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"É uma das grandes alegrias do ator, poder viver personagens diferentes na carreira".

"Estou absolutamente apaixonado pela folha em branco"

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Gustavo Vaz tem 17 anos de carreira. Ele é ator, diretor, dramaturgo, locutor e em 2022 se lança como escritor. 

Dentro da sua vocação um envolvimento levou ao outro. 

“Me formei como ator na Martins Penna em 2004 e, no início da minha carreira, além do teatro também trabalhei em filmes de publicidade, o que naturalmente me levou à locução. Com a criação da ExCompanhia de Teatro em 2012, comecei a desenvolver também a escrita e a direção de cena. Hoje continuo nesse processo de experimentar outros lugares de criação. Sempre aprendo muito ao ocupar funções diferentes”, explica. 

Ele é diretor da ExCompanhia de Teatro, e nele conquistou importantes prêmios como o Prêmio Shell e o Prêmio Cesgranrio.

Gustavo também está no ar com a série 

“Coisa Mais Linda”, na plataforma da Netflix, como Augusto Soares, marido da personagem da atriz Fernanda Vasconcellos. Um homem violento e machista... “Foi um grande prazer e um grande desafio. Tive que observar o machismo arraigado em mim e encarar minhas sombras”, relembra. 

O ator também pode ser visto em “Aruanas”, da Globoplay, como Gregory Melloy, um antropólogo e ativista que se une a ONG Aruanas.

Em 2020, no meio da pandemia, Vaz também criou, escreveu, atuou e produziu a websérie “Se Eu Estivesse Aí” no Gshow, selecionada para festivais no Brasil e no exterior. 

Foi um dos dramaturgos e diretores de “ExReality”, experiência online e em formato inédito apresentada junto ao Teatro Porto Seguro. 

Em seus novos projetos no teatro e na literatura incluem “A Voz de Iara”, espetáculo solo autobiográfico onde escreve e atua, com previsão de estreia para o primeiro semestre de 2022, e seu primeiro livro, um romance, que também deverá ser lançado no primeiro semestre do ano que vem.

“Já comecei a conversar com algumas editoras e espero respostas para entender quando e onde ele será lançado. É minha primeira criação como escritor, mas já sinto que será a primeira de muitas. Estou absolutamente apaixonado pela folha em branco”, explica.

 

No cinema, Gustavo integra o elenco de duas séries de sucesso e protagoniza dois longas-metragens dirigidos por grandes nomes da área. 

Com direção de Julia Rezende, o ator acaba de estrear no Amazon Prime Vídeo o longa “Depois a Louca Sou Eu”, baseado no livro de Tati Bernardi, onde interpreta Gilberto, um psicanalista ansioso que encontra em Dani, personagem vivida por Débora Falabella, o amor em tempos de angústia.

Ainda no cinema, e depois de integrar o elenco de produções como “Divórcio”, “O Doutrinador” e “Maria do Caritó”, o ator será o protagonista de “O Jardim Secreto de Mariana”, novo filme de Sergio Rezende, que estreia dia 30 de setembro nos cinemas. 

Rodado em Nova Friburgo, no Rio de Janeiro, com cenas gravadas também em Inhotim, Minas Gerais, o filme desenrola o romance entre João (Gustavo Vaz) e Mariana (Andreia Horta). 

Cinco anos depois da separação abrupta, ele decide seguir seu instinto e parte numa longa jornada de bicicleta para tentar convencê-la de que o romance nunca deveria ter acabado. 

O amor, que ainda existe entre os dois, é então posto em xeque. 

“É um filme que fala sobre vida e morte, sobre nossa busca de sentido e sobre o amor como peça fundamental na relação com todas as coisas. É uma obra que olha para o simples e o poético através da força da natureza”, finaliza Gustavo.

O ator conversou com o B+ sobre sua paixão pela profissão, projetos e a estreia do filme “O Jardim Secreto de Mariana” onde é protagonista ao lado da atriz Andreia Horta.

CE - Ator, dramaturgo, diretor, escritor e locutor... Uma coisa te levou a outra na sua vocação?

GV - Sim. Me formei como ator na Martins Penna em 2004 e, no início da minha carreira, além do teatro também trabalhei em filmes de publicidade, o que naturalmente me levou à locução. Com a criação da ExCompanhia de Teatro em 2012, comecei a desenvolver também a escrita e a direção de cena. 

