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Gastronomia

Festival Internacional da Carne MS terá 35 chefs regionais e 47 estações

Evento que inicia amanhã na Capital, no Parque de Exposições, terá 35 chefs regionais e 47 estações voltadas aos assados

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O 1º Festival Internacional da Carne MS promete impressionar os amantes do churrasco. Serão cortes e os mais diversos tipos de assados preparados pelas mãos de chefs regionais e de outros estados. 

A programação de três dias para os amantes da carne - 15, 16, e o encerramento no domingo (17), ocorre no Parque de Exposições Laucídio Coelho (Rua Américo Carlos da Costa, nº 320, Vila Carvalho), o evento vai oferecer, além do preço acessível, música e um espaço dedicado às palestras e até ao lançamento de um restaurante de chef renomada nacionalmente.

Grande produtor, Mato Grosso do Sul tem na carne o principal ingrediente de sua gastronomia. Por isso, o festival, conforme explica sua idealizadora, Márcia Marinho, tem o intuito de mostrar para os sul-mato-grossenses os diversos sabores originários das diferentes raças criadas no Estado.

Uma das principais características nesta primeira edição,  é que os público tenha acesso aos mais variados tipos de cortes de carne, com preços acessíveis.

“No festival, será oferecido carne de angus, brangus, carne de cordeiro e mais. A gente quer viabilizar para que o grande público possa experimentar diversos tipos de carne”, explica Márcia.

Serão 35 chefs regionais distribuídos em 47 estações de assados. Para esta edição de lançamento, o embaixador convidado é o chef Paulo Machado, um dos grandes nomes da gastronomia do Estado por ressaltar em seu trabalho a gastronomia pantaneira.

“A partir desse evento, Mato Grosso do Sul se consolida como o cenário perfeito para grandes feiras gastronômicas. Já tivemos congressos e encontros menores ligados ao tema no passado. Mas vejo agora que a cidade pede por esse tipo de acontecimento e tenho a certeza que logo virão próximas edições”, conta Machado.

Expansão

A primeira versão foi apresentada pelo governo estadual neste ano. O festival fechou parceria com a Associação dos Criadores de Mato Grosso do Sul (Acrissul), entidade responsável por promover a Expogrande, que já está em sua 83ª edição.

Presidente da entidade, Guilherme Bumlai comenta que a experiência prévia na promoção de eventos rurais se somou à consolidação de um festival voltado às carnes, não apenas como feira gastronômica internacional, mas também estendendo seu potencial ao oferecer outros tipos de atrações.

“Institucionalmente, a Acrissul já traz em sua bagagem uma larga experiência em eventos de grande porte. Com o Festival Internacional da Carne, queremos mostrar como a nossa carne é produzida, quais são as diferenças das marcas que estão colocadas no mercado e muito mais. Teremos também shows musicais, para as pessoas poderem confraternizar, além de palestras técnicas voltadas para os profissionais participantes”, adianta Bumlai.

Expectativa

Para Márcia, a ideia de ter mudado a temática anterior para “do pasto ao prato” proporciona a realização de outras dinâmicas durante o evento, como o oferecimento de atrações musicais, uma competição de churrasco e, no caráter econômico, debates e palestras voltadas aos produtores rurais.

“O caráter do evento mudou, foi expandido, tanto é que o tema escolhido para esse ano foi ‘do pasto ao prato’. A gastronomia segue como protagonista, mas abre espaço para a conversa de negócios, para falar sobre a cadeia produtiva, economia e outros tópicos”, detalha a realizadora.

“Esperamos atrair turistas da nossa fronteira, do nosso MS, e consolidar nosso estado como o produtor da carne com a mais alta qualidade do País”, torce Márcia. A expectativa é atrair um público de 30 mil pessoas, inclusive de outras nações e estados brasileiros.

Entusiasta da culinária pantaneira, ela garante diversidade no que tange às carnes – desde porco no rolete, no tacho, hambúrguer de avestruz e até linguiça de búfalo – 100% sul-mato-grossenses.

