Correio B

40 anos de lida e leads

E a cidade ganhou ‘‘favela oficial’’

Para continuar canalização de córrego, prefeitura teve de criar um outro núcleo de famílias carentes

Fausto Brites

16/11/2015 - 09h55
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Favela do Segredo, também conhecida como Favela do Querosene. Assim era chamado um núcleo de moradias formadas por barracos em plena área central da cidade, às margens do Córrego Segredo, depois da Avenida Marginal, atual Avenida Ernesto Geisel. Centenas de famílias ocupavam – ilegalmente – a área, que se iniciava na Rua 26 de Agosto, até o local onde hoje está o Horto Florestal, entre a atual Avenida Ernesto Geisel e a Rua Anhanduí. A prefeitura tinha de desocupar o trecho, uma vez que estava fazendo a canalização do córrego, e homens e máquinas teriam de transitar por lá, na execução dos serviços.

A mudança representaria o surgimento da primeira favela oficial de Campo Grande. Em um domingo, estivemos no local – o chefe de redação Antonio João Hugo Rodrigues, Montezuma Cruz e eu – para fazer a reportagem que foi publicada no jornal Correio do Estado, no dia 13 de abril de 1976. A favela estava prestes a ser removida.

Por que removida? Na realidade, as famílias seriam levadas para outra área, onde ergueriam seus barracos. Não ganhariam casa: cada um receberia um lote e ficaria responsável por construir sua respectiva moradia. O prefeito da época, Levy Dias, anunciou uma “ajuda de custo” de 1.500 cruzeiros para quem efetivamente morasse na favela. Isto porque a especulação imobiliária era a olhos vistos. Muitas pessoas haviam construído barracos e os alugavam para famílias. O local escolhido foi um terreno amplo, nas proximidades da Vila Nhá Nhá. 

Os que resistiam em sair alegavam que o local era distante, pois, até então, estavam no centro da cidade, em que podiam trabalhar sem gastar com ônibus ou recolher material reciclável. Além disso, a favela era próxima ao Mercado Municipal Antonio Valente (o Mercadão), no qual tinham facilidades para recolher legumes, frutas e outros tipos de mercadorias que eram descartadas por serem impróprias para a venda. Algumas  famílias acreditavam que a mudança seria salutar. Outras pessoas, porém, não se importavam com mais nada. Para elas, mudar ou permanecer ali era “tudo a mesma coisa”. Conforme a reportagem publicada no dia 13 de abril de 1976, assim foi descrito o local: “A Favela do Segredo é formada por cerca de 100 casebres, cada um tendo uma média de seis moradores, dos quais, várias crianças de idades variáveis. Alguns possuem um poço de onde retiram uma água esbranquiçada e poluída, enquanto outros utilizam o córrego. As casas foram construídas precariamente, com pedaços de madeira, de latas, de materiais velhos, panos e até mesmo portas de automóveis velhos e que fazem as vezes de portões. Todos vivem em condições sub-humanas e a mudança pode favorecer vida melhor para os favelados”.

Na edição do dia 14 de maio do mesmo ano, a informação era de que a favela não mais existia. Segundo a reportagem daquela data, “apenas um barraco – a proprietária está doente – falta desaparecer para que a Favela do Querosene passe, definitivamente, à história de Campo Grande. Os 84 barracos restantes já foram levados pelos donos ou para o terreno da prefeitura na Vila Nhá Nhá (a minoria), ou para terrenos próprios (a maioria). Ontem, o prefeito Levy Dias informava que felizmente a mudança transcorreu normalmente, afora alguns incidentes pequenos e transtornos naturais, o que já era esperado.

Dos 85 favelados, quase 55 preferiram receber os 1.500 cruzeiros oferecidos pela municipalidade e mudaram-se para seus terrenos próprios ou mesmo foram para outras cidades. Enquanto isso, na Vila Nhá Nhá, como se esperava, a ‘favela oficial’ está perfeitamente adaptada. Seus moradores não reclamam e sentem-se felizes em saber que o terreninho de 8 metros por 12 de fundo, reservado a cada família, pela municipalidade, pode até mesmo ser cercado a conveniência de cada um (...)”.

