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Cristiana Oliveira: "Quero que esse remake de Pantanal seja lindo"

A atriz é mãe de duas meninas, Rafaella e Antônia, e avó do seu xodó Miguel

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A atriz e hoje empresária Cristiana Oliveira começou sua carreira bem cedo como modelo. 

Antes de interpretar a inesquecível e premiada personagem Juma Marruá na icônica novela PANTANAL que estreia seu remake em uma super produção da TV Globo esse mês, ela fez fotos, desfiles, campanhas internacionais e comerciais para a TV, mas um especial a levou para as telinhas e para a sua primeira novela, ‘Kananga do Japão’ também na extinta TV Manchete.

 

“Fiz alguns comerciais para a TV, mas teve um em especial que chamou a atenção; “ Linhas Minerva” que foi dirigido pelo cineasta Walter Salles Júnior e acabou chamando a atenção da TV Manchete na época que me convidou para fazer um teste na emissora. O teste em questão era de um programa de clipes musicais, mas quando o Jayme Monjardim, que era o diretor artístico, assistiu, vislumbrou o papel principal da novela que estava sendo produzida naquele momento: Kananga do Japão. A personagem era a Dora, uma protagonista. Fiz 3 semanas de teste, fui aprovada, mas acabei com a personagem Hannah, que logo depois me daria o prêmio por unanimidade como melhor atriz revelação da APCA”, relembra.

Krika como é carinhosamente chamada por amigos e familiares desde muito nova, tem sete irmãs, e dois irmãos, é a caçula, dos 9, sendo seus pais e todos eles (irmãos e irmãs), exemplos em sua vida.

Depois de Kananga do Japão e Pantanal as portas da teledramaturgia se abriram para Cristiana e sua carreira e trajetória se consolidaram a cada trabalho que realizou na televisão, teatro e no cinema.  

“Pantanal abriu as portas para mim, é claro! E depois disso fiz muitas personagens de sucesso, como Tatiana, Selena, Alicinha, Araci e outras que amei fazer… Graças a Deus aprendi muita coisa, evolui como atriz, estudei, li muito, e me mantenho até hoje, felizmente, interpretando personagens diferentes um do outro, onde posso cada vez mais superar desafios e entender essas diferentes personalidades”, explica.

A atriz é mãe de duas meninas, Rafaella e Antônia, e avó do seu xodó Miguel.

Cristiana trabalhou com os maiores autores, diretores e atores/atrizes do Brasil e construiu personagens distintos e desafiadores ao longo de seu caminho, sendo a maioria inesquecíveis para todos nós. 

Ela já nos fez rir, chorar, se emocionar e sentir muita raiva, como da sua personagem Alicinha em O CLONE, quem não se lembra?

Aos 58 anos, além de atriz, Cristiana dá palestras pelo Brasil sobre empoderamento, relacionamento e Autoestima, que no momento estão pausadas por causa da agenda cheia. 

Ela também segue investindo na carreira de empresária desde que se tornou sócia de marca de cosméticos profissionais para cabelos, D’Bianco, além da sua marca C.O cosméticos.

Cristiana só conheceu o Pantanal quando veio gravar a novela na década de 90, e desde lá a conexão que foi criada permanece até hoje.

“Nunca tinha ido ao Pantanal, aliás, nunca tinha ouvido falar.

Foi um impacto enorme pra mim. Um grande aprendizado para quem era 100% urbana e não tinha contato com a natureza.

Mas, saí de lá apaixonada, e até hoje sou. Hoje até mais porque me envolvi com ONGS e me tornei voluntária. O que vou levar para a vida toda, já que nesse Bioma descobri parte dele de alguma forma”, expressa ela.

Capa do Correio B+ desta semana, essa atriz aclamada pelo seu público desde muito jovem, conversou com exclusividade com o nosso Caderno e falou sobre seu início de carreira, família, vida de empresária e claro, de sua inesquecível personagem Juma Marruá e da novela Pantanal...  

Confira a entrevista na íntegra:

CE - Como foi crescer com tantos irmãos?

CO - Sou a caçula de 9 irmãos. São 8 e eu. Foram 7 mulheres e 2 homens.

