A obra da poeta sul-mato-grossense Dora Ribeiro será o foco do clube de leitura Leituras & Conversas promovidas pela Academia Sul-Mato-Grossense de Letras (ASL), hoje, às 19h30min, com entrada gratuita – Rua 14 de Julho, nº 4.653, Altos do São Francisco. As acadêmicas Maria Adélia Menegazzo e Sylvia Cesco estarão coordenando e apresentando o evento.
O projeto Leituras & Conversas é uma iniciativa mensal de apresentação, reflexão e diálogo entre leitores e obras, valorizando tanto os autores regionais quanto nomes nacionais e internacionais, promovendo encontros que ampliam o repertório dos participantes e estimulam o pensamento crítico.
Dora Ribeiro tem sua obra marcada por uma linguagem que desafia os limites da expressão lírica e se inscreve como resistência à espetacularização da literatura. Ela estreou em 1984 com “Ladrilho de Palavras”, em coautoria com sua mãe, Lélia Rita Figueiredo Ribeiro, também escritora, pesquisadora e saudosa acadêmica da ASL.
Entre seus livros publicados, “Começar e o Fim” (Fundação Catarinense de Cultura, 1990) foi vencedor do Concurso Nacional de Poesia Luís Delfino, em 1988. Entre outros, publicou também “Bicho do Mato”, “Taquara Rachada”, “O Poeta Não Existe” e “A Teoria do Jardim”. Após décadas no exterior, atualmente vive em São Paulo.
A escrita de Dora Ribeiro é marcada por minimalismo verbal: versos curtos, elípticos, que sugerem mais do que dizem. A natureza como metáfora, o cerrado, o Pantanal, a taquara, o bicho do mato. Tudo é símbolo de resistência e identidade, silêncio como potência: o não dito, o intervalo, o vazio são elementos estruturantes de sua poética; assim como a desconstrução do sujeito lírico, a exemplo de “O Poeta Não Existe”, em que Dora questiona a própria noção de autoria e presença.
Veja abaixo dois poemas de Dora Ribeiro, extraídos de seu livro “A Teoria do Jardim” (2009):
o traçado do teu jardim
ignora parágrafos
para avançar nas
delicadezas do imprevisto
e da inexatidãoà procura do engenho do desejo
invoco a ingenuidade do belo:deslizante caça dialética
na véspera de tudo
o melhor é ficar em casa
e rasgar o chão
os olhos dos caminhos
as dilatadas fomes
tudo o que possa clarificar
as ausências e os medosna véspera do mundo
todas as ruas são construções
sem cheiro
sem sexona véspera do jardim
fico imaginando
um tempo cromossômico
sem a tua insinuação biloba

Neli Marlene Monteiro Tomari e Yosichico Tomari, que hoje comemoram bodas de ouro, 50 anos de casamento - Foto: Arquivo Pessoal
Donata Meirelles - Foto: Marcos Samerson


