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SOLUÇÕES

Tirar caminhões de vias rápidas e interligar a 163 podem melhorar trânsito, diz especialista

Estudioso fala sobre as alternativas a curto prazo para driblar o aumento do fluxo de veículos em Campo Grande

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Com alta no número de veículos em circulação e no número de acidentes de trânsito, Campo Grande necessita de novas ações de controle no fluxo das vias para solucionar os problemas de mobilidade.

Em entrevista ao Correio do Estado, o especialista em trânsito Carlos Alberto Pereira sugere alterações a curto prazo, como requalificação do acesso à área central, ordenação por horários de carga e descarga e obras de reorganização de rotas, o que inclui a BR-163, que atravessa o município mas não se conecta aos bairros.

De acordo com o especialista, as áreas centrais concentram o maior movimento de veículos, seja pela grande presença do setor comercial, seja pela conexão com os principais bairros do município, o que resulta em longas filas.

“A Rua Joaquim Murtinho e a Avenida Bandeirantes são destaques em fluxo, principalmente de veículos de grande porte, que impactam as ruas, seja por serem considerados cegonhas, que carregam materiais e abastecem o comércio, seja pela frota de transporte coletivo que circula entre os principais bairros com baixa intensidade no horário comercial. Essa área deve ser explorada de forma que melhore o fluxo e colabore com a rotina do campo-grandense, para que toda a área seja usada da melhor forma possível”, explica.

A Capital é repleta de áreas complexas, como a BR-163, que atravessa a cidade e não garante acesso à área urbana por meio de conexões com os bairros próximos. 

Pereira afirma que um monitoramento maior é necessário, bem como a adoção de ruas binárias, que suportam dois sentidos em pistas diferentes. 

“Isso cria um transtorno de rotas que afeta desde a região norte do município até a região das Moreninhas. Que fique claro para a população que essas intervenções estão sendo pensadas para suprir uma necessidade, ajustar um ciclo ou solucionar um problema”, diz.

Para o vendedor Igor Rocha, o transporte de materiais afeta o trânsito durante o horário de almoço, das 11h às 13h. 

Por trabalhar próximo a um restaurante, na Rua Joaquim Murtinho, o jovem afirma que um dos fornecedores utiliza todas as faixas para fazer a entrega ao comércio. 

“Isso prejudica o fluxo de veículos da área porque, dependendo do produto, leva um tempo para ser descarregado, além de ser um meio de transporte que ocupa um espaço maior do que os carros de passageiros”, argumenta.

O supermercado próximo ao fim da rua serve como encontro com a Avenida Fernando Corrêa da Costa e a Ricardo Brandão. Igor relata que a área é sempre movimentada, já que os motoristas usam o mesmo espaço na via para seguir viagem, entrar ou sair do comércio.

Na Avenida Bandeirantes, o frentista Welder Casanova relata que o número de acidentes na região é alto em ambos os sentidos da pista. 

“No horário de pico, parece que um quer ir mais rápido do que o outro e isso causa um prejuízo não só material. Se você pegar para analisar, em uma semana, você não vai ver nada além de acidentes na região. O pessoal entende que é uma avenida de fluxo rápido e que o trânsito também deveria ser, mas não é assim. Falta fiscalização”, conclui. 

Pereira explica que é possível reorganizar essas regiões transferindo o fluxo para rotas alternativas e, assim, garantir um bom uso do espaço. 

“Precisamos pensar no futuro, e todo avanço considerado pontual passa por etapas, e essas etapas podem causar transtornos irreversíveis se não houver um bom planejamento pensando em atender toda a comunidade. É possível ver falhas simples na sinalização de trânsito, que poderiam ter evitado acidentes graves por excesso de velocidade e garantido mais segurança a todos”, diz Pereira.

A reordenação do fluxo de veículos é uma proposta viável, segundo o motorista de aplicativo Mateus Pereira. 
“Se for feita com base no movimento das pessoas, é algo positivo e válido. Agora, se isso for uma alternativa para fugir de obras e outros recursos considerados essenciais que a Capital precisa em um futuro próximo, será um desperdício e poderá causar ainda mais acidentes, tornando-se mais um transtorno para o campo-grandense”, acentua.

Conforme noticiado pelo Correio do Estado, Campo Grande já registrou mais de 9 mil acidentes de trânsito em 2022, segundo dados do Batalhão da Polícia Militar de Trânsito (BPTran).