Fui mimada pelos irmãos, é claro! Era a princesinha deles. Mas ao mesmo tempo, por ser a raspa do tacho, não tive muita atenção dos meus pais por estarem sempre viajando. 

Meu pai era chefe dos escoteiros do Brasil e também presidente da Vale do Rio Doce; e minha mãe viajava sempre para acompanhá-lo. 

Mas mesmo assim os amei muito, apesar das limitações. Foram exemplos na minha vida!

CE - Vocês brigavam muito? (risos)

CO - Brigávamos como os irmãos brigam, mas como eu era a protegida sempre era defendida. 

Mas na adolescência tive bastante discussões com 2 irmãos meus: Inês (a n 4 a partir de mim, e o Óscar, o número 2) mas hoje nós nos divertimos muito bem! Somos grandes amigos.

 

CE - Porque seu apelido é Krika?

CO - Desde que nasci meu apelido é Crica. Não sei porque, minha mãe nunca me disse. 

Mas em 1988 quando escrevia para o Jornal O Globo, na coluna de comportamento do segundo Caderno, adotei o Krika com K, por indicação de um numerólogo.

 

CE - O seu início como modelo te conduziu para a TV?

CO - Sim, acabou conduzindo. Fiz alguns comerciais para a TV, mas teve um em especial que chamou a atenção; “ Linhas Minerva” que foi dirigido pelo cineasta Walter Salles Júnior e acabou chamando a atenção da TV Manchete na época que me convidou para fazer um teste na emissora. 

O teste em questão era de um programa de clipes musicais, mas quando o Jayme Monjardim, que era o diretor artístico, assistiu, vislumbrou o papel principal da novela que estava sendo produzida naquele momento: Kananga do Japão. 

A personagem era a Dora, uma protagonista. Fiz 3 semanas de teste, fui aprovada, mas acabei com a personagem Hannah, que logo depois me daria o prêmio por unanimidade como melhor atriz revelação da APCA.

CE - Sua estreia como atriz foi na Rede Manchete com duas novelas onde recebeu dois prêmios muito importante na TV. Como foi todo esse turbilhão na época para você?

CO - Na época que recebi os prêmios (1989 e 1991, respectivamente: APCA e Troféu Imprensa) foi e ainda é um grande orgulho para mim. 

Mostra que tudo que é feito com amor, de verdade, sentindo sincera e honestamente, sem se preocupar com a opinião alheia, dá certo.

CE - A sua personagem mais marcante aos 58 anos foi a Juma?

CO - O sucesso da Juma foi absolutamente surpresa para mim, não esperava nada; apenas queria fazer aquela personagem tão rica e tão incrível que estava no texto do Benedito. 

Lutei muito por ela. No início não fui cogitada, muito menos lembrada, e até mesmo contestam veementemente o meu desejo.

Depois dela fui convidada várias vezes para ir pra Tv Globo: na verdade, 8. Mas era muito fiel a quem tinha me acolhido desde o início, e na Manchete fiz 3 novelas Kananga, Pantanal e Amazônia.

CE - Você já conhecia o Pantanal na época?

CO - Nunca tinha ido ao Pantanal, aliás, nunca tinha ouvido falar.

Foi um impacto enorme pra mim. Um grande aprendizado para quem era 100% urbana e não tinha contato com a natureza.

Mas, saí de lá apaixonada, e até hoje sou. Hoje até mais porque me envolvi com ONGS e me tornei voluntária. O que vou levar para a vida toda, já que nesse Bioma descobri parte dele de alguma forma.

CE - Ainda sobre Pantanal um momento marcante pra você...

CO - Sinto saudades da novela, mas mato com a exibição de todos os capítulos no YouTube. 

Me encanto com a história de todas as personagens e sou apaixonada pela Juma que hoje vejo como realmente uma outra pessoa. Não me vejo ali. É uma entidade, um ser que existiu ali, naquele momento. Não sei explicar

CE - Está na expectativa para esse remake?

CO - Quero que esse remake seja lindo e um grande sucesso! Nossa riqueza que é o Pantanal merece essa homenagem e ao mesmo tempo alerta da sua importância. Ao mesmo tempo nossa novela de 1990 será prestigiada e junto com ela seu autor; Benedito Rui Barbosa que esse ano faz 91 anos.

