Cidades

DINHEIRO PÚBLICO

Saúde e Educação foram os principais alvos de corrupção em prefeituras de MS

Metade das operações deflagradas pelo MP contra administrações municipais sul-mato-grossenses envolve os setores

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Com a Operação Dirty Pix que identificou desvio milionário em recursos públicos do hospital beneficente de Sidrolândia, metade das investigações que resultaram em ações deflagradas pelo Ministério Público de Mato Grosso do Sul (MPMS) este ano contra administrações municipais envolvem corrupção nos setores de Saúde e Educação, com esquemas que englobam servidores, secretários e até parlamentares.

Ontem, equipes do Grupo Especial de Combate à Corrupção (Gecoc) cumpriram 18 mandados de busca e apreensão em Sidrolândia e Manaus (AM). No município sul-mato-grossense, entre os alvos estavam cinco vereadores e ex-vereadores, dois secretários e a vice-prefeita Cristina Fiuza (MDB).

Conforme apurou a investigação, foi identificado um desvio de R$ 5,4 milhões em recursos públicos destinados ao Hospital Elmíria Silvério Barbosa, dinheiro que foi repassado pelo governo do Estado ao Executivo Municipal para a compra de um aparelho de ressonância magnética e um autoclave hospitalar. 

Porém, parte dessa verba foi desviada, segundo o Ministério Público, pela administração do hospital, em conjunto com a empresa fornecedora, que seria a Pharbox Distribuidora Farmacêutica de Medicamentos, a qual também pagou vantagens indevidas a parlamentares. 

“De acordo com os elementos colhidos, a empresa fornecedora realizou diversas transferências mediante Pix, diretamente ou por intermédio de terceiros, ao presidente do Hospital e aos vereadores envolvidos”, concluiu o MPMS.

SAÚDE

Como reportado em matérias recentes do Correio do Estado, a Saúde já foi fonte de corrupção em outra fraude similar a que ocorreu em Sidrolândia. Em julho deste ano foi deflagrada a Operação Auditus, com o cumprimento de 10 mandados de busca e apreensão em Nioaque, Bonito e Jardim.

Os investigadores identificaram supostas fraudes em licitações de Nioaque que tiveram como objeto a contratação de empresa para a prestação de serviços de especialidade médica por meio de consultas, realização de exames e outros procedimentos médicos no município. Diante disso, teriam sido desviados cerca de R$ 3 milhões da saúde entre 2019 e 2024.

Inclusive, um dos alvos dos promotores foi a residência da ex-secretária de saúde de Nioaque, Márcia Jara. Sem formação na área, ela comandou a pasta durante boa parte da administração do ex-prefeito Valdir Júnior, que também presidiu a Associação dos Municípios de Mato Grosso do Sul (Assomasul).

EDUCAÇÃO

Na educação, em fevereiro deste ano, a Operação Malebolge cumpriu 11 mandados de prisão preventiva e 39 mandados de busca e apreensão em Água Clara, Campo Grande, Rochedo e Terenos.

Segundo a investigação, constatou a existência de organização voltada à prática de crimes contra a administração pública instalada nas cidades de Água Clara e Rochedo e que tinha empresários como articuladores do esquema.

Esses articuladores pagavam propina para servidores públicos, que fraudavam o caráter competitivo de licitações públicas, alterando editais para beneficiar empresas que participavam do esquema. Os contratos fraudados ultrapassam a casa dos R$ 10 milhões.

O esquema também burlava atos de ofício, atestando falsamente o recebimento de produtos e de serviços públicos, como o de compras de alimentos usados para compor a merenda de escolas dos municípios envolvidos.

Como resultado, foram presas duas servidoras que trabalhavam na Secretaria Municipal de Educação.

Dois meses depois, em abril, foi a vez da administração de Três Lagoas ser alvo do Ministério Público, por meio da Operação Backstage.

Foi identificado que a empresa Moura Produções e Eventos teria vencido sistematicamente diversas licitações da prefeitura de Três Lagoas para fornecimento de estruturas e equipamentos para realização de shows e eventos na cidade desde 2022, em procedimentos com fortes indícios de irregularidades.

Segundo apurado, a empresa venceu 10 licitações entre 2022 e 2024, totalizando quase R$ 9 milhões. Os contratos de Locação de Estrutura para Eventos foram realizados pela Secretaria Municipal de Educação e Cultura e também foram contratados diretamente pela prefeitura. Apesar de não envolver diretamente ações da Educação, a verba desviada vinha da Pasta.

Outra ação foi em outubro, quando a Operação Copertura cumpriu 31 mandados de busca e apreensão em Campo Grande, Miranda e Sidrolândia. A investigação apurou que havia uma organização criminosa que fraudava licitações de diversos tipos de produtos em Miranda há cinco anos, incluindo contrato de kits escolares e gêneros alimentícios.

