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Apesar da popularidade entre jovens, narguilé é prejudicial à saúde

Apesar da popularidade entre jovens, narguilé é prejudicial à saúde

THIAGO ANDRADE

17/02/2017 - 16h00
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A polêmica em torno do narguilé – uma espécie de cachimbo à base d’água bastante popular em todo o País – foi reacendida este mês, em razão da internação de um jovem paranaense diagnosticado com excesso de líquido no pulmão. Henrique Nascimento, 19 anos, relata que era usuário do narguilé há pouco mais de um ano e que costumava utilizá-lo diariamente.

Mato Grosso do Sul, de acordo com um estudo realizado pelo Ministério da Saúde em 2015, é o Estado que concentra o maior número de usuários de narguilé do Brasil. Conhecido por outros nomes como “xixa” e “hookah”, o cachimbo à base d’água é mais prejudicial que o uso de formas tradicionais de fumo como o cigarro. 

Um estudo da Universidade de Pittsburgh, nos Estados Unidos, publicado em janeiro do ano passado, demonstrou que em uma sessão de narguilé, o consumo de alcatrão equivale a 25 cigarros. A água que canaliza a fumaça não é capaz de deter substâncias nocivas. O consumo de nicotina é duas vezes e meia maior e o monóxido de carbono presente é 10 vezes superior ao contido em um cigarro.

“Ele é um equipamento sofisticado, a apresentação é bonita e isso acaba escondendo os riscos que oferece. Trata-se de uma forma de fumo e pode oferecer problemas sérios”, explica a médica pneumologista Eliana Setti Albuquerque. Como as sessões de narguilé costumam ser longas, podendo durar até 80 minutos, isso aumenta a exposição às substâncias tóxicas que o produto libera.

Embora os riscos sejam bastante conhecidos, a legislação que regulamenta o uso do cachimbo apenas proíbe a venda de produtos a menores de 18 anos em Mato Grosso do Sul. “Diferentemente das embalagens de cigarro, que trazem imagens dos impactos que o tabagismo pode oferecer, as embalagens do fumo para narguilé trazem frutas e símbolos que não fazem referência aos riscos”, argumenta.

HISTÓRIA

Apesar da “febre” ocidental, o narguilé tem origem no Oriente. Seu uso é bastante comum em países do norte da África, Oriente Médio e sul da Ásia. Também é bastante disseminado na Europa, sobretudo em países com fortes influências árabes. Mesmo a cultura pop incorporou sua presença como símbolo do exotismo oriental. Em “Alice no País das Maravilhas”, tanto no livro de Lewis Carroll quanto nas adaptações cinematográficas, a lagarta azul com quem Alice descobre como recobrar seu tamanho normal aparece fumando um narguilé.

Entre as versões da origem do narguilé, a mais difundida trata do médico Hakim Abul Fath, que teria inventado na Índia um método para retirar as impurezas da fumaça por meio da água. A popularidade do cachimbo se dá com sua chegada à Turquia, há cerca de cinco séculos. Dada a importância da cidade, a forma de fumar usando o objeto ganhou popularidade e chegou à Europa.

CONSUMO

Em Campo Grande, o número de tabacarias que vendem artigos como o tabaco e o carvão utilizados nos narguilés, assim como comercializam o objeto ou o alugam para quem quer utilizá-lo no local, cresceu exponencialmente. Segundo C. B., que é atendente em uma tabacaria da Capital, o consumo é alto. “Tem gente aqui desde a hora que a gente abre até o fechamento. A maior parte do público é jovem”, aponta. “Não sei te dizer a idade, mas a gente evita vender para os menores”.

As tabacarias na Capital atendem públicos variados. Na região central, algumas buscam se aproximar da experiência oriental de fumar narguilé ao máximo. Na periferia também se encontram espaços que vendem ou alugam os narguilés. “Acho que, independentemente da localização, a popularidade é igual. O que vai mudar é o tipo de produto que é vendido”, aponta C. B., que pediu para que o nome não fosse revelado.

