O corre-corre já estava acima do normal desde o início de agosto, mas aumentou bastante nas duas últimas semanas.
E, junto com a correria, também a alegria cresceu em índices elevados. Pode ser assim descrito um retrato da rotina e do sentimento geral que atravessam a agenda e o coração da chef Bruna Lopes neste fim de inverno.
O motivo é o boneco dourado, com estampa de cozinheiro e bem parecido com a estatueta do Oscar, que a cozinheira de mão cheia, especialista em massas italianas artesanais, segura na foto maior desta página.
Com a vitória na edição 2022 do Prêmio Dólmã, anunciada no dia 13 de agosto, em cerimônia realizada em Macapá (AP), a carreira profissional da chef pastaia – como se chama quem é craque no preparo das massas – ganhou impulso instantâneo e ainda mais visibilidade.
O que significou, de pronto, aumento nas encomendas do Pasta In Casa, o selo de pratos congelados criado em 2017 pela chef de 36 anos.
LOUCURA E PROJETOS
A grife dedica-se exclusivamente às iguarias da Itália, uma paleta de sabores que Bruna aprendeu a dominar no ambiente doméstico, com a orientação da mãe.
Entre as opções disponíveis estão os delicados sofiatellis (massa no formato de um pequeno travesseiro) com diferentes recheios e a receita que a chef compartilha neste fim de semana com exclusividade para os leitores do Correio do Estado: fettuccine de espinafre com polpetone defumado ao molho sugo.
“Esses dias estão uma loucura. O prêmio me torna embaixadora da gastronomia de Mato Grosso do Sul, então, é nisso que eu quero focar.
Minha ideia é fazer um trabalho com outros chefs do Estado e do País para realmente difundir a nossa gastronomia tão rica”, afirma Bruna, que garantiu a vitória na premiação ao apresentar o seu duo de nhoques ao creme de queijo e costela defumada.
“Eu e meu marido [Raphael Diniz] já trabalhamos bem com as redes sociais na nossa empresa, então, queremos focar nisso. A meta é um programa no YouTube, ou no Instagram mesmo, cozinhando com outros chefs, em outras cozinhas. Trocar experiências, receitas e ensinar outras pessoas”, anuncia a jornalista de formação.
MACAPÁ
Bruna assumiu o avental como uma possibilidade de trabalho depois de perceber o quanto seus dotes culinários “salvaram” o paladar dos amigos no tempo em que morou em São Paulo.
Ela conta que a experiência na capital do estado do Amapá, onde recebeu o Dólmã, a partir de uma votação popular pela internet, foi “a mais incrível que eu poderia imaginar”: quatro dias de imersão total no mundo da gastronomia brasileira.
“Tivemos mais de 150 profissionais do País reunidos, o fórum gastronômico, onde discutimos o futuro da gastronomia pós-pandemia, aulas-shows com fusões de ingredientes de regiões diferentes, feira com artesanato e comida local. Em um dos passeios conheci uma comunidade quilombola que mora e se sustenta exclusivamente do Rio Curiaú, que deságua no Rio Amazonas. E que rio! O ‘mar’ Amazonas é surreal, grande, forte, lindo. Realmente uma jóia que temos”, desmancha-se.
“O melhor de tudo são as amizades que ficaram. Trocar experiências, ouvir e contar histórias que passamos dentro e fora da cozinha. Agora as viagens de férias pelo Brasil nunca mais serão as mesmas, pois tenho amigos em todos os estados e não vejo a hora de visitá-los e cozinharmos juntos”, diz Bruna.
E o cardápio da viagem, chef? “Voltei completamente apaixonada, comi muito tucupi e jambu, que adormece mesmo a boca. Fiquei chocada. E ainda mais apaixonada por peixe. Assim como aqui, os peixes são incríveis. O filhote, que de pequeno não tem nada, é suculento e saboroso demais”, relembra a quituteira premiada.
