Cidades

Operação Lepidosiren

Operação da PF contra o tráfico respinga no prefeito "mais louco do Brasil"

Inquérito da PF revela que Juliano Ferro, de Ivinhema, mora numa casa que está em nome de traficante e comprou carro de R$ 519 mil do mesmo homem, que foi preso em agosto

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Uma operação da Polícia Federal para desbancar uma quadrilha envolvida com o narcotráfico acabou respingando no prefeito de Ivinhema, Juliano Ferro (PSDB), que se intitula “o mais louco do Brasil” e que está disputando a reeleição. A casa na qual mora o prefeito e a caminhonete de luxo usada pelo prefeito pertenceu a um suposto traficante, preso há quase dois meses. 

Além disso, a PF também desconfia de suposto crime eleitoral, já que nas redes sociais, onde tem 768 mil seguidores (Instagram), o prefeito ostenta a posse de duas caminhonetes de luxo, sendo uma Silverado (2023) e uma Dodge Ram (2021), juntas avaliadas em R$ 800 mil pela Polícia Federal.

Mas, em sua declaração de bens à Justiça Eleitoral ele diz ser proprietário apenas de uma F-1000 fabricada em 1983, de um Uno Mille de 2010 e um Gol 2011. Porém, apesar da declaração, revelou à PF que já os vendeu todos. 

No inquérito conduzido pelo delegado Marcelo Guimarães Mascarenhas, da PF de Ponta Porã, ele diz que “em análise inicial, foi observado elementos plausíveis de posse, propriedade e disponibilidade do veículo SILVEIRADO placas SLX3D34, bem como do veículo DODGE RAM placas BEB2I38, tudo em ao menos no corrente ano até a data de 19/08/2024, portanto em data anterior e também posterior a sua declaração eleitoral de bens (02/09/2024)”. 

Confira o inquérito aqui.

Por conta disso, o delegado entendeu que existe possível crime que pode ser enquadrado nos artigos 350 (omitir, em documento público ou particular, declaração que dele devia constar, ou nele inserir ou fazer inserir declaração falsa ou diversa da que devia ser escrita, para fins eleitorais) e 353 (Fazer uso de qualquer dos documentos falsificados ou alterado) da lei eleitoral.

Caso seja condenado por conta dos crimes eleitorais, Juliano Ferro pode ser punido a cerca de cinco anos de prisão. Porém, essa, possivelmente, não é a maior preocupação do “mais louco do Brasil”. 

NARCOTRÁFICO 

O problema é que ele virou alvo da PF depois da prisão de Luiz Carlos Honório, durante a Operação Lepidosiren, desencadeada em 8 de agosto deste ano. Neste dia foram cumpridos oito mandados de busca e dois de prisão em Ivinhema e Angélica.

A Justiça Federal determinou ainda o sequestro de pouco mais de 33 milhões de reais pertencentes ao grupo criminoso. A investigação começou após um flagrante em 08 de julho de 2021, em Ponta Porã. Naquele dia descobriu-se a existência de um grupo “responsável pela logística e tráfico de drogas. Durante o citado flagrante, foram apreendidas 3,4 toneladas de maconha”, informou a PF em seu site no dia 8 de agosto. 

Em seu depoimento, um dos presos, Luiz Carlos Honório, revelou que fizera uma série de negócios como Juliano Ferro. Em 2021, por exemplo, vendeu para ele uma casa. O homem preso pela PF diz que vendeu por R$ 170 mil. O prefeito, por sua vez, diz que pagou R$ 750 mil. É nesta casa que o prefeito reside desde 2021. 

Mas, até hoje ela está no nome do suposto traficante. E, segundo a PF, no dia seguinte ao da prisão de Luiz Carlos, a esposa do prefeito foi ao cartório para tentar escriturar esta casa. O prefeito, porém, diz que ela não foi tentar fazer a transferência. Foi apenas em busca de informações. 

Seria estranho fazer a transferência no dia seguinte ao da prisão, afirmou o prefeito em seu depoimento. Porém, o fato de a PF ter conhecimento dessa ida da mulher ao cartório evidencia que o prefeito estava sendo monitorado bem antes de ele prestar depoimento sobre o suposto crime eleitoral.

Esta casa teria sido paga em troca de outro imóvel e de uma série de carros. O prefeito diz ter um contrato para com os detalhes sobre a forma de pagamento, tudo feito com patrimônio que nunca esteve em seu nome, conforme ele mesmo admitiu. 

SILVERADO

Além disso, o homem preso por narcotráfico revelou ter vendido, no começo deste ano, uma Silverado com menos de dois mil quilômetros rodados, que saiu da concessionária às vésperas do Natal do ano passado. E, desde então, o prefeito “influencer digital” passou a ostentar o veículo em suas redes sociais, segundo a Polícia Federal. 

