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SAÚDE

Especialista explica a fisiologia e os cuidados necessários para a região pélvica do corpo

O períneo desempenha papel relevante no controle esfincteriano, na sustentação dos órgãos pélvicos e, entre outras funções, contribui para uma resposta sexual mais satisfatória, ajudando na lubrificação e no orgasmo

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A Fisioterapia Pélvica é a especialidade da fisioterapeuta dedicada ao cuidado de pacientes mulheres, crianças e homens que apresentam disfunções nas regiões da pelve (quadril) e períneo (assoalho pélvico). O períneo é a pequena área que fica entre os genitais (abertura vaginal ou escroto) e o ânus.

E envolve, ainda, a região inferior da cavidade pélvica, também chamada de assoalho pélvico. Buscando superar tabus, a fisioterapeuta Telma Chiarapa propõe um entendimento mais aprofundado sobre essa região do corpo.

Os benefícios são de várias ordens. Toda esta estrutura é composta pelos órgãos internos como bexiga, útero, reto, ovários e músculos, que promovem a sustentação desses órgãos.

“Lembrando que o períneo é perfurado por três canais, vagina, uretra e reto, atuando então durante relações sexuais, partos e no controle de saída da urina, das fezes e dos gases”, diz a profissional, que é mestre e autora de livros nessa especialidade da fisioterapia, atuando em várias frentes, desde o ensino ao atendimento clínico.

ORGASMO

“Esta região em questão desempenha papel relevante no controle esfincteriano, capacidade de conter urina e fezes, sem o qual ocorre incontinência urinária, e na sustentação dos órgãos pélvicos, que com os músculos de suspensão e ligamentos são capazes de manter o adequado posicionamento e a manutenção do organismo especialmente relacionada aos movimentos e cargas dessas estruturas”, afirma Telma.

Outra função perineal, não menos importante, segundo a fisioterapeuta, é o desempenho muscular do assoalho pélvico na contribuição para a resposta sexual, especialmente melhorando na lubrificação e no orgasmo.

“Vale a pena dividir com os leitores que algumas situações podem comprometer o funcionamento fisiológico do períneo, como: lacerações durante o parto, que afetam a função dos músculos e tecidos da região; dor, que se mostra com diversas causas, incluindo lacerações, tensões musculares, infecções. Outra situação que acomete esta região é o prolapso de órgãos pélvicos, que, quando não tratado adequadamente, se exterioriza pelo canal vaginal, provocando, por exemplo, ‘bexiga caída’”, afirma.

INCONTINÊNCIA

“Faço questão de reiterar sobre a incontinência urinária, porque hoje temos um aumento na procura no consultório para esse tratamento. Tem ocorrido com pacientes cada vez mais jovens que, entre algumas situações que podem causar essa perda urinária, praticam esportes de impacto, fazem muito exercício abdominal sem a devida orientação e, assim, acabam por enfraquecer os músculos do períneo, no qual aqueles mecanismos de sustentação e suspensão falham”, prossegue a fisioterapeuta.

A especialista diz que nesses casos pode ocorrer a perda urinária durante as atividades mais simples de uma rotina de vida, como tossir, espirrar, fazer atividades físicas como esteira, manter relação sexual, entre outras diversas situações.

“Não apenas a perda urinária ou fecal podem acontecer no decorrer de uma vida, no caso das disfunções sexuais”, pontua Telma Chiarapa. 

“Dores ou diminuição da sensibilidade durante a relação sexual podem estar relacionadas à saúde do períneo. No caso da dor crônica, muitas mulheres, principalmente, sofrem com dores crônicas na região pélvica, que envolve o períneo, e as causas são as mais diversas, desde uma endometriose, constipação crônica e, até mesmo, fatores psicológicos, como estresse e ansiedade”, descreve.

COMO PREVENIR

A fisioterapeuta compartilha orientações sobre como prevenir possíveis acometimentos relacionados à pelve e ao períneo.

“A contração muscular da região do assoalho pélvico é um recurso bastante eficaz e muito utilizado também no tratamento. Contrair o períneo é simples, você precisa apertar dentro do canal, e percebe-se esse movimento bem na região entre o ânus e o início da vagina, sempre fazendo movimento em direção ao seu umbigo, o movimento de segurar gases também aperta o períneo”.

