Levantamento da Polícia Militar aponta que centro de Campo Grande possui atualmente 291 imóveis abandonados.
Espaços inativos são problema cada vez mais recorrente na região central da capital, quem passa com atenção pelas principais ruas de comércio do centro de Campo Grande se depara com estabelecimentos indicando o fechamento com placas de aluga-se.
Conforme noticiado em reportagens do Correio do Estado, um dos principais motivos para este cenário de debandada dos comerciantes, segundo lojistas que trabalham a anos no local, é por conta dos preços a pagar pelos alugueis dos estabelecimentos.
“O motivo das lojas fecharem vem sendo o valor alto que o aluguel está, as reformas do Centro e a pandemia. Eu percebi que, logo depois que terminaram as obras do Centro, muitos logistas fecharam”, declarou a gerente da loja Color Zoom Photo e Óptica, Renata Isabelle dos Reis Belga.
Renata trabalha no Centro há quatro anos e é gerente de uma loja que está a mais de 30 anos no mercado, ela esclarece que é difícil estabelecimentos novos se manterem em funcionamento por muito tempo no Centro.
“Para se manter tem de ter uma cartela de cliente muito boa e, como temos uma loja consolidada, conseguimos enfrentar estas crises, mas as lojas menores você percebe que fecham mesmo”, afirmou.
Outro motivo citado pelos lojistas que contribui para a ausência dos comerciantes no Centro está ligado ao aumento no número de lojas abertas nos bairros de Campo Grande.
Com a variedade de produtos disponíveis próximos às residências dos consumidores, a vontade de transitar do bairro ao Centro já não é a mesma de antes para a população.
“A maioria dos comerciantes está indo para os bairros. O custo para manter-se no Centro ninguém está aguentando mais. Um aluguel aqui pode ser de R$ 5 mil, mais em lojas grandes pode chegar a R$ 45 mil”, declarou Victor Kochi.
Durante a semana o vereador André Salineiro (PL) revelou o dado da Polícia Militar durante sessão ordinária na Câmara Municipal, quando o parlamentar alertou sobre os riscos que esses imóveis representam para a segurança, a saúde e o desenvolvimento econômico da região central da cidade.
“Esses imóveis acabam sendo ocupados por moradores de rua, muitos são usados para esconder produtos furtados e também se tornam focos de proliferação do mosquito da dengue. É uma situação que prejudica o comércio, os moradores e quem transita pela região”, afirmou o vereador.
Salineiro informou que enviou ofício à prefeitura pedindo um levantamento para saber quantos desses imóveis são públicos e quantos são particulares, com o objetivo de propor soluções e políticas públicas adequadas para cada caso.
“Precisamos agir com estratégia para revitalizar o Centro e garantir mais segurança e saúde para todos”, disse Salineiro.
COMÉRCIO
De acordo com a Associação Comercial e Industrial de Campo Grande (ACICG) sobre quais devem ser os motivos dos fechamentos de comércios no Centro, Sérgio Seiko Yonamine, arquiteto da ACICG, representante do órgão no Conselho Municipal de Desenvolvimento e Urbanização (CMDU), afirmou: “A existência de imóveis comerciais para alugar na área central pode ter como justificativa uma série de fatores, a época da crise sanitária da pandemia da Covid-19, que causou impacto muito forte na economia nacional, regional e local; o fortalecimento da atividade comercial e de serviços nos bairros, provocando a descentralização dos negócios; o valor dos aluguéis no Centro, reajustados após as obras de revitalização, dificultando ainda mais para o empresário manter-se na localidade, que já possui um valor mais alto de IPTU”, declara Seiko.
Pesquisa realizada pela ACICG, em 2017, relacionada a comércios fechados no centro apontou 200 estabelecimentos fechados no quadrilátero que compreende as ruas Rui Barbosa e Calógeras, e as avenidas Fernando Corrêa da Costa e Mato Grosso.