No dia 27 de maio, voltei à “favela oficial” e, em conversa com os moradores, a diferença era nítida. Muitos disseram que o lugar era bom e tranquilo. Só lamentavam que os terrenos não fossem deles. Os antigos barracos de lona ou de outros tipos de materiais haviam sido substituídos por pequenas casas de madeira. Estavam contentes porque tinham “transporte coletivo na porta” e várias escolas na região, o que possibilitava que os filhos estudassem “perto de casa”. Algumas famílias já estavam se preparando para cultiva hortas e pomar. Era o primeiro passo para um vida menos pior.

Carretas da magia

Caravana de Natal da Coca-Cola passa por Dourados e Itaporã nesta quarta; veja o trajeto

Caminhões estarão enfeitados com luzes natalinas, sistema de bolhas d'água, decoração interativa, painéis LED, cenografia natalina, cenários montados e Casa móvel do Papai/Mamãe Noel

17/12/2025 10h15

Carretas natalinas da Coca Cola

Carretas natalinas da Coca Cola DIVULGAÇÃO/Coca Cola

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Falta uma semana para o Natal e a tradição de sair às ruas para acompanhar a passagem das carretas natalinas da Coca-Cola está de volta.

Caravana Iluminada percorre ruas e avenidas de Dourados e Itaporã nesta quarta-feira (17). 

Os caminhões estarão enfeitados com luzes natalinas, sistema de bolhas d’água, decoração interativa, painéis LED, cenografia natalina, cenários montados e Casa móvel do Papai/Mamãe Noel.

É possível acompanhar ao vivo o lugar que a carreta está neste site.

Confira os trajetos e horários:

DOURADOS - 17 DE DEZEMBRO - 20H30MIN

  • INÍCIO - 20h30min - rua Sete de Setembro
  • Avenida Marcelino Pires
  • Rua Delfino Garrido
  • Avenida Weimar Gonçalves Torres
  • Rua Paissandú
  • Rua Monte Alegre
  • Rua Rangel Torres
  • Rua Mato Grosso
  • Rua Itamarati
  • Rua Hayel Bon Faker
  • Rua Mozart Calheiros
  • Rua Raul Frost
  • Rua Docelina Mattos Freitas
  • Rua Seiti Fukui
  • Rua Josué Garcia Pires
  • Rua Hayel Bon Faker
  • Rua Manoel Rasselem
  • Rua Projetada Onze
  • Rua General Osório
  • Avenida Marcelino Pires
  • Rua Mato Grosso
  • Rua Olinda Pires de Almeida
  • Rua João Cândido da Câmara
  • FIM - Rua Manoel Santiago

Carretas natalinas da Coca Cola

 ITAPORà- 17 DE DEZEMBRO - 17H30MIN

  • INÍCIO - Rotatória de entrada/saída da cidade
  • Avenida José Chaves da Silva
  • Avenida Estefano Gonella
  • Rua José Edson Bezerra
  • Rua Aral Moreira
  • Rua Duque de Caxias
  • FIM - Rotatória de entrada/saída da cidade

Carretas natalinas da Coca Cola

ARTES VISUAIS

Floripa de novo!

Após temporada de sucesso, Lúcia Martins Coelho Barbosa inaugura mais uma exposição em Florianópolis:"Do Pantanal para a Ilha 2" permanece em cartaz até 3 de janeiro e apresenta 20 telas, 6 delas inéditas, com elementos da fauna e flora sul-mato-grossense

17/12/2025 10h00

A artista com suas obras durante inauguração da mostra no dia 3 deste mês

A artista com suas obras durante inauguração da mostra no dia 3 deste mês Divulgação

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A artista plástica sul-mato-grossense Lúcia Martins Coelho Barbosa apresenta em Florianópolis uma seleção de obras que celebram a potência estética e simbólica do Pantanal.

Reconhecida internacionalmente, especialmente pelas pinturas de onças-pintadas, sua marca registrada, Lúcia construiu uma trajetória sólida ao longo de mais de quatro décadas nas artes visuais, marcada por pesquisa, identidade regional e profunda relação com a fauna brasileira.

Após uma temporada de sucesso em agosto, “Do Pantanal para a Ilha” retorna a Florianópolis, agora em novo local, na Sala Open Cultura, em exposição até o dia 3 de janeiro.

A mostra é composta por 20 telas, seis delas inéditas e outras peças de sucesso do acervo de Lúcia, que já expôs em sete países e quatro estados brasileiros.