“Caso em algum momento da sua vida qualquer pessoa ou mesmo profissional de saúde tenha lhe ensinado a interromper o fluxo de urina durante a micção, ato de urinar, pare agora mesmo. Esta atitude pode provocar lesões nervosas que, na maioria das vezes, são irreversíveis”.

“O norte-americano Arnold Henry Kegel foi o primeiro cientista a descrever e sugerir as contrações voluntárias do períneo. Contraia – aperte – os músculos da região entre o ânus e a vagina – no caso das mulheres – ou entre o ânus e a bolsa escrotal – no caso dos homens –, como se estivesse puxando para dentro e para cima em direção ao seu umbigo. Mantenha a contração por aproximadamente três segundos e relaxe. Repita 30 contrações pela manhã e à tarde. Três vezes de 10 contrações, com um intervalo de descanso entre cada vez, de aproximadamente dois segundos. Inclua esses exercícios na sua rotina, afinal, durante esses movimentos, você não precisa trocar de roupa, não causa dor e ninguém nota que você está contraindo os músculos perineais. Se conseguir realizar o agachamento, a prancha e a elevação pélvica, vai ajudar bastante. Capricha”.

RECURSOS

Telma Chiarapa diz que os recursos fisioterápicos para assistir uma pessoa com disfunções pélvico e perineais são bastante ricos. “São equipamentos de última geração, o biofeedback fornece dados precisos do funcionamento perineal, incluindo hipótese diagnóstica, técnicas manuais do profissional para percepção e alinhamento das estruturas, massoterapia, alongamentos, exercícios, tapping, entre outros”, apresenta.

DICAS

A fisioterapeuta fornece dicas para a sua saúde pélvica perineal:

  • Tome bastante água (evite a concentração de urina e assim, a infecção);
  • Evite consumo excessivo de cafeína, bebidas gaseificadas, alimentos apimentados e álcool, todos esses produtos provocam irritação na bexiga;
  • Mantenha seu peso saudável para que alivie a pressão sobre a bexiga e diminua o risco de incontinência urinária;
  • Se sua bexiga tem uma capacidade de armazenamento pequeno, tente, no desejo de urinar, prolongar um pouco sua micção, esta atitude pode ajudar na sua reabilitação.

DIAGNÓSTICO

“Caso você tenha dúvidas para fortalecer seu períneo, buscando a prevenção da fraqueza muscular perineal para minimizar possíveis comprometimentos na gravidez, parto ou pós-parto, no climatério ou menopausa, ou mesmo em lesões nervosas em acidentes ou síndromes genéticas em homens, mulheres ou crianças, consulte um médico ou um fisioterapeuta capacitado para que seja avaliado e fornecido um diagnóstico, assim como uma proposta de tratamento”, aconselha Telma.

AUTOESTIMA

“Períneo saudável é sinônimo de longevidade, de qualidade de vida e de autoestima. Uma mulher com períneo forte ao se levantar de uma cadeira percebe a área que ele ocupa, percebe a força dos músculos e essa situação faz uma mulher se sentir mais poderosa e pronta para alguma função que pudesse estar deixando ela insegura. Aproveite todos os benefícios que sua saúde perineal pode lhe proporcionar”, reforça a fisioterapeuta, que atua na área há 30 anos.

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Gastronomia B+: Na dúvida sobre qual panetone escolher? Veja aqui e como harmonizá-los

Nutricionista explica as diferenças de cada panetone e quais bebidas mais combinam com cada um

14/12/2025 12h30

Gastronomia B+: Na dúvida sobre qual panetone escolher? Veja aqui e como harmonizá-los

Gastronomia B+: Na dúvida sobre qual panetone escolher? Veja aqui e como harmonizá-los Foto: Divulgação

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Do clássico com frutas às versões recheadas, o panetone segue como uma das sobremesas mais consumidas no fim do ano. Presença garantida nas ceias de Natal, o produto ganha novas leituras a cada temporada, ampliando o leque de sabores e atendendo a diferentes perfis de consumidores.

Para ajudar na escolha do panetone ideal, a nutricionista da Água Doce Sabores do Brasil, Cláudia Mulero, explica as principais diferentes entre as opções disponíveis no mercado e como harmonizá-las com cachaças e vinhos para uma experiência completa.  

