Cidades

MUDANÇAS CLIMÁTICAS

Órgão federal deve decretar "seca" pela 1ª vez no Pantanal

Relatório da Agência Nacional de Águas aponta que a falta de chuva há seis meses tem resultado na baixa do Rio Paraguai

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Relatório da Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA) apontou que a seca vivida nos últimos seis meses na região da bacia do Rio Paraguai, que banha o Pantanal, está afetando seu curso e pede que seja decretada a escassez hídrica na região, já que há possibilidade de prejuízos a navegação e também no abastecimento de Corumbá. Caso a emergência seja reconhecida, seria a primeira vez que isso acontece no bioma.

Conforme a nota técnica, elaborada pela Agência, a situação de escassez hídrica deve ser decretada até o dia 31 de outubro deste ano, podendo ser ampliada, caso a seca permaneça por mais tempo na região ou, em caso de aumento das chuvas e do nível do rio, sua suspensão. 

Na nota, os servidores da Agência contam que a situação na região é acompanhada desde 2020, ano que registrou a maior queimada da história do bioma.

“A ANA vem acompanhamento a situação hídrica na Região Hidrográfica do Paraguai há alguns anos por meio de reuniões da Sala de Crise do Pantanal. A primeira reunião foi realizada em 22 de setembro de 2020, com participação, além da própria ANA, de representantes de órgãos federais de clima, de hidrologia, de monitoramento e alerta de desastres naturais, de defesa civil, de meio ambiente e de setores usuários da água, como navegação e o setor elétrico”, diz trecho da publicação.

Para o corpo técnico, a situação deste ano é a pior, no comparativo a períodos anteriores, por isso da necessidade da decretação de escassez hídrica.

“O cenário observado na Região Hidrográfica do Paraguai, demonstrado neste documento é de escassez hídrica relevante em comparação com períodos anteriores, tendo o nível d’água do rio Paraguai, entre março e abril de 2024 atingido o pior valor histórico observado em algumas estações de monitoramento ao longo de sua calha principal desde o início deste ano”, afirmou. 

“A situação desfavorável pode resultar em impactos aos usos da água, em especial em captações para abastecimento de água, navegação, aproveitamentos hidrelétricos que operam a fio d’água e atividades de pesca, turismo e lazer, com destaque para as captações das cidades de Cuiabá/MT e Corumbá/MS”, completou. 

Essa situação é demonstrada, ainda segundo o documento, quando é feita a comparação do Boletim de Monitoramento Hidrológico da Bacia do Rio Paraguai, elaborado pelo Serviço Geológico do Brasil (SGB).

Nele mostra que desde o início deste ano, as cotas mínimas históricas para a mesma época do ano vêm sendo observadas na calha principal do rio.

Em Porto Murtinho, por exemplo, são observados níveis próximos aos mínimos desde o início deste ano, “sendo que desde março, são apresentados valores abaixo dos mínimos para o período”.

“Considerando-se o mês de abril como o último mês da estação chuvosa e avaliando-se as vazões observadas na estação Porto Murtinho no último dia do mês desde 1963, verifica-se que o menor registro corresponde ao deste ano: 1.075,59 m³/s em 30/04/2024. Os anos de 2020, 2021 e 2022 também estão entre os 10 menores registros para a data”, continua.

Toda essa situação pode ocasionar em problemas no abastecimento de Corumbá, porém, o relatório explica que isso pode ocorrer não por falta de água, mas por problemas com a estrutura de captação.

“Poderá haver impacto sobre as estruturas de captação em função da redução dos níveis d’água nos rios, como por exemplo na cidade de Corumbá/MS, que capta no rio Paraguai. Esses impactos podem vir a ser mitigados por meio da adaptação das estruturas de captação com a instalação de bombas flutuantes e prolongamento das tubulações, por exemplo”, orienta. 

CHUVA

Dados do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) e do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) utilizadas no documento apontam que vêm ocorrendo significativas “anomalias negativas” de precipitação há 6 meses na região.

O acumulado de precipitações na bacia do rio Paraguai nos últimos 22 meses, em comparação com a média, indicam que déficits significativos de chuva têm sido observados desde outubro de 2023. 

“De 1/10/2023 a 29/4/2024, a precipitação acumulada foi de 669 mm, enquanto a média histórica nesse período é de 945 mm, caracterizando um déficit de 276 mm (29%) no período chuvoso de 2023/2024”, demonstra.

Essa situação de seca já havia sido apontada em matérias do Correio do Estado ao longo deste ano.

O documento também traz que o “acompanhamento realizado pelo Monitor de Secas corrobora a constatação de anomalia negativa persistente com seca fraca, moderada e grave na região da bacia do rio Paraguai. Esse monitoramento mensal abrange os Estados do Mato Grosso e Mato Grosso do Sul desde junho de 2021. Desde esse mês, áreas de seca extrema persistiram na região até janeiro de 2023, primeiro ao sul de Mato Grosso e depois a oeste de Mato Grosso do Sul”.

