Heloísa Périssé vem brilhando como Zulma, sua primeira vilã, na novela das seis da Globo, Êta Mundo Melhor!. Na trama de Walcyr Carrasco e Mauro Wilson, ela interpreta a diretora do orfanato Casa dos Anjos, manipulando o núcleo central da história com uma vilã cômica, intensa e cheia de camadas surpreendentes.
Nos palcos, protagonizou ao lado de Marcelo Serrado a peça Avesso do Avesso, uma comédia sobre relacionamentos que percorreu diversas capitais brasileiras, conquistando o público com sua leveza e identificação.
No universo literário e audiovisual, lançou o livro Cheia de Graça, onde revisita sua trajetória — especialmente o período de tratamento contra o câncer — com fé, humor e inspiração.
Além disso, comandou ao lado da filha, Luísa Périssé, o programa Desencontro de Gerações (GNT), promovendo conversas bem-humoradas entre pessoas de diferentes idades, sempre com o humor como fio condutor.
Com mais de 30 anos de carreira, Heloísa é referência no humor e na dramaturgia brasileira. Criadora de personagens icônicos como Tati, Mary Help e Bia (Sob Nova Direção), tem passagens marcantes por programas como Zorra Total e Escolinha do Professor Raimundo, além de peças autorais, como E Foram Quase Felizes Para Sempre, que consolidam sua versatilidade e talento.
A atriz é Capa do Correio B+ desta semana, e em entrevista ao Caderno Heloísa fala sobre a sua primeira vilã na novela das seis da TV Globo, trajetória e momentos com a família.
A atriz Heloísa Périssé é Capa exclusiva do Correio B+ desta semana - Foto: Dani Darcoso - Diagramação: Denis Felipe - Por: Flávia VianaCE - Você tem uma trajetória marcada pela comédia, mas também por papéis mais sensíveis. Como você escolhe os projetos que abraça?
HP - Sempre busco projetos que me provoquem de alguma forma. Às vezes, o riso é o caminho, outras vezes, o drama. O que me move é a possibilidade de contar uma boa história, que dialogue com o público e também me desafie como atriz.
CE - Agora, vive a sua primeira vilã, em Êta Mundo Melhor. Como tem sido essa experiência? E a repercussão pelas ruas, com o público?
HP - Está sendo delicioso! A Zulma é vilã, mas também tem humor, exagero, é caricata e ao mesmo tempo muito humana. As pessoas nas ruas se divertem com ela, comentam, riem. É um prazer poder brincar com esse lugar da antagonista pela primeira vez.
CE - Depois de tantos personagens memoráveis, qual papel mais desafiou você como atriz?
HP - Cada fase trouxe seus desafios. A Tati, por exemplo, me deu liberdade de improviso, mas também exigia muito ritmo. Já a Zulma me colocou em um lugar novo, de vilania. E escrever e interpretar em teatro sempre me tira da zona de conforto.
CE - O humor sempre esteve muito presente no seu trabalho. Como você enxerga a importância do riso nos tempos atuais?
HP - O riso é essencial. É cura, é respiro. Num mundo tão acelerado, com tantas notícias pesadas, poder rir é um bálsamo. O humor não é só entretenimento, ele tem um papel social, nos ajuda a atravessar momentos difíceis.
CE - Ao longo da carreira, você já experimentou televisão, cinema e teatro. Existe algum desses espaços que é mais especial para você?
HP - Cada um tem sua magia. O teatro é o lugar da troca imediata com o público, onde tudo acontece ao vivo. A TV tem esse alcance enorme, entra na casa das pessoas. E o cinema é poesia no detalhe. Não consigo escolher, cada um me completa de uma forma.
CE - Você também é escritora. Como a escrita complementa sua vida artística? Tem novos projetos nessa área?
HP - A escrita me dá espaço para elaborar, organizar pensamentos e também criar universos. No livro Cheia de Graça pude compartilhar minha experiência de vida. Quero, sim, seguir escrevendo — talvez mais histórias, quem sabe até uma peça, um longa?
CE - Na vida pessoal, você costuma compartilhar momentos em família. Como concilia a rotina intensa de atriz com a maternidade?
HP - Não existe receita perfeita. É um equilíbrio diário, com culpas, ajustes e muito amor. Minhas filhas são minhas grandes parceiras, a gente aprendeu a crescer juntas.
A atriz Heloísa Périssé é Capa exclusiva do Correio B+ desta semana - Foto: Dani Darcoso - Diagramação: Denis Felipe - Por: Flávia VianaCE - Sua filha mais nova acabou de se mudar para Europa e a mais velha já não mora com você. Como é esse sentimento de “ninho vazio”?
HP - É um misto de orgulho e saudade. Fico feliz em ver que criei meninas independentes, que seguem seus caminhos. Mas, claro, a casa fica mais silenciosa, e eu preciso reinventar minha rotina sem elas por perto.
CE - Sua história de superação contra o câncer inspirou muita gente. Como essa experiência transformou sua forma de viver e trabalhar?
HP - Transformou tudo. Eu passei a valorizar mais o tempo, os pequenos momentos, a saúde. No trabalho, trouxe mais verdade, mais presença. Eu não deixo nada para depois.
CE - O que você gosta de fazer nos momentos de descanso, fora dos palcos e das câmeras?
HP - Eu amo estar com a família, cozinhar, caminhar, ver filmes. São momentos simples que me recarregam. Tenho vontade de escrever uma peça nova e também de me aventurar em projetos de cinema. Por enquanto, sigo com a novela e alguns convites para eu avaliar após o término da novela.
CE - Para além da carreira, que mensagem você gostaria de deixar para as mulheres que se inspiram em você?
HP - Que nunca desistam de si mesmas. A vida pode nos trazer obstáculos, mas também nos dá força para superá-los. Acreditem no próprio valor, tenha fé em suas crenças e sigam em frente com coragem e amor.

Neli Marlene Monteiro Tomari e Yosichico Tomari, que hoje comemoram bodas de ouro, 50 anos de casamento - Foto: Arquivo Pessoal
Donata Meirelles - Foto: Marcos Samerson


