Cidades

PANDEMIA

Promotoria cobra medidas na justiça para frear colapso em Campo Grande

Ministério Público do Estado visitou hospitais na Capital e flagrou pacientes recebendo oxigênio no corredor

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O Ministério Público de Mato Grosso do Sul (MPMS) abriu uma ação contra os poderes públicos da Capital e do Estado para tentar conter o colapso de leitos na saúde pública. A medida foi tomada após a equipe do ministério visitar as unidades de saúde e observar a falta de leitos para o tratamento da Covid-19. Antes mesmo da decisão do juiz, a medida já recebeu apoio, como do ex-ministro da saúde, Luiz Henrique Mandetta.  

Em coletiva de imprensa realizada nesta quarta-feira (16), a promotora de Justiça da Saúde Filomena Aparecida Depolito Fluminhan afirmou que a ação solicita a abertura de 30 leitos de unidade de terapia intensiva (UTI) em cinco dias, destinados para o tratamento de Covid-19. “Esse [30 leitos] é o equivalente a 15% do número de leitos de UTI Covid-19 na Capital, hoje nós temos 182 leitos de UTI Covid-19 adulto. Entendemos que há necessidade de ampliação emergencial no prazo de cinco dias, pois não podemos permitir que pacientes fiquem no corredor do hospital”, detalha.

Segundo a promotora, o MPMS decidiu abrir ação após vistoria feita no Hospital Regional, referência no tratamento da doença, e em outros três hospitais que têm convênio com o Sistema Único de Saúde (SUS) em Campo Grande. Em todos os hospitais, a situação era de superlotação, com mais de 90% dos leitos para Covid-19 ocupados.

A promotora detalha que no Hospital Regional os leitos estavam todos ocupados e pessoas estavam recebendo oxigênio em leitos no corredor do local.  

Ultimas noticias

Além da abertura de leitos, Fluminhan explica que a ação solicita que sempre que a taxa de ocupação de leitos de UTI do Estado atingir 85% devem ser ampliados mais 10% do total de leitos destinados apenas para o tratamento da Covid-19. De acordo com a promotora, a ação foi ajuizada terça-feira (15) e ainda vai ser apreciada pelo judiciário.

“Esse súbito aumento ocorreu do dia 8 pra cá, foi menos de uma semana em que tudo ficou lotado, é muito rápido. Esses leitos poderão ser abertos onde o Município entender que for melhor e onde for possível”, detalha.

Segundo a promotora, a situação não é apenas no Hospital Regional. O Hospital do Pênfigo possui 20 vagas disponibilizadas para o tratamento da doença e na segunda-feira (14) 15 leitos já estavam ocupados.  

Na Santa Casa, onde foram ampliados 10 leitos na segunda-feira, totalizando 20, já estavam com 18 leitos ocupados no mesmo dia. No Hospital El Kadri, as 10 vagas destinadas para pacientes Sus Covid-19 também estavam lotadas.  

Na Clínica Campo Grande, a situação era a mesma, onde os 15 leitos para Covid-19 estavam ocupados.

“Preocupados que as medidas restritivas não estão sendo suficientes, as internações aumentaram consideravelmente, a taxa de transmissão está 50% maior que foi no pico em agosto, precisamos de medidas suficientes de poderes públicos, que devem prover esses leitos UTI SUS, que sejam suficientes para o atendimento da população”, relata.  

Decisão

O ex-ministro da saúde Luiz Henrique Mandetta afirmou em entrevista ao Correio do Estado que o Ministério Público agiu corretamente. “Viver ou morrer é designo de Deus, agora ter o direito de lutar pela vida, de ter o acesso ao leito é dever do Estado, está na constituição. Se vai tocar a vida como estamos tocando, está certo o MP, precisa ter um plano de expansão de leitos”, explica.  

De acordo com Mandetta, há três eixos importantes no combate ao vírus, a prevenção, a assistência e a pesquisa. “Quando você diminui a prevenção, você tem de aumentar a atenção. Uma é diretamente ligada a outra”, ressalta.  

