Artista campo-grandense, o cantor Matu Miranda tem sido uma voz que ecoa além das fronteiras do Brasil, levando a Música Popular Brasileira para novos horizontes ao redor do mundo. Após sua notável participação no programa The Voice Brasil, onde alcançou a semifinal, Matu tem sido o centro das atenções, recebendo convites para apresentações em diversos países estrangeiros.
Recentemente, ele retornou da Rússia, onde brilhou no Festival BRICS Young Winds Music Show, em Sochi, sendo o único artista brasileiro a representar o país no evento. Sua jornada musical o levou então para Istambul (Turquia) e Lisboa (Portugal), onde encantou o público com um show intimista e variado no multicultural espaço Valsa.
E agora, Matu Miranda prepara-se para uma apresentação especial em sua terra natal, Campo Grande. Durante a 16ª Semana do Artesão, ele subirá ao palco na Esplanada Ferroviária, nesta quarta-feira, 20 de março, às 19h30, para compartilhar com o público o seu mais recente single: "Estanco", que foi lançado na última sexta-feira (15), em todas as plataformas digitais.
"Sempre uma alegria estar em Campo Grande, na minha terra, e ainda mais feliz em apresentar aqui o meu mais novo trabalho. Tudo preparado com muito carinho para quem estiver lá!", convida Matu Miranda.
A letra de "Estanco", composta por Bárbara Dantas, explora a experiência de esgotamento emocional e inércia que enfrentamos na modernidade. A música convida os ouvintes a refletirem sobre a normalidade de se sentir sobrecarregado e a aceitarem momentos de baixa produtividade.
Em entrevista exclusiva ao Correio B, Matu Miranda revela como tem sido sua jornada musical e reflete sobre o reconhecimento do público e da crítica, que o considera uma das novas vozes talentosas da Música Popular Brasileira.
Confira a entrevista completa:
Correio B: Como você começou sua carreira na música?
Matu: Acredito que minha carreira na música teve início na barriga da minha mãe, por assim dizer. A influência da casa dos meus pais, sempre ouvindo muita música brasileira, a diversidade da nossa música. De fato, minha carreira profissional começou por volta dos meus 18 anos, onde comecei a fazer os primeiros trabalhos, me apresentando em alguns festivais, tocando violão e fazendo releituras de intérpretes da música brasileira.
Correio B: Você tem algum ritual antes de subir ao palco para se apresentar?
Matu: Tenho alguns rituais. Primeiramente, alongo o corpo, aqueço esse instrumento que é a voz, mas é o corpo inteiro. Então, silencio, faço alguns aquecimentos vocais e me concentro, silenciando a mente. Busco concentrar-me nas músicas que vou cantar, revisitar os arranjos e a ordem das músicas. É um trabalho de concentração, de limpar a mente para estar totalmente presente na música.
Correio B: Como foi a experiência de representar o Brasil no Festival BRICS Young Winds Music Show na Rússia?
Matu: Essa experiência na Rússia foi incrível, primeiro por ser uma cultura completamente diferente da nossa. Estive em Sochi, cidade-sede dos jogos de inverno e também sede de alguns jogos da Copa de 2018. Fui muito bem recebido e tratado como um artista internacional. A comida era excelente, o hotel muito bom, e toda a estrutura do evento foi impressionante. Foi um evento gigantesco com artistas dos países do BRICS, onde cantei junto com uma artista pop russa. Foi uma experiência muito interessante.
Correio B: Como tem sido sua jornada desde o The Voice Brasil até os palcos internacionais? Quais foram os principais desafios e aprendizados ao longo desse caminho?
Matu: A jornada no The Voice Brasil foi uma experiência muito rica de aprendizado e crescimento profissional. Ao longo desse caminho, aprendi muitas coisas. Muitas portas se abriram, mas também enfrentei desafios. Por exemplo, no The Voice, foi desafiador cantar sem o violão, que sempre me acompanha e acaba sendo um escudo no palco. Isso me ensinou a explorar meu corpo cenicamente e potencializar o sentido das canções.
