Por Flavia Viana e Denise Neves
Leona Cavalli é atriz e diretora de teatro.
Seu rosto é conhecido e seu talento reconhecido na televisão, no cinema e também no teatro, onde sua vida artística começou ainda menina na escola aos seis anos de idade.
Leona é uma artista premiada e reconhecida internacionalmente por seus trabalhos e atuações. Entre eles estão: Prêmio APCA, dois Prêmios Qualidade Brasil, um Prêmio Shell, e um Prêmio Guarani, além de ter recebido indicações para três prêmios Grande Otelo.
Aos 52 anos, Cavalli está ensaiando a peça “Fausto”, considerada uma das maiores obras da literatura alemã, onde dará vida ao demônio Mephisto.
Com direção de Zé Celso Martinez (peça marca o reencontro da atriz com o grande Zé) o espetáculo estreou no 12 de agosto no Sesc da capital paulista.
Leona está finalizando a filmagem de “A Cerca” dirigido por Papinha, gravado no Sul do país com os atores e colegas Jonas Bloch, José Loreto, Marcelo Novaes e Leandro Lima.
A atriz vive também Iris Abravanel na série “O Rei da TV“ com estreia prevista para setembro na Star+ e Disney.
Ainda este ano no mês de novembro, ela estreia o espetáculo “O Elogio da Loucura”, solo, de Erasmo de Rotterdam e direção Eduardo Figueiredo.
Engajada em causas sociais, Leona participa da ONG Paz Sem Fronteiras distribuindo cestas básicas para moradores de rua, auxiliando comunidades indígenas como a Aldeia Vertical Maracanã Rio, caminhadas ecológicas, plantio de sementes ancestrais e árvores em extinção.
A atriz e diretora Leona Cavalli, é a nossa Capa especial do Correio B+ desta semana. Ela comemora com a gente o aniversário da capital sul-mato-grossense com uma entrevista exclusiva e nos conta tudo sobre sua estreia recente no Teatro Sesc em São Paulo, seu começo de carreira, televisão e trabalhos sociais.
CE: Como começou a sua carreira no teatro? Em qual momento decidiu que queria ser atriz?
LC: “Eu comecei com seis anos de idade. Para mim, o atuar veio junto com o meu entendimento comigo mesma, em ser um ser humano. Na escola onde eu estudava tinha um grupo de teatro e eu fiz uma mãe, e eu lembro nitidamente da primeira vez que eu subi no palco. E eu achei aquilo tão incrível que no meu ser íntimo, eu pensei: ‘eu quero fazer isso a minha vida toda’. Eu morava em Rosário do Sul (RS), e, com o passar do tempo, vestibular para Artes Cênicas e fui para Porto Alegre. Também fiz Direito, mas depois acabei largando e fiquei só em Artes Cênicas. Em seguida, fui para São Paulo (SP), que foi quando de fato a minha carreira como atriz começou.”
CE: Você também é diretora... Pode falar sobre os projetos que já dirigiu?
LC: “Eu já dirigi três espetáculos. Recentemente, fiz o Pandora, que ficou em cartaz no Rio de Janeiro (RJ) por mais de dois anos e agora está sendo transformado em filme. A obra conta a história de duas irmãs que se encontram para falar da morte da mãe e da divisão de bens e a partir disso elas mergulham em um universo de lembranças familiares. Mas a mãe delas era uma contadora de histórias e no meio elas contam vários mitos femininos, brasileiros, indianos, europeus, indígenas etc. E em cada mito se instaura um universo criativo em várias linguagens. Linguagem de boneco, de máscara, de som… Foi tudo muito bonito. Fizemos três temporadas no Rio.”
CE: Quais trabalhos na TV mais te marcaram e por quê?
LC: “O primeiro foi a Valdete, em ‘Belíssima’, por ter me aberto as portas na televisão. Foi apenas uma participação, mas foi muito especial. Na época, o Silvio de Abreu me viu em uma peça, gostou de mim e me disse que eu precisava de uma oportunidade para aparecer na televisão e ele queria me dar essa oportunidade. Ele me convidou para o papel, disse que escreveu para mim, que era pequeno, mas o suficiente para eu começar, e foi exatamente isso. O segundo personagem foi em ‘Duas Caras’, que eu fiz do começo ao fim, com direção de Wolf Maia. Foi marcante, porque ela era uma ex-dependente química que se relacionava com dois homens, foi uma personagem muito querida. Outro personagem muito marcante foi a Justine, da minissérie ‘Amazonas’ da Glória Perez, ela era uma graça, era uma brasileira que fingia ser francesa e a história era maravilhosa, contando sobre a Amazônia, eu adorei fazer. E também a Zarolha em ‘Gabriela’, e a última agora, Teresa, em ‘Órfãos da Terra’, série que inclusive foi premiadíssima com o Emmy.”
CE: O que é o “Leona Cavalli Em Rede”?
LC: “É uma rede social que eu tenho que fala sobre processo criativo, que veio do ‘Caminho das Pedras’, o meu livro que eu falo diretamente para atores que estão nesse momento e gostam de pesquisar e pensar etc. Lá eu faço vídeos falando sobre os desafios da interpretação, fazendo reflexões, faço lives também…”
CE: Como surgiu a oportunidade de encenar Mephisto na peça?