“Realmente sou uma grande entusiasta da culinária regional. Quando comecei a falar sobre isso, ninguém sabia quem era os chefs daqui, o que a gente fazia, qual era nossa comida regional. Faz seis anos que estou trilhando esse caminho para exaltar a gastronomia sul-mato-grossense”, conta.

Diversidade de assados

Com a curadoria do chef representante do Centro-Oeste no Ministério das Relações Exteriores e no projeto Brasil em Sabores, Lucas Caslu, o evento promete impactar até aquelas pessoas que dizem conhecer muito sobre carne e churrasco. 

Para o Correio do Estado, o chef já havia adiantado que, além de optar por diversos tipos de cortes e diferentes técnicas, o festival também terá carne assada do modo rústico pantaneiro ao estilo americano, o barbecue.

“Teremos o nosso pacu preparado com técnica indígena paraense, sobremesa com fruta defumada ou grelhada e até um lançamento de um sorvete com um ingrediente defumado. As porções serão de aproximadamente 150 g, porque a ideia é que se prove os mais diversos pratos”, explica.

O gastrônomo conseguiu trazer para o evento chefs como Rafael Gomes, que foi campeão do Master Chef em 2018 e agora é proprietário de diversos restaurantes no Rio de Janeiro, além de Luis Vilela, chef da Venchi no Eataly, em São Paulo e consultor da Royal Caribbean; Paula Labaki, chef consultora da rede Fazenda Churrascada, que tem grande experiência na cozinha e no churrasco; Ligia Karazawa, especialista na carne wagyu que tem grande experiência com restaurantes, além do churrasco em si; Rodrigo Bueno, campeão do American Barbecue e capitão da seleção brasileira de barbecue; e Edvaldo Caribé, escritor do livro “O Barbecue Brasileiro – Do moquem ao pit smoker”.

Churrasqueiros locais

Entre os chefs regionais convidados estão: 

  • Colunita do Correio do Estado @Brunão BBQ, Marcílio Galeano, Renata Andrade (Campo Grande),
  • Brutus (Três Lagoas),
  • Gledson Soares do Nascimento (Sidrolândia),
  • Vinicius di Carli e Marlon Libório (Dourados)  
  • Shonga (São Gabriel do Oeste),
  • além de Nei Coelho, Thiago Ursão, Lariza, Ale Ciasca, Diego e mais.

Carne 100% de MS

Para o curador do evento, a carne de Mato Grosso do Sul “é muito especial”. Um dos fatores que contribui para que o produto sul-mato-grossense seja considerado um dos melhores do País, quiçá o melhor, é o fato de o gado ser criado livre no pasto, o que reflete, portanto, no sabor da carne.

Além disso, por sermos de um estado que é produtor, isso reflete culturalmente na população. “Temos enraizado a cultura da carne bovina em todo o nosso estado. Então, podemos dizer que a nossa população é especialista em carne, pois ela está no nosso dia a dia. No campo, é comum consumi-la em todas as refeições, inclusive no café da manhã, com o quebra-torto”, cita Caslu sobre o famoso desdejum pantaneiro.

Comida no precinho

Com porções de 100 g a R$ 18 cada, os participantes do festival poderão degustar de tudo um pouco que será oferecido durante o evento.

Conforme adiantado anteriormente, as opções variam desde o pacu assado ao modo indígena, preparado por Edvaldo Caribé, até o prato a ser apresentado pelo chef Bruno Panhoca, que vai preparar o sanduíche de pulled pork.

“É feito de carne suína, com copa lombo. Uma grande peculiaridade é que ele é defumado por quase seis horas dentro de uma churrasqueira fechada. Depois, é servido em um pão brioche, com molho barbecue, picles e cebola frita”, descreve.

Turismo gastronômico

MS vem se consolidando como roteiro quando se trata de gastronomia. Com esse pensamento, o festival se apresenta como um espaço para públicos de todas as regiões, conforme explica o diretor-presidente da Fundação de Turismo de Mato Grosso do Sul, Bruno Wendling.

