Reunir a família no fim de ano é um exercício de conciliação: gostos diferentes, ritmos diversos e histórias que se cruzam na sala de estar. E, quando o assunto é música, esse desafio ganha ainda mais camadas. Afinal, como montar uma playlist capaz de agradar da avó que ama Roberto Carlos ao sobrinho que só escuta trap?
Especialistas em cultura e comportamento lembram que o segredo está menos em buscar “a música perfeita” e mais em construir uma narrativa sonora que una memórias, novidade e, principalmente, afeto.
O poder da memória afetiva
Fim de ano tem cheiro, cor e, claro, som. Para a maioria dos brasileiros, certas músicas acionam lembranças de infância, de festas de família e de rituais de passagem. Por isso, incluir clássicos é quase obrigatório. Eles funcionam como um ponto de partida e criam um território comum entre gerações.
Algumas músicas que tradicionalmente geram essa conexão:
- Roberto Carlos – "Amigo"
- Tim Maia – "Do Leme ao Pontal"
- Gal Costa – "Meu Nome é Gal"
- Elis Regina & Tom Jobim – "Águas de Março"
A ponte entre o antigo e o novo
Depois de abrir a noite com clássicos, a playlist pode ganhar frescor com músicas contemporâneas que dialoguem com elementos tradicionais versões acústicas, regravações e feats entre artistas de épocas diferentes. Essa abordagem reduz a distância geracional e cria uma transição suave.
Sugestões que equilibram nostalgia e atualidade:
- Djavan – "Oceano" (muito conhecida por todas as idades)
- Iza – "Dona de Mim" (forte, contemporânea e elegante)
- Anavitória – "Trevo" (leve e acolhedora, funciona para qualquer público)
- Jão – "Amor Pirata" (pop atual sem estranhar aos mais velhos)
Ritmo, energia e o clima da noite
Uma seleção musical eficiente acompanha a curva emocional da festa. No início, músicas mais suaves ajudam a embalar conversas e reencontros.
Conforme a noite avança, o ritmo pode subir, trazendo pop, sertanejo, pagode ou o que fizer sentido para o grupo. O importante é evitar rupturas bruscas: a playlist deve funcionar como trilha sonora, não como disputa.
Inclua todos no processo
Uma estratégia que funciona muito bem é pedir para cada pessoa da família escolher duas músicas que marcaram seu ano. Além de deixar a seleção colaborativa, a playlist se transforma em um registro afetivo da trajetória de todos ali presentes.
Tecnologia como aliada
Plataformas como Spotify, Deezer e Apple Music oferecem playlists prontas, mixes automáticos e sessões colaborativas. É possível, inclusive, permitir que qualquer convidado sugira músicas no celular sem interromper a reprodução.
No fim das contas, música é encontro
Montar uma playlist de fim de ano não é sobre agradar perfeitamente a todos isso seria impossível. É sobre construir pontos de conexão, celebrar quem esteve junto e criar memórias que, daqui a muitos anos, serão lembradas ao som de um refrão compartilhado.

José Marques e Laucidio Coelho Neto
Angela Chinasso, Laura Kubrusly e Bettina Martinelli