CE - PANTANAL abriu as portas para novos personagens e sucessos na sua carreira?

CO - Pantanal abriu as portas para mim, é claro! E depois disso fiz muitas personagens de sucesso, como Tatiana, Selena, Alicinha, Araci e outras que amei fazer… 

Graças a Deus aprendi muita coisa, evolui como atriz, estudei, li muito, e me mantenho até hoje, felizmente, interpretando personagens diferentes um do outro, onde posso cada vez mais superar desafios e entender essas diferentes personalidades - Da atuação para palestrante e empresária. Como foi essa decisão? - Como é essa atuação e trabalho?

CE - Sente falta de atuar?

CO - Não sinto falta de atuar porque estou sempre atuando. Se não na Tv, no teatro ou cinema. 

E além disso estou sempre me atualizando fazendo leituras de textos, fazendo workshops e aulas de interpretação, voz, canto e consciência corporal. 

O ator não para, está sempre se desenvolvendo.

CE - Como é a Cristiana mãe e avó?

CO - Sou mãe e avó que ama suas crias e a cria da sua cria. São a maior parte da minha vida, a quem eu dedico o meu amor incondicional. 

Tenho orgulho das minhas filhas, do caráter delas, da grandeza e da alma delas. Meu neto é meu xodó, sou louca por ele. 

Mas procuro não estragar, e sim estender a educação que minha filha dá a ele…

CE - Quem é a Cristiana Oliveira hoje?

CO - Cristiana hoje é a mesma de sempre. Mas mais madura, com a autoestima equilibrada e sendo íntegra. Agindo da forma que pensa.

Continuo sendo atriz e serei até morrer, mas paralelamente sou empresária, palestrante e sócia diretora de 2 marcas de cosméticos capilares.

CE – Sobre novos projetos e atuações como empresária?

CO - Fim de abril provavelmente irei lançar uma linha vegana pra todos os tipos de cabelos, estamos preparando com muito carinho. Inclusive alguns serão parte da linha “Pantanal” com insumos do cerrado.

Fim de março começo a filmar a comédia “Ecoloucos “ da diretora e autora Cibele Amaral. Uma comédia baseada na vida de 3 diretores ecologicamente incorretos que trabalham numa empresa de produtos 100% veganos e sustentáveis e que acabam entrando em num reality show que ensina os três a serem defensores da natureza e terem um comportamento absolutamente sustentável!

MÚSICA E ENTREVISTA

"As canções resistem ao teste do tempo, não entrevistas"

Em entrevista ao Correio B, o vocalista e guitarrista Philippe Seabra, de 59 anos, da banda Plebe Rude, que se apresenta amanhã no Araruna Fest, lamenta a autodestruição do meio rocker e fala sobre seus projetos para 2026

10/12/2025 10h15

Peble Rude, sucesso do rock dos anos 80 se apresenta em Campo Grande

Peble Rude, sucesso do rock dos anos 80 se apresenta em Campo Grande Caru Leão

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Philippe Seabra
Peble Rude, sucesso do rock dos anos 80 se apresenta em Campo GrandePhilippe Seabra - Foto: Reprodução redes sociais

O show é baseado no repertório que temos apresentado este ano, celebrando os 40 anos do disco de estreia, “O Concreto Já Rachou”, com os dois membros fundadores, André X, no baixo, e Philippe Seabra, nos vocais, violão e guitarra.

Clemente, vocalista e guitarrista, também líder dos Inocentes, está na banda há 22 anos. E Marcelo Capucci, na bateria da banda, há 16 anos.

Será o bom e velho Plebe, mas com um vigor de iniciante. Como as letras da banda não envelhecem, o clima tem a mesma urgência que nos propeliu no início da década de 1980.

O show está lindo, com som de primeira e luz e vídeo sincronizados. Mas isso é detalhe. O importante é a banda e o legado e, como faremos 45 anos de banda ano que vem, creio que não seja pretensioso se falar de legado.

Campo Grande

Estaremos na cidade pela segunda vez [o primeiro show foi no Clube Estoril, em março de 2019]. O único estado em que ainda não tocamos no nosso querido e confuso Brasil é o Acre.

