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Uemura presenteava políticos com dinheiro, viagens e carro de luxo

Uemura presenteava políticos com dinheiro, viagens e carro de luxo

Redação

15/03/2010 - 04h13
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Além de financiar a campanha de Ari Artuzi (PDT) à Prefeitura de Dourados, a família Uemura presenteava políticos com dinheiro, viagens e até carro de luxo, revelou o Ministério Público Estadual, com base nas investigações da Polícia Federal e do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco). Na denúncia entregue ao Tribunal de Justiça, o MP apresentou provas do pagamento de R$ 82,6 mil em vantagens para Artuzi e de R$ 30 mil para o ex-secretário municipal de Saúde, Sandro Ricardo Barbara. Em troca, os políticos facilitavam a atuação dos criminosos, mantendo contratos da prefeitura com as empresas do grupo e articulando fraudes em licitações para beneficiar os acusados. Segundo o Ministério Público, em maio do ano passado, Ari Artuzi recebeu dos Uemura um Fiat modelo Linea Absolute Dual, no valor de R$ 66.150,00. O automóvel foi financiado pelo banco Finasa em nome do prefeito, mas quem pagava o financiamento eram Sizuo Uemura e seu filho, Eduardo. Quando deflagrou a Operação Owari, em 7 de julho do ano passado, a Polícia Federal encontrou a nota fiscal do carro na Fiat Grandourados, concessionária de propriedade dos Uemura. E na casa de Leiko Tamaki, responsável pelo escritório financeiro da família, os federais apreenderam três boletos no valor de R$ 1.551,14 cada um, relativos às parcelas de março, abril e junho, do financimento do veículo. “A vantagem indevida recebida por Ari Artuzi fora em decorrência de ajustes e trocas de favores entre ele, Eduardo Uemura e Sizuo Uemura, pois o grupo Uemura financiou a campanha de Ari Artuzi, enquanto este, na qualidade de administrador de Dourados e gerente da organização criminosa, empreendia esforços no sentido de beneficiar o grupo, suas empresas e as empresas de interesse do grupo, e viceversa”, observou o procuradorgeral de Justiça, Miguel Vieira, na denúncia apresentada ao Tribunal de Justiça. Dinheiro Os policiais também apreenderam um gol na residência do assessor direto de Artuzi, Jorge Antônio Dauzacker. No porta-malas do carro, registrado em nome do prefeito, havia R$ 10.087,00. Segundo os promotores que investigaram o caso, o dinheiro seria entregue ao prefeito. Sem saber que estava sendo grampeado, Artuzi conversou sobre o dinheiro com Marcos Geromini, irmão da sua assessora, Márcia Geromini. O diálogo, registrado no dia da Operação Owari, “deixa evidente” que Jorge Antônio entregaria os R$ 10 mil a Artuzi, observou o Ministério Público na denúncia. Além disso, o exsecretário de Saúde Sandro Barbara, também, teria recebido dinheiro dos Uemura. Ele assumiu a secretaria em abril do ano passado e pediu demissão após ser preso na Operação Owari. O Ministério Público afirma que Artuzi convidou Sandro para o primeiro escalão do governo municipal “por determinação dos chefes Sizuo e Eduardo Uemura”. De acordo com o MP, “o denunciado somente aceitou o cargo em razão da promessa feita por Eduardo Takashi Uemura, previamente ajustada com Ari Artuzi” de que lhe daria ajuda financeira. Como dentista autônomo, Sandro ganhava de R$ 15 mil a R$ 20 mil por mês. O salário de secretário era de R$ 6,6 mil. Em 1º de julho, dias antes da deflagração da Operação Owari, Sandro recebeu R$ 30 mil de Eduardo Uemura, dividido em três cheques de R$ 10 mil cada um, em nome da empresa Grandourados, de propriedade da família Uemura. Viagens A família Uemura também pagou passagens aéreas a Artuzi e ao então secretário de Governo, Darci Caldo, no valor de R$ 1.548,00. Eles ganharam bilhetes para viajar nos dias 11 e 12 de março, de Curitiba (PR) ao Rio de Janeiro, e do Rio a Brasília. A PF também descobriu que os Uemura pagaram R$ 234 à Agência CVC Turismo, relativos a despesas de viagens dos dois. Nepotismo transverso A partir de janeiro de 2009, a Localiza Rent Car, empresa de propriedade da família Uemura, contratou três pessoas indicadas por Artuzi - uma forma de compensar pelos serviços prestados durante a campanha, conforme o MP. Artuzi teria contratado, inclusive, seu cunhado para ser motorista da prefeitura. Como não poderia fazer isso oficialmente, porque caracterizaria nepotismo, o salário era pago pela Localiza Rent Car.