Entre os usuários, o consenso é de que narguilé só faz mal se usado em excesso. O vendedor Marlom Jacem, 24 anos, é um dos defensores da prática. “Geralmente, eu uso mais aos fins de semana. Também gosto de chegar em casa e fumar. É um momento meu, de relaxamento”, explica. Ele conta que descobriu o narguilé por causa de amigos. 

“Fomos à casa de um colega e ele nos apresentou. No começo, achei estranho. A gente tem um pouco de preconceito”, explica. Depois de conhecer melhor a prática e arriscar algumas tragadas, percebeu “que não era nada daquilo”. Marlon começou a usar o narguilé há três anos, em uma época em que, segundo ele, ainda não era tão popular. “Era meio ‘off’, as pessoas não conheciam tanto”, explica.

De acordo com Marlon, o hábito é custoso. O aluguel de um narguilé em uma tabacaria de bairro custa em média R$ 12. “Pode ser mais caro, dependendo do local e dos produtos que são utilizados”, explica. O aluguel equivale a uma sessão, até que o tabaco e o carvão se esgotem – o que pode levar em torno de 40 minutos, dependendo da intensidade.

“Mas se você compra o equipamento, vai ter outros custos. De qualquer maneira, vai ter gasto”, explica. Em relação à saúde, Marlon garante não se sentir prejudicado. “Eu faço exames regularmente e tudo continua igual. Terei de fazer um exame pulmonar e acredito que não haverá nada de errado”, argumenta.

O estudante universitário M. G., 17 anos, é administrador de um grupo voltado para fãs de narguilé no Facebook, chamado “Narguileiros MS”. Com mais de 17 mil integrantes, o grupo é destino à compra e venda de equipamentos.

“Comecei a fumar por curiosidade. Vi outros fumarem e decidi experimentar. Não gostei de começo, mas com o tempo me acostumei e comprei um para mim”, explica. Segundo ele, o narguilé oferece um momento de lazer e descontração. “É uma oportunidade para reunir os amigos, conversar”, explica.

Ele conta que vendeu o equipamento porque estava enjoado das essências que usava e pretende trocar por um vaporizador – uma espécie de cachimbo eletrônico. “Eu sempre digo que tudo em excesso faz mal à saúde, independentemente do que seja. Se a pessoa fuma pouco, acredito que o impacto na saúde não será tão grande”, diz. Segundo ele, também há exagero na hora de tratar dos malefícios da prática.

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Gastronomia B+: Na dúvida sobre qual panetone escolher? Veja aqui e como harmonizá-los

Nutricionista explica as diferenças de cada panetone e quais bebidas mais combinam com cada um

14/12/2025 12h30

Gastronomia B+: Na dúvida sobre qual panetone escolher? Veja aqui e como harmonizá-los

Gastronomia B+: Na dúvida sobre qual panetone escolher? Veja aqui e como harmonizá-los Foto: Divulgação

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Do clássico com frutas às versões recheadas, o panetone segue como uma das sobremesas mais consumidas no fim do ano. Presença garantida nas ceias de Natal, o produto ganha novas leituras a cada temporada, ampliando o leque de sabores e atendendo a diferentes perfis de consumidores.

Para ajudar na escolha do panetone ideal, a nutricionista da Água Doce Sabores do Brasil, Cláudia Mulero, explica as principais diferentes entre as opções disponíveis no mercado e como harmonizá-las com cachaças e vinhos para uma experiência completa.  

“A cada ano, o panetone se reinventa e se fortalece como símbolo da mesa natalina. Na Água Doce, reconhecemos o valor afetivo dessa tradição e incentivamos nossos clientes a explorarem novas combinações, valorizando tanto as versões clássicas quanto as que trazem um toque de brasilidade. É uma forma acolhedora e saborosa de celebrar”, destaca Cláudia.

Panetone Tradicional: com massa macia com frutas cristalizadas e uvas-passas, o panetone tradicional é perfeito para quem não abre mão do sabor clássico das celebrações natalinas. A sobremesa é ideal para ser consumida acompanhada de um espumante moscatel ou um vinho mais fortificado, como o Porto.

