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Proteção à onça-pintada pode render R$ 8,6 milhões em projeto inédito

Instituto do Homem Pantaneiro conseguiu certificação para vender crédito de biodiversidade baseado na preservação da espécie

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Um dos símbolos do Pantanal Sul-Mato-Grossense, a onça-pintada agora também se tornou um grande ativo para produtores que convivem em harmonia com o animal. Isso porque o Instituto do Homem Pantaneiro (IHP) conseguiu a certificação para um projeto de crédito de biodiversidade baseado na preservação desta espécie. O projeto, que começou agora a venda de créditos, pode faturar, pelo menos, R$ 8,6 milhões.

De acordo com o diretor-presidente do IHP, Ângelo Rabelo, a venda de crédito por biodiversidade é inédita no Brasil e esse projeto voltado às onças-pintadas nunca foi feito no mundo.

Sob o nome de Crédito de Biodiversidade Jaguar, o projeto dispôs de 71.750 créditos de biodiversidade habilitados no mês passado. O valor é alto porque eles se referem a três anos de monitoramento (2021 a 2023) de duas onças-pintadas em uma área de 40,6 mil hectares localizada na região da Serra do Amolar, no Pantanal de Mato Grosso do Sul. 

A área é composta por três fazendas que são Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN), portanto, são voltadas somente à preservação e à conservação da fauna e da flora presentes.

Para cada crédito é cobrado o valor de US$ 21,00 a US$ 27,00 (valor calculado com base no custo por hectare para a conservação), o que significa dizer que, quando todas as mais de 71 mil cotas forem adquiridas, considerando o menor valor, o projeto terá recebido cerca de R$ 8,6 milhões, levando em conta a cotação atual do dólar, que é de R$ 5,73.

O projeto pode ser feito por 10 anos, pode ser estendido para até 100 anos, e aproveita toda a propriedade, diferentemente do crédito de carbono, que tem uma área específica para ser contabilizada.

Ainda de acordo com o IHP, além da onça-pintada, a iniciativa abre portas para que projetos futuros possam ser desenvolvidos por outros produtores, que, além das onças, podem usar outras espécies ameaçadas, como as araras-azuis e os tamanduás-bandeira.

Segundo o diretor-presidente do IHP, essa ferramenta será mais um benefício para a preservação, mas também para os produtores que decidem manter a conservação do bioma.

“É sempre um desafio, e o Pantanal impõe isso. Quanto vale a natureza? Para o pantaneiro, era uma área que poderia pegar fogo, que poderia ter vários problemas. Agora, aquilo que você não usa é uma moeda também”, afirmou Rabelo.

A ideia agora é que o IHP, com a Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso do Sul (Famasul) e o Senar, mostre o “caminho das pedras” aos produtores que tiverem interesse de implantar um projeto semelhante em sua propriedade para também usar a onça-pintada, ou outro animal da região que esteja na lista de ameaçados, na obtenção de crédito de biodiversidade.

“A partir da manifestação de interesse, a gente mostra o roteiro. Essa metodologia de biodiversidade tem menos tempo que o crédito de carbono, que são pelo menos 30 anos, então, a gente tem uma expectativa positiva”, declarou Rabelo.

A estimativa de população de onças-pintadas no Pantanal é de cerca de 3 mil, com isso, a capacidade para projetos como esse no bioma é gigantesca, de acordo com Rabelo.

Essa ferramenta também é importante para conscientizar os produtores sobre a importância da manutenção desses animais no bioma e evitar a caça, que é considerada crime ambiental.

A novidade foi apresentada nesta sexta-feira, no Dia Internacional das Florestas, ao governador Eduardo Riedel (PSDB).

“É uma grande contribuição de produção da natureza, que abrange carbono, biodiversidade e água, e posiciona Mato Grosso do Sul na agenda global de produção de alimentos e transição energética. É a materialização do conceito e da linha de trabalho”, disse Riedel.

