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"O homem não ganha da natureza", diz Marina Silva sobre combate ao incêndio no Pantanal

Ministra do Meio Ambiente disse que ações de prevenção são realizadas desde o ano passado, mas que incêndios criminosos combinados ao clima fogem de qualquer "capacidade de prever"

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A ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, sobrevoou o Pantanal sul-mato-grossense nesta sexta-feira (28), e rebateu afirmações de que a ajuda do governo federal no combate aos incêndios seria tardia, alegando que as ações preventivas ocorrem desde o ano passado, mas que há ações da natureza que são impossíveis de prever.

Ela comparou a situação com uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI) que é preparada para casos graves, mas que não garante a sobrevivência do paciente em 100% dos casos.

"Temos um problema que é atear fogo no Pantanal, seja por crime ou uma atividade que sai do controle, a maior parte é por ação dolosa ou culposa.Temos situação acima da capacidade humana de prever, o homem não ganha da natureza, ela vai ser sempre mais forte do que nós", disse Marina Silva, em Corumbá.

É a primeira vez, neste ano, que uma comitiva de ministros do governo Lula visita o Pantanal desde o início do incêndio sem precedentes. Além de Marina, a ministra do Planejamento, Simone Tebet, também sobrevoou as áreas queimadas.

"É uma cena desoladora, muito triste ver todas essas belezas e riquexas sendo queimadas. Os incêndios que estão acontecendo agora tem uma junção perversa de mudança do clima, escassez hidrica severa e desmatamento com uso de fogo, é isso que está fazendo com que a gente veja o Pantanal em chamas", afirmou Marina.

Ela disse ainda que, mesmo a visita ocorrendo apenas agora, o processo de planejamento interno e com os governos de MS e MT ocorrem desde o ano passado e já foram mobilizados vários recursos para o Pantanal.

"Temos mobilizado 280 pessoas do governo feferal, do Ibama, ICMBio. Em mobilização tem cerca de mais 149 pessoas, acabou de chegar um avião que tem capacidade de agua de 12 mil litros por cada vez que é abastecido, das Forças Armadas, além de 7 aernoraves no combate e nossos brigadistas estão atuando sob orientação da sala de crise que foi montada em 14 de junho", respondeu, ao ser questionada se não era tarde para o governo federal prestar ajuda.

Simone também reforçou que as ações ocorrem desde setembro do ano passado, quando foi criado grupo de trabalho para monitorar o cenário e realizar ações preventivas. No entanto, ela cita os efeitos climáticos e os incêndios criminosos como fatores que fazem deste o pior incêndio no bioma.

"Além dos efeitos climáticos tem a mão do homem criminoso, muitos casos a gente sabe que são acidentais, alguém que está manejando e, de repente, na atividade deixa o fogo se alastrar, mas tem muito da mão do homem criminoso", disse.

"Estou aqui como filha de Mato Grosso do Sul e como alguém do agronegócio, estamos monitorando desde o ano passado, o governo nos acionou e nos cobrou porque o que vinha pela frente era maior. Estamos trabalhando há quase um ano, porque se não seria o dobro", acrescentou.

Por fim, Simone Tebet disse que o que o Estado precisar para o combate ao incêndio, o governo federal irá ajudar, mas reforçou a necessidade da conscientização e responsabilização das pessoas que ateiam fogo em propriedades.

"Orçamento não vai faltar, mas nenhum dinheiro vai ser suficiente se não tivermos campanha de conscientização e de responsabilização para os incendios criminosos do Pantanal e outros biomas brasileiros.  A gente tem que mudar o entendimento que o problema dos desastres naturais é falta de recurso", disse.

O governador Eduardo Riedel (PSDB) confirmou que há o apoio federal e descartou a necessidade de ajuda internaciona.

"É importante deixar claro que o governo federal teve uma resposta absolutamente imediata, o planejamento permitiu isso. Para se ter uma ideia, na segunda enviei oficio ministro da Defesa e ao da Justiça pedindo um dos maiores aviões do mundo preparado para incêndio, em seis horas prepararam o avião. Da mesma maneira chegou ontem a Força Nacional com mais de 80 homens, a resposta tem sido imediata e é fundamental", explicou.