“O nome ‘Do Pantanal para a Ilha’ veio da ideia de apresentar o Pantanal para um novo público que está conhecendo meu trabalho, e para isso coloquei nas telas elementos como as flores de aguapé, as árvores do Cerrado e as onças, que são meu carro-chefe”, apresenta Lúcia.

A artista com suas obras durante inauguração da mostra no dia 3 deste mêsReprodução obra "A procura da caça", de Lúcia Martins

LEGADO DE MS

Outro elemento regional incorporado nos quadros é a renda nhanduti, um bordado artesanal tradicional do Paraguai cujo nome significa “teia de aranha” em guarani, uma referência à sua aparência delicada e intrincada, utilizada normalmente em peças decorativas e roupas.

Ao todo, foram vários meses de preparação para a exposição, em um longo processo de produção e ressignificação de obras, utilizando as técnicas pastel sobre papel e acrílico sobre tela.

As obras que compõem essa exposição vão refletindo lugares, flores e animais, que talvez não despertem a atenção das pessoas no dia a dia, mas que, de algum modo, acabam fugindo do lugar comum.

Elas são um resumo do que Lúcia vê, vivencia e considera como mais “importante” enquanto legado da natureza de Mato Grosso do Sul para o Brasil e para o mundo.

A artista com suas obras durante inauguração da mostra no dia 3 deste mês“Onça que Chora”, um dos trabalhos inéditos da nova exposição

ESPANTO

A mostra reúne, assim, trabalhos figurativos que retratam, por exemplo, a onça-pintada como símbolo de força, ancestralidade e preservação, convidando o visitante a mergulhar no imaginário pantaneiro e, ao mesmo tempo, nas camadas poéticas que permeiam a trajetória da artista.

Para Lúcia, a arte é como um portão de entrada para um novo mundo, nesse caso o Pantanal sul-mato-grossense.

“O Pantanal não é margem. É centro de novas narrativas. É daqui que falamos ao mundo. O que eu gostaria que essa minha exposição causasse é até um certo espanto ao se ver que aqui também tem gente que faz arte. E nada melhor do que se apresentar quando alguém já tem curiosidade de lhe conhecer”, afirma a mestra das cores e texturas.

“Eu vivo para a arte, se eu não tivesse essa profissão, esse dom de colocar nas telas minhas emoções, meus sentimentos, talvez eu não tivesse nenhuma utilidade para a sociedade. A arte é, acima de tudo, questionadora. O que eu sinto como artista plástica há mais de 45 anos é que estamos ainda abrindo caminho para os artistas que virão. Gostaria muito que o artista fosse respeitado, fosse aceito, fosse útil, pois a arte alimenta a alma”, diz a artista.

PERFIL

Lúcia Martins Coelho Barbosa vive e trabalha em Campo Grande. Formou-se em história pelas Faculdades Unidas Católicas de Mato Grosso (FUCMAT). Fez pós-graduação em Comunicação, na área de imagem e som pela Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS).

Atua na área de artes plásticas, em Campo Grande, há mais de 40 anos e já mostrou suas obras em Portugal, Itália, França, EUA, Japão e Paraguai.

A artista com suas obras durante inauguração da mostra no dia 3 deste mêsReprodução obra Florescer no Pântano, de Lúcia Martins

Com o projeto Peretá – “Caminho” na língua tupi-guarani – , a artista exibiu o grafismo indígena e instalações em quatro capitais brasileiras – Brasília, Goiânia, São Paulo e Campo Grande.

Reconhecida por diversas premiações e homenagens, a artista segue expondo seu trabalho em coletivas e individuais. 

Em 2016, Lúcia criou o Múltiplo Ateliê, onde desenvolve trabalhos com artistas e pesquisadores, incluindo gastronomia, educação somática, dança contemporânea, yoga e audiovisual. Como afirma, é “fiel à sua missão de operária da arte”.

>> Serviço

A exposição “Do Pantanal para a Ilha 2”, da artista plástica sul-mato-grossense Lúcia Martins Coelho Barbosa, foi inaugurada em 03 de dezembro e está aberta para visitação até 03 de janeiro de 2026, na Sala Open Cultura, do open mall (shopping aberto) Jurerê Open. Av. Búzios, 1.800), Florianópolis (SC). Das 10h às 22h.

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