Polícia

Propina milionária

Traficante de MS é suspeita de comprar sentença por R$ 3,5 milhões na Justiça Federal

Foragida, a narcotraficante Karine Campos é peça frequente em investigações nacionais e internacionais e estaria ligada a compra de sentença de desembargador

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Foragida, a narcotraficante sul-mato-grossense Karine Campos é apontada pela Polícia Federal (PF) como financiadora de uma propina de R$ 3,5 milhões, supostamente paga ao juiz federal Cândido Ribeiro,- lotado no do Tribunal Regional da 1ª Região -, em troca da soltura de um traficante. 

Condenada a 17 anos de prisão pela Justiça Federal em São Paulo em 2020, Karine Campos, conhecida como "rainha do pó", é apontada pela PF como a maior exportadora de cocaína via portos do país.

De acordo com a polícia, a traficante de Mato Grosso do Sul pode estar foragida no Paraguai ou na Bolívia.

Apesar da condenação recente, a polícia busca a narcotraficante desde 2021, uma vez que Karine Campos infringiu uma decisão do Superior Tribunal de Justiça (STJ) em virtude de dois filhos menores que, necessitavam da presença da mãe, em prisão domiciliar desde então.

Como revelou a Folha, ao longo da investigação da operação Habeas Patter, a Polícia Federal monitorou o encontro de parentes de Leonardo Nobre, um integrante do grupo da Rainha do Pó, com pessoas ligadas ao juiz federal Cândido Ribeiro, entre elas o advogado Ravik Ribeiro, filho do juiz.

Os investigadores chegaram a pedir a prisão do magistrado, mas a ministra Laurita Vaz, do Superior Tribunal de Justiça (STJ), negou a solicitação. A investigação começou após uma apreensão de 175 quilos de cocaína em Lisboa, Portugal.

"Foi identificado na investigação sujeito conhecido como 'Negão', alcunha de Davidson Soares, braço direito a serviço da 'Patroa' ou 'Madrinha' ou 'Mãe" ou 'Esmeralda', codinomes de Karine Campos, mulher referida como a maior traficante do país, mas sediada na Bolívia ou Paraguai, pessoa quem liberaria o dinheiro necessário para o pagamento de propina no valor de R$ 5 milhões para obtenção da soltura de Leonardo Nobre", diz trecho da decisão do STJ que autorizou busca em endereços do juiz federal.

A Folha procurou o juiz e seu filho. Em nota, o gabinete do juiz disse que a investigação corre em sigilo e não tem nada a declarar.

Em um primeiro momento, a propina paga seria de R$ 5 milhões, mas, após esses parentes encontrarem pessoalmente Ravik Ribeiro, diz a PF, o valor acertado foi de R$ 3,5 milhões.

Após esse encontro, um habeas corpus cujo julgamento estava previsto para 7 de março de 2022 foi tirado da pauta do TRF-1 --à época, o juiz Cândido Ribeiro estava de férias.

No dia 19 do mês seguinte, no entanto, Nobre teve a prisão revogada com base no voto de Cândido Ribeiro. A prisão foi substituída pelo monitoramento eletrônico.

A PF continuou com a investigação e, dias depois, soube, por meio de ligações telefônicas, do planejamento de uma reunião entre o traficante, agora solto, sua irmã e o filho do juiz.

"O encontro se deu exatamente 19 dias depois de Leonardo Nobre obter decisão favorável à sua liberdade exarada pelo desembargador Cândido Ribeiro, pai de Ravik, e chamou atenção que no início do encontro Leonardo estava com uma caixa em suas mãos que ao final do encontro passou para as mãos de Ravik", diz a PF.

Histórico

Na mira de investigadores especializados na repressão ao tráfico de entorpecentes desde 2011, Karine Campos apareceu como alvo da operação Maia, da Polícia Civil da Bahia. Três anos mais tarde,novamente na Bahia, foi investigada na operação Twister, da PF.

Em 2019, dessa vez no Porto de Santos (SP), Karine Campos aparece como líder da organização criminosa que teria exportado cerca de 6 toneladas de cocaína para países da Europa.

Um relatório de análise, produzido pelos investigadores da operação Alba Vírus e citado pelo juiz do caso na sentença que a condenou pelo tráfico, aponta arrecadação de quase R$ 1 bilhão pelo grupo com a venda da droga.

Nesse caso, de acordo com a Folhapress, a PF alcançou a Rainha do pó após encontrar documentos falsos utilizados por ela em uma residência na qual foi apreendida parte da droga movimentada pelo grupo.

Os investigadores seguiram as informações coletadas com os envolvidos diretamente no tráfico de cocaína e encontraram uma rede de pessoas usadas como laranjas em empresas, imóveis urbanos e veículos.