“Esse é praticamente um dos primeiros créditos no mundo de biodiversidade. No caso, especificamente sobre a onça, que é chamado projeto Jaguar, em que é avaliado o habitat desse animal, fazendo a certificação que existe um ambiente adequado para esse animal viver. Então, esse é o crédito que você consegue certificar que aquele ambiente é adequado para aquela espécie”, avaliou o secretário de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação, Jaime Verruck.

OUTRO PROJETO

Além da iniciativa inovadora do crédito de biodiversidade, também foi apresentado no encontro o projeto Fazenda Cristal, que consiste em uma atividade de florestamento com a conversão de área de pasto para uma formação nativa de bambu, planta com forte potencial de remoção de CO2 da atmosfera.

Segundo o sócio-diretor da Vert Ecotech (Fazenda Cristal), Milton Insuela Júnior, o projeto de crédito de carbono da propriedade vende 1,8 mil cotas por ano, com preços que variam de US$ 20,00 a US$ 40,00. 

Saiba

Enquanto o crédito de carbono representa a não emissão de dióxido de carbono na atmosfera e é vendido levando em conta cada tonelada dos gases do efeito estufa não emitida, os créditos de biodiversidade valorizam a proteção de espécies e ecossistemas, criando um mercado voluntário para que investidores contribuam com a conservação de habitats e espécies ameaçadas. A metodologia foi elaborada pela Ecosystem Regeneration Associates (ERA).

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ASSISTÊNCIA SOCIAL

Verba da saúde banca mais 240 mil cestas para indígenas

Estado renovou por mais 12 meses contratos que somam R$ 46 milhões para aquisição de alimentos distribuídos em 86 aldeias

23/12/2025 11h30

Cerca de 20 mil famílias indígenas espalhadas em 86 aldeias são contempladas com 25 quilos de alimentos a cada mês

Cerca de 20 mil famílias indígenas espalhadas em 86 aldeias são contempladas com 25 quilos de alimentos a cada mês

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Assinados em dezembro do ano passado com possibilidade de serem prorrogados por até dez anos, cinco contratos para fornecimento de cestas de alimentos para familias indígenas foram renovados até o final de 2026, conforme publicação do diário oficial desta terça-feira (23). 

Juntos, os cinco contratos chegam a quase R$ 46 milhões e apesar da inflação do período, de 4,4%, foram renovados com os mesmos valores do ano passado com as empresas Tavares & Soares (R$ 15,83 milhões), Forte Lux Comércio (R$ 9,6 milhões) e Serviço e a empresa Fortes Comércio de Alimentos (R$ 20,67 milhões) 

Ao todo, em torno de 20 mil famílias estão sendo atendidas  em 86 aldeias de 29 municípios de Mato Grosso do Sul. A cesta conta com arroz, feijão, sal, macarrão, leite em pó, óleo, açúcar, fubá, charque, canjica e erva de tereré.

A estimativa do Governo do Estado é de que o programa beneficie pelo menos 90% das famílias indígenas espalhadas pelo Estado. Ao longo de um ano são em torno de 240 mil cestas, com peso médio de 25 quilos. 

Desde o começo do ano está havendo controle digital como mais um instrumento de garantia da destinação correta dos alimentos. Os beneficiários receberam um cartão com um QR Code para ser usado no momento da retirada da cesta. Existe um cartão azul, que é do titular do benefício e outra na cor verde, entregues a pessoas autorizadas a retirar o alimento caso o titular não consiga. 

Apesar de o programa ser coordenado pela Secretaria de Assistência Social e dos Direitos Humanos (SEAD), ele é bancado com recursos  da Saúde (Fundo Especial da Saúde/FESA/MS). 
 

CAMPO GRANDE

Trabalhadores engrossam paralisação na Santa Casa

Se no primeiro dia manifestação envolveu 1.200 funcionários celetistas, agora, ato é engrossado e pelo menos dois mil  trabalhadores aderiram às reivindicações pelo décimo terceiro salário

23/12/2025 11h00

Consultada, na manhã de hoje (23) a unidade Santa Casa de Campo Grande detalhou que: 

Consultada, na manhã de hoje (23) a unidade Santa Casa de Campo Grande detalhou que: "a paralisação de trabalhadores continua". Marcelo Victor/Correio do Estado

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Se durante o primeiro dia de impacto nas atividades na Santa Casa os atendimentos/serviços foram 30% paralisados, agora, segundo confirmado pela unidade na manhã desta terça-feira (23), o efetivo que aderiu à paralisação em busca do 13° salário subiu para pelo menos metade. 