“A cada ano, o panetone se reinventa e se fortalece como símbolo da mesa natalina. Na Água Doce, reconhecemos o valor afetivo dessa tradição e incentivamos nossos clientes a explorarem novas combinações, valorizando tanto as versões clássicas quanto as que trazem um toque de brasilidade. É uma forma acolhedora e saborosa de celebrar”, destaca Cláudia.

Panetone Tradicional: com massa macia com frutas cristalizadas e uvas-passas, o panetone tradicional é perfeito para quem não abre mão do sabor clássico das celebrações natalinas. A sobremesa é ideal para ser consumida acompanhada de um espumante moscatel ou um vinho mais fortificado, como o Porto.

Chocotone e trufado: favorito dos amantes de chocolate, o chocotone traz gotas generosas que garantem indulgência e agradam adultos e crianças. Já o panetone trufado é uma versão mais sofisticada, com recheio que pode variar entre creme de avelã ou doce de leite. Cachaças envelhecidas em amburana, em bálsamo e com notas trufadas são indicadas para acompanhar os panetones recheados.

Panetone de frutas vermelhas: fresco e aromático, que agrada quem busca sabores menos densos, o panetone de frutas vermelhas é uma releitura contemporânea do clássico natalino. Com uma massa leve e amanteigada pode ser recheado com morango, framboesa, amora e mirtilo. Esta opção de sobremesa harmoniza bem com espumante Brut Rosé e vinho Riesling. Já para quem prefere cachaça, o ideal é que seja de jequitibá ou com infusão de frutas.

Panetone Salgado: versão inovadora que inclui queijos, embutidos como salame, calabresa ou combinações especiais, que levam frango, é uma alternativa para quem prefere sabores não adocicados. Para esta opção, as cachaças envelhecias em carvalho, amburana, jequitibá e em bálsamo são indicadas. Já para os amantes de vinhos, as recomendações passam pelo espumante Brut, Rosé seco, Sauvignon Blanc e o Branco português.

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B+: Especialista explica o que é o red pill, que ganhou repercussão após caso de Thiago Schutz

"Não é influência positiva, é propaganda de misoginia". Especialista em relacionamentos, a Dra. em psicologia Vanessa Abdo explica como a ideologia do movimento afeta nos direitos das mulheres e contribui para o incentivo à violência

13/12/2025 17h00

B+: Especialista explica o que é o red pill, que ganhou repercussão após caso de Thiago Schutz

B+: Especialista explica o que é o red pill, que ganhou repercussão após caso de Thiago Schutz Foto: Divulgação

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O termo “red pill” tem gerado em muitos debates nas redes sociais devido à denúncia de agressão e tentativa de estupro de Thiago Schutz, conhecido como “Calvo do Campari”. O coach foi detido em Salto (SP) no último dia 29 de novembro, após ser denunciado para a Polícia Civil pela namorada. Thiago Schutz é considerado influenciador do movimento “red pill”, por produzir conteúdos e ser autor de livro que aborda o tema.

Mas afinal, você sabe o que significa o movimento “red pill” e por que ele afeta violentamente as mulheres? Para responder a essa pergunta e esclarecer outras dúvidas sobre o tema, conversamos com a doutora em Psicologia Vanessa Abdo.

Sobre o termo

O nome “red pill” (pílula vermelha, em português) vem de um conceito fictício do filme “Matrix” (1999), em que a pílula vermelha seria a escolha para "despertar" e ganhar "consciência" da realidade do mundo.

Com essa narrativa, o movimento red pill passou a criar teorias da conspiração que incentivassem os homens a “acordem para a realidade” e não serem “dominados” pelas mulheres.

“O red pill se apresenta como uma ‘verdade sobre as relações’, mas na prática é um conjunto de ideias que reduz mulheres a objetos, corpos, funções ou serviços e coloca os homens como dominantes e superiores. É uma ideologia que traveste controle e desprezo como se fossem ‘ciência comportamental’. Quando os nossos corpos são objetificados, não tem graça. Isso não é sobre relacionamento, é sobre poder”, afirma a psicóloga Dra. Vanessa Abdo.

Qual a relação do red pill com a misoginia?