Patrimônio

Donas de casas, veículos de luxo, joias e outros bens, Karine Campos é dona de uma fazenda adquirida por R$ 12 milhões no Mato Grosso do Sul. De acordo com a PF, ao menos R$ 1,7 milhão em jóias foram apreendidas em uma das buscas. 

Entre as empresas atreladas a Karine Campos estão transportadoras utilizadas para movimentar a cocaína até diversos portos brasileiros. 

"Importa destacar que, pelas informações obtidas, os contêineres contaminados com a cocaína não eram embarcados somente pelo porto de Santos (SP), mas também por Navegantes (SC), Paranaguá (PR) e possivelmente outros, inclusive no Nordeste. Desse modo, é possível concluir que a organização criminosa possuía galpões em mais de um Estado da Federação", diz trecho da sentença que condenou Karine em Santos.

Modus operandi

De acodo com os investigadores, Karine Campos é lider de um grupo especializado na técnica "rip on/rip off", especializado em passar a droga pelas fiscalizações nos portos brasileiros.

"[A técnica] consiste na interceptação de unidades de carga, na maioria das vezes com a conivência dos motoristas, para carregá-las com cocaína, que é escondida em meio a carga lícita sem conhecimento do exportador, o que exige que o processo seja feito com celeridade e, normalmente, próximo aos portos de embarque, para que os motoristas não precisem se desviar das rotas", explica a sentença da operação Alba Vírus.

Novos rumos

Fontes ligadas à PF disseram que o Karine e o marido, Marcelo Mendes possuem ligação ao ex-major da PM do Mato Grosso do Sul, Sérgio Roberto de Carvalho, 63, chamado na Europa de "Escobar brasileiro". Considerado um dos maiores narcotraficantes do mundo, foi preso na Hungria ano passado.

Segundo a PF, as investigações começaram em 2021 e identificaram três dos maiores traficantes em atividade no Brasil. Um deles é o Major Carvalho. As fontes garantem que os outros dois são justamente Karine e Marcelo, ambos são procurados pela Interpol. 

*com informações de Folha de São Paulo e UOL**

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Operação Uxoris

Denúncia de ex-esposa desencadeou operação contra lavagem de dinheiro e contrabando

Mulher descobriu diversos tributos fiscais desconhecidos em seu nome, feitos pelo ex-marido, e acionou a PF

03/12/2025 11h30

Chefe da delegacia de repressão a crimes fazendários, delegado Anezio Rosa de Andrade

Chefe da delegacia de repressão a crimes fazendários, delegado Anezio Rosa de Andrade MARCELO VICTOR

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Operação Uxoris, deflagrada pela Polícia Federal (PF) e Receita Federal (RFB) nesta quarta-feira (3), surgiu a partir da denúncia da ex-esposa de um dos integrantes da organização criminosa, que utilizava os documentos pessoais dela para abrir pessoas jurídicas (PJs), sem autorização, para praticar delitos.

A partir disso, ela descobriu diversos tributos fiscais desconhecidos em seu nome e acionou a PF. Em posse das informações, PF e RFB iniciaram as investigações há dois anos e desencadearam a Operação Uxoris, cujo nome faz referência a essa situação conjugal.

"A investigação começou a partir de uma denúncia apresentada pela ex-esposa, de um dos integrantes do grupo criminoso, ela comunicou a Polícia Federal a utilização de seus documentos pessoais para abertura de pessoas juridicas que estariam sendo utilizadas para a pratica desses delitos, gerando passivos tributarios, sem autorização dessa senhora. A partir disso, a Polícia Federal iniciou as investigações da Operação Uxoris, em referencia justamente a essa outorga conjugal”, detalhou o chefe da delegacia de repressão a crimes fazendários, delegado Anezio Rosa de Andrade.

OPERAÇÃO UXORIS

Efetivo de 70 servidores, sendo 50 policiais federais e 20 agentes da Receita Federal, alocados em 12 viaturas, deflagram a Operação Uxoris, na manhã desta quarta-feira (3), em Mato Grosso do Sul e São Paulo (SP).

Ao todo, nove mandados de busca e apreensão foram cumpridos, sendo oito em Campo Grande (MS) e um em Osasco (SP). Na Capital sul-mato-grossense, os mandados foram cumpridos no Centro, bairro Universitário, Vila Nhá-Nhá, entre outros locais.

A operação visa desarticular uma organização criminosa especializada no contrabando, descaminho e importação fraudulenta de grande quantidade de mercadorias sem documentação fiscal e sem comprovação de alfândega.

