Cidades

ATIVOS AMBIENTAIS

Onças e bovinocultura, coexistência de épocas é foco de debate na Famasul

Preservação do maior predador terrestre brasileiro, em território que traz "pestico" do felino como forte cultura econômica, é alvo de conversa

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Lados opostos da pirâmide alimentar, o boi - peça fundamental na expansão da bovinocultura - está na lista de presas da onça pintada, maior predador terrestre do Brasil que, apesar de até saborear os ruminantes, tem outros animais silvestres para basear sua alimentação, o que possibilita a coexistência dessas duas espécies em região pantaneira. 

Entretanto, uma convivência 100% pacífica é praticamente impossível, por isso os produtores pantaneiros precisam estar atentos às tecnologias e dicas, que auxiliem no manejo e criação de bovinos no Pantanal, como exemplo do evento: "Desafios da Convivência da produção e ativos ambientais". 

Marcado para esta terça-feira (23), no auditório da Famasul - localizado na R. Marcino dos Santos, 401, bairro Chácara Cachoeira -, o evento é produzido pela Associação Pantaneira de Pecuária Orgânica e Sustentável (ABPO), em parceria com o Instituto Homem Pantaneiro (IHP).  

Com inscrição gratuita, segundo assessoria, o debate visa reunir o maior número de pantaneiros para tratar de alternativas para esse cenário.  

"Trata-se de um sistema natural, em que diversos pecuaristas já registraram perdas na produção, devido a presença de onças. Mas compreendemos que esses felinos precisam ser vistos como ativos ambientais, aliás, é uma das maiores riquezas que temos no Pantanal”, explica Eduardo Cruzetta, o presidente da ABPO.

Como explica o médico veterinário, coordenador do programa Felinos Pantaneiros, Diego Viana, o histórico de coexistência entre a bovinocultura e onças pintadas, no Pantanal, é positivo.  

"Tanto para a bovinocultura, quanto para conservação de Onças-pintadas, para elas. Hoje, apesar de termos um dos maiores rebanhos bovinos do Brasil, nós temos (no Pantanal) a maior densidade de Onças-pintadas em todo o mundo, então não são coisas excludentes", comenta o veterinário. 

Como bem destaca o tenente da Polícia Militar Ambiental (PMA), Ednilson Queiroz, o Pantanal é um bioma equilibrado onde, além do boi, a onça-pintada encontra diversas opções de presas. 

"Capivaras, jacarés e vários pequenos mamíferos também, até antas. Então não tem muito problema. Agora, quando existe um bezerro, ou animal em situação mais fácil de ser predado, é claro que ela vai predar esse animal também".  

Apesar da possibilidade, ele ressalta que os próprios proprietários rurais passaram a ver a importância do felino, semelhante ao que aconteceu em outros países com predadores nativos que se sobressaíam no ambiente.  

"Como na colonização dos Estados Unidos, perceberam a importância do Coiote, que comia carneiro e quase foi extinto, depois tiveram que devolver. Os produtores rurais percebem que a onça é um predador de topo, e que mantém o equilíbrio entre os demais populações", explica o tenente. 

Diego complementa que o homem, produtor pantaneiro, soube avaliar os sinais da natureza e, com a presença das onças aprimorar as próprias técnicas de manejo.  

Entre as medidas tomadas, ele cita que não se colocam mais as maternidades próximas à áreas de floresta, que tem maior incidência de ataques; a implementação de estações de monta, e mais.  

"Consequentemente você concentra os nascimentos numa determinada época do ano, onde consegue dar uma atenção maior para o rebano e evitar ataques. Diversas estratégias de manejo vem sendo implantadas pelos produtores, para que consigam produzir e a onça consiga continuar vivendo no Pantanal", diz o médico.  

Em prática há mais de 300 anos, a bovinocultura aprendeu a coexistir no Pantanal, com avanço tecnológico e percepção de importância do próprio felino predador, como frisa o tenente da PMA.  

"A onça é realmente um ativo ambiental, é um ativo econômico, porque a onça-pintada atrai muito turismo. As fazendas de têm se aproveitado dessa situação e feito o turismo ecológico, inclusive bem planejado".  

Ednilson lembra que as próprias pessoas precisam perceber que, essa convivência mista existe há muitos anos, e seguirá por muito tempo.  

Ele cita ainda ações, inclusive da própria Polícia Militar Ambiental, para a valorização da cultura ambiental no Pantanal.  

"Essa cultura {ambiental} vem mudando e melhorando a cada período, cada ano que passa as pessoas percebem que é do ambiente que sai tudo o que a gente pega. Ele precisa estar equilibrado para continuar gerando qualidade de vida", completa.  

Felinos Pantaneiros

Do Instituto Homem Pantaneiro, o médico veterinário aponta que o Programa Felinos Pantaneiros apresenta uma avaliação de todas estratégias, implementadas e testadas cientificamente, por parceiros produtores locais.  

"Esse é um programa de conservação que nasceu a partir da demanda de uma fazenda. A gente faz a revisão de tudo o que foi testado, apresenta para os produtores e, de com cada perfil, de cada propriedade, com o conhecimento de cada um - porque ninguém melhor que os produtores para saberem quais as características do território". revela.  