“A área com seca grave no sudoeste de Mato Grosso voltou a crescer e se manteve até a última avaliação, referente a março de 2024”, completa.

A perspectiva para os próximos dias, no entanto, não são boas, já que a previsão climática para o trimestre de maio a julho de 2024 indica maior probabilidade de um cenário com precipitações abaixo da média climatológica em grande parte bacia do Alto Paraguai.

Esta situação também já havia sido apontada em reportagem do Correio do Estado publicada em março deste ano, onde a previsão indicava que este poderia ser o ano mais seco nesta década. 

SAIBA

A falta de chuvas na região do Pantanal, além de afetas os rios do bioma, também alertam para a ocorrências de incêndios florestais.

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"Mais louco do Brasil" recebe ultimato para combater megaerosão

Justiça impôs multa diária de R$ 100 mil caso o prefeito de Ivinhema e a Agesul não tomarem providências para combater erosão

20/12/2025 19h30

Água de dois bairros sem drenagem provou erosão de 3,8 quilômetros na margem de rodovia na saída de Ivinhema para Angélica

Água de dois bairros sem drenagem provou erosão de 3,8 quilômetros na margem de rodovia na saída de Ivinhema para Angélica Ivinotícias

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Apesar de uma gigantesca erosão estar ameaçando destruir uma rodovia estadual, a MS-141, que está sob a responsabilidade do Governo do Estado, o prefeito Juliano Ferro, que se autodenomina "o mais louco do Brasil, também recebeu um ultimato da Justiça para que tome providências para tentar acabar com o problema. 

Segundo denúncia do Ministério Público acatada pela Justiça, a erosão ocorre porque falta drenagem no conjunto habitacional Salvador de Souza Lima e no Residencial Solar do Vale. A água destes dois bairros acabar descendo pela margem da MS-141, na saída de Ivinhema para Angélica, e provoca a erosão que se estende por cerca de 3,8 quilômetros.

E, por conta do risco de acidentes e por causa do grande volume de terra que foi arrastado para propriedades rurais vizinhas, a Justiça determinou multa diária de R$ 100 mil para a prefeitura, a Agesul (resposponsável pela manutenção da rodovia) e ao Governo do Estado caso não adotem medidas imediatas para conter a erosão. 

Mesmo com liminar anteriormente deferida, as fortes chuvas das últimas semanas agravaram o cenário e ao longo da última semana a promotoria realizar novas diligências no local e voltou à Justiça para exigir a imposição da multa, no que foi atendida..

Durante as vistorias, foram identificadas valas com cerca de 10 metros de largura e até dois metros de profundidade às margens da rodovia, além da exposição de tubulações de esgoto, que ficaram vulneráveis a rompimentos. 

De acordo com a promotoria, a situação representa risco concreto e iminente de acidentes de grandes proporções, inclusive com possibilidade de vítimas fatais, em um trecho por onde trafegam diariamente ônibus, veículos leves e caminhões pesados.

Diante dos novos fatos, o Promotor de Justiça Allan Thiago Barbosa Arakaki peticionou nos autos destacando a piora do quadro e a ameaça à segurança viária, à saúde pública e ao meio ambiente.

Ao analisar os documentos e fotografias apresentados pelo MPMS, o juiz Rodrigo Barbosa Sanches acolheu os pedidos e determinou que os requeridos iniciem, em até cinco dias, ações emergenciais para conter o escoamento das águas pluviais, realizem a manutenção dos sistemas de drenagem e apresentem, em até 60 dias, relatório técnico com as providências adotadas e os resultados obtidos.

Além da atuação judicial, o MPMS também dialogou com proprietários rurais afetados pelos danos, esclarecendo que prejuízos patrimoniais individuais poderão ser objeto de reparação específica.

Por conta desta terra e de outras erosões, o Córrego Piravevê, que desemboca no Rio Ivinhema e separa os municípios de Angélica e Ivinhema, praticamente desapareceu. O leito foi completamente tomado pela terra e a promotoria também já recorreu à Justiça para tentar obrigar a prefeitura e o Governo do Estado a fazerem a recuperação.

O Correio do Estado procurou o prefeito Juliano Ferro em busca de informações para saber se alguma providência já foi adotada nos dois bairros que dão origem à erosão, mas ele não deu retorno. 