Hoje continuo nesse processo de experimentar outros lugares de criação. Sempre aprendo muito ao ocupar funções diferentes.

 

CE - Você estreia agora “O Jardim Secreto de Mariana”.  

Conta um pouco da história pra gente?

GV - João e Mariana são apaixonados, mas têm sua relação interrompida por conta de um acontecimento dolorido. 

Cinco anos depois dessa separação, meu personagem decide partir numa longa jornada para tentar reencontrar o amor de Mariana ao mesmo tempo que também começa uma jornada para dentro de si mesmo. 

É um filme que fala sobre vida e morte, sobre nossa busca de sentido e sobre o amor como peça fundamental na relação com todas as coisas. 

É uma obra que olha para o simples e o poético através da força da natureza.

 

CE - Quem é o Gustavo nesse longa?

GV - Eu interpreto o João, um personagem em crise consigo mesmo e com seu papel de homem diante do mundo. 

Na tentativa de se reaproximar do grande amor da sua vida ele acaba traçando uma jornada existencial sobre o masculino ao ir também em direção à sua essência. 

É um personagem que se transforma durante o filme, o que fez com que meu trabalho de criação fosse muito mais prazeroso e desafiador.

 

CE - Como é fazer cinema no Brasil?

GV - Um ato de coragem e uma ode à pluralidade da vida nas suas mais diversas manifestações. 

Cinema é uma arte coletiva e que, além de nos fazer sonhar, também nos desperta para o agora. 

Apesar da constante tentativa de destruição do cinema nacional por parte do atual governo, seguimos fortes e cada vez mais vivos.

 

CE - Na série Coisa Mais Linda da Netflix você interpreta um homem violento e machista, o Augusto.

Você acha que isso é um assunto atual apesar da série se passar em outra década?

GV - Sem dúvida. O fato do personagem e da série terem feito sucesso significa que o assunto infelizmente ainda dialoga com tristes dinâmicas da nossa sociedade. 

Somos um país onde uma em cada quatro mulheres sofreu algum tipo de violência durante a pandemia, por exemplo. Não podemos nos calar diante disso. 

E nós, homens, temos a obrigação de estarmos atentos uns aos outros para não permitirmos que ações desse tipo aconteçam ao nosso redor. 

Não há mais tempo a perder na construção de uma sociedade igualitária e segura que garanta a existência e a liberdade plenas das mulheres.

 

CE - Como foi construir esse personagem?

GV - Foi um grande prazer e um grande desafio. Tive que observar o machismo arraigado em mim e encarar minhas sombras. 

Fui a encontros educativos com homens enquadrados na lei Maria da Penha. 

Ali, entendi que existem saídas possíveis e reais para o problema da violência contra a mulher, mas que ela só acontecerá se for executada pela via coletiva e com a constante e ressignificada participação masculina em todas as suas etapas.

 

CE - Outro personagem que você faz na série do GNT, ‘Homens são de Marte é pra lá que eu vou’, você faz par com a Monica Martelli.

Como foi fazer o Léo tão diferente do Augusto?

GV - É uma das grandes alegrias do ator poder viver personagens diferentes na carreira. 

O Léo tinha uma pegada mais tranquila, mais leve, então foi muito bom poder também transitar nessa outra energia. Me diverti muito nas gravações e foi uma felicidade trabalhar ao lado da Mônica.

 

CE - Quando a gente vai ver você no teatro?

GV - Em breve! Tom na Fazenda deve voltar logo aos teatros e estou aguardando datas e a concretização de alguns desejos para terminar de escrever e começar a ensaiar um espetáculo biográfico sobre minha mãe. Não vejo a hora de pisar num palco novamente. 

Do ano que vem, não passa!

 

CE - Vai lançar seu primeiro livro?

GV - Também é um desejo para o ano que vem. Já comecei a conversar com algumas editoras e espero respostas para entender quando e onde ele será lançado. 

É minha primeira criação como escritor, mas já sinto que será a primeira de muitas. Estou absolutamente apaixonado pela folha em branco.

 

CE - Como foi a pandemia pra você Gustavo? E o retorno…

GV - Terrível, dolorida, longa mas, ao mesmo tempo, também se mostrou como um espaço de aprendizado e amadurecimento único. 

Já estou vacinado e aos poucos comecei a sair um pouco de casa, sempre respeitando os protocolos e o uso da máscara. 

Parece que volto mais forte e um homem melhor depois disso tudo. 

