Cidades

TERRA ARRASADA

Rio Paraná já baixou 5 metros, mas o caos nas fazendas persiste

Pastagens em fazendas de Batayporã estão mortas, estrada segue intransitável e milhares de bovinos que emagreceram ainda estão "longe de casa"

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Desde o dia 3 de maio a vazão de água pela barragem da usina Sérgio Mota, ou Porto Primavera, está dentro da normalidade e o nível do Rio Paraná já baixou quase cinco metros. Mesmo assim, o caos persiste nas sete fazendas em Batayporã que foram alagadas pelos três picos de cheia que começaram em meados de janeiro e se estenderam até o fim de abril.

Por causa do alagamento de cerca de nove mil hectares, pelo menos sete mil bovinos tiveram de ser retirados das áreas e a maior parte ainda está em pastagens arrendadas a até 60 quilômetros de distância.

Há três semanas não chove na região e mesmo depois que os rios Paraná e Bahia voltaram aos seus leitos, milhares de hectares da terra argilosa continuam submersos ou encharcados.  E, mesmo naquelas partes mais altas onde a água já desapareceu, o cenário é desolador. 

A pastagem morreu e agora só brota tiritica. “Isso aqui é uma praga, não serve pra nada. A gente vai ter de replantar pastagem em praticamente tudo e ninguém sabe quando vamos conseguir fazer isso”, lamenta Danilo Mendonça dos Santos, um jovem de 18 anos que trabalha na fazenda Tortola, a que já está em melhores condições e na qual é possível chegar de carro. 

Desta propriedade foram retiradas 1,3 mil vacas parideiras rastreadas e cerca de 600 bezerros das raças angus e oberdin, todos frutos de inseminação em matrizes nelore. Até agora, somente 280 vacas e cerca de 50 bezerros “voltaram para casa”. 

Sem a cheia, os bezerros estariam prontos para venda e renderiam em torno de R$ 2,9 mil. Sem alimentação adequada e por causa da migração, estão valendo cerca de 800 reais a menos, acredita Danilo, que estima em cerca de meio milhão de reais o prejuízo só com os bezerros.  

Mas o pior, segundo ele, é prejuízo com as vacas. O ciclo de inseminação de um ano inteiro será perdido e ninguém sabe se no próximo período de monta estas vacas que perderam peso terão condições de reproduzir. 

O proprietário da fazenda de cerca de 800 hectares, um dos maiores criadores e exportadores de carne de frango do País e que mora no Paraná, terá condições de manter o salário de Danilo, de seu irmão e dos pais em dia e retomar a atividade nos próximos meses, já que não depende desta fazenda. Pelo menos é isso que acredita o jovem.

Porém, o criador da fazenda vizinha, que havia arrendado as terras para criar gado, já abandonou tudo e teve de demitir os trabalhadores que cuidavam do rebanho. Nesta propriedade só é possível chegar de barco ou trator. Porém, por causa da dificuldade de acesso, é possível ver que nenhum trator passou pela estrada nas últimas semanas, indicando que ficou tudo às moscas.

FIM DA LINHA

A equipe do Correio do Estado conseguiu chegar até um retiro da Fazenda Pirasol, onde a moradia está em meio a um grande lamaçal e parcialmente circundada por um lago de pelo menos cinco hectares que se formou num espaço que antes era tomado por pastagem.

Assim como essa lagoa, centenas de outras, menores ou maiores, surgiram no meio das pastagens. Somente em alguns meses esta água vai desaparecer, acredita Alucimara da Silva Costa, que após três meses de teimosia em meio a esse pântano, abandonou a casa há cerca de três semanas.

E, por mais que a equipe do Correio do Estado tivesse tentado, nem mesmo a pé foi possível seguir para tentar chegar às fazendas seguintes, por conta da lama argilosa que toma conta da via de acesso. Paulo Gonçalves, proprietário da Fazenda Pirasol e que também é dono da Fazenda Pontal, cerca de sete quilômetros adiante, aconselhou a equipe a alugar um barco, algo que é impossível do lado sul-mato-grossense do Rio Paraná.

Mesmo sem chuva e quase três semanas depois de o rio voltar ao leito, estrada de terrra argilosa segue intransitávelMesmo sem chuva há semanas e com a volta do rio ao seu leito,  a estrada argilosa segue intransitável e vai seguir assim por muito tempo (Marcelo Victor)

Na segunda-feira começou a recolher parte de seus 2,2 mil bovinos espalhados por pastagens da região, mas ainda não tem estimativa do prejuízo que está tendo. Só com o emagrecimento das vacas perdeu pelo menos um milhão de reais, calcula. 

“A única coisa boa dessa situação caótica é que o leiturista da Energisa não consegue chegar até a fazenda Pontal e por isso não preciso pagar a conta”, brinca, sem saber ainda quando ou como conseguirá recuperar a estrada. Nem a Agesul nem a prefeitura de Batayporã querem assumir a responsabilidade pelos reparos, dizem os moradores da região

COM A PALAVRA A CESP

A Companhia Energética de São Paulo (Cesp), que desde 2018 está nas mãos da empresa Auren, controlada pelo grupo Votorantim e por um fundo de investimentos do Canadá, também diz que não tem nenhuma responsabilidade pelos alagamentos e pelos prejuízos dos fazendeiros. A empresa fechou 2022 com lucro líquido de R$ 2,44 bilhões. 

Conforme Luiz Paschoalotto, Gerente Executivo de Geração Hidrelétrica, a Cesp não tem reserva financeira e nenhuma previsão para indenizar os proprietários rurais, até porque esta não é uma obrigação que cabe à empresa. Ele diz que a liberação de mais ou menos água pela barragem segue determinação do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS). 