 

 

atraso nas chuvas

Nível do Rio Paraguai começa a subir e traz alento à mineração

Nos últimos 12 dias subiu 24 centímetros na régua de Ladário, mas ainda está longe de alcançar o nível ideal para o transporte de minérios

20/12/2025 18h30

Parte dos embarques de minérios é feita próximo da área urbana de Ladário, mas o volume maior ocorre em Porto Esperança

Parte dos embarques de minérios é feita próximo da área urbana de Ladário, mas o volume maior ocorre em Porto Esperança

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Depois de chegar a 3,31 metros na régua de Ladário no dia 16 de julho, o nível do Rio Paraguai estava baixando ininterruptamente até o dia 8 de dezembro, quando atingiu a mínima de apenas 24 centímetros. Depois disso, começou a subir, mas tardiamente. No ano passado ele começou a subir quase dois meses mais cedo.

E, apesar de até agora as chuvas terem sido escassas na região norte de Mato Grosso do Sul e no sul de Mato Grosso, o nível do rio está melhorando nos últimos 12 dias e neste sábado amanheceu  em 54 centímetros. O nível ainda está longe do necessário, mas já traz alívio para o setor de transporte de minérios, que está praticamente parado faz dois meses. 

Nos dez primeiros meses do ano foram escoados, segundo dados da Agência Nacional de Transporte Aquaviário (Antaq), 7,6 milhões de toneldas de minérios pela hidrovias, batendo todos os recordes de movimentação. Incluindo grãos e outros produtos, o volume transportado pelo Rio Paraguai chega a 8,2 milhões de toneladas em dez meses de 2025.

Em 2023, que até então era o melhor ano do setor, o volume de minérios havia chegado a 5,6 milhões de toneladas nos dez primeiros meses do ano. Naquele ano, porém, havia muito mais água no rio e o pico da cheia chegou a 4,24 metros. Depois que ultrapassa os quatro metros em Ladário o rio começa a transbordar e a alagar a planície pantaneira.

No ano passado, quando atingiu seu pior nível da história, com 69 centímetros abaixo de zero na régua de Ladário, as chuvas fortes chegaram mais cedo e o Rio Paraguai começou a subir já a partir do dia 17 de outubro. 

Por conta disso, no dia 20 de dezembro já estava em 94 centímetros, o que é 40 centímetros acima do nível em que amanheceu neste sábado (20). Estas chuvas logo no início da temporada, em setembro do ano passado, foram fundamentais para que o transporte de minérios fosse retomado logo no começo de 2025.

O cenário, porém, será diferente no começo de 2026. Sem as dragagens que estão previstas no projeto de concessão da hidrovia, o nível ideal para o transporte é acima de 1,5 metro. Porém, as barcaças ainda descem pela hidrovia, com volume menor, até que o rio tenha em torno de um metro na régua de Ladário. 

E, como até agora os rios subiram pouco na região sul de Mato Grosso, a pespectiva é de que o nível em Ladário só chegue a 1,5 metro depois de janeiro, atrapalhando o transporte de minérios no primeiro mês do ano. Em janeiro de 2025, por exemplo, foram despachadas 521 mil toneladas de produtos. No final do mês o rio já estava em 1,34 metro. 

O nível se manteve acima de um metro até o dia 20 de outubro deste ano. No dia primeiro daquele mês ainda estava em 1,79 metro, mas recuou rapidamente e no final do mês estava em apenas 66 centímetros. Mesmo assim, segundo a Antaq, ainda foram despachadas 678 mil toneladas de minérios, o que equivale ao volome de cerca de 14 mil carretas bi-trem somente em outubro. 

TRIBUTÁRIOS IMPORTANTES

Embora os rios Miranda e Aquidauana desemboquem no Rio Paraguai abaixo da régua de Ladário, a água destes dois tributários é fundamental para melhorar a navegabilidade. E, esta semana foi a primeira vez que ambos superaram a marca dos quatro metros, segundo dados do Imasul. 

Na sexta-feira (19), em Aquidauana, o rio com o mesmo nome da cidade alcançou 4,56 metros, o que ainda é 1,5 metro abaixo do nível de alerta. Somente quando supera os 7,3 metros é que entre em situação de emergência. Ou seja, já se passaram quase quatro meses do período de chuvas e o Aquidauana não encheu nenhuma vez. 

Situação parecida ocorreu com o Miranda. Após as chuvas do começo da última semana, ele chegou a 4,48 metros na régua instalada próximo à cidade de Miranda. Ele também só entra em situação de emergência depois que ultrapassa os 7 metros, o que não aconteceu nenhuma vez na atual temporada de chuvas. 

O Rio Coxim, por sua vez, chegou a entrar em nível de alerta ao longo da última semana, ultrapassando os quatro metros. Mas, depois de alcançar 4,16 metros começou a baixar. Somente depois que ultrapassa os cinco metros é que se considera que ele encheu. 

O Rio Piquiri, na divisa com Mato Grosso, que entra em situação de emergência somente depois que ultrapassa os 5,8 metros, estava em apenas 2,12 metros nesta sexta-feira, apesar das chuvas que atingiram a região ao longo da semana. 


 

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