Por fim, Marina Silva disse que o Brasil tem expertise em combates a incêndios, já tendo enviado brigadistas para combater incêndios florestais no Canadá no ano passado.

Pantanal em chamas

O meteorologista do Centro de Monitoramento do Tempo e do Clima (Cemtec-MS), Vinicius Sperling, apresentou as ministras dados referentes as queimadas deste ano.

De 1º de janeiro até 26 de junho, foram mais de 530 mil hectares queimados no Pantanal, aumento de 2.000% em relação ao mesmo período do ano passado, que foi de 17 mil hectares destruídos pelo fogo.

Quando comparado com 2020, ano que teve queimada recorde, também houve aumento, de 150%. Até junho daquele ano, as queimadas destruíram 200 mil hectares.

"A gente vem percebendo falta de chuvas ou abaixo da média desde setembro de 2023, junto a sete ou oito ondas de calor, e tem deficit hidrico, com Corumbá há 73 dias sem chuvas. É um periodo muito longo aliado a temperaturas acima da média e com baixissima umidade, propicio a incendio e rápida propagação", explicou.

A tendência é que a situação continue crítica, pelo menos, pelos próximos três meses.

Historicamente, de junho a agosto já ocorrem poucas chuvas e, para este ano, a previsão indica que as precipitações ficarão abaixo da média, que já é baixa, enquanto as temperaturas serão elevadas.

 

Cidades

Oito em cada dez municípios têm risco alto ou muito alto para sarampo

Brasil chegou a ser certificado como país livre do sarampo em 2016

18/09/2024 21h00

Agência Brasil

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Ao menos 4.587 municípios foram classificados como em alto risco para sarampo, enquanto 225 foram categorizados como em risco muito alto, totalizando 86% das cidades em todo o país com risco elevado para a doença. Há ainda 751 municípios listados com risco médio e apenas quatro com baixo risco. Os dados foram apresentados nesta quarta-feira (18) durante a 26ª Jornada Nacional de Imunizações, em Recife.

Ao comentar o cenário, a coordenadora de Imunização da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas), Flávia Cardoso, lembrou que o Brasil chegou a ser certificado como país livre do sarampo em 2016, mas perdeu o status em 2019 após voltar a registrar a circulação do vírus por um período superior a 12 meses. “Em 2022, o Brasil estava endêmico para sarampo e, em 2023, passou para o status de país pendente de reverificação”, explicou. 

Segundo Flávia, em maio deste ano, a Comissão Regional de Monitoramento e Reverificação do Sarampo, da Rubéola e da Síndrome da Rubéola Congênita nas Américas esteve no país e fez uma série de recomendações, incluindo ampliar a sensibilidade na definição de casos suspeitos de sarampo. A entidade pede que o país apresente o número de amostras recebidas de pacientes com febre e exantema e quais foram os diagnósticos de descarte.

De acordo com a coordenadora, a comissão destacou que, embora a cobertura vacinal tenha melhorado tanto para o sarampo quanto para a rubéola, por meio da tríplice viral, em alguns estados o progresso foi mínimo ou mesmo negativo. A situação no Rio de Janeiro, no Amapá, no Pará e em Roraima foi classificada pela entidade como muito preocupante para a manutenção da eliminação do sarampo e da rubéola no país. 

Também foi recomendado que o Brasil padronize um fluxograma de resposta rápida a casos suspeitos, tomando como base o caso recente de sarampo detectado no Rio Grande do Sul, importado do Paquistão. Por fim, a comissão sugere articular junto ao Ministério do Esporte e ligas esportivas a vacinação de atletas brasileiros, a exemplo do que foi feito previamente aos Jogos Olímpicos de Paris este ano. 

“Foi feita ainda a recomendação de buscas ativas integradas de casos de sarampo e rubéola com poliomielite e paralisia flácida em menores de 15 anos”, disse Flávia, ao citar que as ações servem para fortalecer a vigilância a nível municipal. 

