Há anos escrevo aqui com carinho sobre a personagem Carrie Bradshaw, mas igualmente a minha decepção com a série And Just Like That que, para mim, veio sem alma, sem faísca, sem um propósito. Não conseguiu desenhar como nossas personagens queridas, agora indo para os sessenta anos, navegam na mesma Nova York, mas agora mais maduras.
E com isso, sem surpresa, veio a confirmação que estamos vendo a última temporada da série, que se despede com dois episódios finais. No dia 14 de agosto, acaba.
Acaba como começou: tentando muito ser relevante, mas tropeçando em seus próprios saltos. O revival de Sex and the City nunca encontrou equilíbrio entre nostalgia e reinvenção. Faltou coragem dramática. Faltou escuta para os tempos atuais. Faltou roteiro.
Desde o início, a série parecia mais interessada em se desculpar pelo passado do que em criar um presente vibrante. Desconstruiu personagens ao invés de fazê-las evoluir. Colocou-as em situações forçadas, diálogos constrangedores e arcos que mais pareciam esquetes mal dirigidas. Tentou ser contemporânea pela via da cartilha e não da vivência.
Carrie, que foi a crônica viva da cidade, virou uma figura passiva, emocionalmente amortecida. Miranda, uma das personagens mais complexas e modernas da série original, foi reduzida a uma caricatura desconfortável. Charlotte oscilava entre o exagero e o irrelevante. As novas personagens, embora promissoras, raramente encontraram profundidade ou espaço real. Estavam ali, mas nunca dentro.
Visualmente, a série seguia deslumbrante — figurinos impecáveis, locações de cartão-postal, produção primorosa. Mas tudo isso soava como uma tentativa de encobrir a falta de conteúdo com glitter. A estética virou o conteúdo. E isso, quando se trata de uma série que sempre teve tanto a dizer sobre mulheres, escolhas e desejos, é um empobrecimento cruel.
A terceira temporada, que agora chega ao fim, trouxe lampejos do que poderia ter sido. Carrie finalmente encerra o ciclo com Aidan com um pouco mais de maturidade. Charlotte e Harry lidam com dilemas mais sólidos. Há cenas tocantes. Há até resquícios de verdade. Mas é tarde demais.
Michael Patrick King e Sarah Jessica Parker anunciaram o fim com emoção — e merecem nosso respeito. Carrie Bradshaw foi, por décadas, uma das vozes mais icônicas da televisão. Mas And Just Like That não conseguiu honrar esse legado. Tentou reviver algo que já tinha se despedido no auge.
No fim das contas, a série que prometia amadurecer com a audiência envelheceu mal. E isso, para personagens que antes ousavam tanto, é a maior tristeza de todas.
Mas seguimos. Com os episódios que nos marcaram. Com as frases eternas. E com a certeza de que, às vezes, o melhor final é aquele que acontece no tempo certo.
And just like that, acabou.

Celina Merem, que comemorou idade nova dia 6, e Viviane Borghetti Zampieri Filinto
Sig Bergamin, Romeu Trussardi Neto e Felipe Diniz