LC: “Eu estava fazendo uma peça de comédia, e o Ricardo Bittencourt, que faz o Fausto, me chamou para fazer. E foi uma oportunidade de reencontro com o Zé Celso. Fazer o Nephisto é maravilhoso, porque é algo que está aí no inconsciente de todos, é um clássico e um desafio a fazer, mas um desafio instigante. A peça brinca muito com esse jogo do bem e do mal. A montagem da peça acaba se tornando muito atual, pois estamos em um momento onde muitos valores estão sendo revistos.”
CE: Quais são as suas expectativas para a estreia de “Fausto”?
LC: “A expectativa é de que ela chegue às pessoas de hoje, uma vez que ela traz temas bem atuais como política e guerras, para que elas façam uma reflexão sobre o aqui e agora.”
CE: Ainda sobre o teatro, em novembro você estreia em “O Elogio da Loucura”. Pode falar um pouco sobre esse outro trabalho? Já começaram os ensaios?
LC: “A peça é inspirada em um livro maravilhoso que eu sou apaixonada. E ele coloca a loucura como lúcida, no qual a loucura fala sobre ela mesma. E é tão atual, que parece que foi escrita hoje. O espetáculo vai começar em novembro e deve ir até dezembro. Depois veremos se daremos continuidade ou não.”
CE: E sobre “A Cerca”? Pode contar um pouco sobre a sua personagem?
LC: “Em ‘A Cerca’, eu faço uma jornalista que é chamada para fazer uma matéria no Rio Grande do Sul sobre uma família de determinada região. Só que ela vai percebendo que essa história tem muito a ver com o passado dela e a família dela e começa a desvendar muitos mistérios. Para mim, foi muito especial fazer, porque eu sou gaúcha, mas nunca tinha feito nada no Sul. E, curiosamente, a personagem se chama Elisa, mesmo nome da minha avó.”
CE: Em “O Rei da TV” você interpretou Íris, esposa do Silvio Santos. Como foi para você interpretar um papel tão importante? O que podemos esperar ver da Leona Cavalli na série?
LC: “Então, a série conta a história do Silvio Santos, mas fazendo uma abordagem sobre o universo da brasileira de forma geral, o que eu achei muito interessante quando fui convidada para participar. É uma linguagem de cinema, com uma proposta diferente. Eu faço a Íris, e o que se espera, é a minha interpretação. A série é inspirada em fatos reais, mas eu não procurei imitar a Íris e fazer a minha própria interpretação. Foi muito legal gravar e já fizemos duas temporadas.”
CE: Você é muito atrelada a causas beneficentes, prova disso é a sua atuação pela ONG Paz Sem Fronteiras ajudando na distribuição de cestas básicas a moradores de rua... Desde quando você começou a se envolver nesse projeto? Há algum outro projeto social que você faz parte? O que lhe motivou a se dedicar a ter iniciativas como essa?
LC: “Esse projeto começou em 2012. Eu acredito que um mundo melhor se constrói pelo caminho da paz e por isso eu faço parte das iniciativas dessa ONG. Nós fazemos distribuição de cestas básicas em São Paulo (SP) e no Rio de Janeiro (RJ) também. Além disso, fazendo projetos voltados para preservações ecológicas. Eu acredito muito nessas iniciativas e acho super importante pensarmos um pouco no próximo.”
CE: Qual sonho profissional você almeja realizar?
LC: “Tenho alguns, mas vou dizer um aqui que está agora sendo realizado, que é ter um teatro com o meu nome. A Escola Nacional de Teatro, de Santo André (SP), me deu esse presente e o teatro vai ser inaugurado esse ano.”
CE: Que tipo de profissão você jamais exerceria?
LC: “Eu não tenho aptidão para seguir alguma profissão que seja exercida o tempo todo em um ambiente só, como por exemplo, em um escritório, com uma rotina monótona, na qual tudo acaba sendo igual. Acredito que por isso mesmo eu sou atriz, eu posso fazer vários personagens e vários projetos, não só como atriz, mas como artista mesmo. E isso me encanta muito, essa possibilidade de poder viver vários sonhos e várias vidas em uma só.”
CE: Quando não está em cena, o que você mais gosta de fazer?
LC: “Eu gosto de viajar. Entre um projeto e outro, eu sempre marco uma viagem. Fora que eu moro no Rio e em São Paulo, então eu praticamente vivo em viagem.”
CE: E o que não gosta?
LC: “As coisas burocráticas, tipo pegar fila em banco (risos).”
CE: Em uma palavra, resuma o que significa atuar para você.
LC: “Em uma palavra só, eu não sei. Mas, em uma frase, para mim, atuar é poder interpretar as diversas formas de ser humano. Exercer a humanidade.”
CE: Sobre os seus próximos passos no teatro ou nas telinhas, pode adiantar algo para a gente?
LC: “Por enquanto, eu só posso dizer sobre a peça ‘O Elogio da Loucura’, o filme ‘A Cena’ e a inauguração do teatro Leona Cavalli. O restante ainda não posso contar (risos).”


Ryan Keberle, trombonista - Foto: Divulgação / Alexis Prappas

Marcio Benevides, Maria José falcão e Fabiana Jallad
Andreas Penate e Monica Ramirez