Chocotone e trufado: favorito dos amantes de chocolate, o chocotone traz gotas generosas que garantem indulgência e agradam adultos e crianças. Já o panetone trufado é uma versão mais sofisticada, com recheio que pode variar entre creme de avelã ou doce de leite. Cachaças envelhecidas em amburana, em bálsamo e com notas trufadas são indicadas para acompanhar os panetones recheados.

Panetone de frutas vermelhas: fresco e aromático, que agrada quem busca sabores menos densos, o panetone de frutas vermelhas é uma releitura contemporânea do clássico natalino. Com uma massa leve e amanteigada pode ser recheado com morango, framboesa, amora e mirtilo. Esta opção de sobremesa harmoniza bem com espumante Brut Rosé e vinho Riesling. Já para quem prefere cachaça, o ideal é que seja de jequitibá ou com infusão de frutas.

Panetone Salgado: versão inovadora que inclui queijos, embutidos como salame, calabresa ou combinações especiais, que levam frango, é uma alternativa para quem prefere sabores não adocicados. Para esta opção, as cachaças envelhecias em carvalho, amburana, jequitibá e em bálsamo são indicadas. Já para os amantes de vinhos, as recomendações passam pelo espumante Brut, Rosé seco, Sauvignon Blanc e o Branco português.

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B+: Especialista explica o que é o red pill, que ganhou repercussão após caso de Thiago Schutz

"Não é influência positiva, é propaganda de misoginia". Especialista em relacionamentos, a Dra. em psicologia Vanessa Abdo explica como a ideologia do movimento afeta nos direitos das mulheres e contribui para o incentivo à violência

13/12/2025 17h00

B+: Especialista explica o que é o red pill, que ganhou repercussão após caso de Thiago Schutz

B+: Especialista explica o que é o red pill, que ganhou repercussão após caso de Thiago Schutz Foto: Divulgação

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O termo “red pill” tem gerado em muitos debates nas redes sociais devido à denúncia de agressão e tentativa de estupro de Thiago Schutz, conhecido como “Calvo do Campari”. O coach foi detido em Salto (SP) no último dia 29 de novembro, após ser denunciado para a Polícia Civil pela namorada. Thiago Schutz é considerado influenciador do movimento “red pill”, por produzir conteúdos e ser autor de livro que aborda o tema.

Mas afinal, você sabe o que significa o movimento “red pill” e por que ele afeta violentamente as mulheres? Para responder a essa pergunta e esclarecer outras dúvidas sobre o tema, conversamos com a doutora em Psicologia Vanessa Abdo.

Sobre o termo

O nome “red pill” (pílula vermelha, em português) vem de um conceito fictício do filme “Matrix” (1999), em que a pílula vermelha seria a escolha para "despertar" e ganhar "consciência" da realidade do mundo.

Com essa narrativa, o movimento red pill passou a criar teorias da conspiração que incentivassem os homens a “acordem para a realidade” e não serem “dominados” pelas mulheres.

“O red pill se apresenta como uma ‘verdade sobre as relações’, mas na prática é um conjunto de ideias que reduz mulheres a objetos, corpos, funções ou serviços e coloca os homens como dominantes e superiores. É uma ideologia que traveste controle e desprezo como se fossem ‘ciência comportamental’. Quando os nossos corpos são objetificados, não tem graça. Isso não é sobre relacionamento, é sobre poder”, afirma a psicóloga Dra. Vanessa Abdo.

Qual a relação do red pill com a misoginia?

“A base do red pill é a crença de que as mulheres valem menos, sentem menos, pensam menos ou merecem menos. Isso é misoginia. O movimento estimula o desprezo pelas mulheres, especialmente as fortes e independentes, justamente porque homens que aderem a esse discurso precisam de parceiras vulneráveis para manter no seu controle. A misoginia não é efeito colateral do red pill, é sua espinha dorsal.”

Por que o red pill é tão perigoso para toda a sociedade, principalmente para as mulheres?

