Por Ana Claudia Paixão
Na semana passada estava aqui falando com vocês sobre o importante e bem editado documentário Pacto Brutal, sobre o violento e absurdo assassinato da atriz Daniela Perez, um crime que vai completar 30 anos em dezembro.
Sem surpresa é o conteúdo mais visto da HBO Max esse mês, uma prova que o gênero “true-crime” e biografias seguem liderando o nosso (mórbido) interesse, algo que, como já falei aqui também, é frequentemente mais impressionante do que a realidade.
Nos Estados Unidos, em particular o gênero é uma fonte para séries, podcasts e documentários e a cada mês nos surpreendemos com uma história mais cabeluda que a outra.
É o caso de Candy, na Starplus.
Em 13 de junho de 1980, a dona de casa Betty Gore foi encontrada morta em sua casa, com 41 machadadas, enquanto sua filha recém nascida chorava no berço.
A violência até hoje é inigualável. Na pequena cidade de Wiley, no Texas, não era comum ter nem assalto e esse assassinato não fazia sentido algum. A história ia piorar.
A assassina confessa era uma amiga da igreja, Candance Montgomery, apelidada de “Candy” (uma alusão a “doce” ao mesmo tempo que o diminutivo do nome).
Para surpresa geral, Candy, que era o maior exemplo de boa mãe, dona de casa e uma líder na sociedade local, era ex-amante do marido de Betty.
E isso não é o pior. Em sua defesa, Candy alegou que os 41 golpes de machado foram em “legítima defesa”.
Pode ler de novo.
41 machadadas em uma pessoa desarmada e que ficou desfigurada, foram em “legítima defesa”.
Agora sente-se.
O argumento foi aceito pelo júri. Candy nunca foi condenada pelo crime que confessou ter cometido.
A história é tão absurda que jamais foi esquecida.
Afinal, Candy não apenas fez picadinho de Betty, como em seguida se limpou tomando um banho ainda na casa da vítima, voltando à sua rotina como se nada tivesse acontecido.
Segundo a defesa, na discussão sobre o caso extraconjugal, Betty teria despertado um gatilho traumático em Candy ao pedir que ela falasse mais baixo, dando o clique para um surto violento reprimido. Eu sei que é complicado, mas foi o que “inocentou” Candy.
É fascinante o absurdo. Como em muitos casos, a vítima foi apontada como culpada.
A história de Candy Montgomery rendeu um filme feito para TV em 1990, Vítimas do Ódio (Evidences of Love), dirigido por Stephen Gyllenhall (pai de Jake e Maggie Gyllenhall), uma adaptação do livro de mesmo nome e com Barbara Hershey como Candy.
Quem viu o filme vai perceber que é a mesma base – incluindo diálogos – para a versão de 2022, agora estrelada por Jessica Biel.
A série está disponível no Starplus e tem um elenco de peso como Timothy Simons, Melanie Lynskey, Pablo Schreiber e Raúl Esparza. E sim, com uma rápida e importante participação de Justin Timberlake como o policial que descobre tudo.
Jessica está ótima em um papel complexo, fisicamente parecida com a verdadeira Candance e genuinamente assustadora.
E já fica a dica. Além da série da Starplus, a HBO Max já está gravando outra versão, que chama de Love & Death (Amor e Morte), produzida por David E. Kelley (de Big Little Lies). Essa versão será estrelada por Elizabeth Olsen (WandaVision) no papel principal.
No elenco, o ator Jesse Plemons será Allan Gore e Lily Rabe vai interpretar Betty Gore. Essa nova produção conta com o roteiro do experiente Kelley e foi dirigido por Lesli Linka Glatter, de Homeland. Em outras palavras: com muito peso!
Love and Death também tem como base o livro Evidence of Love: A True Story of Passion and Death in the Suburbs e as matérias publicadas no Texas Monthly sobre o crime.
A versão com Elizabeth Olsen promete, mas, a versão de Jessica Biel é excelente. Ela critica como a Justiça e a mídia foram manipuladas por uma articulada e fria assassina. São 5 episódios. Vale conferir.
Ryan Keberle, trombonista - Foto: Divulgação / Alexis Prappas

Marcio Benevides, Maria José falcão e Fabiana Jallad
Andreas Penate e Monica Ramirez