Segundo o ex-ministro da saúde, mesmo se fosse decretado um lockdown, ou seja, o fechamento completo dos serviços não essenciais, o Natal e o Ano Novo seriam de alta de casos e de superlotação nos hospitais. “Tem de ofertar leitos na proporcionalidade da vida que você quer levar. Se parassem hoje de funcionar tudo, ainda levaria 14 dias pagando o que você fez até o dia de hoje, para depois ela demonstrar uma queda. Se fechasse tudo, lockdown geral em Campo Grande, não ia mudar nada no Natal. Iríamos ter o mesmo número de casos que a gente plantou há uma semana”, frisa.

Medidas de restrição

A promotora Filomena Aparecida Depolito Fluminhan ainda destacou a recusa do Município e do Comitê de Enfrentamento à Covid-19 em adotar medidas mais rígidas para tentar frear a proliferação do vírus na Capital.  

Em reunião realizada no dia 14, o MPMS propôs que todos os eventos fossem proibidos, que o toque de recolher começasse a partir das 21h, e não às 22h, e que ficasse proibida a venda de bebidas alcoólicas até o próximo dia 15.

As medidas foram aceitas apenas pela Defensoria Pública e pelo Ministério do Trabalho, os demais setores de serviços presentes, o Comitê e o gestor da Capital recusaram as mudanças.

No entanto, a decisão foi de que a ocorrência de festas e eventos, como shows e apresentações serão vedados, exceto em ordem corporativa ou religiosa. Nos eventos permitidos, a capacidade máxima será de 40% total e terão limitação de 80 pessoas.

Leitos para Covid

De acordo com o sistema Mais Saúde, do Governo do Estado, atualmente em Mato Grosso do Sul são 372 leitos de UTI destinados apenas para tratamento de Covid-19. A taxa de ocupação desses leitos chega a 96,51%, com apenas 13 disponíveis em todo o Estado. Portanto, a taxa para leitos de UTI geral já está em 88,52% de ocupação.

A taxa de ocupação global de leitos UTI da rede pública de saúde atinge níveis alarmantes no Estado, com a macrorregião de Campo Grande registrando 112,80% de ocupação dos leitos de UTI destinados para o tratamento da Covid-19. Os leitos de UTI geral estão com taxa de 93,82% na Capital

Segundo o Boletim Epidemiológico da Secretaria Estadual de Saúde (SES), publicado na manhã desta quarta-feira (16), em 24 horas Mato Grosso do Sul registrou 1.981 casos e 11 novas mortes, ficando com a média móvel de contágio em 1,7%.  

O estado soma  116.612 casos confirmados de Covid-19, 1.978 óbitos pela doença e 99.658 recuperados. Em isolamento domiciliar encontram-se 14.329 doentes. Há 647 pessoas internadas, sendo 345 em leitos clínicos e 302 em leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI).

Campo Grande segue na liderança como cidade com mais casos e registrou de ontem para hoje 765. Já Dourados marcou 271; Maracaju, 102; Três Lagoas, 67; Chapadão do Sul, 45; Anastácio, 39 e Amambaí, 37.

Campo Grande registrou cinco do total de mortes, Ponta Porã, Amambaí, Antônio João, São Gabriel do Oeste, Rio Verde de Mato Grosso e Maracaju apresentaram uma morte cada nas últimas 24 horas.

Multa

Além das medidas, o Ministério Público solicita que a caso a Prefeitura de Campo Grande e o Governo do Estado não cumpram a determinação, seja estipulada a multa diária de descumprimento da ordem judicial no valor de R$ 50 mil. Ainda segundo o processo dada a relevância e gravidade da situação, o valor da multa deve ser revertido em favor de fundo específico a ser criado, cujo recurso somente poderá ser aplicado na estruturação dos serviços públicos de saúde. 