“Porque ele normaliza a violência. Quando você cria uma cultura em que mulheres são tratadas como objetos descartáveis, a linha entre opinião e agressão se dissolve. Esse tipo de discurso incentiva violências físicas, psicológicas, sexuais e digitais, que são camufladas como humor ou “liberdade de expressão”. Uma sociedade que naturaliza o desprezo por mulheres adoece, retrocede e coloca todas em risco.” 

Nas redes sociais, muitos homens fazem uso de um discurso de ódio às mulheres disfarçado de humor. Qual a diferença da piada para a incitação à violência?

“A piada provoca riso, não medo. A piada não tira a humanidade do outro. Quando o ‘humor’ reforça estereótipos, desumaniza mulheres e legitima agressões, ele deixa de ser brincadeira e se torna uma arma. A diferença está na intenção e no efeito. Se incentiva o desrespeito, a dominância ou a violência, não é humor, é incitação.

É importante reforçar que combater a misoginia não é sobre guerra dos sexos, é defesa da vida. Toda vez que normalizamos piadas que objetificam mulheres, abrimos espaço para violências maiores. Precisamos ensinar homens, especialmente jovens, a construir relações baseadas em respeito, não em dominação. E precisamos dizer claramente que humor não pode ser usado como máscara para ódio.”

Na internet, muitas pessoas consideram quem prolifera o movimento red pill como “influenciadores digitais”. Qual a sua opinião sobre isso?

“Influenciadores pressupõem responsabilidade social. Quem difunde ódio e objetificação influencia, sim, mas influencia para o pior. Não podemos romantizar a figura de alguém que lucra reforçando violência simbólica e emocional contra mulheres. É preciso nomear corretamente: isso não é influência positiva, é propaganda de misoginia.”

Sobre o caso de Thiago Schutz, surgiram muitos julgamentos sobre as mulheres que tiveram um relacionamento com ele mesmo cientes do posicionamento que ele adota nas redes sociais. Como você avalia isso?

“Culpar mulheres é repetir a lógica da violência. O discurso misógino desses movimentos é sedutor exatamente porque se disfarça de humor, lógica ou ‘verdade inconveniente’. Relacionamentos abusivos não começam abusivos, eles começam carismáticos. Além disso, mesmo quando uma mulher percebe sinais de risco, ela pode estar emocionalmente envolvida, vulnerável ou acreditar que será diferente com ela. O foco não deve ser questionar as mulheres, mas responsabilizar quem propaga discursos que desumanizam e ferem.”

Como uma mulher pode identificar um homem misógino?

“Existem sinais claros:

* Desprezo por mulheres fortes ou independentes.

* Humor que sempre diminui o feminino.

* A crença de que mulheres devem ser controladas ou colocadas ‘no seu lugar’.

* Incômodo com a autonomia da parceira.

* Falas generalizantes, como ‘mulher é assim’ ou ‘toda mulher quer…’.

Desconfie de homens que desprezam mulheres, especialmente as fortes. Eles precisam que a mulher seja vulnerável para se sentir poderosos.”

Como uma mulher pode identificar que está dentro de um relacionamento abusivo?

“O abuso aparece em forma de controle, medo e diminuição. Se a mulher começa a mudar sua vida, roupas, amizades ou rotina para evitar conflitos, se se sente culpada o tempo inteiro; se vive pisando em ovos, se sua autoestima está sendo corroída, se há chantagem, humilhação, manipulação ou isolamento, isso é abuso. Não precisa haver agressão física para ser violência.”

Como podemos ajudar uma mulher que é vítima de um relacionamento abusivo?

“O principal é acolher, não julgar e não pressionar. Ela já vive em um ambiente de medo e culpa. Oferecer apoio prático, ouvir, ajudar a montar uma rede de proteção, encaminhar para serviços especializados e incentivar ajuda profissional é mais efetivo do que dizer: ‘saia desse relacionamento’. O rompimento precisa ser planejado. Segurança vem antes de tudo.”

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