Peble Rude, sucesso do rock dos anos 80 se apresenta em Campo GrandePhilippe Seabra - Foto: Caru Leão

Por algum motivo, é muito raro sermos convidados a tocar no Mato Grosso do Sul. Sei que tem um público roqueiro muito bom, sedento por música consciente. A cultura brasileira que chega à grande mídia está atrofiando. Uma banda com som consciente é sempre bem-vinda. É necessário.

ZERØ

Peble Rude, sucesso do rock dos anos 80 se apresenta em Campo GrandeGuilherme Isnard, do ZERØ - Foto: Gabriel Fagundes

Guilherme [Isnard] foi um dos primeiros da cena paulista que conhecemos, quando ainda era ainda do Voluntários da Pátria [1982/83]. Deu muita força, muita força mesmo, às bandas de Brasília. ZERØ e Plebe tocaram muito juntos.

Foi quem marcou nossos primeiros shows em São Paulo, lá em 1983/84. E ainda considero o disco “Passos no Escuro” [primeiro álbum do ZERØ, de 1985, com os hits “Formosa” e “Agora Eu Sei”, que tem participação de Paulo Ricardo] o melhor dos anos 1980.

Pós-Punk

Eu e o André [André X Mueller, baixista e fundador] estamos nessa jornada desde o início, que em julho do ano que vem fará 45 anos! É difícil definir o som da Plebe. Deixo para terceiros. Para mim, não soa como nada além de Plebe.

Claro que tem uma forte influência do pós-punk, mas definir? Importante que é um som consciente. Forte, mas consciente do seu papel na MPB, um contraponto. A longevidade da Plebe se deve ao fato de eu e o André sermos grandes amigos, ao contrário de alguns dos nossos conterrâneos, todos parecem se odiar. E, claro, ainda sentimos a necessidade de nos expressar. E como...

Sucesso

Plebe seria mais pós-punk, assim como quase todo o rock oitentista no Brasil, que bebeu na fonte e politização de bandas como The Clash. Mas, sim, em termos de mainstream, Camisa [de Vênus] e Plebe são os maiores expoentes, assim como os Inocentes, que recentemente fizeram o festival The Town, em São Paulo.

Afinal, levamos músicas no Chacrinha como “Proteção”, “Até quando Esperar”, “Minha Renda” e, mais impressionante, numa demonstração de que a abertura democrática estava realmente sedimentada, a música “Censura”, então recém-censurada [em 1987].

Novas e Antigas

Por incrível que pareça, a atualidade assustadora das músicas da Plebe me incomoda um pouco. Claro que, como artista e compositor, fico feliz com a longevidade e a relevância da obra, mas, como pai e cidadão, fico zangado. É a constatação de que o Brasil não mudou nada. O “Nação Daltônica”, de 2015, é um disco muito forte.

Músicas como “Quem Pode Culpá-lo “ e “Anos de Luta” são, assim como as outras, bem atemporais. Mas a obra mais recente, “Evolução”, volumes 1 [2019] & 2 [2023], com 28 músicas inéditas, para mim, é um trabalho sem igual.

Afinal, tivemos a nada pretensiosa missão de contar a história do Homo sapiens desde o despertar da consciência, há 200 mil anos, até os dias de hoje. Mas, ao ouvir, tem que ouvir na ordem. Mais uma vez, a atualidade das letras é assustadora. E a produção, literalmente monumental.

Público atual

O que tenho visto ultimamente, ainda mais nos shows mais recentes, como em Belo Horizonte, Curitiba e Aracaju, é a renovação do público da Plebe. É um público curioso, que provavelmente conheceu a banda através do YouTube e das redes sociais, que romantiza uma época em que música realmente fazia parte das vidas das pessoas.

Quando caçulas, herdavam discos dos irmãos mais velhos, tinham receivers [equipamento de áudio] e toca-discos em casa. Hoje em dia, música mais parece um ruído de pano de fundo que as pessoas escutam ao navegar por bobagens na internet.

São fãs que realmente conhecem bem a obra e cantam tudo. Mas claro que tem a galera da década de 1980, todos curtindo. É muito bonito de se ver. Já se fez música séria neste país, e bandas como Plebe são fundamentais para ajudar a manter essa chama acessa.