A presidente da Santa Casa, Alir Terra Lima, e o Terra, e responsável pelo Sindicato dos Trabalhadores na Área de Enfermagem de Mato Grosso do Sul (SIEMS), Lázaro Santana, reuniram a imprensa para tratar das manifestações de trabalhadores que se acumulavam em protesto na frente da unidade, na manhã de ontem (22).

Conforme repassado por Alir - e como bem abordado pelo Correio do Estado -, a paralisação inicialmente chegou a afetar 30% dos atendimentos/serviços, ou seja, com cerca de 70% do andamento da Santa Casa funcionando por tempo indeterminado ou até o pagamento integral do décimo terceiro.

Consultada, na manhã de hoje (23) a unidade Santa Casa de Campo Grande detalhou que: "a paralisação de trabalhadores continua".

"Com efetivo de 50% na paralisação e 50% trabalhando nos setores", complementa a Santa Casa de Campo Grande em retorno. 

Em outras palavras, se no primeiro dia a manifestação envolveu 1.200 funcionários celetistas, agora, a paralisação é engrossada e pelo menos dois mil  trabalhadores da Santa Casa (dos quatro mil totais) aderiram às reivindicações pelo décimo terceiro salário. 

Sem acordo

    

Enquanto a Santa Casa de Campo Grande aponta que, até o momento, não há nenhuma novidade em relação ao pagamento do décimo terceiro, que afeta todos os funcionários celetistas da unidade, a paralisação acaba impactando na vida não somente dos trabalhadores mas também de pacientes e visitantes. 

Ainda ontem no fim da tarde, através das redes sociais, a Santa Casa de Campo Grande emitiu comunicado anunciando ajustes temporários nas rotinas de vista aos pacientes, diante da paralisação. 

Essas visitas estão autorizadas tanto para pacientes internados na Unidades de Terapia Intensiva (UTI) quanto nas enfermarias. 

Esses ajustes na rotina seguem as seguintes diretrizes: 

  • - Apenas um familiar será liberado e permitido vistar o paciente;
  • - Cada paciente tem direito a uma visita por dia, feita pelas manhãs, às 11h. 
  • - Acesso das visitas deve ser feito exclusivamente pela porta de vidro do térreo.  

Há o detalhe de que, para os pacientes da área de trauma, onde ficam os acidentados, os visitantes devem dirigir-se pela entrada específica do setor. 

É o caso de Vitória Lorrayne, que está com o irmão acidentado na Santa Casa, que deu entrada na unidade desde o domingo e seria submetido a cirurgia durante o primeiro dia de paralisação, e sequer conseguiu contatar o parente que foi vítima de acidente de moto. 

"Não facilitaram em nada. Até disse que minha mãe sairia de viagem e precisava de notícias, está preocupada, mas falaram ontem (22) infelizmente que eu não poderia entrar", comenta ela. 

Como se não bastasse, até mesmo as informações sobre quando teria novamente contato com o irmão foram desencontradas, já que num primeiro momento mandaram a jovem voltar à Santa Casa por volta de 16h, quando novamente foi impedida de fazer a visita. 

"Voltei lá e disseram que haviam suspendido as visitas da tarde e da noite. Que seria apenas hoje às 11h, e não facilitaram em nada, sendo que gastei 70 reais ao todo entre idas e vindas", conclui. 

Os serviços afetados são atendimentos (consultas eletivas, cirurgias eletivas, enfermaria, pronto socorro, UTI, etc), limpeza (higienização de centros cirúrgicos, consultórios, banheiros, corredores, etc) , lavanderia (acúmulo de roupas utilizadas em cirurgias ou exames) e cozinha (copa).
**(Colaborou Naiara Camargo)

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