Correio B: Você tem sido reconhecido como uma das novas vozes talentosas da MPB. Como você vê seu papel na preservação e evolução desse gênero musical tão importante para a cultura brasileira?
Matu: Como eu mencionei, é crucial reconhecer a importância da preservação da nossa música, que é tão plural e diversa. Devemos incentivar os jovens a não se limitarem ao que está disponível apenas no TikTok e nas redes sociais, na música pop, que é mais acessível. É essencial que eles também apreciem coisas que demandam um pouco mais de atenção e paciência, músicas que têm mais profundidade. Revisitar nosso passado e nossa história é fundamental para olharmos para o futuro. A música está em constante movimento e é uma expressão viva.
Correio B: O que te inspira a compor e criar música? Existe alguma história por trás do single "Estanco" que você gostaria de compartilhar conosco?
Matu: Muitas coisas me inspiram a compor, e cada inspiração é única. Estar atento e conectado com o presente me possibilita enxergar as coisas de maneira poética e traduzi-las na música. O single "Estanco" surgiu de uma maneira interessante. Eu estava navegando pelo Facebook quando vi uma poesia postada pela Bárbara Dantas, uma artista plástica talentosa de Campo Grande e minha amiga. A poesia dizia: "Às vezes eu estanco, seco mesmo, mas não é que me falta nada, não é só porque eu parei de jorrar ou que eu tô doente, é só que às vezes eu estanco e fico assim meio que endevaneio, meio que presente, às vezes eu estanco." Enquanto eu lia essas palavras, uma melodia surgia na minha cabeça simultaneamente. A música "Estanco" reflete o movimento que tenho vivido, com muita demanda de trabalho e viagens. Às vezes, é necessário parar e aceitar esses momentos de pausa, entendendo que não somos máquinas e que está tudo bem.
Correio B: Quais são seus planos futuros em relação à sua carreira musical?
Matu: Tenho muitas coisas interessantes acontecendo no presente e que se desdobrarão no futuro. Estou colaborando com artistas já consagrados e lançando meu disco "Matutando" faixa a faixa, single a single, para depois concluí-lo com o álbum completo. Muitas coisas boas estão por vir.
Correio B: Para você, qual é o papel da música em promover sentimentos de alegria, tranquilidade e esperança, especialmente em tempos desafiadores como os que vivemos atualmente?
Matu: A música é um refúgio, um lugar de esperança e cura. A força dos sons afeta profundamente nosso organismo e nossos sentimentos. Devemos ouvir música com a consciência de como ela afeta nossa mente e nosso corpo. O papel do músico é fundamental na estrutura emocional das pessoas, assim como em profissões como medicina, arquitetura e psicologia. A música proporciona uma base para que o ser humano viva bem.
Correio B: Como você descreveria o tipo de mensagem ou emoção que você espera transmitir através de sua música?
Matu: Eu acredito que a mensagem ou emoção que minha música transmite, ou que busco transmitir, é de esperança e uma visão peculiar sobre a natureza e o cotidiano. Procuro enxergar as coisas banais, muitas vezes consideradas insignificantes, com mais profundidade. Uma grande fonte de inspiração para mim é Manuel de Barros, nosso conterrâneo, que consegue, a partir do ínfimo, fazer brotar o gigante, o fantástico, o maravilhoso. Assim, é ousado da minha parte dizer isso, mas minha missão como músico é fazer o que Manuel de Barros fazia com as palavras.
Correio B: Quais são seus planos futuros em relação à sua carreira musical?
Matu: Tenho muitos planos. A vontade é continuar compondo, fazendo música e compartilhando-a com o mundo. Pretendo continuar circulando pelos palcos do Brasil e do mundo, levando boas mensagens e esperança, trocando experiências com as pessoas e enriquecendo-me com essas interações. Enfim, desejo continuar vivo, com saúde, cantando, tocando e sendo feliz.
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