“O turismo gastronômico já não é mais um potencial, mas uma realidade em Mato Grosso do Sul. Não é à toa que a gente vem trabalhando já alguns anos com a gastronomia como diferencial competitivo, especialmente na região do Pantanal. Ter eventos como o Festival Internacional da Carne, agora com uma nova modelagem, poderá atrair fluxos do interior do Estado, a princípio, e reforçar nosso posicionamento como destino de gastronomia, 
o que é muito importante”, cita.

Copa de Assadores

Para animar o público durante o 1º Festival Internacional da Carne MS, será realizado a Copa de Assadores Ancestrais de Mato Grosso do Sul – Meat Master, modalidade já bastante conhecida no Estado, que é a de fogo de chão.

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Segundo o diretor técnico da competição, José Rodrigues, estão confirmadas 13 equipes, sendo de MS, do RS e até da Bolívia e do Paraguai. “As equipes vão assar para os juízes três tipos de carne, que vai ser a costela bovina, a paleta suína com couro e osso e também o frango inteiro. Tudo na modalidade ancestral. Não será permitido nem defumação ou bafo. Tem de ser apenas fogo de chão”, desafia.

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Diálogo

A eleição passou, mas a prefeita reeleita Adriane Lopes continua...Leia na coluna de hoje

Por Ester Figueiredo ([email protected])

22/11/2024 00h01

Diálogo

Diálogo Foto: Arquivo / Correio do Estado

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Davi Roballo - escritor brasileiro

"Infelizmente, descobrimos um pouco tarde que devemos viver para deixar saudades, boas lembranças, e não bens, já que tudo perece, menos a alma, que é eterna”.

FELPUDA

A eleição passou, mas a prefeita reeleita Adriane Lopes continua sob a artilharia pesada dos adversários, principalmente de alguns dos derrotados. Esse, digamos assim, fogo cerrado deverá continuar, na tentativa de impedir a sua consolidação como forte liderança, e poderá vir a atrapalhar os planos de muita gente em um futuro não muito distante. Desde já, portanto, estão jogando ainda tachinhas, pregos e similares no caminho político-administrativo da prefeita. Ah, o poder!

Diálogo

Elas

As duas vereadoras que em 2025 atuarão na Câmara Municipal de Campo Grande têm ideologias políticas extremamente diferentes. Luiza Ribeiro, que foi reeleita, é do PT e defende temas que batem de frente com as posições da chamada direita.

Mais

Já Ana Portela, do PL, a qual exercerá o seu primeiro mandato, é verdadeiramente do time do ex-presidente Jair Bolsonaro e tem, portanto, posições políticas que duelam com a esquerda. Os embates entre ambas prometem ser constantes em plenário.

Diálogo
Maria Pedrossian de Abrantes - Foto: Arquivo Pessoal
Diálogo
Paulo Verissimo - Foto: Rafael Cusato

Retorno

Passada a ressaca pela derrota do candidato tucano a prefeito de Campo Grande, que não chegou nem sequer ir para o segundo turno, aqueles que foram nomeados para trabalhar na campanha começaram a voltar para os seus, digamos, “antigos aconchegos”. As nomeações estão saindo aos poucos no Diário Oficial. Dizem, aliás, que tem gente com insônia, pois o tempo passa, o tempo voa, e…

Press trip

Encerra-se hoje a visita ao Pantanal – promovida pela Embratur e pelo Sebrae-MS – de cinco jornalistas do Reino Unido e da Irlanda para conhecerem a região. A press trip pelos destinos e atrativos desse bioma que é Patrimônio Natural da Humanidade e Reserva da Biosfera pela Unesco teve início no dia 18 e também  contou com o apoio da Fundtur.

Turistas

Segundo o Portal de Dados da Embratur, de janeiro a setembro deste ano, o Estado recebeu 51.173 estrangeiros. No ano passado, entraram pelas fronteiras de MS 70.277 turistas. Entre os dois primeiros semestres de 2023 e 2024, houve um aumento de 18,6% na entrada de visitantes internacionais. Mato Grosso do Sul recebeu turistas principalmente de Portugal, da Inglaterra e dos EUA no primeiro semestre deste ano, tendo destaque os aeroportos de São Paulo (91,9%), de Brasília (2,3%) e do Rio de Janeiro (1,5%) como portões de entrada.

