Você começou a fazer jejum intermitente ou entrou com tudo na dieta low carb e, de repente, percebeu que seu hálito não está lá essas coisas? Calma, você não está sozinho – e nem imaginando. Segundo especialistas, algumas práticas alimentares, especialmente aquelas que envolvem longos períodos sem comer ou uma drástica redução de carboidratos, podem sim impactar diretamente no odor da sua boca.
“O jejum prolongado ou dietas muito restritivas, como as low carb e cetogênicas [sem carboidratos], reduzem a produção de saliva e levam o organismo a queimar gordura como fonte principal de energia”, explica a médica otorrinolaringologista Lígia Maeda. “Nesse processo, são produzidos os chamados corpos cetônicos, que liberam um odor característico, conhecido como ‘hálito cetônico’”, completa.
QUE HÁLITO É ESSE?
Hálito cetônico? Esse termo pode parecer técnico, mas descreve algo que muita gente já sentiu – ou cheirou: um odor adocicado, metálico ou até semelhante ao de frutas fermentadas. “É um tipo de mau hálito que não está necessariamente ligado à má higiene bucal, mas sim à alterações metabólicas”, diz Dra. Lígia, que é especialista em halitose.
Quando deixamos de consumir carboidratos, o corpo entra em um estado chamado cetose, no qual passa a utilizar a gordura como combustível. “Os corpos cetônicos gerados nesse processo são eliminados, em parte, pelos pulmões. Daí o odor característico na respiração”, explica a médica.
SALIVA QUE SALVA
Além da produção de corpos cetônicos, outro fator contribui para o mau hálito em quem está de dieta: a diminuição da salivação. Isso porque, durante o jejum ou em dietas que envolvem pouca mastigação (como aquelas baseadas em líquidos ou substitutos de refeição), a boca tende a ficar mais seca.
“A saliva tem função antibacteriana e ajuda a limpar a cavidade oral naturalmente. Quando sua produção diminui, aumenta a proliferação de bactérias e de compostos sulfurados voláteis, que são as substâncias responsáveis pelo mau cheiro”, alerta a Dra. Lígia.
Hálito alterado, portanto, não significa dieta errada, mas, sim, um sinal de atenção. Se você está seguindo uma dieta específica com acompanhamento profissional e se sentindo bem, o hálito cetônico não precisa ser motivo para desistir. Porém é importante reconhecer os sinais que o corpo dá e buscar estratégias para amenizar o problema. A otorrinolaringologista dá algumas dicas. Confira a seguir:
HIDRATAÇÃO
Mantenha a hidratação em dia: beba bastante água, especialmente fora dos horários das refeições.
HIGIENE BUCAL
Não negligencie a higiene bucal: escove os dentes, a língua (onde muitas bactérias se acumulam) e use o fio dental regularmente.
NÃO FIQUE SEM COMER
Evite longos períodos sem comer. E, se possível, converse com um nutricionista para ajustar a dieta, caso o mau hálito esteja incomodando demais.
XILITOL
Use chicletes ou balas sem açúcar com xilitol. Eles estimulam a produção de saliva, ajudando a manter a boca úmida.
PROCURE AJUDA
Procure ajuda especializada. Se o mau hálito persistir, vale consultar um dentista ou um especialista em halitose.
“A boa notícia é que esse tipo de alteração no hálito costuma ser temporária e melhora com ajustes na alimentação e nos cuidados diários”, tranquiliza a Dra. Lígia.

Neli Marlene Monteiro Tomari e Yosichico Tomari, que hoje comemoram bodas de ouro, 50 anos de casamento - Foto: Arquivo Pessoal
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