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Pesquisa

Wolbachia reduziu mais de 60% dos casos de dengue em Campo Grande

O cientista brasileiro criador do "bloqueador da dengue", Luciano Andrade Moreira, foi escolhido pela revista Nature como uma das 10 pessoas que moldaram a ciência em 2025

08/12/2025 18h00

Casos de dengue reduzem em MS

Casos de dengue reduzem em MS Divulgação

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Um estudo conduzido pela Fiocruz juntamente com as universidades de Yale, Stanford, Johns Hopkins, de São Paulo (USP) e Monash University, na Austrália, pelo World Mosquito Program (WMP) e pelas secretarias Municipal de Saúde de Campo Grande e Estadual de Saúde de Mato Grosso do Sul, divulgaram uma análise detalhada da soltura em massa dos mosquitos Aedes aegypti com a bactéria Wolbachia para frear os casos de dengue em Campo Grande. 

Os resultados da análise mostraram uma redução de 63,2% em 2024 na incidência da doença em áreas onde a Wolbachia atingiu níveis estáveis na população de mosquitos, após a soltura entre 2020 e 2023. 

A liberação dos mosquitos com a bactéria foi realizada de forma contínua pelos três anos, abrangendo seis grandes zonas urbanas e totalizando mais de 100 milhões de insetos liberados. 

A técnica introduz a bactéria Wolbachia, que já é comum em cerca de 60% dos insetos, no mosquito Aedes aegypti. A presença dessa bactéria dificulta a proliferação do vírus dentro do mosquito, o que diminui a sua capacidade de transmitir doenças. 

No ano de 2024, a prevalência média da bactéria nos mosquitos era de 86,4%. Quase 90% das áreas monitoradas alcançaram prevalência igual ou superior a 60%, considerado indicador de estabilidade. 

Ao todo, foram monitoradas as 1.677 ovitrampas distribuídas pela cidade, o que permitiu o acompanhamento do avanço da Wolbachia a cada mês. 

A análise da série histórica de casos de dengue, que começaram a ser monitorados em 2008, mostrou que, após a intervenção da bactéria, a cidade deixou de sofrer grandes surtos como os observados antes da intervenção. 

Antes da implementação, os casos anuais frequentes ultrapassavam 4.700 registros. Nos anos seguintes, os números se estabilizaram em números menores: 

  • Em 2021: 410 casos
  • Em 2022: 8.045 casos
  • Em 2023: 11.406 casos
  • Em 2024 (até setembro): 605 casos

Atualmente, foram confirmados 8.372 casos de dengue em Mato Grosso do Sul até a última sexta-feira (5).

Foram confirmadas 18 mortes em decorrência da doença e outras 7 estão em investigação. 

Esse número é 60% menor que o número de mortes registrado no mesmo período referente ao ano passado, quando o Estado já contabilizava 30 óbitos confirmados. 

O número também é menor que o registrado no mesmo período em 2023, quando foram registrados 43 óbitos pela doença. Em 2022, foram 24 mortes na janela de tempo. 

Além disso, no mesmo período, foram notificados 8 mil casos a menos de janeiro a outubro deste ano com relação ao mesmo período no ano passado. 

O método

O projeto de liberação dos mosquitos do Aedes aegypti com a bactéria da Wolbachia espalhou pelas sete regiões de Campo Grande 102 milhões de mosquitos.

De acordo com o World Mosquito Program (WMP), responsável por implementar o método em Campo Grande,  a prevalência da Wolbachia na população de mosquitos na Capital aumentou constantemente, sendo que em algumas áreas à prevalência deste inseto que impede a fecundação dos ovos do mosquito da dengue varia de 70% a 100%.

Ao longo das liberações, que aconteceram em seis etapas, mais de 2,5kg de ovos de mosquitos foram eliminados, segundo a WMP. As fases realizadas do projeto atingiram aproximadamente 130 mil pessoas por fase. 