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STF: Gilmar e Dino votam para derrubar lei que validou marco temporal

Decano do STF também votou para estabelecer um prazo de dez anos para o governo federal

15/12/2025 13h35

Ministro Gilmar Mendes

Ministro Gilmar Mendes Andressa Anholete/STF

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O ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), votou nesta segunda-feira, 15, no plenário virtual, para reafirmar a decisão do plenário que declarou inconstitucional a tese do marco temporal, que limita a demarcação de terras indígenas. Ele foi acompanhado por Flávio Dino.

O decano do STF também votou para estabelecer um prazo de dez anos para o governo federal concluir todos os processos de demarcação pendentes.

"Passados mais de 35 anos da promulgação da Constituição Federal, parece-me que já transcorreu lapso suficiente para amadurecimento definitivo da questão, de modo que não há mais como remediar a solução desse problema, cabendo, dessa forma, ao Poder Executivo o devido equacionamento da matéria e finalização dos procedimentos demarcatórios em prazo razoável, porém peremptório", defendeu.

O julgamento no plenário virtual fica aberto até a próxima quinta-feira, 18, para os ministros juntarem os votos na plataforma online. Se houver pedido de vista (mais tempo de análise) ou de destaque (transferência do processo ao plenário presencial), a votação é interrompida.

A tese do marco temporal estabelece que povos indígenas só podem reivindicar terras que ocupavam em 5 de outubro de 1988, data da promulgação da Constituição Federal.

Em 2023, em uma decisão histórica, por 9 votos a 2, o STF derrubou a interpretação e definiu que o direito das comunidades a territórios que tradicionalmente ocupavam não depende de uma data fixa.

O tema voltou ao tribunal porque, logo em seguida, o Congresso aprovou um projeto de lei para restringir as demarcações com base no marco temporal. O presidente Lula vetou o texto, mas os vetos foram derrubados pelo Legislativo.

Em paralelo, o Senado provou um projeto de emenda à Constituição (PEC) no mesmo sentido. Com isso, os senadores buscam incluir o critério de demarcação na Constituição. O texto seguiu para análise da Câmara.

Em seu voto, Gilmar Mendes reafirmou a decisão do STF. O ministro afirmou que o tribunal "não pode se esquivar de sua missão constitucional" e, em um aceno ao Congresso, defendeu que a atuação da Corte não pode "ser considerada como afronta ao Poder Legislativo".

"A análise do Supremo Tribunal Federal, no exercício do controle de constitucionalidade, equivale à prevalência da Constituição sobre os poderes constituídos quando estes atuam em descompasso com os limites impostos pela própria Lei Maior e pelo papel contramajoritário das Cortes Constitucionais, no caso o direito natural à própria existência dos indígenas, na medida em que a imposição de determinado limite temporal distante no tempo equivale à vulneração de seu status protetivo constitucional", argumentou o ministro.

O decano ressaltou que a lei é desproporcional e gera insegurança jurídica ao impor um marco temporal de forma retroativa, atingindo comunidades que não dispõem de documentação formal de ocupação.

"Nossa sociedade não pode conviver com chagas abertas séculos atrás que ainda dependem de solução nos dias de hoje, demandando espírito público, republicano e humano de todos os cidadãos brasileiros (indígenas e não indígenas) e principalmente de todos os Poderes para compreender que precisamos escolher outras salvaguardas mínimas para conduzir o debate sobre o conflito no campo", diz outro trecho do voto.