O que não se pode ter é um bando de artistas cheios de opiniões, bravando em entrevistas e em blogs, mas, na hora de cantar sua verdade, só pop insosso. Letras bobas e vazias. Coerência é o mínimo que peço.

Um Livro?

“O Cara da Plebe” [2024] tem 640 páginas. Lançamento nacional pela editora Belas Letras. Eu senti que era hora de contar a minha história além das letras da Plebe, e com a cultura brasileira atrofiando sob o peso de música insossa, nada mais imediato.

Olha que trabalho com projetos grandes, discos próprios ou produção dos discos de outros artistas, trilhas sonoras de cinema. O mais recente foi a produção luso-brasileira “Sobreviventes”, está no YouTube para aluguel, com participação de Milton Nascimento em quatro das minhas músicas.

Estou acostumado com projetos monumentais. Por exemplo, a gravação dos dois volumes de “Evolução”, que demorou oito meses. Mas um livro? Pensei que nunca acabaria. Todo o processo de “Evolução”, do próprio livro, e da história do rock brasileiro nos últimos 50 anos está lá. Assim como política, comentário social, análise…

É uma autobiografia diferente, só lendo mesmo para entender. Mas ficou muito bom e todo lugar que ando Brasil afora tem plebeu pedindo para autografá-lo. Para quem me conhece, a mensagem sempre foi importante para mim, e é um livro que vai até o século 19 em algumas instâncias. É uma mensagem e tanto.

Voz

Sempre cuidei da voz. Mas eu sinto inveja de um Dave Grohl [Foo Fighters], que grita um show inteiro. Eu não conseguiria. Só espero que ele ainda tenha voz em 10 anos. Sobre a autodestruição de pessoas nesse meio, cansei de ver, e o meu livro é um grande lamento sobre isso.

Vi de perto em mais instâncias que eu queria ter visto. O convívio foi muito ruim, para dizer a verdade, mas sobrevivi. A Plebe sofreu muito com isso. Mas só lendo o livro para entender.

Preço do Sucesso

Para tudo na vida se tem um preço a pagar. Mas, no meu caso, consegui manter minha sanidade. Eu equilibro isso muito bem: na estrada, Plebe Rude é uma banda feroz com o vigor de banda iniciante e, em casa, sou pai e marido presente. Equilíbrio é tudo.

Próximos Projetos

A Plebe, em fevereiro de 2026, relançará nacionalmente “O Concreto Já Rachou”, pela Universal Music, com uma edição especial em vinil, com capa dupla que abre, com memorabilia jamais vista e um compacto que acompanha, pasme, as demos originais do disco!

Estamos preparando também um acústico, que sentimos que é a hora de gravar. Ah, e regravamos “Até quando Esperar” com o Herbert Vianna e o Jaques Morelenbaum, o mesmo cellista do cello icônico da abertura da faixa original.

No meu caso particular, no decorrer de 2026, estarei lançando um musical, disco solo, em que gravei todos os instrumentos, 18 músicas inéditas, com roteiro para cinema e teatro. E também o meu instituto estará a pleno vapor.

Sou presidente do Instituto Memorial Rock Brasil, que visa à construção de um acervo e um prédio de 7.000 metros quadrados para celebrar os 70 anos do rock brasileiro e, sim, em Brasília, a capital do rock.

Estou há cinco anos nesse projeto, e finalmente vai sair do papel. Como falei, trabalho sempre com projetos grandes. É a continuação da Rota Brasília Capital do Rock, que tenho junto ao governo do DF, em que mapeei 42 pontos turísticos relevantes ao rock de Brasília, com placas em três línguas nos devidos lugares, inclusive onde a Plebe Rude nasceu.

Disco de Ouro

A Plebe, de longe, é a banda com a proposta menos comercial de todos os artistas da década de 1980 que chegaram ao disco de ouro. Realmente, a trajetória da banda é impar dentro dos moldes de comercialização no Brasil, sem nenhuma música de amor, letra fácil ou banal.

Na minha recém-lançada autobiografia, “O Cara da Plebe”, relato muitos outros fatores que realmente atrapalharam a trajetória da banda, alguns, infelizmente, vindos de dentro. Mas, inegavelmente, enquanto a geração de gente fina, elegante e sincera dizia mais “sim do que não”, a Plebe dizia não.

