Cidades

Insatisfação

Terminal Morenão será palco de protesto pela revogação do aumento da tarifa de ônibus

Manifestantes são contrários ao reajuste de R$ 0,20 na passagem do transporte público coletivo; terminal não será interditado

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Será realizado nesta quarta-feira, às 18h, no Terminal Morenão, um "Grande Ato pela Revogação do Aumento da Tarifa", que tem como objetivo protestar contra o aumento de R$ 0,20 no valor da passagem do transporte público coletivo, que entrou em vigor na última sexta-feira, dia 24 de janeiro. O valor foi de R$ 4,75 para R$ 4,95.

O movimento foi organizado por diversos grupos, dentre eles: Ligados no Transporte, Coletivo Linha Popular, Vamos à Luta, União Juventude Comunista, Juventude Socialista Brasileira, Juventude do PT. Além deles, a vereadora Luiza Ribeiro também lidera o protesto.

Ao Correio do Estado, a vereadora Luiza Ribeiro garantiu que as atividades no Terminal Morenão não serão interrompidas, e que não foi feito pedido de interdição. Sendo assim, as linhas que saem e chegam no local devem funcionar em plena normalidade.

Ribeiro destacou ainda que, além de pedir a revogação do reajuste, a ideia do movimento é conversar com as pessoas que passarem pelo terminal para informar sobre o reajuste, explicar sobre o aumento e fazer uma mobilização mais direta com o usuário do serviço.

"A estratégia do movimento é, inclusive, conversar com as pessoas que estão utilizando o transporte coletivo urbano, que muitas vezes, por causa da correria da vida e do trabalho, não tem a informação adequada. Então, o grupo vai lá também nesse sentido, de mobilizar", disse a vereadora.

 

83,5% da população reprova o transporte público da capital

Uma pesquisa feita pelo Instituto de Pesquisa Resultado (IPR) em parceria com o Correio do Estado, mostrou que 83,5% da população classifica o serviço oferecido pelo Consórcio Guaicurus com notas baixas. Outros 11,65% deram notas consideradas "neutras" e apenas 4,85% deram notas boas.

Foram entrevistadas 412 pessoas, entre os dias 20 e 22 de janeiro.

10ª tarifa mais alta do Brasil

Um levantamento, realizado pelo Correio do Estado, aponta que o aumento de R$ 0,20 colocou Campo Grande entre as 10 capitais com maior valor do passe de ônibus do país.

A capital sul-mato-grossense está a frente de cidades como Rio de Janeiro (RJ), Porto Alegre (RS) e Fortaleza (CE); e "empata" com Cuiabá (MT), que cobra R$ 4,95 pela passagem.

Rio Branco, no Acre, é a capital com a menor tarifa, que é de R$ 3,50. Não é feito reajuste no valor desde 2021.

Já Florianópolis, em Santa Catarina, tem o passe de ônibus mais caro do Brasil, de R$ 5,75. Quando comprado por dinheiro ou QRCode, o valor da tarifa chega a R$ 6,90.

Reajuste

O aumento de R$ 0,20 no passe de ônibus da Capital teve sua homologação publicada em edição extra do Diário Oficial do Município do dia 23 de janeiro, já passando a valer a partir do dia 24.

Em nota, a prefeitura afirmou que o reajuste foi feito por obrigação imposta em uma decisão judicial, e que "reflete apenas a recomposição da inflação do último ano".

O juiz Marcelo Andrade Campos Silva, da 4ª Vara de Fazendas Públicas e de Registros Públicos deu o prazo de 15 dias para que a Prefeitura de Campo Grande fizesse o reajuste, que deveria ter ocorrido em outubro do ano passado, sob pena de multa diária de R$ 50 mil até que fosse efetivado. A decisão é do dia 9 de janeiro, mas o prazo começou a contar no dia 20, quando a prefeitura foi intimada.