Ele explica que acima de Porto Primavera existem pelo menos 16 outras grandes ou médias usinas e que, por conta do excesso de chuvas no último verão, praticamente todas encheram e liberaram água acima do normal. E, quando chega muita água, a Cesp é obriga a abrir as comportas, explica.

Além disso, afirma Paschoalotto, o Rio Paranapanema e outros afluentes do lado sul-mato-grossense também tiveram influência direta sobre os alagamentos. Todas as explicações da Cesp, segundo ele, já foram encaminhadas ao Ministério Público de Batayporã, que instaurou investigação para apurar as responsabilidades pelos prejuízos e exigir ressarcimento. 

As comportas de Porto Primavera foram abertas pela primeira vez em 18 de janeiro e no pico da vazão, em 21 de abril, foram liberados 14,7 mil metros cúbicos de água por segundo, sendo que o normal são 4,6 metros cúbicos por segundo. Com essa vazão toda, á água chegou a subir quase dois metros em 24 horas. 

A área mais crítica fica a cerca de 80 quilômetros abaixo da barragem, próximo da foz do rio Bahia. Esse rio ficou represado e se espalhou pela terra plana do lado de Mato Grosso do Sul. Para chegar a esse pântano é preciso percorrer 70 quilômetros por uma estrada sem asfalto saindo da cidade de Batayporã até o porto São José, onde existe uma balsa para chegar ao Paraná. O acesso às sete fazendas alvo da inundação é feito por uma estrada secundária a partir deste porto. 

Educação e ensino

UFGD divulga gabarito preliminar do vestibular 2026; confira

Convocação para as matrículas da primeira chamada está prevista para 14 de janeiro de 2026

17/12/2025 18h18

Divulgação/ UFGD

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A Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD) divulgou nesta quarta-feira (17) o resultado preliminar do Vestibular 2026, etapa do processo seletivo aguardada pelos mais de 6,8 mil candidatos que realizaram a prova em 19 de outubro. O resultado final do vestibular e a convocação para as matrículas da primeira chamada estão previstos para 14 de janeiro próximo. 

O cronograma previsto também inclui o período para recursos, que poderá ser acessado nos dias 18 e 19 de dezembro. O Boletim de Desempenho Individual, com a pontuação da redação e o total de acertos, ficará liberado ao candidato durante todo o processo.

No último dia 12 de novembro, o Centro de Seleção divulgou o gabarito definitivo e as respostas aos recursos sobre o gabarito preliminar.

As matrículas serão realizadas pela Pró-reitoria de ensino e graduação (Prograd), com editais e cronogramas próprios, seguindo a ordem de desempenho e o número de vagas disponíveis em ampla concorrência e cotas sociais.

Inicialmente, serão chamados os candidatos que escolheram o curso como 1ª opção, e aqueles que selecionaram como 2ª opção serão convocados apenas se restarem vagas. A lista de documentos pode ser consultada em edital.  

O Vestibular 2026 oferece 984 vagas em 35 cursos presenciais e gratuitos, com provas aplicadas nas cidades de Amambai, Campo Grande, Dourados, Naviraí e Nova Andradina.

Confira a lista preliminar da 1ª opção de curso aqui!

Confira a lista preliminar da 2ª opção de curso aqui!

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Cidades

Tribunal de Justiça aprova projeto com 300 cargos para assessores de confiança

Aprovado na LOA para 2026, TJMS terá orçamento avaliado em mais de R$ 1,4 bilhão, o que equivale a um aumento de 7,3% em relação ao valor atual

17/12/2025 17h30

Fachada do Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul

Fachada do Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul Foto: Divulgação / TJMS

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O Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul aprovou, nesta quarta-feira (17), projeto que cria novos cargos em comissão de assessoria. De acordo com o órgão público, a medida busca enfrentar o aumento da demanda processual, reduzir atrasos e garantir melhores condições de trabalho às unidades judiciais, especialmente aquelas com maior acúmulo de processos.

Ao todo, o projeto prevê a criação de 300 cargos para assessores comissionados, sendo 50 vagas para assessor de desembargador e 250 para assessoria vinculados a juizes de primeiro grau, divididos em 150 para a entrância especial, 75 para a segunda entrância e 25 para a primeira entrância, além de cargos de assessoramento jurídico-administrativo. 

Durante a discussão na sessão administrativa do Órgão Especial, foi destacado que o Judiciário estadual enfrenta dificuldades decorrentes da vacância de cargos e da elevada carga de trabalho em determinadas varas. Como alternativa, a administração propôs a ampliação do número de assessores, priorizando juízos mais sobrecarregados, de forma gradual e conforme a disponibilidade orçamentária.

A iniciativa da presidência do TJMS, sob o comando do desembargador Dorival Renato Pavan, será submetida à apreciação do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e, após os trâmites necessários, poderá ser implementada conforme as possibilidades financeiras do Tribunal.

Aumento na gastança

Em meio ao cenário de corte de gastos por conta da queda na arrecadação de tributos, o Governo do Estado publicou, na terça-feira (16), no Diário Oficial, a Lei Orçamentária Anual (LOA), que prevê aumento de gastos nos Poderes.

Enquanto os orçamentos dos respectivos setores aumentaram em 7,9%, a estimativa de crescimento geral de receitas do Executivo, responsável pelos repasses a estes órgãos públicos, teve acréscimo de apenas 2,9%. 

O Tribunal de Justiça, que terá mais 300 salários de assessores para pagar caso seja implementado o projeto, simplesmente acrescentou R$ 100 milhões ao orçamento de 2026, passando dos atuais R$ 1.364.912.200,00 para R$ 1.464.780.100,00, o que equivale a um acréscimo de 7,3%.

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