Aniversariantes

  • Dra. Anamélia Wanderley Xavier,
  • Luiz Carlos Santini Júnior,
  • Simplícia (Pimpa) Alves Arruda,
  • Luiz Fernando Buainain,
  • Dra. Thaisa Saddi Tannous Silvino,
  • Marie Rose Jabur Sleiman,
  • Diego Fabricio Cruz Duailibi,
  • Cecílio Lino de Rezende,
  • Rubens Aleyne,
  • Gilberto Henrique de Oliveira,
  • Nirton Froeder,
  • Luciano Dias Ferreira Dutra,
  • Oswaldo Pires de Rezende,
  • Guilherme Roncaglia Seco,
  • Erminio Berto da Silva,
  • Ana Sirlei Vieira Castoldi,
  • Cassia Modena de Souza,
  • Leonardo Marques Ennes,
  • Odorce Bentos da Cunha,
  • Paulo Antônio Serra da Cruz,
  • Gabriel Silva Fernandes,
  • Milene Garcia Busato,
  • Glauco Cortez Mattos,
  • Dr. Leonardo Higa Nakao,
  • Leozitor Floro de Souza,
  • Paulo Antunes de Siqueira,
  • Jussara Coimbra Pedra Brum,
  • Jerônimo Rezek Rocha,
  • Celso Chaia,
  • Edson de Souza Teixeira,
  • Gledson Paulino Leal,
  • Rodrigo Bombonato Postinguel,
  • Fernando Bittar,
  • Daniele Costa Morilhas,
  • Gilberto Alves Ferreira,
  • Nilda da Silveira Falcão,
  • Fabiana Soares Katayama,
  • Cecília Barcellos Teixeira,
  • Jayme de Magalhães Júnior,
  • Cristiane Tavares Soares Bigolin,
  • Jander Castellani Dias,
  • Renato Baschi,
  • Aimar Joppert Junior,
  • Darci Marques,
  • Ana Claudia Nacer de Souza,
  • Dr. Marcos Estevão 
  • dos Santos Moura,
  • Dra. Gabriela Ferreira 
  • Calarge Jankauskis,
  • Dr. Euler Simões Corrêa Jorge,
  • Maxwell Aparecido Chaves,
  • Inah Barbosa dos Anjos,
  • Neiva Guerreiro,
  • Assaf Jorge Nesrala,
  • Roberto Assaf Nesrala,
  • Cesar Augusto Pires da Silva,
  • Márcio Augusto de Oliveira,
  • Fabiola Matte Freitas,
  • Joice Mara Medeiros da Silva,
  • Fátima Aparecida Maronha Fujimak,
  • Eugênio Quevedo,
  • Leontina Aparecida de Souza,
  • Idelso Berro,
  • Ana Maria Lima Mendonça,
  • José Wilson Capdeville Bastos,
  • Eliane dos Santos Silva,
  • Albano do Prado 
  • Pimentel Franco,
  • César Chedid,
  • Dr. Benedito de Oliveira Neto,
  • Claudio Augusto Guerra,
  • Luiz Claudio Monteiro,
  • Ana Paula Silva,
  • Pedro Henrique Gomes,
  • Denise Maria Decco,
  • Adriana Queiroz Sobreira,
  • Edgar Buytendorp,
  • Volnei Camargo Borges,
  • Gabriela Gelir Capitânio,
  • Mirella Galando Montilha,
  • Driele Luz Bahia Rodrigues da Silva,
  • João Mitumaça Yamaura,
  • Nilva de Oliveira Neves Inoue,
  • Cecílio Claudiano Yegros Aranda,
  • Patricia de Souza Lima,
  • Alberto Grangeiro da Costa Júnior,
  • Paula Latta Pereira Camargo,
  • Mara Moreira Luna,
  • Rui Pires dos Santos,
  • Lídio Recalde,
  • Vivaldo Batista,
  • Kelei Zeni,
  • Ivone Pessine,
  • Lisete Padilha Rubert,
  • Mariana Moura de Almeida Vieira,
  • Nilma Maria Nascimento Lima,
  • Enio Alberto Soares Martins,
  • Antonio Carlos Silveira Soares,
  • Vitória de Oliveira Pedroso,
  • Cecilia Elizabeth Grotti,
  • Silvia de Lima Moura Figueira,
  • Pedro Valdemar Lopes,
  • Bruno de Brito Curto,
  • Celso Mazzoni Haidamus,
  • Maria das Graças Ribeiro,
  • Antonio Valdir Severo,
  • Juliana Morais Arthur,
  • Amarildo Jonas Ricci,
  • Alberto Henrique 
  • Teixeira de Barros.