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EDUCAÇÃO

Uso de celulares nas Escolas em MS: Professores opinam sobre a proibição do aparelho

Apesar da maioria ser favorável a proibição de celulares em sala da aula, professores temem que a medida afete o planejamento do uso didático de tecnologias

16/02/2025 17h30

No Colégio Refferencial os alunos devem deixar os seus celulares guardados em prateleiras antes de entrar em sala de aula

No Colégio Refferencial os alunos devem deixar os seus celulares guardados em prateleiras antes de entrar em sala de aula Foto: Marcelo Victor / Correio do Estado

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Nova lei que proíbe o uso de celulares nas escolas da rede pública e particular veio para mudar o hábito dos alunos em todo o pais. Professores do Mato Grosso do Sul opinam sobre os pontos positivos e negativos desta legislação, que tem como objetivo, minimizar as distrações dos estudantes, garantindo assim um ambiente mais disciplinado e focado no aprendizado.

Apesar da lei entrar em vigor neste inicio de ano, algumas escolas já adotavam regras internas parecidas com o que foi proposto nacionalmente. É o caso do Colégio Refferencial de Campo Grande, que disponibiliza prateleiras no patio da escola para os alunos guardarem os celulares antes de começar as aulas.

Para o Correio do Estado, o professor de Biologia Edilson Soares da Silveira, que trabalha no Colégio Refferencial, informou que o método vem sendo benéfico para os alunos. "Os alunos ficam mais concentrados e menos dispersos. A percepção de melhora é nítida, o foco é total e as notas aumentaram significativamente", disse o professor.

 Edilson é a favor da proibição do uso de celulares na sala de aula, porém a proibição de acesso até no período dos intervalos, para o professor, não haveria necessidade dentro do que a lei propõe.

"No Colégio Refferencial os alunos são liberados para pegar o celular nos intervalos, até para comunicação com os pais, ou alguma informação com a família. Eu acredito que proibir radicalmente, não é uma boa, porque acaba gerando mais problemas", acrescentou. 

TECNOLOGIA EM SALA DE AULA

O uso do celular em sala de aula como equipamento didático não foi proibido pela nova lei, porém professores temem que a utilização de técnologias em sala de aula como uma forma de auxilio ao aprendizado seja desencorajado ou diminua com esta mudança.

Esta é a visão do professor de física Suintila Valiños Pedreira, que dá aula em Escola pública em Campo Grande, o professor é um dos pioneiros em utilizar o celular como uma ferramenta de estudo dentro da sala de aula, usando o aparelho didaticamente com os alunos desde 2007.

Em entrevista para o Correio do Estado, o professor falou o porque é contrário a proibição do uso de celulares nas escolas.

"Com esta proibição, temos que fazer agora um planejamento em conjunto mais detalhado de como vamos utilizar o celular nas aulas, e ainda temos que convencer outros professores e a coordenação de que é possível dar aula com o uso do celular. O que tinhamos que fazer é repensar como utilizar o celular na sala de aula, e não proibir", declarou Suintila.

O professor ainda informou que suas aulas normalmente havia o estimulo para o aluno realizar consultas e pesquisas na internet de temas ensinados em sala de aula, além de enviar para os estudantes materiais didáticos através de mensagens no celular.

"Eu acredito que com essa mudança nós vamos voltar a ser professores tradicionais, vamos voltar para o século 16. Esse vai ser o maior impacto para alguns professores, ter que se adaptar a essa realidade pré-histórica", disse. 

A LEI NA PRATICA

De acordo com o texto da lei os alunos devem manter os dispositivos celulares desligados durante o período de aulas escolares.

É proibido também o uso do celular durante intervalos de aula e atividades extracurriculares. Na rede de educação municipal de Campo Grande alunos a partir do 5º ano serão orientados a deixarem o celular em casa ou dentro da mochila. 

O uso dos celulares será permitido apenas em situações pedagógicas ou didáticas, desde que orientado pelos professores.

Também será permitido especificamente para estudantes que necessitam de recursos tecnológicos devido a condições especiais.

