Investigações do Ministério Público Estadual (MPE) de Mato Grosso do Sul apontam que não há provas de que a Minerworld, suposta multinacional com sede em Campo Grande, fazia mineração de bitcoins (criptomoedas), como anunciado. Toda a publicidade da empresa girava em torno da compra de pacotes e contratação de novos membros, evidenciando sua real atividade, a pirâmide financeira. Para tanto, contava com apoio da Bitpago e Bitofertas.
Segundo ação coletiva de consumo, para o desempenho da mineração, é preciso alto investimento e complexa estrutura de hardware, o que claramente a Minerworld não dispunha desde o início de suas operações fraudulentas, apesar do fato de alegar que no inicio deste ano abriu atividades no Paraguai. Sem condição de executar tal serviço, ficava claro que, com o passar do tempo, seria inviável se sustentar financeiramente.
"Esse cenário aponta e contribui para que se conclua pela ausência de lastro para as atividades da Minerworld. Com efeito, o faturamento da empresa centra-se tão somente nas novas adesões, já que ausente qualquer indício de que a empresa trabalhe com outras fontes seguras de renda", lê-se nos relatórios de investigação. De acordo com os autos, a suspeita é de que são pelo menos 50 mil vítimas em todo território nacional.
Além disso, os sites do grupo que aparecem nos contratos, no caso o www.miner.world e o www.minerworld.com.br, não funcionam ou não carregam completamente, deixando interessados às cegas. "Pulsa certa dose de amadorismo na atuação da Minerworld que não condiz com a atuação de multinacional do ramo de tecnologia financeira. Que tecnologia é essa? Nem os sites da empresa funcionam", questiona o Ministério Público.
PUBLICIDADE SUSPEITA
Ainda de acordo com as investigações, a apresentação dos negócios deixa as criptomoedas como pano de fundo, fazendo com que o assunto passe despercebido. As peças publicitárias têm como maior preocupação detalhar as variadas formas de ganhos daqueles que aderirem aos planos, o que se dá pela captação de novos “afiliados”, “empreendedores” e afins. Toda a publicidade da empresa é feita no sentido de sempre atrair mais pessoas.
"O interesse da empresa é apenas e tão somente que seus afiliados busquem outros afiliados, o que, por evidente, implica em manter a atividade de mineração apenas como mera alegação. A famigerada 'mineração de bitcoin', assim, trata-se apenas de engodo, de artifício, que nada mais visa do que mascarar a característica piramidal do esquema".
Na terça-feira o Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do Ministério Público Estadual deflagrou a Operação Lucro Fácil, para combater esquema de pirâmide desenvolvido pela Minerworld e associados. Na ocasião foram apreendidos documentos e computadores que serão periciados. A justiça também determinou bloqueio de R$ 300 milhões das empresas de mais sete pessoas investigadas na ação.