TURN OFF

Mesmo não ocorrida este ano, a Operação Turn Off foi crucial para originar algumas das operações contra as administrações municipais, como a Malebolge. Inclusive, ela juntou corrupção na Saúde e na Educação do Estado, em 2023.

As forças policiais encontraram contratos fraudados na Secretaria de Estado de Educação de Mato Grosso do Sul (SED/MS), Secretaria de Estado de Saúde de Mato Grosso do Sul (SES/MS) e na Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (Apae) de Campo Grande.

Somando as duas fases, que aconteceram em 2023 e 2024, as licitações corruptas ultrapassaram a casa dos R$ 60 milhões, todas incluindo a Saúde e Educação de Mato Grosso do Sul.

MUNICIPALIDADE

Somente neste ano, são 10 operações deflagradas pelo Ministério Público contra 12 municípios do Estado. Além de Saúde e Educação, foi identificada corrupção em contratos de publicidade, engenharia, pavimentação asfáltica, informática, tecnologia e obras. Coxim, Aquidauana, Itaporã e Terenos são os outros municípios envolvidos em operações este ano.

>> CRONOLOGIA

JANEIRO > Operação Ad Blocker: contrato de publicidade em Aquidauana;

FEVEREIRO > Operação Malebolge: contrato de educação em Água Clara e Rochedo;

ABRIL > Operação Backstage: contrato de educação e cultura em Três Lagoas;

MAIO > Operação Grilagem de Papel (2ª fase): grilagem de terra em Coxim;

JUNHO > Operação Tromper (4ª fase): fraude em contrato de engenharia e pavimentação asfáltica em Sidrolândia;

JULHO > Operação Auditus: fraude na saúde em Nioaque;

SETEMBRO > Operação Spotless: fraude em obras em Terenos;

OUTUBRO > Operação Copertura: fraudes em contratos de aquisição de diversos itens em Miranda; 

OUTUBRO > Operação Fake Cloud: corrupção em contrato de tecnologia em Itaporã;

NOVEMBRO > Operação Dirty Pix: desvio em verba de hospital beneficente em Sidrolândia.

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CNH

Congresso derruba veto de Lula e retoma exigência de exame toxicológico para primeira CNH

O veto é derrubado dias após a aprovação de uma reformulação no processo de obtenção da Carteira Nacional de Habilitação (CNH) para eliminar a obrigatoriedade de aulas

04/12/2025 21h00

Foto: Divulgação

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O Congresso Nacional rejeitou, em sessão conjunta realizada na tarde desta quinta-feira, 4, um veto do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) que barrava a exigência de exame toxicológico para os candidatos à primeira habilitação de condutores nas categorias A (motos e ciclomotores) e B (veículos de passeio).

O veto é derrubado dias após a aprovação de uma reformulação no processo de obtenção da Carteira Nacional de Habilitação (CNH) para eliminar a obrigatoriedade de aulas;

A exigência do exame toxicológico representa, na verdade, uma ampliação: a realização do exame já é obrigatória para motoristas das categorias C, D e E (transporte de cargas e passageiros).

Na justificativa do veto, de junho deste ano, o governo Lula argumentou que a exigência do exame para as categorias A e B aumentaria os custos para tirar a CNH, o que poderia influenciar na decisão de mais pessoas dirigirem sem habilitação - estimativas indicam que há cerca de 20 milhões de pessoas nessas condições.

"Em que pese a boa intenção do legislador, a inclusão do artigo para prever que os condutores de todas as categorias de veículos sejam obrigados a realizar exame toxicológico para a obtenção da Carteira Nacional de Habilitação (CNH) contraria o interesse público, pois importaria em aumento de custos para a sociedade e poderia influenciar que mais pessoas optassem por dirigir sem a devida habilitação, o que comprometeria, por consequência, a segurança viária", justificou o Planalto, no veto.

Parte dos parlamentares entendeu que o argumento, porém, ficou ultrapassado, uma vez que o Conselho Nacional de Trânsito (Contran) editou recentemente uma resolução autorizando regras menos rígidas para acesso à CNH sem precisar cursar escolas de trânsito.

Em nota, a Associação Brasileira de Toxicologia (ABTox) afirmou considerar a "derrubada do veto ao exame toxicológico obrigatório para a primeira habilitação um avanço decisivo para a segurança viária no País".

"A medida reforça uma política pública que comprovadamente tem impacto positivo na sociedade: desde 2016, quando passou a ser obrigatório para motoristas das categorias C, D e E, o exame evitou ao Brasil uma perda estimada de R$ 74 bilhões em sinistralidades apenas em seu primeiro ano e permitiu que mais de 28 mil condutores inicialmente reprovados retornassem às atividades após tratamento e reabilitação", estima a entidade.