10 anos de atendimento

Oito dias antes de Vanessa ser assassinada, "grandes resultados" da Casa da Mulher foram celebrados

Atendimentos e serviços foram enaltecidos, mas feminicídio e áudios da vítima expuseram que sistema de proteção à vítima ainda é falho

16/02/2025 16h02

Casa da Mulher Brasileira é referência, mas atendimento às vítimas de violência doméstica ainda é deficitário

Casa da Mulher Brasileira é referência, mas atendimento às vítimas de violência doméstica ainda é deficitário Gerson Oliveira

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No dia 3 de fevereiro, oito dias antes do feminicídio da jornalista Vanessa Ricarte, que completaria 43 neste domingo (16), a Casa da Mulher Brasileira comemorou 10 anos de atuação, com celebração dos resultados alcançados na década. Em Campo Grande, houve ainda uma celebração no dia 8 de fevereiro.

Apesar de ter bons resultados, a eficácia do sistema de medidas protetivas às mulheres vítimas de violência doméstica foi colocada à prova nesta semana com a morte da jornalista, especialmente após divulgados de áudios que a vítima encaminhou a amigos pouco antes de morrer.

Na ocasião dos 10 anos da Casa da Mulher Brasileira, que foi inaugurada em Campo Grande no dia 3 de fevereiro de 2015, autoridades ressaltaram que o local oferece um serviço totalmente estruturado, com equipe capacitada para atender as vítimas "na sua totalidade".

“Estou emocionada em ver os dez anos da primeira Casa da Mulher Brasileira trazendo grandes resultados. São mais de mil mulheres atendidas, por mês, com efetividade nas medidas de urgência e integração de diversos serviços", disse, na ocasião, a ministra das Mulheres, Cida Gonçalves.

No entanto, no áudio, Vanessa narra o descaso e frieza com que foi tratada ao registrar o boletim de ocorrência contra o ex-noivo na Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher (Deam), localizada na Casa da Mulher, colocando em xeque a efetividade celebrada.

"Fui falar com a delegada, fui tentar explicar toda a situação, ela me tratou bem prolixa, bem fria, seca. Toda hora me cortava. Eu estou bem impactada com o atendimento da Deam, da Casa da Mulher Brasileira. Eu que tenho toda instrução, escolaridade, fui tratada dessa maneira, imagina uma mulher vulnerável, pobrezinha, sem ter rede de apoio chegar lá, são essas que são mortas e vão para a estatística do feminicídio", disse a vítima, horas antes de morrer assassinada pelo ex-noivo, Caio Nascimento.

O desabafo da jornalista reverberou e, conforme reportagem do Correio do Estado, outras vítimas denunciaram que passaram pelo mesmo tratamento no local, algumas afirmando, inclusive, terem sido desencorajadas a denunciar.

Além disso, os áudios também entram em confronto com as informações repassadas pela Polícia Civil, que informou que foi oferecida toda a assistência e a vítima teria recusado, enquanto a jornalista afirmou que gostaria de uma escolta policial e não foi atendida.

A presidente do Conselho Municipal dos Direitos da Mulher, Iacita Azamor, na solenidade do dia 8 de fevereiro, já havia ressaltado que é importante trabalho realizado pela Casa da Mulher Brasileira, mas enfatizou que ainda há muito a ser feito para apoiar as vítimas do que ela considera uma verdadeira epidemia.

“Não estamos em paz, não vivemos sem violência, e isso precisa ser falado. As nossas mulheres ainda enfrentam esse mal, que eu considero uma epidemia de violência contra a mulher. Se não nos unirmos — e não basta apenas o trabalho do poder público, precisamos também do apoio das associações e entidades de classe — não conseguiremos avançar", disse, na ocasião.

Patrulha Maria da Penha

Outro serviço amplamente divulgado pela Casa da Mulher Brasileira é a Patrulha Maria da Penha, que atua de forma articulada com a 3ª Vara de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher, no monitoramento das medidas protetivas de urgência.

Na patrulha, agentes da Guarda Civil Metropolitana realizam visitas domiciliares às vítimas e também atendem chamados de mulheres com medidas protetivas de urgência, pela Central de Atendimento, telefone 153.

