A campanha de vacinação contra a Covid-19 começa hoje em Campo Grande, a partir das 8h, segundo o secretário de Saúde da Capital, José Mauro de Castro Filho.
Os 158 mil imunizantes chegaram na tarde de ontem na Base Aérea e quatro sul-mato-grossense já receberam o imunizante em ação no Hospital Regional de Mato Grosso do Sul.
Conforme o secretário municipal, após as doses serem repassadas do Estado para Campo Grande, elas vão seguir para o almoxarifado da Secretaria Municipal de Saúde (Sesau) e de alguns outros hospitais conveniados.
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A vacinação hoje começa com os servidores da linha de frente do Hospital Regional, Hospital Universitário Maria Aparecida Pedrossian e da Santa Casa de Campo Grande.
Equipes volantes também vão atender as Unidades de Pronto Atendimento (UPAS) e em dois asilos da Capital, o São João Bosco e o Sirpha.
“Começa amanhã [hoje] essa estratégia e, dependendo da quantidade de doses que Campo Grande vai receber, nós vamos vacinar com equipes volantes no início, a gente não deve ter doses suficientes nesse momento para abrir as doses nas unidades”, reforçou Castro.
“Tudo isso estava programado para ser na quarta-feira, mas nós estamos antecipando essa logística de acordo com a possibilidade que foi oferecida pelo Ministério da Saúde, porque até então isso seria na quarta-feira. A equipe de Samu também será vacina amanhã”, completou o secretário da Capital.
Ainda conforme o secretário, como a Capital não receberá todas as doses necessárias para vacinar todos os integrantes do primeiro grupo prioritário, foi feita uma divisão na classificação prioritária.
“Nós estamos na verdade dividindo a prioridade da prioridade, por conta da quantidade de doses que estamos recebendo”, explicou.
Com isso, serão vacinados apenas profissionais de saúde que atuem na linha de frente contra a pandemia (pronto-socorro, unidades de terapia intensiva e Unidades de Pronto Atendimento), indígenas que moram em aldeias e idosos que estejam institucionalizados, ou seja, que estejam internados ou morem em asilos.
Como ainda não se tem data para uma nova remessa de imunizantes, conforme Castro, a orientação do Ministério da Saúde é garantir as duas doses para os imunizados, ou seja, 79 mil sul-mato-grossenses serão vacinados neste primeiro momento, dos 211 mil que compõe as prioridades anteriormente informadas pelo Ministério da Saúde.
A Capital ainda não divulgou detalhes do plano de vacinação, e deve fazer isso hoje.
VACINADOS
Ontem, em cerimônia no Hospital Regional, quatro pessoas foram vacinas. Estiveram presentes na cerimônia o governador de Mato Grosso do Sul, Reinaldo Azambuja (PSDB), o secretário municipal de Saúde e o secretário estadual de Saúde, Geraldo Resende, que esteve em Guarulhos (SP) para acompanhar o envio das doses ao Estado.
O prefeito de Campo Grande, Marcos Trad (PSD) não compareceu ao evento e mandou a vice-prefeita Adriane Lopes representá-lo. Segundo a assessoria de imprensa da administração, ele estava em um compromisso marcado anteriormente.
“Todos nós aguardávamos esse momento de receber as primeiras doses, uma ansiedade de toda a população e principalmente poder atender agora os grupos prioritários. Um momento aguardado, estamos ansiosos para os outros carregamentos, como todo o Brasil está, mas é um momento importante, porque, pelo menos, começou definitivamente em Mato Grosso do Sul a partir de hoje”, afirmou Azambuja quando as doses pousaram na Capital.
A primeira a receber o imunizante foi a indígena Domingas da Silva, 91 anos. A idosa contou que já foi moradora da aldeia Buriti, entre Dois Irmãos do Buriti e Sidrolândia, mas agora reside na aldeia Tereré, em Sidrolândia.
Ela contou que foi a cacique de sua aldeia que lhe informou que ela seria uma das primeiras vacinadas do Estado. Questionada sobre receber a dose, disse: “Graças a Deus”.
A segunda a receber a primeira dose da Coronavac foi a também idosa Maria Bezerra de Carvalho, que fará aniversário de 83 anos na segunda-feira (25). Ela é moradora do Asilo São João Bosco, em Campo Grande e ressaltou que é “muito importante” receber o imunizante.
Representando os profissionais de saúde da linha de frente contra a Covid-19, o médico Marcio Estevão Midon, 43 anos, que faz residência médica em Clínica Médica e Nefrologia no HRMS, foi o terceiro imunizando.
Segundo o hospital, ao longo da pandemia, ele já atendeu mais de 100 pacientes graves que necessitaram de ventilação mecânica. Ele tem um filho de 4 anos.
“Agora, com a linha de frente não existem mais as especialidades, todos foram recrutados para o CTI. Estou desde março atuando na linha de frente. Peço que as pessoas não tenham receio [de se vacinar], não tenham medo, os estudos da vacina demonstraram que ela diminuiu, praticamente zerou, a necessidade de internação, principalmente internação em locais críticos, CTI, e de óbitos também”, afirmou, em recado à população.
O médico conta que perdeu vários colegas de profissão para a doença e, por isso, reforça o pedido para que as pessoas se vacinem.
Ainda ontem, uma quarta pessoa foi vacinada, que não estava na programação. A auxiliar de enfermagem Sandra Maria de Lima, de 50 anos, que atua na sala de vacina do Regional, foi convidada para receber o imunizante durante o ato.
“Fiquei surpresa, como se tivesse recebido um presente antecipado. Veio quatro doses, me ofereceram e estou muito feliz e agradecida, eu sei que a vacina é a nossa única saída, não temos outra alternativa. Então eu peço para a população que ainda está resistente, não tenham medo, vacinem. A nossa esperança de voltar um dia ao normal é a vacina”, afirmou.
LOGÍSTICA
Dezessete viaturas sairão de Campo Grande na manhã de hoje para distribuir as 158.760 doses da vacina contra o coronavírus em Mato Grosso do Sul. A previsão é de que os imunizantes cheguem até o fim da tarde do mesmo dia.
“Têm algumas viaturas que vão fazer a patrulha e a escolta, então talvez seja até mais”, disse a coordenadora de vigilância epidemiológica e gerente de imunização da Secretaria de Estado de Saúde (SES), Ana Paula Rezende de Oliveira.
Além disso, um avião está disponível para ser usado na distribuição, mas não será usado inicialmente, “uma vez que será um quantitativo pequeno no início”.
Uma viatura partirá da Capital a cada 5 minutos com destino ao interior, mas a quantidade de doses que será enviada para cada município ainda está sendo contabilizada. (Colaborou Gabrielle Tavares)