*Colaborou Tatyane Gameiro

LITERATURA

"A MORTE FAZ PARTE DA VIDA"

Psiquiatra e escritora, Natalia Timerman, autora de "As Pequenas Chances" (Editora Todavia), em que, na chave da ficção, aborda a morte do pai, conversa com o público hoje na Hámor Livraria; Lorena Gonçalves e Marcos Vitor participam do bate-papo e a entr

21/11/2024 10h00

"Anoto coisas o tempo todo, em cadernos, nos livros que leio, no próprio celular. Mas quando meu pai estava doente não anotei uma única linha", afirma a escritora Natalia Timerman, que já lançou um romance pela Todavia, entre outras publicações Foto: Renato Parada

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O que pensamos e sentimos e como agimos quando perdemos um familiar? E se quem morrer for seu pai? Natalia Timerman passou pela experiência em 2019. E como, nas suas palavras, “não havia mais nada a se fazer”, sentiu-se instada a escrever o que se tornou “As Pequenas Chances”, segundo romance da psiquiatra e escritora paulista, publicado em 2023 pela Editora Todavia, que ganha lançamento em Campo Grande. A autora conversa com o público hoje, na Hámor Livraria, a partir das 19h, com entrada franca.

Lorena Gonçalves e Marcos Vitor participam do bate-papo, em que a prática da escrita como aliada ao processo de luto familiar e sua articulação com o exercício literário devem pautar o encontro, assim como a expressão autobiográfica e as origens judaicas da autora, que para ela representaram o resgate de tradições que até então desconhecia e que a morte do pai, também médico, em decorrência de um câncer, acabou ocasionando.

Natalia tem 43 anos e é mestre em Psicologia pela Universidade de São Paulo (USP), onde cursa atualmente doutorado em Literatura. Desde o lançamento, “As Pequenas Chances” vem obtendo seguidas resenhas positivas, pelo modo como sua narrativa confessional alinhava fabulação e reflexão pessoal a partir do mote autobiográfico. “Tem trilhado um caminho bonito”, diz a escritora sobre o livro que já ganhou algumas reimpressões e a levou à Festa Literária Internacional de Paraty (Flip) e a Portugal.

"Anoto coisas o tempo todo, em cadernos, nos livros que leio, no próprio celular. Mas quando meu pai estava doente não anotei uma única linha", afirma a escritora Natalia Timerman, que já lançou um romance pela Todavia, entre outras publicações

Sua produção já publicada inclui “Desterros: Histórias de Um Hospital-Prisão” (Editora Elefante, 2017), a coletânea de contos “Rachaduras” (Quelônio, 2019), que esteve entre os finalistas do prêmio Jabuti, e, também pela Todavia, “Copo Vazio” (2021), seu primeiro romance, em que apresenta a perturbada paixão de Mirela por Pedro, em que “a dúvida e o desalento” se seguem à “felicidade insuportável” do início.

A quatro mãos, com a psicanalista Bel Tatit, publicou “Os Óculos de Lucas” (Brinque-Book, 2022), seu primeiro livro infantil, com ilustrações de Veridiana Scarpelli. Natalia é colunista do portal UOL e colaboradora das revistas Quatro Cinco Um e CULT. Também dá aulas de literatura em cursos livres. Confira, a seguir, o que diz a escritora sobre “As Pequenas Chances”, em entrevista ao Correio B.