Saio com maiores noções de cuidado, empatia e com uma clareza muito maior sobre com quem quero estar e o que é realmente importante pra mim, seja na vida pessoal ou profissional. 

Aproveito para deixar aqui meu carinho e meus sentimentos a todas e todos que perderam algum ente querido durante esse período tenebroso. Que os culpados sejam punidos severamente. Não esperamos menos que isso.

 

CE - Todo esse processo de isolamento fez o Gustavo pensar em que?

GV - Sempre tive tendências existencialistas no olhar sobre a vida. Na pandemia, tudo ficou mais forte. 

Pensar sobre o sentido das coisas, sobre quem sou no mundo e sobre o que estou deixando como legado foram faróis durante a minha história. 

Disso, surgiu um livro, o novo contato com meu espetáculo biográfico, além de outros projetos. A arte é o lugar onde consigo traduzir tudo o que sinto em expressão estética e poética. 

É assim que tento também contribuir com o mundo ao mesmo tempo em que me aproximo mais e mais da minha essência. 

O isolamento, no fim, me tornou uma pessoa e um artista mais forte.

 

CE - Pra você o que é viver o agora?

GV - É soltar as margens do rio, respirar fundo e aproveitar a correnteza. 

É estar aberto ao que nos acontece, não definindo as coisas como boas ou ruins, mas como experiências similares. 

É escutar com honestidade o que o outro diz. É cuidar de si para cuidar melhor do mundo. É estar aqui e só aqui, agora.

 

CRÍTICA

A primavera de Eric Rohmer

Entre encontros e desencontros, filosofia e protagonismo feminino marcam o primeiro dos quatro filmes da série Contos das Estações realizada pelo diretor francês

26/09/2024 15h15

A professora de filosofia Jeanne (Anne Teyssèdre, à esquerda) e a estudante de música Nastascha (Florence Darel)

A professora de filosofia Jeanne (Anne Teyssèdre, à esquerda) e a estudante de música Nastascha (Florence Darel) Foto: Divulgação

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Desde domingo, ela, a primavera preenche a imaginação e os anseios de quem considera a estação das flores um momento de beleza singular na paisagem e, do ponto de vista simbólico, uma motivação e tanto para a brotação de ideias, afetos e projetos. Mesmo com a intensa floração dos ipês colorindo Campo Grande já nos meses de inverno, a força do calendário oficial estimula todo um universo subjetivo em muita gente - e, quase sempre, na mídia também.

Não parece ser diferente com os artistas, embora, neles, a criação ganhe outros percursos, onde a motivação aparente muitas vezes sirva somente de pretexto para outros sentimentos e abordagens que acabam se distanciando do suposto mote inspirador. Se, nos concertos de Vivaldi, allegros e adagios acompanhem com uma maior fidelidade, seguindo, inclusive poemas previamente escritos, o que se pode entender como uma espécie de mood de cada fase da natureza, a coisa muda de figura nos filmes do francês Éric Rohmer (1920-2010).

Ícone da nouvelle vague, o diretor já contava seus 70 anos quando levou a público o primeiro dos quatro longas de seus Contos das Estações, o “Conto da Primavera” (“Conte de Printemps”, 1990). Na trama, que segue leve, fluente e afiada desde o princípio, três mulheres meio que emparedam o personagem masculino, Igor, vivido pelo ator Hugues Quester. Natascha (Florence Darel), uma jovem estudante de música, é a sua filha. Ève (Eloïse Bennett), sua namorada, bem mais nova que ele. E Jeanne (Anne Teyssèdre), uma professora de filosofia, a terceira mulher.

Sentindo-se sem espaço em seu próprio apartamento, por causa da presença de um familiar, Jeanne também rejeita o apê do noivo; afinal, o cara nem está por lá (nem em lugar algum) e a bagunça toma conta de tudo. É quando ela encontra Natascha numa festa e a menina a convida para pousar no quarto do pai, já que ele passa mais tempo longe com a namoradinha do que em seu próprio lar. Em algum momento, os quatro vão parar na casa de campo de Igor. E a filha desse, já cúmplice da nova amiga, projeta o romance da professora com o pai.

Dito assim, parece apenas mais um enredo de novela, ou de filme de Woody Allen (aliás, em cartaz na cidade com o seu “Golpe de Sorte em Paris”). Rohmer, porém, se afasta de qualquer possível comparação pela força que imprime nas situações que costumam encenar. No ímpeto de querer ver o pai atracar-se com Jeanne, o que até acontece, Natascha arma situações e lança desconfiança sobre Ève ante o desaparecimento de um colar. A professora embarca no imbróglio, Igor fica hesitante, a namorada aceita a disputa, a filha vibra.