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TRANSPORTE PÚBLICO

Prefeitura nega que esteja devendo Consórcio Guaicurus

O encontro, convocado para esclarecer a situação financeira entre o município e a concessionária do transporte coletivo, ocorreu sem a presença da prefeita Adriane Lopes

15/12/2025 12h30

Segundo as informações apresentadas, todos os repasses previstos em lei vêm sendo realizados dentro do prazo

Segundo as informações apresentadas, todos os repasses previstos em lei vêm sendo realizados dentro do prazo FOTO: Divulgação

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Em coletiva de imprensa realizada na manhã desta segunda-feira (15), no plenarinho da Prefeitura de Campo Grande, representantes da administração municipal afirmaram que o Executivo não possui qualquer dívida com o Consórcio Guaicurus. 

O encontro, convocado para esclarecer a situação financeira entre o município e a concessionária do transporte coletivo, ocorreu sem a presença da prefeita Adriane Lopes, que delegou a fala a integrantes de sua equipe.

A coletiva também foi marcada por restrições à imprensa, equipes de diversos veículos, entre eles o Correio do Estado, foram barradas de acompanhar o pronunciamento logo ao chegar no local. 

Apesar disso, a reportagem teve acesso a áudios da entrevista, nos quais aparecem as declarações de Otávio Figueiró, diretor-executivo da Agereg; Ulysses Rocha, chefe de gabinete da Prefeitura; e Cecília Saad Cruz Rizkallah, procuradora-geral do Município, que reforçaram a versão oficial de que não há débitos pendentes com o consórcio.

Segundo as informações apresentadas, todos os repasses previstos em lei vêm sendo realizados dentro do prazo e, em alguns casos, de forma antecipada. De acordo com Figueiró, apenas em 2025 o município transferiu mais de R$ 35 milhões ao consórcio, somando subsídios, vale-transporte e pagamentos de gratuidades. 

“Um contrato que hoje tem 197 ônibus com a idade acima da média que não deveriam estar circulando na cidade de Campo Grande, inclusive já tem duas multas preparadas pela agência de regulação. A agência de regulação aplicou uma multa de R$ 12 milhões e eles, no outro dia, contrataram o seguro. O que comprova que não é somente a falta de dinheiro”, afirmou.

Durante a coletiva, os representantes do município ressaltaram que, na semana passada, a prefeita Adriane Lopes autorizou a antecipação de cerca de R$ 3 milhões referentes a subsídios e valores que só venceriam ao longo do mês de dezembro. A medida teve como objetivo garantir fluxo de caixa ao consórcio para o pagamento dos salários dos trabalhadores e impedir a paralisação do serviço.

“Esse pagamento ainda não estava vencido e foi antecipado dentro do limite legal”, disse o diretor-executivo. Conforme a explicação apresentada, o valor máximo permitido por lei para repasses neste período, de aproximadamente R$ 19,5 milhões, já foi integralmente transferido ao consórcio, não havendo pendências financeiras por parte do município.

A administração municipal também destacou que a paralisação ocorreu apesar de decisão judicial que estabelece regras para greves em serviços essenciais. A procuradora-geral do Município explicou que há determinação para manutenção mínima de 70% da frota em circulação, com reforço nos horários de pico, o que não teria sido cumprido. “A paralisação total caracteriza abusividade”, afirmou.

Diante do descumprimento, a Agência de Regulação (Agereg) notificou o consórcio e iniciou os trâmites para aplicação de multa. Segundo Figueiró, a penalidade já estava em fase de formalização e deveria ser entregue ainda nesta segunda-feira. A Procuradoria-Geral do Município também informou que atua no processo judicial e acompanha audiência marcada para esta terça-feira (16).

Questionados sobre um possível rompimento contratual, os representantes do Executivo afirmaram que a medida exige cautela e não pode ser adotada de forma imediata. Cecília e Figueiró explicaram que há etapas administrativas e jurídicas a serem cumpridas, incluindo notificações, prazos de defesa e análise técnica, além da necessidade de garantir a continuidade do serviço.

Por fim, a Prefeitura reiterou que a prioridade é restabelecer o transporte coletivo. “O município cumpriu suas obrigações financeiras. O consórcio, como empresa privada regulada, também precisa cumprir com as suas responsabilidades perante a população”, declararam.

Segundo dados apresentados, a paralisação afetou cerca de 110 mil usuários do sistema e aproximadamente mil trabalhadores do transporte coletivo.

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