, em janeiro. Em entrevista ao Fantástico, no domingo (19), o músico afirmou que o proprietário da casa, Elissandro Spohr, o Kiko, sabia que a banda, que se apresentava no local desde 2010, usava efeitos de pirotecnia. "Não era a primeira vez que estávamos usando os fogos", explicou Santos.
Pouco depois da tragédia, Kiko disse ao mesmo programa de televisão que não sabia da prática. Na entrevista, o vocalista contesta a afirmação do empresário: "Ele está mentindo". Santos contou que chegou ao local, no dia 27 de janeiro, por volta das duas da manhã. Ressaltou que tinha autorização para fazer o show com efeitos de pirotecnia e disse que não foi o responsável pelo incêndio: "Eu estava do lado esquerdo do palco e o fogo começou do lado direito", se defendeu o músico.
Santos confirmou que se certificou sobre a segurança dos fogos na loja onde comprou os artefatos e disse não ter recebido qualquer tipo de alerta do proprietário do estabelecimento. Durante a entrevista, o vocalista ainda disse que não utilizou o microfone para avisar o público sobre o início do incêndio porque estava segurando o extintor com as mãos. O Ministério Público, contudo, contradiz a versão do músico.
O vocalista disse que entende a dor das famílias que perderam parentes no acidente e confessou sofrer com a situação. "Só espero que eles avaliem o caso da maneira mais correta", contou. Santos já teve sua liberdade preventiva negada três vezes. "Só sei que nunca mais vou cantar ou subir em um palco", finalizou o músico.
Caso
A tragédia da boate Kiss ocorreu na madrugada de 27 de janeiro. O fogo começou após um dos integrantes da banda Gurizada Fandangueira, que se apresentava na casa, utilizar um sinalizador durante um show. A faísca atingiu a espuma que revestia o teto para o isolamento acústico do local, que entrou em combustão e passou a produzir uma fumaça tóxica. A Polícia Civil gaúcha já apurou que o sinalizador utilizado era inadequado para ambientes internos e a espuma era altamente inflamável. O fogo e a fumaça provocaram 234 mortes no local, a maioria por asfixia – outras oito pessoas morreram enquanto estavam internadas em hospitais.