Diego salienta que, é a junção das expertisse científica e local, que possibilita o levantamento das melhores estratégias para cada propriedade.  

"De acordo com o potencial de investimento, e também da equipe, quantidade de pessoas dentro da propriedade, as ações são implementadas visando essa coexistência entre onças e produção pecuária no Pantanal", finaliza.

 

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Cidades

Veículos batem de frente e três pessoas da mesma família morrem na BR-267

Motorista de um Virtus tentou fazer uma ultrapassagem, quando colidiu de frente com um Corolla; todas as vítimas estavam no veículo atingido

16/12/2025 18h36

Veículos bateram de frente e três pessoas da mesma família morreram

Veículos bateram de frente e três pessoas da mesma família morreram Foto: Divulgação / PRF

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Três pessoas morreram em um acidente envolvendo dois carros de passeio, na manhã desta terça-feira (16), na BR-267, em Nova Alvorada do Sul. O acidente aconteceu durante uma tentativa de ultrapassagem.

De acordo com informações da PRF, um veículo Toyota Corolla, com placas de São Miguel de Guaporé (RO), seguia no sentido Nova Alvorada do Sul a Distrito de Casa Verde, enquanto um Virtus, com placas de Três Lagoas, seguida no sentido contrário.

Na altura do km 177, os veículos bateram de frente. Segundo testemunhas, o Virtus teria tentado fazer uma ultrapassagem e acabou colidindo com o Corolla.

Com o impacto da batida, duas passageiras no Corolla, de 55 e 73 anos, morreram na hora. Um outro passageiro, de 74 anos, chegou a ser socorrido, mas não resistiu aos ferimentos e morreu posteriormente no hospital. O motorista, de 53 anos, não teve ferimentos graves.

Conforme informações, as vítimas eram a esposa, pai e mãe do motorista.

No Virtus estavam o condutor e um passageiro, de 42 e 37 anos, respectivamente. Ambos tiveram lesões consideradas leves e foram encaminhados ao hospital em Nova Andradina, mas não correm risco de morte.

Ainda segundo a PRF, foi realizado o teste do bafômetro nos motoristas, com resultado negativo para alcoolemia em ambos.

Informações preliminares são de que a família que estava no Corolla saiu de Rondônia para visitar familiares no interior de São Paulo.

Durante os trabalhos de resgate e perícia, parte da pista ficou interditada. As causas do acidente serão investigadas pela Polícia Civil.

Outro acidente com duas mortes

Na madrugada desta terça-feira (16), outro acidente deixou duas pessoas mortas e três feridas, na BR-158, em Três Lagoas.

Conforme reportagem do Correio do Estado, Fernanda Taina Costa da Silva, de 28 anos, conduzia um Fiat Palio, e Fernando Marconi Ramos, de 27 anos, trabalhava como moto-entregador. Ambos colidiram em ua região conhecida como anel viário Samir Tomé.

No Palio conduzido, além da motorista estavam três crianças, de 9 anos, 5 anos e nove meses, que tiveram de ser levadas ao Hospital Regional, mas o estado de saúde de todas era considerado estável. As três estavam no banco traseiro e as duas maiores estavam conscientes e orientadas.

Imagens divulgadas pelo site 24hnewsms mostram que a motocicleta atingiu a parte frontal do veículo e o piloto acabou sendo jogado sobre o para-brisa, do lado da condutora.

Embora não haja testemunhas, os policiais que atenderam à ocorrência constataram sinais de frenagem da moto, que a moto seguia pelo anel viário no sentido ao shopping Três Lagoas, quando foi atingida frontalmente pelo carro, que teria invadido a pista contrária por motivos ainda ignorados. 

 

Cabe recurso

Jogo do bicho: deputado Neno Razuk é condenado a 15 anos de prisão

Condenação foi proferida  pela 4ª Vara Criminal do Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul

16/12/2025 17h45

Deputado estadual Neno Razuk (PL)

Deputado estadual Neno Razuk (PL) Foto: Wagner Guimarães / Alems

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O deputado estadual Roberto Razuk Filho, conhecido como Neno Razuk (PL), foi condenado a 15 anos e 7 meses de prisão, apontado como o "cabeça" de um grupo criminoso para tomar o controle do jogo do bicho em Campo Grande. A condenação foi proferida  pela 4ª Vara Criminal do Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul (TJMS) nesta segunda-feira (15) e sentencia outras 11 pessoas. 

Conforme os autos do processo que corre em segredo de Justiça, os réus tentaram anular a condenação sob pedindo a nulidade das investigações. Em resposta ao Correio do Estado, André Borges, advogado de defesa do deputado, disse que irá recorrer da sentença. "Defesa certamente recorrerá; processo está longe de encerrar; Neno confia na decisão final da justiça", declarou. 

