A partir desta quinta-feira, Dourados passa a receber as 15 companhias e grupos – do Rio de Janeiro, São Paulo, Paraná e Mato Grosso do Sul – que integram a programação do 11º Festival Internacional de Teatro (Fit), entre os dias 18 a 27, em vários pontos da cidade.
O evento volta a ser realizado, após um hiato de seis anos, por iniciativa da Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD), que celebra, com o Fit 2025, duas décadas de sua criação. Todas as atividades do festival têm entrada franca.
Três diferentes realidades se alternam e se inter-relacionam no transcorrer de “In On It” – o passado e o presente de dois personagens, um deles fabulando seu epitáfio pessoal, de onde brota, saltando para fora da ficção, uma terceira lâmina de temporalidade, que se coloca no “aqui e agora” da relação direta do público com o que ocorre e o que está por vir em cena.
Há um exercício de metalinguagem, mas também a condição do afeto que circula no fluxo dramático da peça com direção de Enrique Diaz. Em cena, Emilio de Mello e Fernando Eiras.
Com texto original do canadense Daniel MacIvor, sob a tradução de Daniele Avila, “In On It”, que estreou no Brasil em 2009 e foi retomada, como uma co-produção Rio-SP, no ano passado, é um dos espetáculos da primeira noite do Fit.
O outro, “Seco”, com os atores Douglas Caetano e Edner Gustavo, dirigido por Marcelo Leite, da Cia. Fulano di Tal (MS), também versa sobre “afetos e angústias”, e será encenado no Auditório Central (UFGD – Unidade 2), às 19h, antes da montagem de Diaz-Mello-Eiras, programada para as 21 horas.
O Fit segue até domingo, destacando o poeta Emmanuel Marinho e a Armazém Cia de Teatro (RJ), entre outras atrações, dá uma paradinha na segunda-feira, e volta na terça com o seu “segundo ato”, que vai até o dia 27, cabendo a cantora e compositora carioca Letrux o show de encerramento no Parque dos Ipês, a partir das 22h.
Para Gil Esper, que está à frente da Coordenação de Cultura da UFGD e da organização do evento, o retorno é simbólico. “O Fit é um evento de extrema importância para o cenário cultural de MS.
O festival tem sua solidez no calendário da cidade, e sua ausência foi sentida. Então, retomar o festival neste ano é simbólico porque a UFGD celebra 20 anos, além de reafirmar o papel da universidade como fomentadora de cultura e diversidade”, afirma Gil.
Para o coordenador, a programação deste ano é, por si só, uma narrativa da história do Fit. Os 15 grupos teatrais que estarão na cidade, incluindo companhias douradenses, vão ocupar a praça Antônio João, os parques dos Ipês, Rego D´Água e Antenor Martins, os espaços culturais Sucata Cultural e Casulo, o Centro de Convivência do Idoso e locais da própria universidade, seus auditórios e o Núcleo de Artes Cênicas (Nac).
Um exemplo será a apresentação do poeta Emmanuel Marinho (MS). Um dos idealizadores do festival e coordenador das três primeiras edições, Marinho revisita sua obra e trajetória na sexta-feira, às 19h30min, no Nac (UFGD – Unidade 2), onde apresenta “Com a Palavra, o Poeta”.
Esse olhar para a própria trajetória também se revelará em “Tekoha – Ritual de Vida e Morte do Deus Pequeno”, do Teatro Imaginário Maracangalha, que vai se apresentar no Parque Rego D´Água (dia 20, às 16h).
“Tekoha” coloca em cena a temática indígena, pauta recorrente nas edições do festival e de grande relevância para a UFGD. Assim, o Fit reafirma seu compromisso histórico com os povos originários e as questões sociais que atravessam o território sul-mato-grossense.
Do eixo nacional, obras premiadas aportarão no Auditório Central da Unidade 2 da UFGD. Além de “In On It” e de “Neva”, da Armazém Companhia de Teatro, haverá ainda, por exemplo, “Tom na Fazenda”, sob direção de Rodrigo Portella (RJ). Também estão na programação oficinas, mesas redondas e a palestra cênico-literária “Para abrir outras Janelas”, com Odilon Esteves.
A UFGD disponibilizará transporte gratuito para os espetáculos que acontecerão na Unidade 2 (Cidade Universitária), saindo da Reitoria na Unidade 1 (antigo Ceud) e da Praça Antônio João, antes de cada apresentação e retornando ao fim.
O Fit é uma realização da UFGD, Fecomércio MS e Sesc Cultural Mato Grosso do Sul. O evento tem apoio da Fundação de Apoio ao Ensino, Pesquisa e Extensão (Funaepe), Universidade Estadual de MS (UEMS) e Prefeitura de Dourados.
FEITO EM CASA
O festival mostra a força local com a Mostra Feito em Casa, dedicada a valorizar a “prata da casa”. Nela estarão grupos douradenses como a Cia. Theastai de Artes Cênicas, com os espetáculos “Balança mas não Cai” e “Quem Matou o Morto?”; Produções 13, com “Des-calço”; e o Esboço Caótico, com “Os Botões das Camisas e das Rosas”. Além de espetáculos de Campo Grande – “Seco”, do grupo Fulano di Tal e “Aquele Aquela Menos Ela”, de Liz Sória.
Na visão do curador do Festival e professor da UFGD, Nill Amaral, a 11ª edição do Fit busca equilíbrio entre inovação e tradição. “A mostra Feito em Casa recebeu 30 inscrições e aponta a vitalidade da produção local. Já no panorama nacional, espetáculos como ‘Neva’ e ‘In On It’ trazem o que há de mais atual no teatro brasileiro. Para nossos estudantes, o contato com obras de alto nível em cenografia, iluminação e dramaturgia também é uma experiência enriquecedora”, afirma Nill.
LETRUX
Encerrando a programação do Fit, a aposta será na fusão entre música e cena, com a cantora e compositora carioca Letrux. Antes do show de encerramento do festival, haverá a apresentação da Orquestra UFGD, que há 10 anos desenvolve a prática musical com músicos da comunidade.
“Letrux tem um trabalho muito performático, potente, que expande as fronteiras entre música e teatro. É também uma forma de trazer ao público de Dourados um movimento alternativo da música contemporânea brasileira, ainda pouco acessível na região”, argumenta Gil quanto à escolha da cantora para fazer parte do evento.

Neli Marlene Monteiro Tomari e Yosichico Tomari, que hoje comemoram bodas de ouro, 50 anos de casamento - Foto: Arquivo Pessoal
Donata Meirelles - Foto: Marcos Samerson