Como apresentaria a trama de “As Pequenas Chances”?

“As Pequenas Chances” é um romance sobre a morte de um pai. Um pai médico, cuja filha, narradora do livro, também é médica, um pai que tem um linfoma e entra em cuidados paliativos e morre. É também um livro sobre luto, sobre memória e sobre judaísmo, pois essa filha, que até então não se reconhecia judia, se vê acolhida pelos rituais fúnebres judaicos e decide, depois, empreender uma viagem para as terras de onde vieram seus avós. 

O que motivou o desejo de escrevê-lo e publicá-lo?

Eu anoto coisas o tempo todo, em cadernos, nos livros que leio, no próprio celular. Mas quando meu pai estava doente não anotei uma única linha. Depois que ele morreu, não havia mais nada a se fazer. Por isso escrevi. “As Pequenas Chances” tem um cerne autobiográfico, sustentado por uma ficção, e é um livro que se assume como ficcional. Não pensei se devia ou não publicá-lo, porque o livro já foi concebido como parte do meu percurso como escritora.

O que diria ao leitor?

O leitor encontrará um livro que olha de frente para a dor da perda, mas que não considero um livro triste. É um livro acima de tudo sobre a vida, e a morte faz parte da vida. 

E você? O que espera com a publicação?

O livro foi lançado em outubro de 2023 e tem trilhado um caminho bonito. Me levou à Flip e a diversos outros festivais, foi publicado também em Portugal, de onde voltei há pouco, e já foi reimpresso algumas vezes. 

Como se deu a rotina da escrita?

Eu escrevi a maior parte do livro em uma residência artística para a qual havia ganhado uma bolsa e para onde fui apenas três meses depois da morte do meu pai. Dali, saiu um material denso, bruto, que me emocionou muito ao escrever. Passaram-se três anos antes que eu tocasse naquilo de novo e finalizasse o livro. Esse tempo foi importante, pois me possibilitou distinguir que dor pertencia à narradora e que dor pertencia somente a mim. 

Luto, perda, culpa, vínculos familiares, saudades, suturas. Do ponto de vista pessoal, qual o maior desafio de levar ao papel essa temática?

Escrever sobre a morte de alguém muito amado, se, por um lado, organiza um material doloroso disforme, por outro, revolve esse mesmo material. 
Como o livro parte de eventos autobiográficos, pessoas de verdade estão envolvidas. A Martha, companheira do meu pai, por exemplo, adorou o livro, mas me disse que ela se lembrava de tudo de um jeito muito diferente. Entendi então que eu tinha escrito a minha versão, ou melhor: a versão de uma personagem que viveu coisas que eu não vivi e que se diferencia de mim principalmente porque tem a palavra, o que diante da morte eu não tive. 
Lembro-me do dia do primeiro lançamento, em São Paulo: eu me sentia muito feliz e tinha dificuldade em conciliar essa felicidade com toda a tristeza pela morte do meu pai, que deu origem ao livro. Pareciam coisas incompatíveis, e são, mas o papel da literatura é justamente esse: sustentar contradições.

O que é, afinal, o luto? E por que as pessoas, de modo geral, parecem ter tanta dificuldade com ele? Tanto com o seu próprio processo de enlutamento quanto com o dos outros.

O luto é um longo processo, talvez infinito, de criar uma vida nova depois que se perde algo ou alguém muito importante. A maneira como vivemos, a maneira como consumimos e somos consumidos, desconsidera a morte. Por isso é tão importante falar dela: para que vivamos bem.

Em que medida o fato de ser uma psiquiatra e também o seu percurso de pós-graduação eventualmente afetaram e afetam o processo criativo?

Escrevemos com tudo o que somos, mesmo que não seja sobre nós mesmos. Ser psiquiatra, então, está no cerne da minha escrita, que se embrenha, acho, nos pensamentos, emoções, vergonhas, culpas e segredos das minhas personagens.

Já pensa em um próximo projeto literário?

Minha mãe está muito pouco presente em “As Pequenas Chances”. Meu próximo livro, então, será sobre ela.

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