Em seu depoimento à PF, na condição de testemunha, no dia 3 de setembro, o prefeito tucano afirmou que havia vendido uma das caminhonetes, a Dodge Ram, há cerca de quatro ou cinco meses, embora a Polícia Federal tenha juntado evidências de que o veículo continuasse em sua posse até o começo de setembro. 

Esta caminhonete, que tem pelo menos 23 registros de multa somente nos dois últimos dois anos, usada na viagem que ele fez para Porto Alegre em maio deste ano para prestar auxílio às vítimas das enchentes, está em nome de “Bruto Memo Investimentos”, empresa com sede em Maringá, no Paraná. 

Juliano Ferro diz ter comprado esse veículo da dupla sertaneja Bruno e Barreto, contratada pela prefeitura de Ivinhema para fazer uma série de shows na cidade nos últimos anos. Estes contratos já são alvo de investigações do Ministério Público Estadual. 

E, assim como a Dodge Ram, Juliano Ferro também não transferiu para seu nome a Silverado avaliada em mais de meio milhão de reais. Ela está em nome de Valter dos Santos Prior, uma pessoa que ele mesmo afirmou que nem mesmo conhece. 

Luiz Carlos Honório diz que negociou a venda da caminhonete diretamente com prefeito. Como pagamento, o prefeito teria dado um cheque de R$ 380 mil. Este suposto cheque não foi compensado ainda e Luiz Carlos não soube informar onde estaria. O prefeito também disse não lembrar se é nominal ou não. 

Além do cheque, o prefeito disse ter dado um veículo Troler, que ele disse ter entrado no negócio por R$ 140 mil. O homem preso diz que recebeu esse carro por cerca de R$ 100 mil. O cheque, segundo depoimento dos dois, seria descontado somente em janeiro de 2025.

DISTÂNCIA

Indagado sobre o tipo de relação com o prefeito, e suposto traficante admitiu que em seu celular tem o contato de Juliano Ferro, mas negou que tenham proximidade com ele, embora tenha lhe entregado um veículo de R$ 519 mil para ser pago somente um ano depois. Ele ressaltou, ainda, que   a caminhonete, por ser importada, só poderia ser transferida depois de um ano. 

No depoimento, Juliano Ferro também revela que comprou a Silverado após contato com um comerciante conhecido como “Piramboia” e que teria pagado R$ 2 mil por conta desta intermediação. Porém, Luiz Carlos Honório diz que negociou diretamente com o prefeito, sem nenhum intermediador.  

Este “Piramboia”, do pequeno distrito de Ipezal, salienta a PF, também é investigado por envolvimento com o narcotráfico e está foragido da Justiça. Indagado se tem contato constante com Piramboia, o prefeito negou. 

O Correio do Estado tentou contato com o prefeito Juliano Ferro, mas não conseguiu falar com ele ou sua assessoria. 

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Apuração

MP investiga danos ambientais e turvamento de água em Bonito

Investigação foi aberta pela 2ª Promotoria de Justiça após fiscalização do Imasul

21/12/2025 11h45

Município é conhecido por áreas verdes e pelo ecoturismo

Município é conhecido por áreas verdes e pelo ecoturismo Foto: Arquivo / Correio do Estado

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O Ministério Público de Mato Grosso do Sul (MPMS) instaurou um inquérito civil para apurar possíveis irregularidades ambientais em uma área rural no município de Bonito, interior do Estado. A investigação foi aberta pela 2ª Promotoria de Justiça após fiscalização do Instituto de Meio Ambiente de Mato Grosso do Sul (Imasul) constatar uma série de problemas ambientais no local, sobretudo o turvamento dos rios da região, conhecida pelo ecoturismo.

De acordo com o laudo técnico do Imasul, as Áreas de Preservação Permanente (APPs) ao longo de cursos d'água não possuem cercamento, o que permite o acesso de gado. Também foram identificados trechos sem vegetação arbórea, passagens de animais e veículos diretamente dentro dos córregos, situação que provoca o turvamento da água,  além do armazenamento inadequado de tanques de combustíveis próximo à sede da propriedade, sem a devida licença ambiental. Apesar das irregularidades, não foi constatada contaminação do solo.

A fiscalização resultou em auto de infração e em determinações claras para a regularização da área. Entre as medidas exigidas estão o cercamento integral das APPs para impedir a entrada de animais, a recuperação das áreas degradadas com recomposição da vegetação nativa por meio de um Projeto de Recuperação de Área Degradada ou Alterada (Prada), a adequação das travessias para que gado e veículos não cruzem mais os cursos d'água, e a impermeabilização, com sistema de contenção, da área destinada ao armazenamento e abastecimento de combustíveis. Também foi solicitada a comprovação da existência de plano de manejo e conservação do solo e da água.