Não às instituições, não ao status quo, não à repressão, não ao comercialismo. Mas pagou um preço alto por isso. Mas era justamente isso que fazia da Plebe a Plebe.

Algoritmo

A música popular brasileira continua firme em todas as frentes, mas, infelizmente, pouco consegue estar na grande mídia. Uma grande tragédia, na verdade. Eu mesmo produzi até hoje quase 40 discos independentes, mas poucos conseguiram ver a luz do sol, o que me entristece muito.

Hoje em dia, mesmo com o advento das redes sociais, é muito difícil, no meio do ruído que é a internet, artistas conseguirem uma carreira dedicada à sua arte. Mas é justamente essa dificuldade que separa o joio do trigo.

Sinto falta de um pouco mais de posicionamento dentro da arte, coisa que nossa geração realmente deixou de lado, pois o pouco engajamento que vejo, eu vejo em todos os lugares, em blog, entrevista, nos Facebook e Instagram da vida, menos na própria música.

Mas, para isso, teria que comprometer a própria arte, e nessa cultura de cancelamento ninguém quer uma coisa dessas. São os algoritmos ajudando a podar qualquer posicionamento dentro das canções e, me perdoe o lugar-comum, artista se expressa através da arte.

Senão tudo fica insosso e oco. As canções resistem ao teste do tempo, não entrevistas.

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ARARUNA FEST

Confira entrevista exclusiva com Guilherme Isnard, do grupo ZERØ, e Philippe Seabra, da Plebe Rude

Sucesso nos anos 1980, bandas estão no line-up de primeira edição de festival que será realizado amanhã, no Bosque Expo, e terá Frejat em 2026; Lobão e Érica Espíndola também se apresentam nesta quinta-feira, com ingressos via Sympla a partir de R$ 110

10/12/2025 10h00

Guilherme Isnard e Philippe Seabra

Guilherme Isnard e Philippe Seabra Montagem: Sergio Zalis / Caru Leão

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Guilherme Isnard

A formação que me acompanhará no Araruna Fest está comigo há sete anos. É a primeira vez em que não precisei me preocupar em criar um “organismo” musical, o organismo já existia, são amigos que tocam juntos desde a adolescência e essa cumplicidade musical será apreciada no palco do Bosque Expo. Daniel Viana [guitarra], Nivaldo Ramos [baixo], Gustavo Wermelinger [bateria] e Caius Marins [teclados].

No repertório, teremos os maiores sucessos da banda, algumas canções do álbum que completa 40 anos e versões de algumas canções dos colegas de geração.

Tenho orgulho de ter canalizado composições como “Quimeras” e “Agora Eu Sei”, que atravessaram quatro décadas e continuam atuais, conquistando novas legiões de fãs. Já estamos na terceira geração de seguidores.

Conto com a paciência do público para conhecer algumas das novas composições, que entremearei com o repertório clássico e versões de sucessos dos amigos dos anos 1980.

O público pode esperar um show de rock autoral com a experiência cênica e musical de um artista que tem 43 anos de carreira e se encontra no prime do recurso vocal.

Campo Grande

Sim, é nossa primeira vez [ZERØ] na cidade e tenho muita curiosidade tanto pela geografia quanto pela população e seu gosto musical. Vou aproveitar e esticar até Bonito após o show, para conhecer as belezas naturais do Estado.

Fomos convidados pelo Patrick Gontier, que tem a visão de transformar Campo Grande em um grande polo cultural da região, uma ideia maravilhosa que aprovamos e incentivamos.

Tenho a impressão de que o rock talvez não seja a taça de chá da maioria da população de um estado que tem a economia focada no agronegócio e, provavelmente, está mais familiarizada com a música sertaneja.

Mas como o rock é uma fusão do blues com a música country, tenho certeza de que vamos divertir o público com uma dose caprichada dessa mistura fina.