NO FLUXO

O especialista afirma que em cidades maiores está ocorrendo um aumento no fluxo de veículos neste período pós-pandemia. 

“Cerca de 20% da população brasileira abandonou o ônibus, seja por questões médicas, seja pela oportunidade. É preciso atuar de diversas maneiras, como na alteração de sentido nas ruas, que permite a criação de uma nova rota, por exemplo. Não podemos esperar que apenas a fiscalização na forma de multa de trânsito resolva todos os problemas do município, mesmo que nossos recursos sejam limitados”, afirma. 

“Em cidades como Londrina, São José do Rio Preto e Presidente Prudente, é possível observar o incremento na sinalização dos destinos, onde placas ajudam o motorista a encontrar novas rotas que evitam um novo congestionamento”, acrescentou.

O QUE DIZ A FISCALIZAÇÃO

Hoje, a Capital sul-mato-grossense conta com 621 cruzamentos semaforizados, além de 33% do parque semafórico conectado ao Centro de Controle Integrado de Mobilidade Urbana (CCI), que permite o monitoramento dos semáforos, e da realização de possíveis correções. 

Em nota, a Agência Municipal de Transporte e Trânsito (Agetran) informa que a evolução da frota veicular de Campo Grande quadruplicou nas últimas duas décadas, sendo assim, é necessário realizar estudos técnicos para a tomada de decisões, como interdições, alteração de rotas, adoção de ruas binárias e instalação de equipamentos de fiscalização. 

A fiscalização atualmente conta com cercamento virtual, leitura automatizada das placas dos veículos e câmeras de videomonitoramento que permitem ver o tráfego das vias e intercorrências que possam surgir e demandem o deslocamento de um agente de trânsito. 

Para ajudar no monitoramento, a autarquia implanta equipamentos eletrônicos de controle de velocidade.

Fórum Criminal

Adriane doa terreno de R$ 13,4 milhões ao Tribunal de Justiça

Imóvel, de 5,5 mil metros quadrados, está localizado na esquina da rua Barão do Rio Branco com a Bahia, onde funciona o Batalhão de Trânsito

17/12/2025 19h00

Polícia de Trânsito será

Polícia de Trânsito será "despejada" do endereço onde funciona há cerca de duas décadas para dar lugar ao Fórum Criminal Gerson Oliveira

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A prefeitura de Campo Grande oficializou nesta quarta-feira (17) a doação de um terreno de 5,59 mil metros quadrados, avaliado em R$ 13.489.788,28, para o Governo do Estado. No local, esquina das ruas Barão do Rio Branco com a Bahia, será construído o Fórum Criminal. 

No terreno que ainda pertencia à prefeitura funciona, há cerca de duas décadas, o Batalhão de Trânsito da Polícia Militar, que terá de ser transferido para novo endereço assim que as obras começarem, possivelmente no próximo ano. O novo local ainda não foi definido.

O terreno, onde até o final do século passado estava instalado o Dersul (Agesul), tem 12,22 mil metros quadrados. E como somente parte foi doada, os orgãos da saúde municipal e estadual continuarão no mesmo endereço. 

A aprovação da doação terreno ocorreu no último dia 10, em meio à resistência de parte dos vereadores, já que entendiam que a prefeitura, em crise financeira, deveria vender o imóvel. Porém, a proposta da prefeita Adriane Lopes acabou obtendo o número de votos necessário para a doação.  

Conforme a previsão do Tribunal de Justiça, para o novo prédio serão transferidas as seis varas criminais e as duas do tribunal do júri. Entre as propostas está a construção de auditórios maiores para acomodar a platéia durante estes julgamentos. 

Até a conclusão da obra serão necessários em torno de R$ 100 milhões. Porém, no orçamento do próximo ano o Tribunal de Justiça destinou apenas R$ 1.635.000,00, valor que deve ser suficiente apenas para bancar os trabalhos iniciais de elaboração do projeto executivo do novo prédio, a não ser que o Executivo banque os custos da construção. 

A prioridade do TJ,  por enquanto, é a construção do anexo e refeitório do prédio do gabinete dos desembargadores. Para este projeto estão sendo destinados R$ 8,9 milhões na proposta orçamentária do próximo ano do TJMS.

