Conhecida, inclusive em outros países, especialmente pelas obras que retratam onças-pintadas, que se tornaram sua marca registrada, a artista plástica Lúcia Martins Coelho Barbosa se prepara para cruzar uma nova fronteira com sua arte.
Após já ter exposto em sete países e quatro estados brasileiros, Lúcia inaugurou ontem uma exposição inédita em Florianópolis. “Do Pântano para a Ilha” integra um evento da loja Arquitetura do Sono, que segue até segunda-feira.
A mostra é composta por 14 telas, sendo 11 delas inéditas, que foram criadas exclusivamente para a ocasião. Esta é a primeira vez que a artista plástica – sim, ela prefere ser chamada assim a adotar a designação de “artista visual”, que vem sendo recorrente – expõe em Santa Catarina.
“A exposição foi a convite das responsáveis pelo espaço, que, ao saberem que eu era daqui, tiveram muita curiosidade de saber mais sobre o Estado e entenderam que os arquitetos e os apreciadores de arte de Florianópolis gostam de coisas brasileiras em seus projetos.
Quando eu falei que morava perto do Pantanal, falaram que seria interessante trabalhar em cima desse tema.
Por isso criei esse nome, ‘Do Pântano para a Ilha’, e coloquei nas telas elementos como as flores de aguapé, as árvores do Cerrado, as onças, que são meu carro-chefe”, diz Lúcia.
A artista conta que outro elemento regional incorporado nos quadros é a renda nhanduti, um bordado artesanal tradicional do Paraguai, cujo nome significa teia de aranha, em guarani, uma referência à sua aparência delicada e intrincada, utilizada normalmente em peças decorativas e roupas.
Ao todo, foram sete meses de preparação para a exposição, em um longo processo de produção e ressignificação de obras, utilizando as técnicas pastel sobre papel e acrílico sobre tela.
Portão de entrada
“As obras que a gente tem dentro dessa exposição vão refletindo lugares, flores, animais que talvez as pessoas não prestem atenção no dia a dia, mas que saem do comum. Quisemos resumir em 14 obras tudo que a Lúcia olha, vive e o que ela acha importante no nosso estado para o Brasil e para o mundo. A gente quer mostrar que há beleza aqui e que as pessoas precisam olhar mais para nós”, comenta Ygor Alcantara, que assina o catálogo da mostra como diretor.
Para Lúcia, a arte é como um “portão de entrada” para um novo mundo, nesse caso, o Pantanal de Mato Grosso do Sul.
“O Pantanal não é margem: é centro de novas narrativas. É daqui que falamos ao mundo. O que eu gostaria que essa minha exposição causasse é até um certo espanto de ver que aqui também tem gente que faz arte, e nada melhor do que se apresentar quando alguém já tem curiosidade de te conhecer”, afirma a artista.
Arte como dom
“Tenho a impressão de que isso não vai parar por aqui, e sim que pode ser o início de uma série, que vou incorporar elementos de lá também nas minhas artes. Eu vivo para a arte, se eu não tivesse essa profissão, esse dom de colocar nas telas minhas emoções, meus sentimentos, talvez eu não tivesse nenhuma utilidade para a sociedade”, prossegue.
“A arte é, acima de tudo, questionadora. O que eu sinto como artista plástica há mais de 45 anos é que estamos ainda abrindo caminho para os artistas que virão. Gostaria muito que o artista fosse respeitado, fosse aceito, fosse útil, pois a arte alimenta a alma”, projeta Lúcia.

Celina Merem, que comemorou idade nova dia 6, e Viviane Borghetti Zampieri Filinto
Sig Bergamin, Romeu Trussardi Neto e Felipe Diniz


