Em entrevista exclusiva ao Portal Correio do Estado, o policial de 39 anos, que preferiu não se identificar, contou que resolveu intervir depois que presenciou George da Silva Freitas, de 28 anos, desferindo um tapa no rosto do filho, de apenas dois anos. O fato aconteceu na noite de sexta-feira (2), no estacionamento do Mercado Mister Júnior, no Bairro Estrela do Sul, em Campo Grande.
O policial contou que esperava a filha sair do mercado, quando viu um rapaz empurrando um carrinho de compras com um garoto acomodado no bebê conforto. Em seguida, ouviu a criança chorando e ao olhar novamente presenciou o pai desferindo um tapa no rosto do menino.
“Um tapa no rosto de uma criança, você não vai ponderar se foi forte ou não porque é uma violência”, explicou, contando que ao se aproximar se identificou e perguntou o motivo da agressão.
George então teria respondido que ele era o pai e educava do jeito que achava melhor. Neste momento, foi informado que havia praticado crime e recebeu voz de prisão. “Ele estava sozinho com a criança. Depois saíram do mercado a esposa, uma senhora e outra criança. Nenhum familiar presenciou a agressão, nem a prisão. Quando a esposa se aproximou eu expliquei que o marido havia agredindo o menino e por isso estava preso”.
O policial contou que Lana Duarte, 24 anos, defendeu o marido, considerou justa a agressão e ameaçou processá-lo.
“Eu só algemei o pai porque ele foi conduzido em um carro particular até a Depac Centro”, esclareceu o policial, que também considerou prudente o uso das algemas porque George relutou em atender ordem de prisão e encostar no veículo para ser submetido a revista pessoal, que é procedimento de segurança.
Na unidade policial foi elaborado Termo Circunstanciado de Ocorrência (TCO), assinado por George, que se comprometeu a comparecer em juízo e foi liberado. O caso foi registrado como maus tratos qualificado porque a vítima é menor de 14 anos.
EXEMPLO E RESPEITO
Policial há 11 anos e pai de quatro filhos, ele disse que educa com bons exemplos e com respeito. “Não é necessário agredir daquela forma para educar, quanto mais uma criança de dois anos”, ponderou.
Com relação a humilhação que a família do garoto disse ter sofrido, o policial rebateu: “a única pessoa que foi humilhada foi a criança, que levou um tapa no rosto em público a pretexto de apanhar para não virar bandido. Com base na experiência que tenho como policial, posso dizer que as pessoas que prendo e que se envolvem no mundo do crime foram agredidas quando criança”.
OUTRA VERSÃO
Lana contou ao Portal Correio do Estado que fazia compras com o marido, o filho e a mãe. Depois de tudo comprado, ela foi para o caixa e pediu para que o marido levasse o menino até o carro, depois de ele começar a fazer birra e tentar se jogar no chão.
"Criança não pode ver brinquedo, que já quer. Meu filho começou a querer, se jogar do carrinho e como eu estava no caixa, pedi para o meu marido já ir para o carro", disse a mulher.
Segundo a jovem, o filho continuou a espernear e comia um "salgadinho". Sujo com os farelos do alimento, a criança começou a ser limpa pelo pai. O marido limpou a boca da criança e deu um tapa de advertência na perna do menino. Foi aí que toda a confusão começou.
"O policial perguntou ao meu marido por que ele estava batendo na criança. Meu marido respondeu que estava educando o nosso filho. Nesse momento, o policial disse que era proibido bater em crianças e deu voz de prisão ao meu marido", disse Lana.
De acordo com Lana, a ação do policial ocorreu em frente da mãe da jovem, dos filhos, sobrinho e todos os clientes do mercado.