Esses produtos - eletrônicos, brinquedos, utensílios domésticos e acessórios eletrônicos- eram vendidos em lojas online (marketplace) e lojas físicas, todas localizadas em Campo Grande (MS). As mercadorias eram distribuídas em todo o território nacional.

Os itens são oriundos de vários países e entraram no País através da fronteira Brasil/Paraguai.

Ao todo, 20 pessoas físicas e jurídicas, envolvidas na operação, tiveram o sequestro de bens móveis, imóveis e valores no montante de R$ 40 milhões. Wellington da Silva Cruz, policial militar, é um dos integrantes do grupo criminoso.

Além disso, 14 empresas envolvidas no esquema tiveram as atividades suspensas.

O grupo criminoso utilizava a modalidade de pagamento “dólar-cabo”, que é um sistema informal de transferência de dinheiro para o exterior.

Em vez de enviar o dinheiro fisicamente, a pessoa no Brasil paga em reais a um "doleiro", que então garante que a mesma quantia seja entregue em dólares em uma conta no exterior. Essa operação é frequentemente utilizado em atividades ilícitas e considerada crime de evasão de divisas.

O objetivo é combater o descaminho, contrabando, lavagem de dinheiro, organização criminosa, sonegação fiscal, concorrência desleal e demais crimes transacionais e de ordem tributária e aduaneira em Mato Grosso do Sul.

De acordo com o delegado da PF, Anezio Rosa de Andrade, os crimes desencadeiam em concorrência desleal, que é é algo que prejudica os comerciantes que pagam os devidos impostos.

“Um comerciante que faz o pagamento formal, que tem a sua empresa regularizada, muito dificilmente consegue concorrer com outras empresas, com outros comerciantes, que não atuam da mesma forma. Então, o nosso objetivo também, além de combater a questão aduaneira e tributária, é também fortalecer a concorrência lícita dentro do território nacional”, explicou.

Operação Uxoris

PF e Receita desmantelam esquema de contrabando de mercadorias ilegais

Nove mandados de busca e apreensão foram cumpridos em Campo Grande (MS) e Osasco (SP)

03/12/2025 08h15

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Polícia Federal (PF) e Receita Federal (RFB) cumpriram nove mandados de busca e apreensão, na manhã desta quarta-feira (3), durante a Operação Uxoris, em Campo Grande (MS) e São Paulo (SP).

Na Capital sul-mato-grossense, os mandados supostamente foram cumpridos nos altos da avenida Afonso Pena e bairro Universitário.

A operação visa desarticular uma organização criminosa especializada no contrabando, descaminho e importação fraudulenta de grande quantidade de mercadorias sem documentação fiscal e sem comprovação de alfândega.

Conforme apurado pela reportagem, os produtos eram distribuídos em todo o território nacional, por meio de vendas online (marketplace) e através de lojas físicas localizadas em Campo Grande (MS).

De acordo com a PF, o grupo criminoso utilizava a modalidade conhecida como dólar-cabo para efetuar pagamentos das mercadorias, realizando remessas ilegais de valores ao exterior mediante compensações financeiras irregulares.

Ao todo, 20 pessoas físicas e jurídicas, envolvidas na operação, tiveram o sequestro de bens móveis, imóveis e valores no montante de R$ 40 milhões.

Além disso, 14 empresas envolvidas no esquema tiveram as atividades suspensas.

O objetivo é combater o descaminho, contrabando, lavagem de dinheiro, organização criminosa, sonegação fiscal, concorrência desleal e demais crimes transacionais e de ordem tributária e aduaneira em Mato Grosso do Sul.

CONTRABANDO E DESCAMINHO

Contrabando e descaminho são crimes relacionados à importação e exportação de mercadorias. Contrabando é a importação ou exportação de mercadorias proibidas.

Descaminho é à importação ou exportação de mercadorias lícitas sem o pagamento dos tributos devidos. A principal diferença reside na natureza da mercadoria: no contrabando, a mercadoria é proibida; no descaminho, a mercadoria é legal, mas o tributo não é pago.

Dados divulgados pela Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública (Sejusp-MS) apontam que 68 ocorrências de contrabando e 56 de descaminho foram registradas, entre 1º de janeiro e 27 de novembro de 2025, em Mato Grosso do Sul.

Em relação ao descaminho, 0 ocorreu em janeiro, 11 em fevereiro, 2 em março, 5 em abril, 5 em maio, 2 em junho, 5 em julho, 9 em agosto, 4 em setembro, 11 em outubro e 2 em novembro.

Em relação ao contrabando, 2 ocorreram em janeiro, 8 em fevereiro, 4 em março, 2 em abril, 9 em maio, 9 em junho, 5 em julho, 8 em agosto, 4 em setembro, 13 em outubro e 4 em novembro.

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