Entre as cores dos meses que servem para conscientizar sobre saúde, o Janeiro Branco é voltade para os cuidados com a mente e, ainda que Mato Grosso do Sul tenha diversas leis que contribuem com amparo legal, pacientes ainda tem diversas barreiras no caminho até o consultório.
Talita Vanessa Akamine Silva Moreira (28), psicóloga do Programa Viver Bem da Unimed Campo Grande, atua há cinco anos nessa área - em que é inclusive mestranda pela UFMS -, e ressalta que cuidar da mente é tão essencial quanto beber água.
Diante desse Janeiro Branco, ela explica que é importante primeiro orientar quanto às diferenças entre uma pessoa depreesiva e um estado em que alguém se encontrada deprimido.
"Em um estado deprimido a pessoa não necessariamente tem um diagnóstico de depressão, precisa de uma avaliação psiquiátrica, para avaliar sintomas, duração e a nivelação (grau)", comenta.
Entre as medidas citadas pelo Governo do Estado, que envolvem esse amparo legal, encontram-se a lei nº 1.293, que data de 21 de setembro de 1992 e trata do Código Sanitário Estadual, regulando direitos e obrigações voltados à saúde e bem-estar.
Logo em 18 dezembro de 2019, Mato Grosso do Sul instituiu a lei que cria o Dia Estadual em Atenção à Saúde Mental dos profissionais de Educação e, em 2021, cria a Política de Diagnóstico e Tratamento da Síndrome da Depressão no Estado de Mato Grosso do Sul.
Depois disso, por conta da Covid-19, também foi sancionada a medida que dispõe atendimento às vítimas do coronavírus no Estado, quanto aos efeitos na saúde mental.
Saúde mental: barreiras e tabus
Conforme a psicóloga, saúde mental está além de uma Classificação Internacional de Doenças (CID) ou de plenitude, sendo que, para Talita, deve haver uma integração biológica, mental e social nesse acompanhamento.
"Várias barreiras são encontradas, principalmente pelo preconceito presente na sociedade ao referimos à saúde mental. Indivíduos que fazem acompanhamento psicológico ou psiquiátrico, sofrem com suas emoções descompensadas e ainda têm de lidar com as pessoas julgando de ‘’fraco’’, ‘’doido’’, etc", revela a profissional.
Ainda que cada indivíduo seja um caso completamente diferente de outro, ela frisa que as dificuldades são inúmeras, sendo que há entre elas a resistência da própria pessoa em iniciar e sustentar o tratamento.
"Por medo de lidar com conflitos, por achar que é perder tempo, perder dinheiro ou até mesmo em não ter uma rede de apoio para incentivar. Por isso é importante termos empatia e respeito pelo sofrimento alheio", expõe Talita.
Por fim, ela cita que o acesso à internet aparece como mais uma barreira externa que tem se apresentado cada vez mais relevante nos últimos anos. A dica é que, com as redes sociais em alta, é importante não entrar em comparação com aquilo que é visto pelas telas dos celulares.
"Social prega o modo da equivalência (‘’preciso ser igual ao outro, caso contrário não serei aceito’’), acarretando sofrimento intenso. No sentindo mais amplo, ‘’se tal pessoa conseguiu tratar a depressão sem psicoterapia ou remédios, posso, também’’. Um dos motivos da sociedade estar doente e carente de identidade", finaliza ela.