Além disso, o proprietário deverá apresentar relatório técnico conclusivo sobre o corte de árvores nativas isoladas, vinculado à autorização ambiental correspondente, bem como enviar registros fotográficos das adequações realizadas. Os prazos estabelecidos variam entre 30 e 60 dias, conforme cada exigência.

Para ampliar o controle e a transparência do procedimento, o Centro de Apoio Operacional do Meio Ambiente (Caoma) encaminhou o caso ao Núcleo de Geoprocessamento e Sensoriamento Remoto (Nugeo), fatores que originaram o inquérito. 

A Promotoria de Justiça publicou edital, notificou o responsável pela área para apresentar defesa no prazo de dez dias e solicitou ao cartório de registro de imóveis a matrícula atualizada da propriedade. 

Do ponto de vista jurídico, o Ministério Público destacou que, além das responsabilidades administrativa e civil, as condutas apuradas podem, em tese, caracterizar crime ambiental, a depender da análise detalhada dos documentos e das circunstâncias verificadas ao longo do inquérito. Paralelamente, o MPMS abriu a possibilidade de solução consensual por meio de um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC), priorizando a recuperação ambiental e a regularização da área. Caso não haja acordo ou cumprimento das exigências, o órgão poderá ajuizar ação civil pública ou promover o arquivamento, conforme o resultado das diligências.

Saiba*

Medidas como cercamento das APPs, travessias adequadas e recomposição da vegetação nativa são consideradas simples e eficazes para evitar erosão, assoreamento e turvamento das águas. Da mesma forma, o armazenamento correto de combustíveis, com piso impermeabilizado e sistema de contenção, é essencial para prevenir vazamentos e possíveis danos ambientais.

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Previsão do tempo

Semana será de calor e pancadas de chuva em MS

Festividades natalinas serão marcadas por clima típico de verão, com alternância entre períodos de sol, calor intenso e pancadas de chuva

21/12/2025 10h15

Foto: Gerson Oliveira / Correio do Estado

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A semana de festividades natalinas será marcada por clima típico de verão, com alternância entre períodos de sol, calor intenso e pancadas de chuva acompanhadas de trovoadas em diversas regiões de Mato Grosso do Sul, é o que indicam as projeções do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet). 

As condições se destacam em virtude da instabilidade climática que atinge o Estado, fatores que causarão oscilações de temperatura, onde a chuva deve ser marcante já no início da semana, enquanto o calor ganha força nos dias seguintes.

A segunda-feira (22) começa com céu carregado e chuva em várias cidades, sobretudo em Campo Grande com possibilidade de chuva intensa, rajadas de vento e descargas elétricas. Os volumes podem ser significativos em pontos isolados não só da Capital, mas em municípios adjacentes como Bandeirantes e Jaraguari. Nessa região, as temperaturas permanecem elevadas, com máximas em torno dos 32°C mínimas próximas dos 22°C. 

Na terça-feira (23), o cenário pouco muda, e a instabilidade segue presente, especialmente à tarde e à noite, quando são esperadas novas pancadas de chuva e trovoadas, mantendo o tempo abafado.

A partir da quarta-feira (24), véspera de natal, a tendência é de redução das chuvas e aumento da presença do sol. O tempo fica mais firme, com variação de nebulosidade, e as temperaturas sobem, podendo alcançar a faixa dos 33°C e 34°C em diversos municípios como Sonora e Cassilândia. 

No feriado de quinta-feira (25), o calor se intensifica ainda mais, com predomínio de sol e poucas nuvens, característica comum do verão sul-mato-grossense, e noites quentes em todo o estado.

Já na sexta-feira e no sábado, o sol aparece com mais frequência, mas o calor e a umidade favorecem a formação de pancadas isoladas de chuva, principalmente no período da tarde. As máximas seguem elevadas, variando entre 32°C e 34°C, enquanto as mínimas ficam acima dos 23°C, mantendo a sensação de tempo abafado.

Em Dourados e Ponta Porã, porção sul do estado, os termômetros devem marcar  médias entre 24 °C e 31 °C, calor típico de verão com possibilidade de pancadas de chuva isoladas.

Em Três Lagoas e Corumbá, o clima deve se estabelecer entre 23°C e 32°C com variação de sol e chuva e picos de alta temperatura que podem atingir a casa dos 35°C.

Coxim, Naviraí e Nova Andradina, as estimativas médias ficam entre 23 °C e 31 °C.

Saiba*

Ao longo da semana, a recomendação é de atenção redobrada aos avisos meteorológicos, sobretudo nos dias de maior instabilidade, além de cuidados com o calor intenso, como hidratação constante e proteção contra o sol. 

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