Condenações 

  • Carlito Gonçalves Miranda 10 anos, 9 meses e 24 dias de reclusão, em regime fechado; Não tem o direito de recorrer em liberar e segue sendo procurado;
  • Diogo Francisco 3 anos e 6 meses de reclusão, em regime aberto; terá o direito de recorrer em liberdade;   
  • Edilson Rodrigues Ferreira 3 anos e 6 meses de reclusão, em regime aberto; terá o direito de recorrer em liberdade; 
  • Gilberto Luis dos Santos 16 anos, 4 meses e 29 dias de reclusão, em regime fechado; permanecerá preso;
  • José Eduardo Abduladah 4 anos e 1 mês de reclusão, em regime fechado; permanecerá em prisão domiciliar;
  • Júlio Cezar Ferreira dos Santos 3 anos e 6 meses de reclusão, em regime aberto; terá o direito de recorrer em liberdade;
  • Manoel José Ribeiro 13 anos, 7 meses e 1 dia de reclusão, em regime fechado; permanecerá preso;
  • Mateus Aquino Júnior 11 anos e 7 meses de reclusão, em regime fechado; não terá o direito de recorrer em liberdade e segue sendo procurado;
  • Roberto Razuk Filho 15 anos, 7 meses e 15 dias de reclusão, em regime fechado; terá o direito de recorrer em liberdade;
  • Taygor Ivan Moretto Pelissari 4 anos, 11 meses e 15 dias de reclisão, em regime fechado; não terá o direito de recorrer em liberdade e segue sendo procurado; 
  • Valnir Queiroz Martinelli 3 anos e 6 meses de reclusão, em regime aberto; terá o direito de recorrer em liberdade;
  • Wilson Souza Goulart 4 anos, 2 meses e 22 dias de reclusão, no semiaberto; terá o direito de recorrer em liberdade; 

Buscas

Em novembro deste ano, o Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (Gaeco), apreendeu mais de R$ 300 mil durante a operação deflagrada contra alvos ligados à família Razuk. A ação, realizada em conjunto com o Batalhão de Choque da Polícia Militar, também resultou na prisão de três familiares do deputado estadual Neno Razuk. 

Foram detidos o pai do parlamentar, Roberto Razuk, e os irmãos Rafael Razuk e Jorge Razuk. Segundo informações, além do montante em dinheiro, equipes recolheram armas, munições e máquinas supostamente usadas para registrar apostas do jogo do bicho.

Os materiais foram apreendidos durante o cumprimento dos 20 mandados de prisão preventiva e 27 de busca e apreensão executados  em Campo Grande, Dourados, Corumbá, Maracaju e Ponta Porã, além de endereços no Paraná, Goiás e Rio Grande do Sul.

Em Dourados, viaturas foram vistas logo cedo em bairros como Jardim Água Boa e Vila Planalto. A residência de Roberto Razuk foi um dos principais pontos de ação, onde agentes recolheram malotes.

Outro alvo da operação é Sérgio Donizete Balthazar, empresário e aliado político, proprietário da Criativa Technology Ltda., que no início deste ano ingressou no Tribunal de Justiça com mandado de segurança para tentar suspender a licitação da Lotesul, estimada em mais de R$ 50 milhões.

Também aparecem entre os alvos o escritório de Rhiad Abdulahad e Marco Aurélio Horta, conhecido como "Marquinho", chefe de gabinete de Neno Razuk e funcionário da família há cerca de 20 anos.

A família Razuk, já foi alvo de apurações relacionadas ao jogo do bicho em Mato Grosso do Sul. A ação é tratada pelo Ministério Público como uma nova fase dessas investigações.

FASES

Em outubro de 2023, antes das fases da Successione, a Polícia Civil fez uma apreensão de 700 máquinas da contravenção, semelhantes a máquinas de cartão utilizadas diariamente em qualquer comércio, sendo facilmente confundidas.

As prisões foram desencadeadas a partir da deflagração das fases da Operação Successione, que começou no dia 5 de dezembro de 2023. Na ocasião, foram cumpridos 10 mandados de prisão e 13 mandados de busca e apreensão. Foi nesta fase que os ex-assessores parlamentares de Neno Razuk foram pegos.

Duas semanas depois, no dia 20 de dezembro, foi deflagrada a segunda fase da operação, com o cumprimento de 12 mandados de prisão e 4 de busca e apreensão. Ela foi realizada após investigações do Gaeco apontarem que a organização criminosa continuou na prática do jogo do bicho, além de concluírem que policiais militares também atuavam nesta atividade.

No dia 3 de janeiro do ano passado, chegou a vez da terceira fase da operação, com mais dois envolvidos presos pela contravenção na Capital.

A disputa pelo controle do jogo ilegal em Campo Grande se intensificou após a prisão de Jamil Name e Jamilzinho, durante a Operação Omertá, em 2019, que eram apontados pelas autoridades como os donos do jogo do bicho em Mato Grosso do Sul. 

Quatro anos depois, Jamil Name Filho foi condenado a 23 anos de reclusão, após um julgamento de três dias.

O termo italiano "Successione"  que dá nome a operação, é uma referência a disputa pela sucessão do jogo bicho em Campo Grande após a operação Omertá. A decisão desta terça-feira cabe recurso. 

**Colaborou Felipe Machado

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