A eficácia deste serviço também é colocada em xeque quando dados apontam que há um grande números de feminicídios em que as vítimas tinham medidas protetivas contra o agressor.

Também conforme noticiou o Correio do Estado, há 1.423 medidas ativas concedidas pelo Poder Judiciário em Mato Grosso do Sul, segundo dados do Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul (TJMS), órgão que julga as solicitações das medidas, e da Agência Estadual de Administração do Sistema Penitenciário (Agepen).

A discrepância entre o total de medidas protetivas ativas e o número de agressores ou potenciais agressores os alvos dessas medidas que são monitorados pelo poder público é grande. Isto porque apenas 294 são monitorados por tornozeleira eletrônica, o que equivale a 20% dos casos que demandam a atenção do sistema de proteção à integridade física das mulheres.

A titular da Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher (Deam) de Campo Grande, Elaine Benicasa, reconheceu a demora do poder público em oferecer a proteção necessária às vítimas, mas afirmou que a Polícia Civil não é a única responsável por essas falhas no sistema.

Neste fim de semana, uma equipe do Ministério das Mulheres desembarcou em Campo Grande para se reunir com o colegiado Gestor da Casa da Mulher Brasileira. Nesta equipe do ministério estão presentes a diretora de Proteção de Direitos, Pagu Rodrigues a chefe de gabinete da ministra, Katia Guimarães e a Graziele Carra Dias que faz parte da ouvidoras do ministério.

Casa da Mulher Brasileira

A Casa da Mulher Brasileira de Campo Grande foi a primeira unidade a ser inaugurada no Brasil, para atendimento de mulheres vítimas de violência doméstica.

Segundo dados do Ministério das Mulheres, em dez anos foram realizados mais de mais de 1,6 milhão de atendimentos psicossociais, 138 acolhimentos na recepção e mais de 80 mil boletins de ocorrências, além da concessão de 63 mil medidas protetivas.

Atualmente, há 10 Casas em funcionamento no país, localizadas em:

  • Campo Grande (MS)
  • Curitiba (PR)
  • Fortaleza (CE)
  • São Paulo (SP)
  • Boa Vista (RR)
  • Ceilândia (DF)
  • São Luís (MA)
  • Salvador (BA)
  • Teresina (PI)
  • Ananindeua (PA)

Outras 27 estão sendo implementadas no Brasil, em diferentes fases.

Feminicídio de Vanessa

Casa da Mulher Brasileira é referência, mas atendimento às vítimas de violência doméstica ainda é deficitárioVanessa foi morta a facadas pelo noivo na última quarta-feira (12)

Vanessa Ricarte foi assassinada pelo ex-noivo na quarta-feira (12), em Campo Grande.

O boletim de ocorrência foi registrado na noite de terça-feira (11) e Vanessa retornou à Deam na quarta-feira (12) à tarde para verificar o andamento do pedido da medida protetiva, que foi deferido pelo Poder Judiciário.

Conforme reportagem do Correio do Estado, a delegada Analu Ferraz informou que todo o procedimento de praxe, como imprimir a medida e entregá-la à vítima, foi seguido.

A vítima, no entanto, não teve o acompanhamento policial esperado até sua casa, onde foi com um amigo para buscar as coisas, sendo surpreendida pelo ex-noivo, que aproveitou o momento em que o amigo de Vanessa ligava para pedir ajuda a outra pessoa e a atingiu com três facadas no peito, próximo ao coração.

O amigo de Vanessa a levou para dentro de um quarto e trancou-se lá com ela, à espera de ajuda. Ele acionou a polícia nesse período, com o agressor esmurrando a porta. 

Ela chegou a ser encaminhada para a Santa Casa, mas não resistiu aos ferimentos e morreu no hospital.

Cario foi preso ainda no local e teve a prisão em flagrante convertida em preventiva nesta sexta-feira (14), em audiência de custódia.

Ouça o áudio encaminhado pela vítima a uma amiga pouco antes de ser morta:

 

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