Um dos argumentos utilizados pelo presidente do Tribunal,  Dorival Renato Pavan, é de que o prédio atual do fórum de Campo Grande, inaugurado no final de 2022, ficou pequeno para abrigar juízes, servidores, advogados e usuários dos serviços do Judiciário. 

Além disso, argumenta o magistrado, é necessário separar as varas cíveis das criminais para garantir maior seguranças às milhares de pessoas que diariamente entram e saem do prédio. 

Para aliviar esta suposta superlotação, já está sendo construído  o Fórum da Mulher, da Criança e do Idoso, ao lado da Casa da Mulher Brasileira, nas imediações do aeroporto internacional de Campo Grande. O investimento inicial é de R$ 10 milhões.

A construção do fórum atual se arrastou ao longo de nove anos, com alguns períodos de interrupção total  dos trabalhos. Ele tem 21,7 mil metros quadrados de área construída substituiu o fórum que antes funcionava na Fernando Corrêa da Costa. 

Conforme a previsão, o novo prédio terá menos da metade do tamano, da ordem de 11 mil metros quadrados. Porém, também não sairá do papel de um dia para o outro. A previsão é de que a obra se arraste por até cinco anos, se houver disponibilidade de recursos. 
 

Cidades

Em meio a greve, vereador sugere regulamentação de vans como transporte coletivo

Beto Avelar (PP) prepara um pedido para que o Executivo autorize, de forma emergencial e provisória, a proposta que prevê as vans como uma alternativa para a população

17/12/2025 18h55

Beto Avelar (PP), vereador de Campo Grande

Beto Avelar (PP), vereador de Campo Grande

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Diante do paralisação dos ônibus que Campo Grande vive nos últimos dias, o Poder Judiciário de Mato Grosso do Sul determinou a intervenção da Prefeitura Municipal na gestão do Consórcio Guaicurus. Com esse cenário, o vereador Beto Avelar (PP) prepara um pedido para que o Executivo autorize, de forma emergencial e provisória, a regulamentação do uso de vans como alternativa de transporte. 

"Campo Grande não pode parar. Uma capital desse porte não pode ficar sem transporte coletivo nem por um único dia. O transporte de vans é uma alternativa que é sugerida com recorrência. E, agora, diante da emergência da greve, uma solução provisória para milhares de passageiros que dependem do ônibus, mas que não contam com o serviço neste momento", destacou o parlamentar.

Para o vereador, a medida judicial confirma que a crise no sistema não é pontual, mas resultado de falhas graves e recorrentes. 

"O que foi decidido mostra que o problema é estrutural e exige providências imediatas. A população não pode continuar sendo penalizada. Quando não é pelo alto preço da passagem ou pela má qualidade dos ônibus, o Consórcio provoca situações como uma greve. Além disso, de maneira recorrente, acusa a Prefeitura pelo não pagamento de repasses, mesmo quando a Prefeitura promove a isenção de impostos ou efetua o repasse. Sem falar no descaso com os próprios trabalhadores do Consórcio que alegam estar sem pagamento", afirmou.

Decisão da Justiça

A decisão determina que, em até 30 dias, o Município instaure um processo administrativo de intervenção no contrato com o Consórcio, além de nomear um interventor e apresentar um plano de ação com cronograma para a regularização da situação do Transporte Urbano, sob pena de multa diária de R$ 300 mil. 

A Tutela de Urgência foi deferida pelo juiz Eduardo Lacerda Trevisan, na ação ajuizada pelo advogado e ex-candidato a prefeito Luso Queiroz (PT) em desfavor da Agência Municipal de Regulação dos Serviços Públicos (Agereg), Agência Municipal de Transportes e Trânsito (Agetran), Consórcio Guaicurus SA e Município de Campo Grande. 

Outra alternativa

O vereador Ronilço Guerreiro (Podemos) reforçou que, para melhorar o serviço, é necessário pensar em novos modelos de transporte público, além de novas formas de gestão que possam garantir um sistema mais ágil e eficiente.

Para ele, a implementação do VLT (veículo leve sobre trilho) poderia aliviar o trânsito, diminuir a poluição e melhorar a qualidade de vida dos cidadãos. 

Além disso, Ronilço sugeriu que o município busque novos recursos e parcerias para financiar melhorias no transporte coletivo, como a captação de investimentos por meio de instituições financeiras internacionais, como o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID).

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