“A base do red pill é a crença de que as mulheres valem menos, sentem menos, pensam menos ou merecem menos. Isso é misoginia. O movimento estimula o desprezo pelas mulheres, especialmente as fortes e independentes, justamente porque homens que aderem a esse discurso precisam de parceiras vulneráveis para manter no seu controle. A misoginia não é efeito colateral do red pill, é sua espinha dorsal.”

Por que o red pill é tão perigoso para toda a sociedade, principalmente para as mulheres?

“Porque ele normaliza a violência. Quando você cria uma cultura em que mulheres são tratadas como objetos descartáveis, a linha entre opinião e agressão se dissolve. Esse tipo de discurso incentiva violências físicas, psicológicas, sexuais e digitais, que são camufladas como humor ou “liberdade de expressão”. Uma sociedade que naturaliza o desprezo por mulheres adoece, retrocede e coloca todas em risco.” 

Nas redes sociais, muitos homens fazem uso de um discurso de ódio às mulheres disfarçado de humor. Qual a diferença da piada para a incitação à violência?

“A piada provoca riso, não medo. A piada não tira a humanidade do outro. Quando o ‘humor’ reforça estereótipos, desumaniza mulheres e legitima agressões, ele deixa de ser brincadeira e se torna uma arma. A diferença está na intenção e no efeito. Se incentiva o desrespeito, a dominância ou a violência, não é humor, é incitação.

É importante reforçar que combater a misoginia não é sobre guerra dos sexos, é defesa da vida. Toda vez que normalizamos piadas que objetificam mulheres, abrimos espaço para violências maiores. Precisamos ensinar homens, especialmente jovens, a construir relações baseadas em respeito, não em dominação. E precisamos dizer claramente que humor não pode ser usado como máscara para ódio.”

Na internet, muitas pessoas consideram quem prolifera o movimento red pill como “influenciadores digitais”. Qual a sua opinião sobre isso?

“Influenciadores pressupõem responsabilidade social. Quem difunde ódio e objetificação influencia, sim, mas influencia para o pior. Não podemos romantizar a figura de alguém que lucra reforçando violência simbólica e emocional contra mulheres. É preciso nomear corretamente: isso não é influência positiva, é propaganda de misoginia.”

Sobre o caso de Thiago Schutz, surgiram muitos julgamentos sobre as mulheres que tiveram um relacionamento com ele mesmo cientes do posicionamento que ele adota nas redes sociais. Como você avalia isso?

“Culpar mulheres é repetir a lógica da violência. O discurso misógino desses movimentos é sedutor exatamente porque se disfarça de humor, lógica ou ‘verdade inconveniente’. Relacionamentos abusivos não começam abusivos, eles começam carismáticos. Além disso, mesmo quando uma mulher percebe sinais de risco, ela pode estar emocionalmente envolvida, vulnerável ou acreditar que será diferente com ela. O foco não deve ser questionar as mulheres, mas responsabilizar quem propaga discursos que desumanizam e ferem.”

Como uma mulher pode identificar um homem misógino?

“Existem sinais claros:

* Desprezo por mulheres fortes ou independentes.

* Humor que sempre diminui o feminino.

* A crença de que mulheres devem ser controladas ou colocadas ‘no seu lugar’.

* Incômodo com a autonomia da parceira.

* Falas generalizantes, como ‘mulher é assim’ ou ‘toda mulher quer…’.

Desconfie de homens que desprezam mulheres, especialmente as fortes. Eles precisam que a mulher seja vulnerável para se sentir poderosos.”

Como uma mulher pode identificar que está dentro de um relacionamento abusivo?

“O abuso aparece em forma de controle, medo e diminuição. Se a mulher começa a mudar sua vida, roupas, amizades ou rotina para evitar conflitos, se se sente culpada o tempo inteiro; se vive pisando em ovos, se sua autoestima está sendo corroída, se há chantagem, humilhação, manipulação ou isolamento, isso é abuso. Não precisa haver agressão física para ser violência.”

Como podemos ajudar uma mulher que é vítima de um relacionamento abusivo?

“O principal é acolher, não julgar e não pressionar. Ela já vive em um ambiente de medo e culpa. Oferecer apoio prático, ouvir, ajudar a montar uma rede de proteção, encaminhar para serviços especializados e incentivar ajuda profissional é mais efetivo do que dizer: ‘saia desse relacionamento’. O rompimento precisa ser planejado. Segurança vem antes de tudo.”

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