Mas, nessa história, como Rohmer a conta, cada desdobramento vai esgotando a dimensão de folhetim e encorpando seu caráter mais reflexivo. A filosofia, latente o tempo inteiro, ganha lugar de destaque em vários momentos. Num deles, com os quatro à mesa, a namorada e a paquera entram em divergência.

Mantêm a elegância e a informalidade enquanto comem e conversam sobre a compreensão da filosofia segundo a visão individual de cada um. Ève, que está enredada em uma monografia sobre o tema, apresenta certezas inabaláveis.

Jeanne defende que, mais que os conceitos de Platão ou Spinoza, precisa estimular nos alunos (de classe proletária) a autonomia do próprio pensamento e o amor próprio. Uma ataca com “metafísica”; a outra devolve com “filosofia transcendental”. Tudo isso regado a Kant, Husserl. No fundo, dão a impressão de estar falando de si mesmas e da responsabilidade de cada um ali pelos próprios atos. Pai e filha vão se entreolhando e o espectador, também olhando para dentro de si, conversa com os seus próprios borbotões, reflete, exulta.

É nesse movimento, de deslizar o conteúdo da trama, para a sensibilidade e o pensamento de quem acompanha a narrativa que Éric Rohmer demonstra sua argúcia de pensador da natureza humana - até que ponto somos, de fato, responsáveis por nossos próprios gestos? - e sua alta capacidade de colocar os elementos da representação a favor desta operação, tão agradável quanto arriscada, de nos levar à observação interna, repassando atos e desejos com rigor, mas sem julgamentos. Será tudo isso possível numa primavera? Para Rohmer, sim.

Astronomia

Clube de Astronomia da UFMS terá evento de observação do céu noturno

Atividade será aberta ao público e possibilitará a observação de Saturno e Vênus

26/09/2024 12h30

Imagem de Saturno divulgada pela NASA

Imagem de Saturno divulgada pela NASA Reprodução

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Na próxima sexta-feira (27), a Casa da Ciência e Cultura de Campo Grande, em parceria com o Clube de Astronomia Carl Sagan, irá realizar uma sessão especial de observação do céu noturno. O evento faz parte da programação da 18ª Primavera dos Museus e promete encantar os participantes com a chance de ver de perto alguns dos corpos celestes mais fascinantes do nosso sistema solar.

De acordo com Henrique Arcuri, estudante de física e monitor do Clube de Astronomia, a observação será feita com o auxílio de um ou dois telescópios, focando principalmente no planeta Saturno, famoso por seus anéis, que estará visível durante o período da noite.

Além disso, no início do evento, também será possível contemplar Vênus, o segundo planeta mais próximo do Sol e o terceiro corpo mais brilhante no céu, logo após o Sol e a Lua.

Desafios da fumaça

Devido às condições climáticas recentes, com a grande quantidade de fumaça na atmosfera, o campo de observação ficará limitado aos objetos mais brilhantes do céu. A fumaça proveniente das queimadas que atingem o Brasil ofusca a luz de muitos corpos celestes, dificultando a visibilidade de estrelas e planetas menos luminosos.

Sobre o Clube

O Clube de Astronomia Carl Sagan, vinculado à Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), existe há 16 anos e é uma iniciativa voltada para promover a difusão e o conhecimento da astronomia entre a comunidade acadêmica e o público em geral.

Com uma equipe de astrônomos amadores, professores e entusiastas da ciência, o clube organiza regularmente eventos como palestras, cursos, oficinas e sessões de observação do céu. Essas atividades visam despertar o interesse pela astronomia e pela ciência, criando um espaço de aprendizagem acessível para pessoas de todas as idades e níveis de conhecimento.

O clube foi batizado em homenagem ao renomado astrônomo, astrofísico e divulgador científico Carl Sagan, que se destacou por seu trabalho na popularização da ciência e sua contribuição para a compreensão do universo.

A filosofia do clube é inspirada no legado de Carl Sagan, que acreditava que a exploração do universo não apenas revela os segredos do cosmos, mas também ajuda a humanidade a compreender seu lugar dentro dele.

Serviço

Observação do céu noturno

  • Data: 27 de setembro
  • Horário: 19h
  • Local: Casa da Ciência – UFMS

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