CURSO ON-LINE
“Também experimentei o ‘verdadeiro’ açaí, muito mais suave e nutritivo que o nosso. Gostoso, mas confesso que falta uns toppings mais doces”, polemiza.
“Não posso esquecer de citar o café de açaí, feito com o mesmo esquema de torra, mas mais adocicado e suave, quase um chá preto. Ah, e os drinques amapaenses também são divinos, com açaí, gengibre e tucupi e jambu”, entrega Bruna, que resume a cozinha do Amapá como “viciante”.
“Como eles dizem lá, os brocados [termo bem comum de quem tem muita fome] se dão bem”, reforça a chef, que lançará em breve o seu curso de massas on-line.
“Durante a pandemia, consegui fazer mais de 10 turmas, respeitando as regras de distanciamento, e ensinei tudo que sabia e o jeito que trabalhava”. É isso aí, Bruna. Bravo!
Fettuccine de espinafre com polpetone defumado ao molho sugo
Ingredientes
Para o fettuccine
> 1 ovo;
> 1 xícara (chá) de folhas de espinafre branqueadas e escorridas;
> 200 g de farinha de trigo (e mais uma porção para dar o ponto e sovar a massa);
> 1 pitada de sal;
Polpetone recheado
> 400 g de alcatra moída;
> 1/3 de pão italiano (pode ser amanhecido) hidratado em 50 ml de leite;
> Chimichurri, sal e pimenta-do-reino a gosto;
> 50 g de queijo parmesão ralado;
> 1 colher (sopa) rasa de manteiga;
> 4 colheres (sopa) de azeite;
> 50 g de mussarela de búfala (para o recheio).
Molho sugo
> 1 kg de tomates italianos ou rasteiros bem maduros picados;
> 100 g de cenoura picada em tamanhos bem pequenos;
> 2 cebolas picadas;
> 4 dentes de alho amassados;
> Salsa, manjericão, sal, pimenta-do-reino, alecrim e tomilho a gosto.
Modo de Preparo
Fettuccine
Bata no liquidificador o ovo, o espinafre e o sal até ficar homogêneo.
Em uma tigela, misture com a farinha até dar o ponto da massa. Sove delicadamente e deixe descansar por 15 minutos.
Polpetone recheado
Misture muito bem tudo, amassando delicadamente para dar liga, e leve ao freezer por 10 minutos.
Dívida a massa de carne em dois, recheie, modele como um hambúrguer levemente oval e deixe na geladeira por, pelo menos, 20 minutos.
Enquanto isso, prepare a brasa para a defumação. Deixe defumando em temperatura entre 130ºC e 150ºC por uma hora. Também pode ser feito no forno, assando por 30 minutos a 180ºC.
Molho sugo
Refogue o alho e a cebola no azeite até dourar bem, acrescente o tomate e deixe até murchar e pegar levemente o fundo.
Acrescente as cenouras, todos os temperos e coloque água até a linha dos tomates, cozinhe em fogo bem baixo tampado por cerca de uma hora, ou 30 minutos na panela de pressão.
Após o tempo, bater no liquidificador ou com um mixer e deixar reduzir sem tampa até a textura de preferência. Quanto mais apurado, melhor. Caso esteja muito ácido, acrescente mais água e deixe apurar mais tempo.
Etapa Final
Monte os polpetones em uma travessa, cubra com o molho sugo e um pouco de queijo e leve para gratinar por cerca de 15 minutos.
Enquanto isso, abra a massa do fettuccine até a espessura desejada, corte tiras de 30 cm. Cozinhe em água fervente com sal por cerca de quatro minutos. Passe na frigideira com manteiga derretida.
Sirva a seguir.



As pinturas de Isabê também estarão na Casa-Quintal 109 de Manoel de Barros, museu na antiga residência do poeta, no Jardim dos Estados - Foto: Divulgação


Filme lança hoje - Foto: Divulgação