Conforme a ABTox, a decisão também reflete a vontade da sociedade: segundo pesquisa Ipec de fevereiro de 2025, 83% dos brasileiros apoiam a exigência do exame para novos condutores.

Como funciona o fim da obrigatoriedade de aulas para obter a CNH

Como mostrou o Estadão, a nova resolução para facilitar a obtenção de CNH prevê um curso teórico gratuito e digital, maior flexibilidade nas aulas práticas e permissão para que candidatos sejam acompanhados por instrutores credenciados dos Detrans, e não apenas por autoescolas.

O processo também poderá ser iniciado online, pelo site do Ministério dos Transportes ou pela Carteira Digital de Trânsito (CDT).

A mudança mira os altos custos e a burocracia que afastam milhões de brasileiros. Dados da Secretaria Nacional de Trânsito (Senatran) indicam que cerca de 20 milhões de pessoas dirigem sem habilitação, e outras 30 milhões têm idade para tirar a CNH, mas não conseguem arcar com despesas que podem chegar a R$ 5 mil O governo estima que o novo modelo pode reduzir em até 80% o custo total da habilitação.
 

EMPREENDIMENTO

Terceiro porto em município de MS terá investimento acima dos R$ 180 milhões

O novo complexo de Porto Murtinho planeja atender três cadeias estratégicas: grãos, fertilizantes e cargas diversas

04/12/2025 20h18

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A partir de 2026, Porto Murtinho terá um novo Terminal Multifuncional à beira do Rio Paraguai, com investimento previsto acima dos R$ 180 milhões. A empresa responsável pelo empreendimento será a PTP Group. O projeto recebeu o licenciamento ambiental e a licença de instalação para construção, emitidas pelo Instituto de Meio Ambiente de Mato Grosso do Sul (Imasul), durante reunião no gabinete do governador Eduardo Riedel, na quarta-feira (3).

O terceiro terminal portuário do município será construído no quilômetro 2.322 do Rio Paraguai, em uma área total de 352,5 hectares, com 9,9 hectares dedicados à fase inicial das operações. 

A estrutura foi planejada para atender três cadeias estratégicas e prevê uma capacidade de movimentação anual em torno de:

  • 1,15 milhão de toneladas de grãos;
  • 1 milhão de toneladas de cargas diversas;
  • 700 mil toneladas de fertilizantes. 

O complexo também contará com infraestrutura para expansão de silos, armazém de 20 mil toneladas e área offshore para atracação e operação de barcaças.

Jaime Verruck, secretário de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação (Semadesc), destacou que o PTP Group já atua ao longo da hidrovia do Paraguai com portos na Argentina, Uruguai e Paraguai, o que reforça a integração regional. 

“Estamos falando de um investimento que inicia obras no ano que vem e que, em um ano, já deve estar em operação. É o terceiro porto em implantação em Porto Murtinho, ampliando a capacidade da nossa hidrovia e conectando a produção sul-mato-grossense a mercados do Atlântico e do Pacífico”, afirmou o secretário.

O projeto executivo prevê execução físico-financeira distribuída em dez meses, com Capital Expenditure (CAPEX) total de R$ 181 milhões, incluindo obras civis, infraestrutura portuária e implantação dos sistemas de armazenagem e movimentação de cargas. A Licença Prévia do empreendimento já teve todo o estudo ambiental apresentado ao Imasul, e o processo segue em análise técnica.

Reunião do governador Eduardo Riedel com a delegação de Entre Ríos e a PTP / Crédito: Governo do Estado

Durante a reunião, também foi discutida a ampliação da cooperação internacional com a província de Entre Rios, na Argentina, onde o PTP Group mantém operação portuária. A intenção é fortalecer o corredor logístico entre Mato Grosso do Sul, portos argentinos e o hub de Nueva Palmira, no Uruguai, ampliando as rotas de exportação e criando alternativas de importação via hidrovia. Verruck ressaltou que essa integração também favorece o mercado boliviano, que tem aumentado sua utilização do Rio Paraguai.

O governador Eduardo Riedel propôs que os estados e províncias vizinhas criem um modelo de governança para a hidrovia similar ao desenvolvido na Rota Bioceânica. A ideia é instalar um fórum de governadores subnacionais para tratar conjuntamente de infraestrutura, regulação e expansão das operações ao longo do Rio Paraguai.

Paralelamente, Brasil e Paraguai avançam nas tratativas finais para permitir que, já no próximo ano, seja lançada a primeira licitação hidroviária do trecho entre Corumbá e Porto Murtinho, medida considerada essencial para elevar a navegabilidade e garantir sustentabilidade ao corredor logístico.

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