Reclamação ficou por conta dos comerciantes, que reclamam da concorrência desleal de ambulantes clandestinos; Festa continua nesta terça
O Carnaval de Campo Grande levou milhares de foliões às ruas nos quatro primeiros dias de folia, de sexta-feira (28) até esta segunda-feira (3). Apesar da grande concentração de pessoas, não foram registradas confusões generalizadas ou ocorrências policiais de gravidade, sendo um evento tranquilo e seguro, segundo a PM.
A reclamação fica por conta dos comerciantes credenciados, que afirmam que o comércio ambulante clandestino nas redondezas atrapalhou as vendas.
A festa continua nesta terça-feira (4), com o bloco Cordão Valu na Esplanada Ferroviária e o segundo dia de desfile das escolas de samba na Avenida Alfredo Scaff, ao lado da Praça do Papa.
O número total do público diverge entre as estimativas da Guarda Civil Metropolitana e da Polícia Militar.
Conforme a Guarda Municipal, no dia 28 de fevereiro, foram 10 mil pessoas na Esplanada Ferroviária, nos blocos Farofolia, Reggae e Só Love, e 400 pessoas no Teatro de Arena do Horto Florestal, no bloco Nada Sobre Nós.
No sábado (1º), foram 12 mil pessoas na Esplanada Ferroviária e no domingo (2), 15 mil. Já na segunda-feira (3), a estimativa foi de 10 mil pessoas na Esplanada, 1,5 mil na Orla Ferroviária e 4 mil pessoas na Praça do Papa.
Desta forma, conforme os números da Guarda Municipal, o Carnaval reuniu 49,3 mil pessoas.
Já o balanço parcial da Polícia Militar aponta que o público foi de 20 mil pessoas por dia de folia, em média. Desta forma, o público seria de 80 mil pessoas. A assessoria informou, no entanto, que os números oficiais serão divulgados apenas após o fim de todos os eventos carnavalescos.
Tranquilidade
A Polícia Militar de Mato Grosso do Sul ficou responsável pelo policiamento na Esplanada Ferroviária, com cerca de 400 policiais militares empregados na segurança do evento diariamente.
Até a tarde desta quarta-feira (4), não foram registradas ocorrências de gravidade relacionadas à folia, nem "badernas" na dispersão, como já ocorreu em anos anteriores.
A corporação informou que foram seis ocorrências registradas no total.
Em entrevista coletiva na semana passada, o coronel Emerson de Almeida, comandante de policiamento metropolitano da Polícia Militar, disse que a agenda de organização das forças de segurança começou em 15 de fevereiro.
"Nós estamos com a média de 400 policiais empregados. Trabalhar para que a gente consiga levar segurança de qualidade, que as pessoas possam se divertir com a família e aquele também não gosta do Carnaval e possa ser preservado nesses dias", disse.
Além da PM, a Guarda Civil Metropolitana também faz a segurança da região, com 397 guardas, 70 motos e outras 40 viaturas de quatro rodas, rondando entre os pontos de folia para além da Esplanada, como na Orla Morena e Praça do Papa.
Comerciantes reclamam
Comerciantes reclamam da desorganização na fiscalização de ambulantes clandestinos (Foto: Gerson Oliveira / Correio do Estado)A comerciante Vera Espíndola, 65 anos, trabalha no Carnaval há dois anos, vendendo adereços, e afirmou que as vendas foram boas, mas que o movimento foi menor do que no ano passado.
Izabela Cristina, 22 anos, trabalhou pela primeira vez na festa, mas também afirma que o movimento não foi tão bom.
"É minha primeira vez vendendo no Carnaval, mas pelo que os vizinhos que estão há mais tempo relatam que o movimento foi bem fraco, de pessoas e de saída de pessoas", disse.
Já o vendedor Miguel Barros reclamou da desorganização com relação a fiscalização de ambulantes clandestinos, que acabam sendo uma concorrência desleal.
Para poder vender nos blocos, os vendedores precisaram passar por um processo seletivo, onde era necessário cumprir alguns requisitos, o que
"Com a nova organização que está tendo, na verdade é uma desorganização. Os ambulantes estão deixando a gente muito à mercê, principalmente porque os próprios ambulantes não tem consenso, cada um pensa em si, o preço é muito baixo das bebidas, uma desorganização", disse.
Ele acrescentou que muitos montaram barracas apenas um dia e não voltaram mais, pelas poucas vendas.
"O ambulante clandestino passa pela barreira e ninguém faz nada, mas quando chega 23h30, que o nosso trato é parar de vender a meia-noite, eles já passam nas barracas às 23h30 pedindo para parar de vender para eles [organização] irem embora mais cedo", reclamou.
A concorrência faz com que os demais precisem também baixar os preços, para não sair em total prejuízo, segundo a vendedora Daniela Cristina.
"Se você não baixar, vai perder o seu investimento. As pessoas acabam sendo obrigadas a baixar para pelo menos recuperar o gasto, porque lucro está difícil", afirmou.
Além dos clandestinos que conseguem entrar na área demarcada, há muitos que ficam antes das barreiras, também com preços mais baixos do que o praticado nos blocos.
Folia para todas as idades
A produtora cultural Silvana Valu, responsável pelo Cordão Valú, ressaltou a pluralidade da festa.
"No sábado tivemos cerca de 25 mil pessoas no Cordão Valú, foi muito animado, muito lindo e hoje a expectativa é de mais gente. Esse ano tivemos várias participações especiais, trouxemos todo um repertório voltado para o movimento negro, a questão das homenagenas que a gente fez ao bloco Ilê Aiyê e ao Grupo Tez", disse.
Os foliões de todas as idades curtiram a festa, desde crianças até idosos. Isto porque, como de costuma, a programação em todos os dias começou às 15h, com matinê para os pequenos, e seguiu até meia-noite, com a festa voltada para o público adulto.
Marina Benício, 31 anos, levou o filho Gabriel, de 1 ano e 2 meses, para curtir o primeiro bloco dele.
"O meu filho mais velho tem 7 anos e eu trago ele desde os seis meses. Todo ano a gente vem, esse é o primeiro dele [Gabriel]. Eu sempre venho no penúltmo ou no último dia para eles poderem curtir o Carnaval", contou.
A professora Tânia Cardoso da Silva, 64 anos, também curte o carnaval de rua há anos em Campo Grande.
"Neste ano está bem tranquilo, muito organizado. O ano passado estava muito lotado, esse ano está mais tranquilo", disse, parabenizando a organização pela valorização da cultura.
* Colaborou Lucas Caxito