Além da liberação dos mosquitos nos bairros, a pesquisa também desenvolveu outros métodos, como a iniciativa “Wolbito em casa” e a instalação de uma biofábrica na sede do Laboratório Central de Mato Grosso do Sul (Lacen/MS), para produzir milhões de mosquitos com a bactéria Wolbachia usados para o enfrentamento da Dengue, Zika e Chikungunya, doenças transmitidas pelo Aedes.

Nature’s 10

O engenheiro agrônomo Luciano Andrade Moreira, cientista estudioso do uso da bactéria Wolbachia para bloquear a transmissão do vírus da dengue, zika e chikungunya no mosquito Aedes aegypti, foi escolhido pela revista Nature como uma das dez pessoas ao redor do mundo que moldaram a ciência em 2025, configurando na lista “Nature’s 10”. 

A técnica desenvolvida a partir de sua pesquisa em parceria com outros cientistas foi chamada de “Método Wolbachia”, mostrando que os mosquitos portadores da bactéria têm menor probabilidade de contrair os vírus. 

Assim, a aplicação do método pode ser decisiva no controle de doenças. 

Os mosquitos infectados com a bactéria, chamados de wolbitos, ao serem liberados em áreas urbanas se reproduzem com outros Aedes aegypti, reinfectando a bactéria para novas gerações de mosquitos. 


 

TEMPO

Pancada de chuva atinge Campo Grande devido a ciclone que passa pelo Sul do Brasil

Em MS, a atuação indireta de ciclone extratropical pode favorecer a formação de chuvas intensas e tempestades

08/12/2025 17h34

Chuvas intensas estão previstas para todo o Estado durante a semana

Chuvas intensas estão previstas para todo o Estado durante a semana Foto: Gerson Oliveira / Correio do Estado

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O ciclone que está previsto para atingir a região Sul do Brasil começa a fazer efeito nos municípios de Mato Grosso do Sul. Na tarde desta segunda-feira (8), uma pancada de chuva atingiu Campo Grande, acumulando cerca de 10,8 mm e mantendo a temperatura em 22°C, dando um alívio no calor.

De acordo com o Centro de Monitoramento do Tempo e do Clima (CEMTEC), o aprofundamento rápido de um sistema de baixa pressão atmosférica dará origem a formação de um ciclone extratropical no centro-sul do Brasil.

No Estado, a atuação indireta do ciclone extratropical pode favorecer a formação de chuvas intensas e tempestades, que podem vir acompanhadas de raios e fortes rajadas de vento e eventual queda de granizo.

Confira os maiores acumulados de chuvas em MS desde a madrugada

Chuvas intensas estão previstas para todo o Estado durante a semana

Como adiantado pelo Correio do Estado, as chuvas, embora irregulares, devem ser de valor excessivo, podendo acumular volumes de 100 a 200 milímetros em setores isolados. As pancadas devem seguir durante toda a semana.

De acordo com o Instituto Nacional de Meteorologia (INMET), Mato Grosso do Sul está, novamente, em alerta de perigo para chuvas intensas, especialmente na metade norte do Estado.

Previsão do tempo

De acordo com o CEMTEC, o tempo segue com instabilidade durante a terça-feira (9).  A presença de muita nebulosidade favorece a formação de chuva em diversas regiões do Estado, com acumulados que podem superar os 40 mm em 24 horas em alguns pontos. 

Chuvas intensas estão previstas para todo o Estado durante a semanaEscreva a legenda aqui

As regiões Sul, Cone-Sul e Grande Dourados têm previsões de mínimas entre 20-22°C e máximas entre
24-29°C.

As regiões Pantaneira e Sudoeste marcam mínimas entre 21-23°C e máximas entre 25-31°C.

Regiões do Bolsão, Norte e Leste com mínimas entre 21-23°C e máximas entre 24-29°C.

Na Capital, as mínimas serão entre 20-23°C e máximas entre 22-25°C.

Os ventos atuam entre o quadrante norte e oeste com valores entre 40-60 km/h e, pontualmente, podem ocorrer rajadas de vento acima de 60-80 km/h

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