Em junho deste ano, o país completou dois anos sem casos autóctones, ou seja, com transmissão em território nacional, do sarampo. Com isso, o país espera retomar a certificação de 'livre de sarampo'

TENSÃO

Lula e Riedel discutem suposto elo entre narcotráfico e retomadas indígenas

Os dois falaram por vídeo nesta quarta-feira (18), após a morte de um indíngena em Antônio João. Nesta quinta, Riedel promete levar a Brasília um relatório comprovando a ação do narcotráfico entre os indígenas

18/09/2024 19h15

Pela manhã, depois que o confronto com a PM resultou em uma morte de indígena, Eduardo Riedel reuniu parte do secretariado

Pela manhã, depois que o confronto com a PM resultou em uma morte de indígena, Eduardo Riedel reuniu parte do secretariado

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Horas depois da morte de um indíngena em meio a uma operação da Polícia Militar em Antônio João, no extremo sul do Estado, o O governador Eduardo Riedel discutiu com o presidente Lula, no final da tarde desta quarta-feira (18), um relatório sobre o conflito fundiário na região de fronteira com o Paraguai. 

"Estamos empenhados em que não haja mais conflitos", frisou o governador Riedel ao presidente Lula, indicando também que já solicitou abertura de inquérito para apuração das circunstâncias que levaram ao óbito, informou nota divulgada pela assessoria.

Na manhã desta quarta-feira, ogovernador e o secretário de Estado de Justiça e Segurança Pública, Antônio Carlos Videira, atribuíram a tensão e o próprio confronto entre policiais e indígenas, a uma suposta atuação do narcotráfico, que estaria "exportando" indígenas paraguaios para o lado brasileiro a fim de empliar seu poder de domínio e facilitar o escoamento da maconha que é produzida do lado paraguaio. 

De acordo com a assessoria do Governo, Riedel e Lula falaram abertamente sobre as suspeitas que envolvem o narcotráfico na região, com roças de maconha localizadas do outro lado da fronteira, próximas à propriedade ocupada no Brasil, e a presença de facções criminosas que estariam aliciando pessoas dentro das comunidades indígenas.

Ainda conforme a assessoria, um relatório da inteligência produzido pelas forças de segurança de Mato Grosso do Sul será apresentado pelo governador a representantes do Governo Federal e no STF (Supremo Tribunal Federal), nesta quinta-feira (19).

No confroto ocorrido no começo da manhã desta quarta-feira foi morto o indígena Nery da Silva, da etnia Guarani Kaiowa. Os indígenas reivindicam uma propriedade que desde 2005 está homolgada, mas até agora está na posse de fazendeiros. 

Para atender decisão da Justiça Federal, cerca de 100 policiais foram à região para, segundo o secretário de segurança, garantir a ordem na região e acabaram entrando em confronto com o grupo que está na fazenda Barra faz semanas. Esses povos originários residem na Terra Indígena batizada de Nanderu Marangatu, onde ainda existe uma propriedade que seria a última na posse de outros que não os povos originários. 

"Nós percebemos que nos últimos dias foi acirrando com a presença de 'índios paraguaios'. Nós estamos ali numa região onde a fronteira é um rio pequeno, facilmente transponível; e do lado de lá nós temos diversas plantações de maconha... então há um interesse de facções criminosas que exploram o tráfico de drogas", afirmou o secretário na manhã desta quarta-feria. 

Segundo Videira, a Fazenda Barra fica menos de 5 km da linha internacional de fronteira, com informações da inteligência apontando a região como "estrategicamente posicionada" para escoar a produção do tráfico de drogas. 

"A grande produção de toda essa região tem como destino grandes centros, por meio de aldeias. De aldeia em aldeia até chegar próximo de Campo Grande; Dourados; e aí ter acesso aos maiores centros consumidores", afirmou o Videira.

Tensão

O governador, por sua vez, reforçou que o Estado "tem buscado avançar" nas políticas públicas voltadas para as comunidades indígenas e seu desenvolvimento. 

"Sou representante dos governadores na mesa de conciliação do STF, é um tema complexo, difícil, mas o que nós estamos vendo aqui foge completamente a essa discussão", afirmo Riedel. 

Com base no que lhe foi repassado pelo setor de inteligência, Riedel apontou para a versão de "disputa de facções criminosas paraguaias", destacando que a ordem recebida judicialmente é para que se mantenha a ordem.

"Em uma propriedade que está em litígio, do ponto de vista fundiário, mas que tem uma família morando na casa e que não sai de lá, dizendo que vão morrer lá. A decisão é que o Estado garanta a segurança dessa família e o acesso das pessoas nessa propriedade", reforçou o governador. 

 

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