Guilherme Isnard e Philippe SeabraLobão também estará em Campo Grande para o Araruna Fest - Foto: Reprodução / Julia Missagia

Plebe e Lobão

Plebe Rude e ZERØ lançaram os primeiros álbuns [“Passos no Escuro” e “O Concreto Já Rachou”] juntos, em 1985. Já fizemos vários shows reeditando esse primeiro momento de ambas as bandas, como no Circo Voador, no Rio, e no Mr. Rock, em Belo Horizonte, sempre com lotação esgotada.

Com Lobão, será um reencontro de amigos de infância no palco. Fizemos juntos a nossa primeira banda, Grêmio Recreativo Nádegas Devagar, quando estudávamos na mesma turma no 2º ano do Colégio Rio de Janeiro.

 

ZERO E ALÉM

Sou um artista que se sente bem trabalhando em grupo. Muitos me cobram uma carreira solo, mas eu tenho apreço pelo trabalho coletivo.

Sem querer ser nem parecer absolutista, ZERØ sou eu, eu sou o ZERØ.

Guilherme Isnard e Philippe SeabraGuilherme Isnard - Foto: Sergio Zalis

Estamos na enésima formação e, além desta que estará comigo no Araruna Fest, tenho outra em São Paulo, com o Marcos Kleine, do Ultraje a Rigor, por questões logísticas.

Aos 68 anos, criei e ensaio quatro bandas. A Rádio Nacional, só com integrantes de bandas oitentistas: o Alec Haiat [guitarrista do Metrô], Rocco Bid [baterista do Tokyo], Freddy Haiat [tecladista do Degradée e do ZERØ] e Beto Birger [baixista do ZERØ], para revisitar o repertório da década mais profícua do rock nacional e atender à demanda de shows corporativos, bailes e clubes.

As duas formações em atividade do ZERØ, a que já descrevi e que me acompanhará em Campo Grande e a paulistana que, além do Kleine [guitarrista do Ultraje], tem Caio Pamplona [baixista do Kiko Zambianchi], Hans Zeh [tecladista do YUYU 20] e André Repetto [baterista do Lost 80s].

E a Isnard, que é uma banda autoral de rock no estilo pós-punk dançante, porque o coroa aqui merece se divertir. Quando elas se estabelecerem, vou me ocupar de formar meu combo de samba.

Longevidade

Eu diria que sou um artista vivo que não para de compor e cantar. Posso afirmar que, após 43 anos de carreira, faço ambas as coisas muito melhor. É o que vou demonstrar ao vivo, no dia 11, no Bosque dos Ipês. Costumo dizer que os fãs e a minha voz são meu maior patrimônio.

Creio ter feito o necessário para mantê-los. Os presentes terão a oportunidade de conferir nesta quinta-feira. Meu parceiro mais constante desde a pandemia é o maestro Rildo Hora, tenho um imenso repertório de sambas-canção na raiz da tradição que espero apresentar ao público no momento oportuno.

Quanto às “agruras do rock”, eu sou, sim, um sobrevivente, porque a minha geração atravessou várias décadas de exageros, epidemias e tragédias, mas eu sou um roqueiro “família”, o que é um perfil atípico. Não me entreguei a excessos porque sempre tive bem claro que ser artista é o meu trabalho, não é quem sou.

A adoração, amor e admiração que os fãs sentem por quem está no palco não são dirigidos à minha pessoa, mas ao que represento naquele momento. Portanto, nunca senti a necessidade de compensar a falta de aplauso com álcool, sexo ou drogas.

Rock 80 e hoje

Penso que o boom do rock nos anos 1980 foi um momento atípico em que um estilo musical que é primordialmente contestatório, rebelde e contracultural se transformou na MPB. O lugar do rock é na trincheira, não no mainstream.

Não é verdade que tenha morrido. O rock continua vivo no underground, que é o seu lugar. Existem bandas ótimas cumprindo o papel da rebeldia e do inconformismo e existem outras que buscam o sucesso comercial. Isso sempre aconteceu e acontecerá, mas não desmerece o gênero como um todo.

Preço do Sucesso

Para quem o busca como finalidade, o preço do sucesso deve ser enorme. Pra quem busca fazer arte, o preço não significa nada porque o resultado é a satisfação pessoal, a sensação de dever cumprido.

“A arte não ama os covardes”, frase de Vinicius de Moraes, é o meu moto e, para quem pensa assim, nenhum preço é alto demais.

Continua...

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